Dustin Hoffman e Maggie Smith nos apresentam o filme mais divertido do ano!
Nota: 9,5
Título Original: Quartet
Direção: Dustin Hoffman
Elenco: Maggie Smith, Tom Courtenay,
Billy Connolly, Pauline Collins, Michael Gambon, Sheridan Smith, Andrew Sachs,
Gwyneth Jones, Trevor Peacock, David Ryall, Michael Byrne, Ronnie Fox, Patricia
Loveland, Eline Powell,, Luke Newberry
Produção: Finola Dwyer, Stewart
Mackinnon
Roteiro: Ronald Harwood (roteiro e peça
teatral)
Ano: 2012
Duração: 98 min.
Gênero: Comédia / Drama
Diversas personalidades da música erudita
aposentadas vivem, juntas, em uma casa de repouso, cantando e tocando dia após
dia. Nesse contexto, todos os anos, faz-se uma celebração musical em
comemoração ao aniversário do compositor italiano Giuseppe Verdi para angariar
fundos para o sustento da instituição, que mantêm os idosos em uma vida luxuosa
até onde é possível. Porém, a chegada da famosa cantora de ópera Jean Horton,
meche com as estruturas do local, pois ela reencontrará com seus antigos
colegas: Reginald, Wilf e Cissy, que formaram, ao lado dela, um dos quartetos
mais famosos de sua época. Agora, Jean será persuadida a apresentar novamente a
peça Rigoletto e salvar o instituto de qualquer problema financeiro.
Dustin Hoffman foi um dos principais
atores das décadas de 60, 70 e 80 no cinema americano, estando em longas como
“A Primeira Noite de Um Homem” (1967), “Sob o Domínio do Medo” (1971), “Krammer
vs. Kramer” (1979), “Tootsie” (1982), “Rain Man” (1988) e “Negócios de Familia”
(1989), vencendo o Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator pelos longas de 1979
e 1988. “O Quarteto” é o primeiro longa que Hoffman dirige e, mesmo com uma
lista pra lá de invejável de diretores com quem trabalhou, podíamos esperar de
tudo de seu trabalho. Entretanto, por mais que sua direção seja simples, o
filme não decpciona em nenhum momento, e, talvez, seja essa simplicidade que
torne o longa algo tão simpático e agradável. Não temos grandes cenas em
teatros ou grandes momentos glamurosos como podíamos esperar, mas temos
momentos igualmente belos: uma tomada ao por do sol, uma cena sobre uma árvore
imensa, um momento dramático em uma pequena capela, um ensaio de todos os
velhinhos que estão na casa de repouso, cafés da manhã com todos reunidos em
uma sala cheia da claridade matinal e um camarin improvisado tão real quanto se
possa imaginar. Não temos, durante a trama, grandes lições de vida ou algo para
refletirmos por muito tempo, ao invés dessa esfera pesada, temos piadas quanto
a velhice, esquecimentos pela idade – que proprocianam as melhores cenas de
Michael Gambon e Pauline Collins -, conversas sobre passado, presente e futuro,
muita música para divertir o espectador e piadas de um velho com mulheres mais
novas – as cenas mais engraçadas de Billy Connolly. Em meio a tudo isso,
todavia, o roteiro não deixa escapar um romance mal resolvido entre dois dos
personagens, que já foram casados, mas contratempos fizeram com que eles se
separassem. Por fim, a trilha sonora, que mistura canções originais de Dario
Marianelli com a música clássica, é mais
um presente dessa produção maravilhosa.
Michael Gambon, uma das feras do longa. |
Maggie Smith é a melhor atriz da
história do cinema inglês, uma verdadeira dama respeitada por todos e uma das
mulheres mais queridas no cinema atual. Quando li que esse filme teria direção
de Dustin Hoffman e que Maggie seria a protagonista soube que não teria
possibilidade de dar errado. As feições secas de Maggie, interpretando Jean, no
início do longa, de uma mulher que já sofreu muito, que tem alguns
arrependimentos na vida e vê seu mundo maravilhoso de cantora famosa de
ópera de sabar, contrapõe-se com as
feições alegres e descontraídas que são apresentadas ao longo da história. Para
completar, a simpatia de Maggie as desenvolturas de suas falas são sempre
perfeitas. Pauline Collins foi indicada ao Oscar em 1989 e interpreta Cyssi,
uma das personagens mais engraçadas e divertidas do ano no cinema, isso por
que, Cyssi está passando por um momento difícil de sua vida e esquece muito das
coisas, confunde passado e presente e não tem noção de algumas coisas. Não
estou dizendo que é engraçado ver uma pessoa nessa situação, a graça está em
como a personagem trata tudo isso: nunca se deixa desanimar e está sempre
alegre com tudo, mostrando que o interessante é estar viva e ter amigos por
perto. Tom Courtenay foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante por
“Doutor Jivago” (1965) e aqui nos presenteia com o papel de um homem que se desapontou
muito com a esposa e vive uma vida feliz, mas que tem seus pilares abalados com
a volta de Jean, a ex-esposa. Sendo assim, temos os contrapontos novamente: o Reginald
animado, versus o Reginald nervoso e confusso. Billy Connelly é um dos atores
mais engraçados do cinema atual, nesse filme, interpreta Wilf, o homem
divertido que culpa sua idade por suas indecências, mas também uma das almas mais
vivas do local, aquele que precisa sustentar os problemas de Cyssi e o ajudar
Jean e Reginald a rever o passado para garantir o futuro, é o personagem mais
humano de todos e Connelly nos mostra como a velhice pode ser agradável. Por
fim, não posso deixar de falar sobre Michael Gambon, um dos atores mais
importantes do cinema inglês hoje, é o ex-regente Cedric Livingson, um homem
mandão que também está perdendo a memória, mas faz questão de não esquecer seus
dias de regente, onde fazia o que queria e tratava todos como bem entendia; apesar
de parecer um pouco arrogante, compreendemos logo que as pessoas o ovacionaram
tanto que é difícil esquecer a época da fama e do glamour.
Somados, os 5 principais atores do filme
e o diretor do longa, são quase 450 anos de idade, quase 140 vitórias em prêmios
(dentre elas, 4 Oscars), 120 outras indicações (incluindo 12 indicações ao
Oscar) e, pasmem, 440 produções já lançadas e mais 9 produções planejadas para
os próximos anos. Sendo assim, me nego a aceitar algumas críticas que apontam
esse filme como algo quase desnecessário. É claro que não são apenas os números
de filmes ou prêmios que esses atores venceram que os fazem como grandes
artistas, há muito mais em cada um deles – e em cada um dos outros intérpretes
do restante do elenco. “O Quarteto” vem no estilo de “Crepúsculo dos Deuses”
(1950), porém, os dramas vividos por Norma Desmond, os relacionados à
decadência de sua bela carreira, são passados para trás pelos personagens. Jean
acaba se conformando rapidamente que a vida, agora, é outra e que ela deve
aproveitar ao máximo seus dias na casa de repouso, afinal, sempre viveu para
trabalhar, agora chegou a hora de aproveitar a vida e apenas se divertir
cantando e revivendo as memórias, sem pensar nos erros, a não ser que seja para
corrigi-los. Nesse contexto, além de mostrar a importância de levar tudo com
muito humor, “O Quarteto” pede para que analisemos mais nossa vida, mas jamais
esqueçamos que o importante da vida, não importa a idade, é vivê-la
intensamente, cada segundo como se fosse único e, principalmente, aceitar a
vida como ela é, aceitar a vinda da idade como um presente por se estar na
terra mais um ano!
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