domingo, 28 de setembro de 2014

47º FESTIVAL DE BRASÍLIA

Na noite do dia 23 de setembro foram anunciados os vencedores do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Concorrendo pelo Troféu Candango, estavam seis longas e doze curtas-metragens, vencendo “Branco Sai. Preto Fica” e “Sem Coração”, respectivamente. O evento homenageou o cineasta Eduardo Coutinho, morto no início do ano, apresentando a cópia restaurada do filme “Cabra marcado para morrer”.




Nascido pela união dos que falavam de cinema na UnB e dos estudantes (BAHIA, Berê, 30 Anos de cinema e festival), o Festival de Brasília de Cinema Brasileiro é o mais antigo e um dos mais respeitados festivais nacionais. Segundo o professor de audiovisual da UnB, Marcos Mendes, o curso, criado em 1964 por Paulo Emílio Sales Gomes, que reunia o crítico Jean-Claude Bernardet e o cineasta Nelson Pereira dos Santos, tinha como objetivo “pensar o cinema”. Mesmo que o curso tenha perdido seus professores e tenha se reestabelecido apenas em 1971, Paulo Emilio organizou a Primeira Semana do Cinema Brasileiro com a finalidade de levar os filmes brasileiros para além do clube dos cinéfilos. O evento contou com participações dos mais variados tipos e apresentou filmes como “A Falecida”, de Leo Hirszman, e “O desafio”, de Paulo Cezar Saraceni.
Em 1967, o evento ganhou o título de Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, tornando-se um evento oficial da Secretaria da Cultura do Distrito Federal. No ano seguinte, porém, o Ato Institucional 5 suspendia várias garantias constitucionais e aumentava a censura, o que ia contra a liberdade de criação e expressão cinematográfica. Assim, o festival era prejudicado pela Ditadura Militar. Ainda assim, mesmo que picotados para se enquadrarem nos padrões impostos pelo regime, os filmes transmitiam os valores opostos aos da ditadura, tornando o festival um ato político, segundo Marcos Mendes. Devido aos absurdos que ocorreram na época pelas intervenções da censura do estado, o festival deixou de ser realizado durante três anos, retornando em 1976.



De lá para cá, aos poucos, o Festival foi se desvencilhando das medidas impostas pela ditadura. Como todas as artes no Brasil, o cinema driblava o regime e apresentava sua opinião de forma sutil, mas convincente. E talvez uma das maiores provas de que o festival está pronto para se dizer livre de qualquer influência exterior à cinematográfica seja ter premiado o longa “Branco Sai. Preto Fica” como melhor filme do ano. Isso, por que o filme de Adirley Queirós simplesmente detona com a cidade Brasília, um dos maiores símbolos nacionalistas do Brasil. O filme foi feito na Ceilândia (cidade satélite da capital) e delata as dificuldades e verdades vividas pelos moradores do entorno de Brasília com uma dose essencial de ficção, que conta, inclusive, com uma bomba que está pronta para destruir a cidade projetada por Niemeyer no governo de Kubistchek. Segundo o próprio Queirós, que tem outros cinco filmes gravados na cidade, sua intenção máxima, desde o começo das gravações, era destruir Brasília. Em curta-metragem, o destaque foi para “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, filme vencedor da categoria de melhor filme em curta-metragem pela mostra competitiva.
Abaixo, confira os vencedores em todas as categorias do evento que distribuiu R$ 625 mil em prêmios (vale lembrar que os diretores dos seis filmes que concorriam na categoria de melhor filme longa-metragem assinaram, antes de o vencedor ser anunciado, uma declaração dividindo o prêmio de R$ 250 mil):

Cena do filme "Branco Sai. Preto Fica", de Adirley Queirós
Mostra Competitiva de Filmes de Longa-metragem
Melhor filme – “Branco sai. Preto fica”, de Adirley Queirós
Melhor filme pelo júri popular – “Sem pena”, de Eugenio Puppo
Melhor direção - Marcelo Pedroso, por “Brasil S/A”
Melhor ator – Marquim do Tropa, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor atriz  – Dandara de Morais, por “Ventos de agosto”
Melhor ator coadjuvante – Renato Novais de Oliveira, por “Ela volta na quinta”
Melhor atriz coadjuvante – Élida Silpe, por “Ela volta na quinta”
Melhor roteiro – Marcelo Pedroso, por “Brasil S/A”
Melhor fotografia – Gabriel Mascaro, por “Ventos de agosto”
Melhor direção de arte – Denise Vieira, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor trilha sonora – Mateus Alves, por “Brasil S/A”
Melhor som – Pablo Lamar, por “Brasil S/A”
Melhor montagem – Daniel Bandeira, por “Brasil S/A”

Mostra Competitiva de Filmes de Curta-metragem
Melhor filme – “Sem coração”, de Nara Normande e Tião
Melhor filme pelo júri popular – "Crônicas de uma cidade inventada", de Luísa Caetano
Melhor direção - Nara Normande e Tião, por "Sem coração"
Melhor ator - Zé Dias, por "Geru"

Cena do filme "Sem Coração", de Nara Nromande e Tião
Troféu Câmara Legislativa do DF - Mostra Brasília
Melhor longa-metragem – “Branco sai. Preto fica”, de Adirley Queirós
Melhor curta-metragem – “Crônicas de uma cidade inventada”, de Luísa Caetano
Melhor direção – André Luiz Oliveira, por “Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos”
Melhor ator – Marquim do Tropa, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor atriz – Klarah Lobato, por “Querido Capricórnio”
Melhor roteiro – Fáuston da Silva, por “Ácido Acético”
Melhor fotografia – Dani Azul, por “Meio Fio”
Melhor montagem – Guille Martins, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor direção de arte – Luiz Fernando Skopein, por “À Mão Armada”
Melhor edição de som – Guille Martins e Camila Machado, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor captação de som direto – Francisco Craesmeyer, por “Branco sai. Preto fica”
Melhor trilha sonora – Renato Matos, por “Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos”
Melhor longa-metragem pelo júri popular – “Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos, de André Luiz Oliveira”
Melhor curta-metragem pelo júri popular – “Ácido Acético”, de Fáuston da Silva

Prêmio Marco Antônio Guimarães
“Zirig Dum Brasília – A Arte e o Sonho de Renato Matos”, de André Luiz Oliveira

Prêmio Canal Brasil
“Sem coração”, de Nara Normande e Tião

Prêmio Exibição TV Brasil
“Branco sai. Preto fica”, de Adirley Queirós

Prêmio ABRACCINE
Melhor filme de curta-metragem: “Estátua!”, de Gabriela Amaral Almeida
Melhor filme de longa-metragem: “Branco sai. Preto fica”, de Adirley Queirós

Prêmio Saruê
“Branco sai. Preto fica”, de Adirley Queirós

Prêmio Vagalume
Melhor filme de curta-metragem: “Crônicas de uma cidade inventada”, de Luísa Caetano
Melhor filme de longa-metragem: “Ventos de agosto”, de Gabriel Mascaro

Prêmio Conterrâneos 
“Zirig Dum Brasília” – A Arte e o Sonho de Renato Matos, de André Luiz Oliveira

O documento histórico que dividiu o prêmio de melhor filme. As justificativas foram as mais simples: os seis filmes são fantásticos e a competitividade pela recompensa de R$ 250 mil é desnecessária.

Mais sobre a história do festival, clique AQUI

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 http://www.youtube.com/user/projeto399filmes

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