quarta-feira, 23 de setembro de 2015

COBERTURA 48º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Big Jato, de Claudio Assis, vence melhor filme do ano. Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba, é o mais premiado da noite, incluindo melhor direção. Dentre os curtas e médias, Quintal, de André Novais foi o destaque e Nathália Tereza vence melhor direção na categoria. Confira todos os vencedores e comentários sobre o 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.



O 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ofereceu, entre os dias 15 e 22 de setembro, inúmeras atividades ao público que trabalha com cinema e audiovisual ou se interessa pela área. Na noite do primeiro dia do evento, aconteceu a estreia do filme Um Filme de Cinema, novo documentário em longa-metragem de Walter Carvalho. Na manhã do dia seguinte, o cineasta participou de um debate sobre o filme e a tarde de uma master classe sobre fotografia. Mais duas master classes aconteceram durante o evento: uma com Marcos Bernstein sobre roteiro, e outra com Marcelo Torres sobre direção de produção. As mostras de filmes do ano foram: Festivalzinho (mostra de filmes de curta-metragem com temática infantil em parceria com a Mostra Cinema Infantil de Florianópolis), Mostra Brasília (com filmes feitos no Distrito Federal), Mostra Panorama Brasil (com cinco filmes em longa metragem selecionados dentre os que não foram escolhidos para a competitiva), Mostra Continente Compartilhado (filmes produzidos pelo Brasil e outros países) e Mostra Competitiva (filmes em curta, média e longa-metragem de todo o Brasil).
Os filmes apresentados na Mostra Panorama Brasil já mostram como o Festival dá preferência aos filmes feitos na macrorregião sul brasileira: dois cariocas, dois paulistas e um do Distrito Federal. Foram eles: Mais do que eu Possa Me Reconhecer, de Allan Ribeiro, Através, de André Michiles, Diogo Martins e Fábio Bardella, Olhar de Nise, de Jorge Oliveira e Pedro Zoca, 5 Vezes Chico – O Velho e Sua Gente, de Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcanti, Eduardo Goldenstein e Eduardo Nunes, e Asco, de Ale Paschoalini. Dentre os cinco, vale ressaltar que ao menos dois deles (Mais do que eu Possa Me Reconhecer e 5 Vezes Chico) mereciam ter ocupado um lugar na Mostra Competitiva de longa nos lugares de Santoro: O Homem e Sua Música e Prova de Coragem.
Na Mostra Competitiva, a situação geográfica é semelhante. Não há nenhum representante da região Norte do país e apenas três da região Nordeste (sendo um deles, uma coprodução do Distrito Federal). Os demais filmes são distribuídos entre os estados que compõe a macrorregião Sul: quatro são de São Paulo, um do Rio de Janeiro, dois de Minas Gerais, três do Distrito Federal, um do Mato Grosso do Sul, dois do Paraná e um do Rio Grande do Sul. Os longas do festival foram: A Família Dionti, de Alan Minas (RJ), Fome, de Cristiano Burlan (SP), Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba (PR), Big Jato, de Claudio Assis (PE), Santoro: O Homem e Sua Música, de John Howard Szerman (DF), e Prova de Coragem, de Roberto Gervitz (RS). Dos seis filmes, entretanto, apenas dois mereceram realmente estarem no festival: A Família Dionti, com uma proposta fantástica deliciosa, e Para Minha Amada Morta, um drama pesado, realista e sem apelações dramáticas. Os demais filmes possuem problemas estéticos, de narrativa e de interpretação muito grandes e estão bem a baixo da média.

Filme de longa metragem
Melhor Filme de longa metragem: Big Jato
Melhor Direção: Aly Muritiba, por Para Minha Amada Morta
Melhor Ator: Matheus Nachtergaele, por Big Jato
Melhor Atriz: Marcélia Carataxo, por Big Jato
Melhor Ator Coadjuvante: Lourinelson Vladmir, por Para Minha Amada Morte
Melhor Atriz Coadjuvante – Giuli Biancato, por Para Minha Amada Morta
Melhor Roteiro: Big Jato
Melhor Fotografia: Para Minha Amada Morta
Melhor Direção de Arte: Para Minha Amada Morta
Melhor Trilha Sonora: Big Jato
Melhor Som: Fome
Melhor Montagem: Para Minha Amada Morta
Na premiação dos longas do festival, destacaram-se dois filmes: Big Jato e Para Minha Amada Morta, que dividiram 11 dos 12 prêmios concedidos pelo festival. O outro prêmio, de melhor som, foi dado ao longa Fome, mais interessante, seria entregar logo o prêmio a Para Minha Amada Morta, que tem sonorização muito superior aos demais, ou ao filme A Família Dionti, para dividir um pouco os Candangos. Dentre os prêmios recebidos por Big Jato, os únicos realmente merecidos foram o de melhor trilha sonora e melhor atriz, para Marcélia Cartaxo, que rouba todas as cenas em que aparece. Apesar de ter uma história interessante, o roteiro do filme exagera em alguns momentos e, novamente, A Família Dionti merecia ter levado. Apesar de ser um dos melhores atores de sua geração, Matheus Nachetergaele tem um desempenho fraco e bastante superficial no filme. Fernando Alves Pinto, também de Para Minha Amada Morta, teve um dos desempenhos mais incríveis dos últimos dois anos na telona e merecia ter saído com o prêmio. A impressão que fica é que o júri refletiu e decidiu que já que Claudio Assis, figurinha já carimbada no festival, não levaria o prêmio de melhor direção, melhor consolá-lo com o de melhor filme. Aly Muritiba, de Para Minha Amada Morta, entretanto, triunfou com o prêmio de melhor direção em seu primeiro longa-metragem. Dentre os prêmios conquistados por este filme, todos são muito merecidos. O longa paranaense é um daqueles filmes raros, com qualidade indiscutível, em anos bastante complicados para o cinema nacional.
Voltando aos números absurdos sobre os filmes do festival e seus estados, chegamos aos curta e média-metragens desta edição. Três deles, do estado de São Paulo: Command Action, de João Paulo Miranda Maria, À Parte do Inferno, de Raul Arthuso, e O Sinaleiro, de Daniel Augusto. De Minas Gerais, foram três curtas: Rapsódia para o Homem Negro, de Gabriel Martins, Copyleft, de Rodrigo Carneiro, Quintal, de André Novais Oliveira. Nos demais estados, um curta: Paraná: Tarantula, de Aly Muritiba. Ceará/DF: Cidade Nova, de Diego Hoefel. DF: Afonso é uma Brazza, de Naji Sidki e James Gama. Mato Grosso do Sul: A Outra Margem, de Nathália Tereza. Ceará: História de uma Pena, de Lonardo Mouramateus. Rio Grande do Sul: O Corpo, de Lucas Cassales. Mais uma vez, fica claro como os estados do sul do país são favoritos.

Filme de curta ou média metragem
Melhor Filme de curta ou média metragem: Quintal
Melhor Direção – Nathália Tereza, por A Outra Margem
Melhor Ator – João Campos, por Cidade Nova
Melhor Atriz – Maria José Novais, por Quintal
Melhor Roteiro: Quintal 
Melhor Fotografia: À Parte do Inferno 
Melhor Direção de Arte – Tarântula 
Melhor Trilha Sonora: Rapsódia para o Homem Negro
Melhor Som: Command Action
Melhor Montagem: Afonso é uma Brazza
Na premiação, Quintal se destacou merecidamente como melhor filme, melhor atriz e melhor roteiro. Dentre os outros filmes, também mereciam ter sido escolhidos como melhor curta ou media, filmes como: Rapsódia para o Homem Negro, Tarântula, O Sinaleiro e A Outra Margem. Dentre as atrizes, merece desta que Rejane Faria, representando a força da mulher e da cultura afro em Rapsódia para o Homem Negro. A escolha de melhor ator para o brasiliense João Campos, por Cidade Nova, não tem nada de imparcial. Fernando Teixeira, de O Sinaleiro (que também poderia levar, com facilidade, a melhor montagem), e Breno Benetti, de A Outra Margem, por exemplo, tiveram desempenhos melhores. Não há dúvidas, entretanto que A Outra Margem merecia o prêmio de melhor fotografia, e à À Parte do Inferno, o prêmio de melhor som. Além dos merecidos prêmios dados ao curta Quintal, o filme Tarântula também foi um dos acertos da noite ou receber o de melhor direção de arte.
Mas o melhor de toda a premiação foi, sem dúvidas, ver Nathalia Tereza levar o prêmio de melhor direção em curta-metragem. Agradável por ela tratar um agroboy como um homem apaixonado e entregue, que é uma figura sempre associada a uma postura machista e misógina, e que só se importa em contar quantas mulheres leva para a cama. Agradável por que, como Nathália mesma apontou, é um momento ótimo para vencer o prêmio, já que o festival foi forçado a ouvir a foz feminina que não cessou em vaiar Claudio Assis (que voltou a ser ouvida na premiação quando ele foi buscar o Candango de melhor roteiro e de melhor filme). Importante, também, por que A Outra Margem e apenas mais dois filmes da 48ª edição do festival foram dirigidos por mulheres. Não é, sem dúvidas, uma coincidência que Big Jato tenha levado o prêmio mais importante da noite.    

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

COBERTURA 48º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Big Jato, de Claudio Assis, vence melhor filme do ano. Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba, é o mais premiado da noite, incluindo melhor direção. Dentre os curtas e médias, Quintal, de André Novais foi o destaque e Nathália Tereza vence melhor direção na categoria. Confira todos os vencedores do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.


Aly Muritiba levou a melhor direção do ano , por Para Minha Amada Morta

Prêmios oficiais
Filme de longa metragem
Melhor Filme de longa metragem: Big Jato
Melhor Direção: Aly Muritiba, por Para Minha Amada Morta
Melhor Ator: Matheus Nachtergaele, por Big Jato
Melhor Atriz: Marcélia Carataxo, por Big Jato
Melhor Ator Coadjuvante: Lourinelson Vladmir, por Para Minha Amada Morte
Melhor Atriz Coadjuvante – Giuli Biancato, por Para Minha Amada Morta
Melhor Roteiro: Big Jato
Melhor Fotografia: Para Minha Amada Morta 
Melhor Direção de Arte: Para Minha Amada Morta
Melhor Trilha Sonora: Big Jato
Melhor Som: Fome
Melhor Montagem: Para Minha Amada Morta



Filme de curta ou média metragem
Melhor Filme de curta ou média metragem: Quintal
Melhor Direção – Nathália Tereza, por A Outra Margem
Melhor Ator – João Campos, por Cidade Nova
Melhor Atriz – Maria José Novais, por Quintal
Melhor Roteiro: Quintal 
Melhor Fotografia: À Parte do Inferno 
Melhor Direção de Arte – Tarântula 
Melhor Trilha Sonora: Rapsódia para o Homem Negro
Melhor Som: Command Action
Melhor Montagem: Afonso é uma Brazza

Prêmio do Júri Popular - para os filmes escolhidos pelo público, por meio de votação em cédula própria:
Melhor Filme de longa metragem: A Família Dionti
Melhor Filme de curta ou média metragem; Afonso é uma Brazza

Prêmio Especial do Júri:
Melhor filme longa metragem:
Melhor filme curta metragem: A História de Uma Pena

OUTROS PRÊMIOS


Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal - Júri Oficial
Melhor filme de longa metragem: Santoro: O Homem e Sua Música
Melhor filme de curta metragem: A Culpa é da Foto
Melhor direção: John Haward, por Santoro: O Homem e Sua Música
Melhor ator: Davi Galdeano, por O Outro Lado do Paraíso
Melhor atriz: Simone Iliescu, por O Outro Lado do Paraíso
Melhor roteiro: O Outro Lado do Paraíso 
Melhor fotografia: O Escuro do Medo
Melhor montagem: Alma Palavra Alma
Melhor direção de arte: O Outro Olhar do Paraíso
Melhor edição de som: O Outro Olhar do Paraíso
Melhor captação de som direto: O Outro Olhar do Paraíso
Melhor trilha sonora: Santoro – O Homem e Sua Música
Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal - Júri Popular
Melhor filme de longa metragem: O Outro Lado do Paraíso
Melhor filme de curta metragem: Ninguém nasce no Paraíso

Prêmio ABCV - Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo
Conferido pela ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo a profissional do audiovisual do Distrito Federal: Ge Martu

Prêmio Canal Brasil
Cessão de um Prêmio de Aquisição no valor de R$ 15 mil e o troféu Canal Brasil, ao Melhor filme de curta metragem selecionado pelo júri Canal Brasil: Rapsódia para o Homem Negro

Prêmio Exibição TV Brasil
O título premiado integrará a programação da emissora.
Melhor filme de longa metragem: Santoro: O Homem e Sua Música

Marco Antônio Guimarães

Conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira: Santoro: O Homem e Sua Música

Prêmio Abraccine
O Prêmio da Crítica será atribuído e organizado, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).  
Melhor filme de longa metragem: Para Minha Amada Morta
Melhor filme de curta metragem: Rapsódia para o Homem Negro

Prêmio Saruê: 
Conferido pela equipe de cultura do jornal Correio Braziliense: Copyleft


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COBERTURA 48º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Daqui a pouco, serão anunciado os vencedores do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Antes de publicar os vencedores, aqui vai a lista daqueles que EU acredito terem sido os melhores desempenhos da Mostra Competitiva de curtas, médias e longas



Filme de Longa Metragem
Melhor Filme: Para Minha Amada Morta
Melhor Direção: Aly Muritiba, por Para Minha Amada Morta
Melhor Ator: Fernando Alves Pinto, por Para Minha Amada Morta
Melhor Atriz: Marcélia Cartaxo , por Big Jato
Melhor Ator Coadjuvante: Antônio Edson, por A Família Dionti
Melhor Atriz Coadjuvante: Anna Luiza Paes Marques, por A Família Dionti
Melhor Roteiro: Alan Minas, por A Família Dionti
Melhor Fotografia : pablo Baião, por Para Minha Amada Morta
Melhor Direção de Arte: Oswaldo Eduardo Lioi, por A Família Dionti
Melhor Trilha Sonora: DJ Dolores, por Big Jato
Melhor Som:Alexandre Rogoski, por Para Minha Amada Morta
Melhor Montagem: Livia Serpa, por A Família Dionti


Filme de Curta ou Média Metragem
Melhor Filme: Rapsódia Para o Homem Negro
Melhor Direção: Gabriel Martins, por Rapsódia para o Homem Negro
Melhor Ator: Fernando Teixeira, por O Sinaleiro
Melhor Atriz: Rajane Faria, por Rapsódia para o Homem Negro
Melhor Roteiro: Leonardo Mouramateus, por História de Uma Pena
Melhor Fotografia: Eduardo Azevedo, por A Outra Margem
Melhor Direção de Arte: Fabíola Bonofiglio, por Tarântula
Melhor Trilha Sonora: Sérgio Pererê, Carlos Francisco, Gabriel Martins e Pedro Santiago, por Rapsódia para o Homem Negro
Melhor Som: Raul Arthuso e Gustavo Zysman Nascimento, por À Parte do Inferno
Melhor Montagem: Daniel Augusto, por O Sinaleiro


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COBERTURA 48º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

No último dia da Mostra Competitiva de curtas, médias e longas-metragem do Festival, foram apresentados O Sinaleiro, de Daniel Augusto, O Corpo, de Lucas Cassales, e Prova de Coragem, de Roberto Gervitz.



  Um homem idoso vive no meio do nada, onde trabalha como sinaleiro. O curta O Sinaleiro, baseado em um conto do britânico Charles Dickens possui uma história bastante interessante à medida que explora a solidão humana e suas consequências. Vivendo sozinho, o sinaleiro passa o tempo construindo bonecos de palito de fósforo, cuidando de uma horta, caçando animais para colocá-los em potes de vidro. Além disso, a casa deteriorada onde vive, a goteira incessante e insuportável, o trabalho de anotar o horário que o trem passa e informar à central contribuem para enlouquecer o homem e criar a tensão desejada no espectador. O futuro do velho é aguardado ansiosamente e os 15 minutos do filme ganham um ritmo frenético até o desfecho surpreendente.


O Corpo foi um dos vencedores do Festival de Gramado deste ano. O curta conta a história de um garoto que vive no interior no Rio Grande do Sul com o pai e a mãe. A visita de uma bela jovem, entretanto, modifica a vida do jovem. A direção de elenco apresenta boas intepretações, sobretudo do menino, que passa por momentos delicados na vida (matar uma galinha e descobrir que o pai e mãe não são pessoas tão boas quanto ele pensa). Com fotografia excelente, planos muito bem compostos e movimentos de câmera inteligentes, a narrativa, como em vários filmes aqui citados, enaltece o machismo e a objetificação da figura feminina. A medida que o filme passa, tudo piora, já que o filme dá a entender que a culpa dos pais do garoto terem atitudes inadequadas se deve à essa estranha visita feminina.


Em Prova de Coragem, uma mulher engravida do marido, um médico que deseja poder ser mais livre. Com a novidade e após encontrar um amor da adolescência, Hermano começa a revisitar o passado e questionar toda sua vida. Com uma história pouco original e que já delata no título que as provas que Hermano buscará são aquelas que reafirmam sua masculinidade e superioridade frente a tudo, o filme é um verdadeiro desastre. A fotografia é a mais tradicional de telenovelas possível, com planos batidos e movimento de câmera muito desagradável. Não existem cenas com alguma iluminação diferenciada e as cenas são resolvidas com cortes demais. Os flashes do protagonista sobre a juventude parecem ter sido jogados na trama e a montagem não se preocupa em criar o ritmo necessário.
Com um roteiro clichê e bastante machista, os diálogos construídos ao longo da trama são tediosos. Além disso, os desempenhos do elenco são muito fracos. Em alguns momentos isso se deve à uma mise én scene confusa, onde os atores se movimentam mecanicamente em um espaço que eles parecem não reconhecer. Talvez tenha faltado ensaio, ou os atores não reconheceram os locais de filmagem de forma mais ampla. Dessa forma, todas as movimentações, os diálogos, as discussões, se tornam mecânicas demais e realistas de menos. Para coroar, a tentativa de imitar o sotaque gaúcho (a trama se passa na cidade de Farroupilha) não funciona e o incômodo passa a ser não apenas na movimentação, mas também, na fala.


A última noite do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou bem com um filme aplaudido e bastante comentado após a sessão. Mesmo sendo o último dia do Festival e sendo uma segunda-feira, a sessão estava lotada e O Sinaleiro causou uma tensão tão grande que ao final do curta, o público demorou a aplaudir esperando para ver se nada mais aconteceria. O Corpo e Prova de Coragem, entretanto, quebraram com a qualidade do primeiro filme da noite. Dois filmes onde a figura masculina faz questão de dominar a figura feminina de alguma forma e onde as narrativas se perdem em si mesmas e não fazem nada, além de decepcionar o espectador. Hoje À noite (terça-feira, 22), serão revelados os vencedores dos prêmios do Festival. Confira, amanhã (quarta-feira, 23), a lista dos vencedores e comentários gerais sobre a premiação.

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COBERTURA 48º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Fechando o final de semana (domingo, 20), a Mostra Competitiva de curtas, médias e longa do Festival de Brasília apresentou A Outra Marge, de Nathália Tereza, História de uma Pena, de Leonardo Mouramateus, e Santoro – O Homem e sua Música, de John Howard Szerman.



Um agroboy, morador da cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul está apaixonado por uma jovem bastante ousada. Durante uma noite, o jovem vaga pela capital sul matogrossense pensando nesse amor que lhe consome. Um agroboy apaixonado não é algo que as pessoas estão acostumadas a ver todos os dias. A outra margem mostra que eles existem. Aliás, existem aos montes em lugares onde eles são a maioria, como em Campo Grande. Apesar de uma história que pode saturar o espectador, o curta foi realizado todo durante a noite, e tem uma das fotografias mais surpreendentes e interessantes do Festival. Além disso, a  mixagem de som deixa cada camada sonora do filme bem clara, tornando o curta um dos melhores produtos audiovisuais do festival.


História de uma Pena narra o convívio social de alguns jovens e seus desafios frente à formação e às aulas de um professor que deseja ensinar poesia. Com planos longos e repletos de diálogos ou monólogos, o curta tem uma fotografia realista e os planos são muito bem compostos. A história contada é bastante simples: jovens com os hormônios à flor da pele e um professor tentando ensinar alguma coisa. Apesar disso, a forma como Mouramateus apresenta a narrativa, revelando momentos os de ócio (do qual fazem parte a droga, o sexo, as festas) e os de obrigação dos jovens (do qual fazem parte o professor, as tarefas, os horários), é bastante convincente. Além disso, o diálogos e monólogos foram criados e interpretados de forma muito natural, ficando claro o quanto a direção do curta é cuidadosa.


Claudio Santoro viveu entre 1919 e 1989. Saiu do Amazonas com a ajuda do governo para estudar no Rio de Janeiro. Lá, conheceu musicistas, intelectuais, grupos que o fizeram se dedicar cada vez à música e foi aluno de Hans-Joachim Koellreutter. Comunista, acabou vivendo em outros países além do Brasil, como França e Alemanha, onde aprofundou seus estudos e conheceu novas realidades. Foi, também, professor na Universidade de Brasília, onde valorizou o estudo da música. Santoro foi um dos maiores compositores e regentes da história da música brasileira, recebendo inúmeros prêmios e homenagens tanto em território nacional quanto internacional. Uma das homenagens mais significativas, é darem seu nome ao Teatro Nacional, conhecido, hoje, como Teatro Nacional Claudio Santoro.
Santoro – O Homem e sua Música é um documentário bastante tradicional e cheio de clichês. Os depoimentos de amigos, familiares, intelectuais são como em qualquer outro filme do gênero e estão ali com uma finalidade apenas: enaltecer o trabalho do protagonista. As interpretações gráficas (desenhos, vídeo arte) das músicas do compositor são pouco criativas e não demonstram, nem de longe, o que se sente ao ouvir uma peça de Santoro. As narrações em off se prolongam ao longo do filme, o que incomoda o espectador, à medida que o longa perde o ritmo criado. O único trunfo do filme são as apresentações das peças de Santoro (aquelas onde músicos, seja orquestra ou não, aparecem) que, ao menos, irão conquistar quem gosta das músicas compostas por Claudio.


Com curtas inteligentes e com fotografias e som excelentes, e com um longa confuso e com muito pouco a ser ressaltado, a noite de domingo foi bastante contraditória. Enquanto A Outra Margem traz uma história nada comum à maioria da população brasileira de forma inteligente, História de uma Pena revela algo que todos já conhecemos, mas com poesia, humor e sinceridade. Duas realidades diferentes, mas que se complementam. O longa da noite, entretanto, se dedica a homenagear Santoro e deixa de se preocupar com o resultado final como produto. A intenção em homenagear um homem tão importante é linda, mas de boas intenções o cinema está cheio (de filmes de baixa qualidade). 

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