quinta-feira, 7 de março de 2013

082. JOÃO E MARIA: CAÇADORES DE BRUXAS, de Tommy Wirkola


Apenas um conselho: arrume a melhor companhia possível e assista em 3D no cinema, pois não vale a pena assistir sozinho e em casa na televisão, pois perderá o único ponto positivo.
Nota: 6,5


Título Original: Hansel & Gretel: Witch Hunters
Direção e Roteiro; Tommy Wirkola
Elenco: Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen, Pihla Viitala, Derek Mears, Robin Atkin Downes, Ingrid Bolso Berdal, Joanna Kuling, Thomas Mann, Peter Stormare, Bjorn Sundquist, Rainer Bock, Thomas Scharff, Kathrin Kühnel
Produção: Will Ferrell, Beau Flynn, Chris HEnchy, Adam McKay, Kevin J. Messick
Ano: 2013
Duração: 88 min.
Gênero: Ação / Fantasia / Thriller

Quando crianças, João e Maria foram levados por seu pai para a floresta no meio da madrugada. Sem saber o porquê daquela atitude, os dois correram pedindo por ajuda, foi quando encontraram uma linda casa de doces e adentraram o recinto. Lá dentro, esperando por eles, estava uma terrível bruxa, que os aprisionou e os engordava para serem comidos para servirem de alimento. Entretanto, os dois escaparam e mataram a criatura. Agora, João e Maria são os caçadores de bruxas mais famosos do mundo, e terão de enfrentar poderosas criaturas que planejam vingança.


Na história original, João e Maria chamam-se Hänsel e Gretel, nomes alemães – origem dos personagens -, são largados na floresta por a família não ter dinheiro para alimentá-los, para não se perderem, eles espalham pedaços de pão pelo caminho, que são comidos por pássaros, assim, bem como ocorre no longa, eles se perdem e encontram uma casa cheia de doces, comem os doces e a bruxa acaba os prendendo, com o mesmo intuito: alimentá-los, engordá-los, assá-los e comê-los. Ainda na história dos Irmãos Grimm, as crianças matam a bruxa e fogem, levando comida para o resto de suas vidas, encontram o pai – a mãe está morta -, e vivem felizes para o resto de seus dias. Nesse contexto, as bruxas representam, de forma filosófica, a fome e o desespero dos pais, além disso, a bruxa e a mãe, em algumas análises, representam a mesma pessoa, pois é a mãe quem convence o pai a deixar as crianças no bosque – depois, ao invés da mãe, passou a ser uma madrasta, mesma mudança que ocorreu em “A Branca de Neve”. Assim sendo, não demora muito para que compreendamos que a grande bruxa malvada desse filme, também é uma representação da mãe de João e Maria, pois a mãe deles também é uma bruxa, no entanto, para amenizar a situação, a mãe da dupla é uma bruxa branca – uma bruxa do bem -, eu já acho que seria bem mais interessante se ela fosse a grande vilã da história. Não posso fugir do comentário de que, durante a trama, Maria encontra um ogro chamado Edward e, devido as circunstâncias atuais em que o cinema moderno se encontra, não há como ver isso como algo além de um claro deboche a franquia “A Saga Crepúsculo”. Apesar de termos boas jogadas e bons efeitos, o filme é modernizado demais, a tradução para o português é um fiasco que começa com o título e vai até o desfecho da trama, os rumos que o filme toma em seu desfecho são ridículos e o roteiro é fraco, e só ganha pontos por enrolar menos que o esperado e nos apresentar um filme com menos de um hora e meia de duração.


Jeremy Renner ficou conhecido no mundo todo após ser indicado ao Oscar de melhor ator pelo filme vencedor de melhor longa de 2009, “Guerra ao Terror”, dirigido por Katherine Bigelow (primeira mulher a vencer o prêmio máximo do cinema em direção), depois disso, e um pouco antes, viveram alguns bons filmes, bons papéis e interpretações medianas, mas nenhuma foi mais triste que essa; não que sua interpretação seja de todo ruim, como disse, ela é triste, pois é deprimente ver um bom ator como Renner interpretando um personagem tão sem sentido e ridículo como João, é claro que o ator parece se divertir em uma boa história sobre dois irmãos matando bruxas malvadas que assolam as cidades das redondezas, mas não há nada nesse João que valha a pena. Gemma Arterton, de “007 – Quantum of Solace” (2008), vive Maria, uma bela jovem que, além de matar bruxas, conquista os corações masculinos das vilas onde passa, apesar de momentos tão deprimentes quanto os do irmão, essa personagem é um pouco – eu disse, um pouco, apenas – menos irritante, talvez pelo fato de ser uma mulher que fuja dos padrões da época, mas mesmo assim, não há nada que possa trazer a Arterton qualquer expectativa de nos apresentar uma atuação decente em um papel que coloca a clássica Maria em uma posição tão desvantajosa. Por fim, a grande bruxa má Muriel, é interpretada pela boa Famke Janssen, famosa pela trilogia “X – Men” (2000, 2003 e 2006), e conhecida pela sensualidade de sua personagem em “007 Contra GoldenEye” (1995), apesar de tudo, talvez seja a única interpretação que tente, em alguns momentos, salvar o elenco, mas põe tudo a perder pela forma imbecil como a personagem acaba sendo tratada pelo próprio roteiro.


“João e Maria” – ou “Hänsel und Gretel”, não importa o título – é uma das histórias mais populares do mundo, e trata, acima de tudo, do problema que as famílias encontraram durante a Idade Média: falta de alimento e recorrente sacrifício de crianças que estavam passando fome. A representação aqui, entretanto, perde um pouco de seu foco e acaba mostrando apenas João e Maria como duas personagens que venceram as bruxas e estão vivos. Apesar disso, duvido muito que quem vá ao cinema, ou espere pelo DVD do filme – sugiro ver em 3D logo e perder o tempo da melhor maneira possível -, vai raciocinar a ponto de lembrar a real crítica da história. Sendo assim, o filme será apenas uma adaptação esdrúxula e desnecessária de uma história que já estava boa e não precisava de nada além de ser lida e passada de geração em geração.

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