sábado, 11 de maio de 2013

076. CLUBE DA LUTA, de David Fincher


David Fincher é uma das mais agradáveis surpresas criadas por Hollywood.
Nota: 9,8

Título Original: Fight Club
Direção: David Fincher
Elenco: Edward Norton, Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Meat Laf, Zach Greiner, Richmond Arquette, David Andrews, Geroge Maguire, Eugine Bondurant, Chritina Cabot, Sydney ‘Big Dawg’ Colston, Rachel Singer
Produção: Ross Grayson Bell, Ceán Chaffin, John s. Dorsey, Art Linson, Arnon Milchan
Roteiro: Jim Uhls e Chuck Palahniuk (romance)
Ano: 1999
Duração: 139 min.
Gênero: Drama / Thriller

Jack é um típico homem que vive trabalhando em um escritório, insatisfeito com a vida, não dorme há seis meses. Sentindo-se muito mal, procura um médico que, basicamente, manda ele tomar vergonha na cara e procurar grupos de apoio para os mais diversos problemas – pessoas com câncer em mais variados locais do corpo, dependentes químicos -, para ver o que são problemas reais. Uma vez interagindo com esses grupos, Jack torna-se viciado em ir aos grupos e fingir ser um doente. Em uma das diversas viagens que ele faz a negócio, conhece o excêntrico Tyler Durden. Ao chegar em casa, seu apartamento explodiu e ele fica sem casa. Jack liga para Durden, eles se encontram em um bar, Durden convida Jack para ficar em sua casa, mas antes deles irem até a casa de Durden, o homem pede que Jack lhe dê um soco, e ali inicia-se o “Clube da Luta”.


Precisamos deixar claro uma coisa antes de continuar a falar sobre esse filme: David Fincher não possui nem dez trabalho no cinema, mas me nego a vê-lo como algo inferior ao menos a um semi-Deus da Sétima Arte. Martin Scorsese, Alfred Hitchcok, Steven Spielberg, Charles Chaplin, Francis Ford Coppola, entre outros, são Deuses do cinema; já, Sam Mendes, Christopher Nolan, Tim Burton, Ang Lee, Ethan Coen, Joel Coen e David Fincher são semi-Deuses do cinema americano. É claro que essa lista seria mais longa se me estendesse para filmes Europeus – o que traria nomes como Federico Fellini e Ingmar Bergman -, mas me refiro às grandes produções realizadas na tão sonhada Hollywood. Levando em conta minha admiração por Fincher e o fato desse ser considerado, por muitos cineastas, seu verdadeiro passaporte para ser eternizado na Sétima Arte e seu melhor filme, não posso deixar de expressar o quanto ele me surpreendeu e me deixou maravilhado. Seu primeiro filme que assisti no cinema e, obviamente, me lembro como se fosse ontem, foi “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008), a partir daí procurei seus filmes e tentei assistí-los quantas vezes possível. O que temos aqui é algo bem simples de ser explicado em uma divisão ainda mais simples: no primeiro momento do longa temos um filme sobre homens cansados do dia-a-dia e da rotina triste de seus trabalhos, que encontram no Clube da Luta um local para se divertir e extravasar suas energias; depois temos um filme sobre um espécie de seita que se forma através do Clube, seita, essa, que deseja eliminar todo tipo de materialismo existente na terra. Para compreender um pouco melhor um parecer bem rápido cobre o Clube: é um local frequentado apenas por homens, que querem da forma mais amadora possível, não são homens incrivelmente belos ou fortes, são homens normais que, como disse, precisam encontrar uma válvula de escape para toda a tristeza e frustração que encontram durante seu cotidiano. Para participar do clube da Luta é preciso seguir as oito regras estabelecidas por Tyler e Jack: 1. Nunca fale sobre o Clube da Luta; 2. Nunca fale sobre o Clube da Lua; 3. Somente duas pessoas por luta; 4. Uma luta de cada vez; 5. Sem camisa, sem sapatos; 6. As lutas duram o tempo que for necessário; 7. Quando alguém gritar “pára!”, sinalizar ou desmaiar, a luta acaba; 8. Se for a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar. Percebam que eu disse que as regras foram criadas por Tyler e Jack, entretanto, é preciso deixar claro que há um líder aqui, e obviamente, não é frustrado Jack, e sim o hilário Tyler, um homem misterioso que vive cada dia de sua vida como se fosse o último, ou o primeiro, tanto faz, o que interessa é sua personalidade forte e aterradora, que faz com que Jack se torne cada vez mais submisso e queira ser cada vez mais parecido com Tyler.


Jack, portanto, é vivido por um dos melhores atores vivos da geração dos protagonistas, Edward Norton, um dos primeiros filmes que assisti com Norton foi “Cruzada” (2005), aquele tipo de filme que a agente assiste para fazer trabalho da escola sobre as missões Católicas, nele, o ator interpreta o Rei com lebre, Baldwin, e foi ali que me interessei pelo trabalho do ator, e se vários atores me interessam por sua seriedade ao encarar qualquer personagem, Norton desperta a mesma sensação que tenho quando assisto a grande maioria dos filmes de Johnny Depp: não é a seriedade ou a comicidade deles que me atinge, e sim o sarcasmo, a forma debochada como conseguem criticar parcelas da sociedade e fazer, ao mesmo tempo, essas parcelas rirem e concordarem com eles, pelo simples motivo de que eles são tão fantásticos que a sociedade não compreende muito bem o que suas personagens querem dizer, apenas acham digno entrar na onda de seres tão complexos e fingir que compreenderam. E é isso que faz o Jack de Norton algo tão incrível, ele critica, emociona e nos faz rir como poucos atores poderiam fazer. Brad Pitt eu conheci indo ao cinema assistir ao hilário “Doze Homens e Outro Segredo” (2004), o primeiro filme legendado que eu, então com dez anos, assisti – uma verdadeira catástrofe da qual prefiro não me lembrar -, poucos meses depois, com o mesmo intuito educacional com o qual assisti “Cruzada”, conferi a grande produção “Tróia” (2004), apesar de não me pegar muito, gostei do longa, mas foi assistido “Entrevista Com o Vampiro” (1994) e “Seven – Os sete Crimes Capitais” (1995) – o melhor filme de Fincher – que compreendi por que Pitt foi tão aclamado durante a década de 1990: foram no mínimo cinco filmes ótimos que exigiram o seu melhor, em papeis totalmente distintos. Enfim, como Tyler, Pitt não decepciona em momento algum, ao contrário, ele impressiona e nos traz mais uma atuação digna de menção honrosa, pois nos faz odiar e amar o personagem, nos faz vê-lo como heroi e como vilão, nos faz questionar seus atos, sua existência, e nos faz agradecer por suas idéias e seu temperamento e personalidade tão sutis. Lembro-me de assistir a “Planeta dos Macacos” (2001) incansavelmente quando criança, durante minha infância e adolescência conferi vários trabalhos loucos de Helena Bohan Carter, mas foi apenas em 2010 que passei a admirá-la de forma inexplicável ao vê-la interpretando alguém relativamente normal em “O Discurso do Rei”, onde viveu a Rainha Elizabeth (casada com o último rei da Inglaterra antes da Rainha Elizabeth II e mãe da mesma), aqui sua participação é pequena, ela vive Marla Singer, uma mulher totalmente louca que fica no meio da amizade de Tyler e Jack, não é uma personagem totalmente normal nem anormal, e sim uma pessoa comum engolida pelo mundo louco em que vivemos, mais uma grande interpretação da atriz.


Segundo o próprio Edward Norton, quando Fincher, ele e Pitt começaram a se preparar para o filme foi feito com combinado: Norton passaria fome durante as filmagens, já Pitt levantaria pessos e faria bronzeamento, assim, Norton viveria o declínio que sua personagem vive, e Pitt ficaria cada vez mais forte e poderoso, fazendo sua presença ser notada por todos, assim como Tyler faz durante o longa. Obviamente, esse tipo de medida pode parecer loucura, mas não deixa de ser louvável ver o quanto os atores, que funcionam muito bem juntos na telona, resolveram se entregar aos seus personagens e dar o melhor deles mesmos. No começo do filme, acreditei que tudo não passava de uma história sobre luta amadora. Grande ilusão a minha, afinal, estamos falando de um filme de David Fincher, que, convenhamos, não é qualquer diretor. Além disso, voltando ao fato de parecer uma loucura essa tal entrega dos atores, após se assistir a esse longa, nada parecerá loucura por um bom tempo na vida do espectador, por motivos bem simples: o final é mais que surpreendente e esse é um daqueles filmes pirados que não saem de nossa cabeça durante um bom tempo, e fico muito satisfeito em dizer isso!

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