domingo, 2 de agosto de 2015

BIOGRAFIA: INGMAR BERGMAN - PARTE II (1970 - 2007)

No dia 14 de julho, o cineasta Ingmar Bergman teria completado 98 anos de vida. Entretanto, o sueco morreu em 2007, completando, hoje, 8 anos desde sua morte. Confira, a segunda parte da biografia de um dos mais enigmáticos cineastas da história do cinema.



A década seguinte começou com Documentário Farö (1970) e terminou com Documentário Farö 1979 (1979), sobre a ilha onde Bergman possuía uma casa e onde viveu seus últimos anos de vida. A casa fora comprada na década de 1960 e representou a expressão concreta de sua preferência por lugares isolados e pelas perturbações humanas. Durante os anos 70, seguiu o caminho das traições humanas com A Hora do Amor (1971) e, mais uma vez, Bergman voltou seus olhares à mulheres. Gritos e Sussurros (1972) reuniu no elenco algumas das mulheres mais desejadas do cineasta: Harriet Andersson e Liv Ullmann, com quem teve casos amorosos, e Ingrid Thulin , além da filha de cinco anos, Linn Ullmann. O filme trata do relacionamento de três irmãs, uma à beira da morte e outras duas que vem para visitá-la. No ano seguinte, Bergman lançou seu mais importante trabalho na televisão sueca, a minissérie Cenas de um Casamento (1973), que revelava a vida íntima de um casal (vivido por Liv Ullmann e Erland Josephson) que mantêm (ou sustenta) um relacionamento há dez anos. Na televisão, ainda vieram as adaptações da peça de Molière, Misantropen (1974), e da ópera de Mozart, A Flauta Mágica (1975). Exilado na Alemanha, os filmes seguintes foram: Face a Face (1976), O Ovo da Serpente (1977) – que contou com a participação do americano David Carradine – e Sonata de Outono (1978) – onde Bergman retoma os conflitos femininos, desta vez, entre uma mãe (Ingrid Bergman) e sua filha (Liv Ullmann).

Gritos e Sussurros (1972)
No final de 1981, Bergman começou as filmagens de seu novo longa. No início do ano seguinte, o cineasta anunciou, oficialmente, que o filme que estava produzindo seria seu último trabalho para o cinema. Em março do mesmo ano as filmagens do longa terminaram e, finalmente, em dezembro, Ingmar Bergman estreou o último filme de sua carreira cinematográfica: Fanny e Alexander (1982). Foi o maior filme feito por Bergman: 60 personagens, direção de arte e figurino de época, colorido, um roteiro de mais de mil páginas e seis meses de filmagens, que resultaram em um filme de 188 minutos. O filme é, claramente, o retrato da juventude do cineasta. Dois anos depois, Ingrid Thulin estrelou na televisão Depois do Ensaio (1984). Em 1986, o cineasta lançou Documentário Fanny e Alexander (1986), sobre seu último filme nos cinemas. Nos anos seguintes, Bergman lançou duas biografias escritas: Lanterna Mágica (1987) e Imagens (1990). Em 1988, ao lado de um grupo de cineastas europeus, o cineasta participou da criação da Academia de Cinema Europeu, que fundou, no ano seguinte, a Sociedade de Ciunema Europeu, das quais Bergman foi o primeiro presidente.

Sonata de Outono (1978)
Com Na Presença do Palhaço (1997), Bergman retoma um personagem de Fanny e Alexander, o inventor Carl Akerblom, tio das crianças do filme de 1982. Saraband (2003) foi o último filme da carreira de Ingmar Bergman. Protagonizado por Liv Ullmann e Erland Josephson, o filme narra a visita de uma senhora a casa do ex-marido. Algumas pessoas vêem esse filme como uma retomada de Cenas de um Casamento, já que os personagens principais tem os mesmos nomes e profissoões e se separaram há trinta anos, mesma época em que os personagens do outro filme. Sobre Saraband, Bergman dizia: “Eu o escrevi da maneira que me acostumei a escrever por mais de 50 anos – parece uma peça, mas poderia facilmente ser um filme, um programa de televisão ou simplesmente algo para ler”. No mesmo ano, Ingmar Bergman concordou em conversar com a diretora Marie Nyreröd sobre medos, arrependimentos, paixões e sobre seus filmes, o que resultou no documentário A Ilha de Bergman (2004). Os documentários The Women and Bergman (2008) e The Men and Bergman (2008), ambos feitos para televisão por Anna Beling, mostram atrizes e atores, respectivamente, falando sobre como foi trabalhar com o cineasta. Por fim, os documentários de Stig Björkman: Imagens do Playgroud (2009) e … Mas o Cinema é Minha Arte (2010), o primeiro feito em cima de imagens realizadas por Bergman no início dos anos 1950 com uma câmera 9.5 milímetros, o segundo, um documentário com entrevistas com Liv Ullmann e grandes cineastas influenciados pelo sueco. Em 2013, diversos cineastas falaram sobre Bergman em Trespassing Bergman, de Jane Magnusson e Hynek Pallas.

Fanny e Alexander (1982)
Ingmar Bergman foi casado 5 vezes, teve 9 filhos reconhecidos e casos com inúmeras atrizes. A primeira esposa veio em 1943, a dançarina e coreógrafa Else Fischer, com quem teve Lena. Dois anos depois, Bergman casou com Ellen Lundström, diretora de cinema com quem teve quatro filhos: Eva (que se tornou diretora de cinema), Jan e Anna e Mats (gêmeos que se tornaram atores). Em 1950, após passar um tempo na companhia da jornalista Gun Grut em Paris, Bergman se divorciou de Ellen e se casou com Gun, com quem teve Ingmar Jr. Durante o casamento, Bergman teve casos com as atrizes Harriet Andersson (1951) e Bibi Andersson (1955). Em 1959 se divorciou e casou com a pianista finlandesa Käbi Laretei, com quem teve Daniel, que também se tornou diretor de cinema. No mesmo ano, teve uma filha com uma amante, Ingrid Von Rosen. No meio desse casamento, Bergman teve um dos seus relacionamentos mais conhecidos e aclamados, com a atriz Liv Ullmann, com quem teve uma filha, Linn, que se tornou crítica literária e escritora. Em 1969, Bergman se separou novamente e voltou a casar em 1971 com Ingrid von Rosen, sua última esposa, com quem permaneceu casado até 1995, quando ela morreu de câncer no estômago. A partir daí, a vida do grande cineasta Ingmar Bergman se resumiu a permanecer em sua casa na Ilha de Farö, na Suécia, até morrer em 2007.

Saraband (2003)
Durante sua carreira, Ingmar Bergman viu quatro de seus filmes vencerem o Festival de Cannes (Sorrisos de uma Noite de Amor, O Sétimo Selo, No Limiar da Vida e a Fonte da Donzela), recebendo mais um prêmio por sua carreira. No Festival de Berlim, Morangos Silvestres ganhou um Urso de Ouro e o diretor foi homenageado com uma retrospectiva completa de seus filmes em 2011. Em Veneza, recebeu um prêmios especial por sua carreira, homenageado ao lado de John Ford e Marcel Camé em 1971. No Globo de Ouro foram sete filmes: Morangos Silvestres, A Fonte da Donzela, Através de um Espelho, Cenas de um Casamento, Face a Face, Sonata de Outono e Fanny e Alexander. Por fim, no Oscar, foram três prêmios de melhor filme estrangeiro (A Fonte da Donzela, Através de um Espelho e Fanny e Alexander), além dos prêmios de melhor fotografia para Gritos e Sussurros e de melhor fotografia, direção de arte e figurino para Fanny e Alexander. Em 1971, Bergman foi homnegaeado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por sua carreira com o prêmio Irving G. Thalberg e em 1990 recebeu um prêmio especial do Sindicato dos Diretores dos Estados Unidos.

Trespassing Bergman (2013)

Fontes:
MANDELBAUM, Jacques. Ingmar Bergman – Masters of Cinema – Cahiers du Cinéma. 2ª ed. Phaidon, 2011.
CASTAÑEDA, Alessandra; LUCCAS, Giscard; ZACHARIAS, João Cândido (org.). Ingmar Bergman; 1ª ed. Rio de Janeiro: Jurubeba Produções, 2012.

ACHED, Jan. O Cinema Segundo Bergman. p. 72 – 77 Revista Bravo! Ano 6 Ed. D’Avilla, LTDA., 2002. 

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