Apenas um conselho: arrume a melhor
companhia possível e assista em 3D no cinema, pois não vale a pena assistir
sozinho e em casa na televisão, pois perderá o único ponto positivo.
Nota: 6,5
Título Original: Hansel & Gretel:
Witch Hunters
Direção e Roteiro; Tommy Wirkola
Elenco: Jeremy Renner, Gemma Arterton,
Famke Janssen, Pihla Viitala, Derek Mears, Robin Atkin Downes, Ingrid Bolso
Berdal, Joanna Kuling, Thomas Mann, Peter Stormare, Bjorn Sundquist, Rainer
Bock, Thomas Scharff, Kathrin Kühnel
Produção: Will Ferrell, Beau Flynn, Chris HEnchy, Adam McKay, Kevin J.
Messick
Ano: 2013
Duração: 88 min.
Gênero: Ação / Fantasia / Thriller
Quando crianças, João e Maria foram
levados por seu pai para a floresta no meio da madrugada. Sem saber o porquê
daquela atitude, os dois correram pedindo por ajuda, foi quando encontraram uma
linda casa de doces e adentraram o recinto. Lá dentro, esperando por eles,
estava uma terrível bruxa, que os aprisionou e os engordava para serem comidos
para servirem de alimento. Entretanto, os dois escaparam e mataram a criatura.
Agora, João e Maria são os caçadores de bruxas mais famosos do mundo, e terão
de enfrentar poderosas criaturas que planejam vingança.
Na história original, João e Maria
chamam-se Hänsel e Gretel, nomes alemães – origem dos personagens -, são
largados na floresta por a família não ter dinheiro para alimentá-los, para não
se perderem, eles espalham pedaços de pão pelo caminho, que são comidos por
pássaros, assim, bem como ocorre no longa, eles se perdem e encontram uma casa
cheia de doces, comem os doces e a bruxa acaba os prendendo, com o mesmo
intuito: alimentá-los, engordá-los, assá-los e comê-los. Ainda na história dos
Irmãos Grimm, as crianças matam a bruxa e fogem, levando comida para o resto de
suas vidas, encontram o pai – a mãe está morta -, e vivem felizes para o resto
de seus dias. Nesse contexto, as bruxas representam, de forma filosófica, a
fome e o desespero dos pais, além disso, a bruxa e a mãe, em algumas análises,
representam a mesma pessoa, pois é a mãe quem convence o pai a deixar as
crianças no bosque – depois, ao invés da mãe, passou a ser uma madrasta, mesma
mudança que ocorreu em “A Branca de Neve”. Assim sendo, não demora muito para que
compreendamos que a grande bruxa malvada desse filme, também é uma
representação da mãe de João e Maria, pois a mãe deles também é uma bruxa, no
entanto, para amenizar a situação, a mãe da dupla é uma bruxa branca – uma
bruxa do bem -, eu já acho que seria bem mais interessante se ela fosse a
grande vilã da história. Não posso fugir do comentário de que, durante a trama,
Maria encontra um ogro chamado Edward e, devido as circunstâncias atuais em que
o cinema moderno se encontra, não há como ver isso como algo além de um claro
deboche a franquia “A Saga Crepúsculo”. Apesar de termos boas jogadas e bons
efeitos, o filme é modernizado demais, a tradução para o português é um fiasco
que começa com o título e vai até o desfecho da trama, os rumos que o filme toma
em seu desfecho são ridículos e o roteiro é fraco, e só ganha pontos por
enrolar menos que o esperado e nos apresentar um filme com menos de um hora e
meia de duração.
Jeremy Renner ficou conhecido no mundo
todo após ser indicado ao Oscar de melhor ator pelo filme vencedor de melhor
longa de 2009, “Guerra ao Terror”, dirigido por Katherine Bigelow (primeira
mulher a vencer o prêmio máximo do cinema em direção), depois disso, e um pouco
antes, viveram alguns bons filmes, bons papéis e interpretações medianas, mas
nenhuma foi mais triste que essa; não que sua interpretação seja de todo ruim,
como disse, ela é triste, pois é deprimente ver um bom ator como Renner
interpretando um personagem tão sem sentido e ridículo como João, é claro que o
ator parece se divertir em uma boa história sobre dois irmãos matando bruxas
malvadas que assolam as cidades das redondezas, mas não há nada nesse João que
valha a pena. Gemma Arterton, de “007 – Quantum of Solace” (2008), vive Maria,
uma bela jovem que, além de matar bruxas, conquista os corações masculinos das
vilas onde passa, apesar de momentos tão deprimentes quanto os do irmão, essa
personagem é um pouco – eu disse, um pouco, apenas – menos irritante, talvez
pelo fato de ser uma mulher que fuja dos padrões da época, mas mesmo assim, não
há nada que possa trazer a Arterton qualquer expectativa de nos apresentar uma
atuação decente em um papel que coloca a clássica Maria em uma posição tão
desvantajosa. Por fim, a grande bruxa má Muriel, é interpretada pela boa Famke
Janssen, famosa pela trilogia “X – Men” (2000, 2003 e 2006), e conhecida pela
sensualidade de sua personagem em “007 Contra GoldenEye” (1995), apesar de
tudo, talvez seja a única interpretação que tente, em alguns momentos, salvar o
elenco, mas põe tudo a perder pela forma imbecil como a personagem acaba sendo
tratada pelo próprio roteiro.
“João e Maria” – ou “Hänsel und Gretel”,
não importa o título – é uma das histórias mais populares do mundo, e trata,
acima de tudo, do problema que as famílias encontraram durante a Idade Média:
falta de alimento e recorrente sacrifício de crianças que estavam passando
fome. A representação aqui, entretanto, perde um pouco de seu foco e acaba
mostrando apenas João e Maria como duas personagens que venceram as bruxas e
estão vivos. Apesar disso, duvido muito que quem vá ao cinema, ou espere pelo
DVD do filme – sugiro ver em 3D logo e perder o tempo da melhor maneira
possível -, vai raciocinar a ponto de lembrar a real crítica da história. Sendo
assim, o filme será apenas uma adaptação esdrúxula e desnecessária de uma
história que já estava boa e não precisava de nada além de ser lida e passada
de geração em geração.
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