Pode não ser um grande filme, mas é uma
excelente comédia romântica.
Nota:8,5
Título Original: Laws of Attraction
Direção: Peter Howitt
Elenco: Julianne Moore, Pierce Brosnan, Michael Sheen, Parker Posey,
Frances Fisher, Nora Dunn. Heather Ann Nurgerg, Johnny Myers, Mike Doyle, Allan
Houston, Annie Ryan, Vincent Marzello, Sara James, John Discepolo, Annika
Pergament
Produção: David Bergstein, Julie Burk, David T. Friendly, Beau St.
Clair, Marc Turtletaud
Roteiro: Aline Brosh McKenna e Robert
Harling
Ano: 2004
Duração: 90 min.
Gênero: Comédia / Romance
Audrey Woods e Daniel Rafferty são os
maiores advogados especializados em divórcio da cidade de Nova York.
Enfrentando-se em várias ocasiões, os dois acabam dormindo juntos. Tal ato faz
despertar mais ódio de Audrey quando Daniel utiliza essa atitude para se dar
bem. Enquanto isso, um dos casais mais badalados do momento, o roqueiro Thorne
Jamison e a estilista Serena, vivem uma crise em seu casamento. E é quando os
dois decidem se separar que Audrey e Daniel enfrentarão uma de suas maiores
aventuras profissionais e pessoais, pois, de uma forma inexplicável, os dois
ficarão bêbados e irão se casar enquanto resolvem um pequeno problema de seus
clientes na Irlanda.
Peter Howitt não é um grande diretor de
cinema, tem poucos filmes no currículo e esse é o melhor deles. Apesar disso,
sua direção nesse filme é algo muito bem vindo, sendo seu maior trunfo um
elenco de peso que dá conta do recado sem precisar ser guiado o tempo todo. As
imagens do longa são bonitas, a fotografia da Irlanda é bem característica, a
trilha sonora de Ed Shearmur – que trabalhou em diversos gêneros diferentes – é
divertida e as tomadas e ângulos em que o filme foi gravado são bem escolhidas
por Howitt. Todavia, apesar de a direção superar expectativas, não é bem ela
que mais chama a atenção no campo técnico do filme – até por que, o mais
importante, divertido e qualitativo no longa, volto a dizer, são as interpretações
maravilhosas -, e sim o roteiro de Aline Brosh McKenna e Robert Harling. Aline
iniciou sua carreira no cinema em 1999 com “Um Caso a Três”, cinco anos depois
veio “Leis da Atração”, mas foi em 2006 que se destacou ao adaptar o romance “O
Diabo Veste Prada” – filme que contou com a presença das vencedoras do Oscar
Anne Hathaway e Meryl Streep -, depois vieram bons trabalhos como “Vestida para
Casar” (2008), “Uma Manhã Gloriosa” (2010), “Não Sei Como Ela Consegue” (2011)
e o excelente “Compramos um Zoológico” (2011), apesar de todos serem comédias e
nem todos terem tido um resultado muito bom, todos possuem histórias muito boas
e enredos divertidos. Harling, por sua vez, é um destaque na televisão, tendo
escrito apenas esse filme e os ótimos “O Clube das Desquitadas” (1996) e “O
Entardecer de uma Estrela” (1996). O que interessa em “Leis da Atração” é a
forma irreverente como o tema é tratado, abordando os vários lados da vida de
duas pessoas bem sucedidas profissionalmente que ainda não encontraram a
harmonia pessoal, contraponto o lado que deixa o destino falar por si próprio e
se deixa ser levado pela emoção momentânea, e o lado controlado, racional, que
não permite que algo sobrenatural – como o destino -, tome conta de sua vida.
Julianne Moore é uma da atrizes de maior
sucesso de sua época, e, provavelmente, uma das que manteve a carreira mais estável.
A construção e a interpretação vista aqui de Audrey por ela se torna
interessante justamente pelo fato de ela negar a paixão que está sentindo, assim
sendo, Moore não nos presenteia com uma daquelas atuações emocionantes de
dramas como o que fez em “As Horas” (2004) e sim uma performance simples, sobre
uma mulher como qualquer outra, que não sabe ao certo o que fazer com sua vida
amorosa. Pierce Brosnan, famoso por interpretar James Bond em quatro filmes da
franquia do agente 007, é Daniel Rafferty, aproveitando toda a sensualidade
acerca do ator advinda dos anos que viveu Bond, Brosnan permanece como um homem
sexy, inteligente e que deveria conquistar a todas as mulher com a apenas um
olhar, entretanto, encontra dificuldade ao tentar conquistar Woods, mesmo
assim, ao contrário do que a personagem de Moore faz, o personagem de Brosnan
assume a paixão. Mesmo que eu goste de Moore e Brosnan e goste de suas atuações
no longa, ninguém é tão bom nesse filme como Michael Sheen, a ultima vez que
havia assistido a esse filme deve ter sido há uns oito anos – o que para mim,
hoje com 18, é um tempo considerável – obviamente, quando o assisti há poucos
dias não acreditei que era Sheen no papel do roqueiro Thorne Jamison (para já
deixar claro quem ele interpreta, selecionei a foto abaixo), Sheen nos traz uma
rica construção de Jamison, sendo desprezível em alguns momentos e extremamente
engraçado em outros, realmente um homem totalmente diferente do Primeiro
Ministro Tony Blair vivido por ele no longa pelo qual comecei a admirar o
trabalho do ator, “A Rainha” (2006). Ao lado de Sheen está Perker Posey vivendo
Serena, não sei se a interpretação dela é ofuscada pelas dos dois protagonistas
ou pela de Sheen, o fato é que Posey está apagada demais, sem graça, sem
segurança alguma e parece uma principiante o tempo todo. Para completar o
elenco, uma participação bem pequena, mas muito divertida de Frances Fisher,
como a coroa bonitona mãe de Audrey.
Nos perguntamos o que atraiu Audrey e
Daniel, duas almas, aparentemente tão diferentes, uma mulher justa que luta com
os artifícios seguindo todas as regras da moral e da boa conduta, e um homem
que se vira como pode, não deixando de negar as mentiras e trapaças para
conseguir o que deseja profissionalmente e satisfazer seus clientes. Certa
amiga, mais precisamente aquela professora Piti de quem falo na descrição de
meu perfil, escreveu uma vez sobre a beleza de nos apaixonarmos, em seu texto,
refletia sobre o que nos instigava e atraia em outro ser humano, ela, bem como
a ciência, constatou que é apenas um detalhe, apenas um que tem a chance de
mostrar todas as qualidades do outro e nos dar a alegria de estar ao lado de
alguém que amamos. Eu digo mais, concordo com ela, mas me atrevo a dizer que as
várias paixões que temos são motivadas pelo mesmo detalhe, seja por uma beleza
diferenciada, por uma carreira profissional bem sucedida (não me refiro a parte
financeira, me refiro ao sucesso profissional aliado a satisfação pessoal),
pela personalidade (seja ela fraca, forte, ou o que for), pela pureza, ou pela
sensualidade. Não importa o que seja, a verdadeira lei da atração ainda
permanece como uma incógnita, mas não se pode negar toda sua beleza.
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