Inesperadamente, uma comédia americana
de qualidade e muito bom gosto.
Nota: 9,0
Título Original: We Bought a Zoo
Direção: Cameron Crowe
Elenco: Matt Damon, Scarlett Johansson,
Colin Ford, Maggie Elizabeth Jones, Thomas Haden Church, Angus Macfadyen, Elle
Fannig, Patrick Fugit, John Michael Higgins, Carla Gallo, J. B. Smoove,
Stephanie Szostak, Michael Panes, Kym Whitley
Produção: Cameron Crowe, Jullie Yorn, Rick Yorn
Roteiro: Alina Brosh McKenna, Cameron
Crowe e Benjamin Mee (livro)
Ano: 2011
Duração: 124 min.
Gênero: Drama / Comédia
Benjamin Mee é um grande aventureiro que
vê toda sua vida profissional desabar quando sua esposa morre e ele precisa
cuidar de um filho adolescente e de uma menina de sete anos. Transtornado sem
saber o que fazer, Benjamin procura por uma nova casa, longe de tudo o que eles
conhecem para recomeçar a vida. E é nessa procura que encontra o lugar
perfeito, uma casa linda e tudo aquilo o que ele e a filha imaginavam, mas
existe um pequeno problema: o lugar é um zoológico abandonado pela maior parte
dos humanos, e cheio de animais que precisam de ajuda. Benjamin, portanto,
decide ficar com o lugar e reformar tudo para reabrir o Zoo e ver sua família
feliz novamente.
Benjamin Mee, assim como o próprio
zoológico, existe. Trata-se de um jornalista formado em psicologia que escrevia
para o jornal inglês “The Guardian” e que, em outubro de 2006, procurava uma
casa grande para viver com a esposa, os dois filhos, um irmão e a mãe de mais
de setenta anos. Encontraram uma casa nos limites da reserva de Dartmoor,
localizada naquela pontinha saliente a oeste da ilha da Inglaterra. A família
se mudou e, alguns meses depois, Katherine, a esposa de Benjamin, começou a ter
sintomas de um tumor cerebral. Para piorar toda a situação, Katherine morreu e,
além de ter o dever de cuidar de todo o zoo, Benjamin precisou ajudar os filhos
a superar a perda. Entre um problema e outro, Benjamin e sua família foram
superando tudo e reabriram o zoológico em julho de 2007, e confessam o imenso
sucesso que tem feito após o lançamento desse filme. Como se pode ver, através
da história original, a vida de Benjamin e sua família não foi nada fácil a
partir do momento em que resolveram comprar o zoológico, afinal, era preciso
alimentar todos os animais – por volta de duzentos indivíduos, dar uma vida
decente a eles, cuidar de vacinas e outras necessidades básicas, higienizar
cada “jaula”, aprender a lidar com animais perigosos e de grande porte – leões,
tigres, ursos -, além disso, não se podia esquecer de uma mãe já idosa, filhos
adolescentes, um irmão e a esposa que ficou doente. No filme, foca-se nas
preocupações com o zoológico, o que tira um pouco do drama e traz mais a superação
mesmo, afinal, Benjamin tem um irmão que não depende dele para nada (mas acaba
se rendendo as loucuras do irmão e vai para o zoo), a mãe não existe e a esposa
morreu antes de o zoológico ser comprado. Cameron Crowe iniciou sua carreira
como roteirista em “Picardias Estudantis” (1982), depois roteirizou e dirigiu
meia dúzia de filmes conhecidos e de qualidade: “Digam o que Quiserem” (1989),
“Jerry Maguire – A Grande Virada” (19996), “Quase Famosos” (2000), “Vanilla
Sky” (2002) e “Tudo Acontece em Elizabethtown” (2005), vencendo o Oscar de
melhor roteiro por “Quase Famosos” e sendo indicado a melhor filme e roteiro
por “Vanilla Sky”. Ao seu lado, para adaptar a história está Aline Brosh
McKenna, uma especialista em comédias: “Leis da Atração” (2004), “O Diabo Veste
Prada” (2006), “Vestida Para Casar” (2008), “Uma Manhã Gloriosa” (2010) e “Não
Sei Como Ela Consegue”. De forma geral, apesar da simplicidade do longa como um
todo, o roteiro é bem escrito e a história segue uma linha real e muito
tocante, a fotografia faz jus ao esperado e a edição também é ótima.
Não simpatizo com Matt Damon por ter
assistido aos filmes da franquia “Bourne”, entretanto, cada vez que estou
assistindo a um filme com ele sendo o protagonista, não posso deixar de admitir
o quanto o ator é talentoso, e, desde ter visto “O Talentoso Ripley” (1999),
criei certa admiração por seu trabalho no cinema. Apesar de não ter nenhuma
semelhança com o verdadeiro Benjamin Mee – fisicamente falando -, o personagem
é real, mas não um completo conhecido, o que torna sua atuação mais livre que a
de atores que interpretam pessoas famosas, dessa forma, Matt Damon realiza um
trabalho muito natural, e é essa naturalidade – o que, na minha opinião, mais
define a interpretação de alguém como boa ou ruim – que faz dele o perfeito
líder para um elenco tão agradável. Scarlatt Johansson parece ter se dedicado
bastante aos seus trabalhos nos últimos dois anos, pois vê-la em “Os
Vingadores” (2012), “Hitchcock” (2012) e “Compramos um Zoológico”, tornou-se
uma surpresa pra lá de agradável e – para enfatizar ainda mais – inesperada;
mesmo não achando os trabalhos da atriz grande coisa, parece que daqui para
frente ela está disposta a se entregar mais as suas personagens e atingir essa
naturalidade da qual tanto falo, nesse filme, ela é a veterinária que ajuda a
cuidar de tudo, Kelly Foster. Colin Ford, pasme, tem apenas 16 anos e já atou
em mais de 40 títulos, dentre séries e filmes para televisão e poucos filmes
para o cinema, sendo assim, era de se esperar que sua interpretação como o
filho adolescente e problemático de Benjamin fosse algo, no mínimo,
satisfatório, e, mesmo sem saber da carreira do ator, o achei convincente e
ótimo na pele de um jovem que já sofreu mais que o necessário. A jovem Maggie
Elizabeth Jones, por sua vez, faz a filha, Rosie Mee, uma menina inocente que
não entende muito o que está acontecendo, mas parece ter compreendido que a mãe
jamais poderá estar ao seu lado novamente e vive como uma criança normal. Para
completar o elenco principal, parece que Elle Fanning está desbancando sua irmã
mais velha (Dakota) e apresenta uma performance hilária de uma jovem – irmã da
personagem de Johansson – que se apaixona pela primeira vez na vida e precisa
escolher se quer seguir o caminho de sua paixão ou não, ela e Ford protagonizam
as cenas mais simpáticas do longa, não sabendo como falar sobre seus
sentimentos, o perfeito retrato do primeiro amor de adolescentes.
Falar sobre as reflexões e sobre tudo o
que “Compramos Um Zoológico” aborda é algo muito difícil, mas se torna simples
se eu apenas resumir afirmando que ele fala sobre tudo em uma vida normal e
cotidiana. Sem apaziguar nada e tratando tudo de forma muito real, como a dor e
o sofrimento, de morte, tristeza e a falta que seres humanos e animais fazem; todavia,
ao mesmo tempo, fala, de forma tão real quanto a dor, sobre o amor e a
superação, sobre como a união (famílias e amigos) pode fazer com que obstáculos
sejam superados e todos possam voltar a ser felizes, ou ao menos que todos
possam ter mais momentos felizes que tristes. Claro que a perda de uma mãe em
qualquer família é algo difícil, portanto, como se era de se esperar, toda a
família Mee fica arrasada, tão arrasada quando o Zoológico para o qual eles resolvem
se mudar. Nesse contexto, o local se torna uma fuga, uma forma de por toda a
angústia para fora. Sim, pois, ao mesmo tempo em que se reúne a recuperação de
um espaço físico (aqui um zoológico), a família tenta se recuperar da morte da
mãe; em contraponto, ao mesmo tempo em que o filho odeia e teme pelo fato da
mãe estar morta, ele resolve odiar o zoo também, pois a forma como o pai tenta
recuperar a felicidade agride seu sentimento como filho, afinal, a mãe dele
acaba de morrer, onde está o respeito e o luto? Para quebrar o gelo, a filha de
Benjamin aceita a mudança e, como é uma criança muito pequena, tenta superar
tudo o que está acontecendo ao lado do pai. No final das contas, assim como o
amor da mãe unia a família, as lembranças do quanto ela poderia gostar de estar
ali, ao lado deles, faz com que esse filme seja o exato tipo de auto-ajuda que
estamos dispostos a ler, pois não há apenas o drama da superação o tempo todo,
pouco a pouco, enxergamos, de forma nítida e bela, o resultado da superação.
ACESSE NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE:
E CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK:
Nenhum comentário:
Postar um comentário