sábado, 11 de maio de 2013

078. AMOR A TODA PROVA, de Glenn Ficarra e John Requa

“Louco, Estúpido, Amor”, definitivamente a melhor definição desse sentimento!
Nota: 9,2


Título Original: Crazy, Stupid, Love.
Direção: Glen Ficarra e John Requa
Elenco: Steve Carrel, Julianne Moore, Ryan Gosling, Emma Stone, Analeigh Tipton, Jonah Bobo, Joey King, Marisa Tomei, Beth Littleford, John Carroll Lynch, Kevin Bacon, Janine Barris, Josh Groban, Mekia Cox, Julianna Guill, Zayne Emory, Crystal Reed
Produção: Steve Carell, Denise Di Novi
Roteiro: Dan Fogelman
Ano: 2011
Dureção: 118 min.
Gênero: Comédia / Romance

Cal Weaver tinha uma vida aparentemente perfeita: filhos jovens, uma bela esposa, um bom trabalho e uma casa ótima. Todavia, seu mundo desaba quando Emily, a esposa, conta que dormiu com um colega de trabalho, David Lundhagen. Desolado, Cal vai embora de casa e resolve passar as noites em um bar. Lá, o novo solteiro conhece Jacob Palmer, um playboy que vive a vida azarando as mulheres e levando-as para a cama. Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece, o filho de Cal, Robbie, se apaixona pela baba de sua irmã, Jessica, filha de um casal amigo dos Weaver, mas a jovem está apaixonada por Cal. Além disso, Jacob paquera Hannah, que tem namorado e dá um fora em Jacob, mas que se arrepende ao se decepcinar com o tal namorado.


Obviamente, assim como ocorre na vida real, as histórias de todos começam a se entrelaçar de forma que uma personagem não consegue se desvencilhar da outra, o que faz com que todos se enredem de forma única na vida da família Weaver, e pior, no momento mais crítico que eles já viveram. Acrescente a isso, temos personalidades e histórias muito comuns ao nosso dia-a-dia, e por isso acabamos nos identificando com tudo: Cal Weaver é um homem que passou dos 40, apesar de não parecer muito velho, veste-se mal, com roupas que o desvalorizam completamente, e parece ter deixado o casamento cair em uma rotina terrível; Emily Weaver é uma mulher relativamente bem sucedida que acaba se arrependendo de trair o marido, mas que precisava fazer isso, afinal, essa tal rotina em que o casamento dos dois caiu estava deixando a mulher louca – não que eu concorde com o que ela fez; Jacob Palmer é o perfeito conquistador que não se importa em perder uma ou outra mulher, que tem todas as suas mais variadas e infalíveis táticas para fazer com que uma mulher queira ir para cama com ele; Hannah é a jovem iludida que deseja se dar bem profissional e pessoalmente ao mesmo tempo, mas que acabará entendendo que isso é praticamente impossível sem ao menos uma desilusão aqui ou outra ali; Bernie Riley e Claire Riley, pais de Jessica, são o perfeito casal que parece não conversar há anos, o que está deixando o casamento dos dois muito chato; David Lindhagen, o amante, é o homem que se apaixona pela colega de trabalho que está casada, mas não parece ver isso como um empecilho; Jessica é a menina apaixonada pelo cara mais velho; Robbie é o menino apaixonado pela garota mais velha; e a professora de Robbie, Kate Taffety, é uma ex-alcoólatra que anda louca para beber um pouco. Glenn Ficarra e John Requa realizaram um tal de “I Love You Phillip Morris” – traduzido, ridiculamente, no Brasil como “O Golpista do Ano” (2009) -, um filme chato e muito sem graça, sendo assim, eu não esperava grandes coisas desse filme, no entanto, Dan Fogelman, o roteirista, já escreveu excelentes animações: “Carros” (2006), “Bolt – Supercão” (2008), “Enrolados” (2010) e “Carros 2” (2011). Sendo assim, ficou a esperança de que o ótimo e carismático elenco, e o bom roteirista infantil, nos trouxessem a menos um bom filme. Para mim, aqui, acaba acontecendo mais que isso, não estamos diante de uma obra, mas, ainda assim, temos um filme bem feito que retrata, com certa perfeição, como a vida pode ser.


Steve Carell é, sem dúvida, um dos melhores comediantes do cinema/televisão contemporâneo, aqui ele vive Cal, apesar de não gostar muito dos filmes que o ator faz – justo por serem comédias -, acho sua atuação aqui muito boa, pelo simples fato de que ele está dramático, deixando o lado cômico vir naturalmente, trazendo o estilo que adora da vida sendo uma comédia de erros, ou seja, Cal é um homem que está à beira da derrota pessoal, mas não há como as situações que ocorrem na vida deixarem de ser engraçadas, pelo fato de que o humor negro, o deboche da própria vida, é o melhor que pode existir. Ao seu lado, está a sempre ótima e linda Julianne Moore, como a esposa Emily, a idade parece estar fazendo bem a atriz que, além de mais bonita, parece ter voltado com a naturalidade e a espontaneidade de comédia que ela tinha no começo do século, ao viver Emily ela alterna entre a mulher que quer mudar de vida e a mulher arrependida que deseja voltar para o marido, entretanto, podemos ver sua escolha final apenas no olhar de Moore durante toda a trama. Ryan Gosling vive o charmoso Jacob Palmer que resolve, sabe-se lá o porquê, ajudar Cal quando o vê em um bar, mas antes disso já podemos fazer idéia do perfil do personagem: Gosling transforma o olhar, o caminhar, a forma de sorrir e falar de seu personagem em puro clichê de como um conquistador barato se comporta, no entanto, mostra-se bem mais que isso ao encontrar alguém por quem realmente valha à pena mudar, mas que, mesmo assim, seja merecedora de algo melhor. Apesar de um pouco apagada nesse filme, Emma Stone apresenta mais uma boa atuação como Hannah, nos mostrando uma jovem sonhadora, mas que acaba sendo abrigada a permanecer com os pés no chão para não se decepcionar pelo resto de sua vida. Analeigh Tipton, Jonah Bobo e Joey King são, respectivamente, Jessica, Robbie e Molly, ela, uma adolescente apaixonada inconsequente, eles, os filhos do casal protagonista, Bobo está bem no papel de um garoto de 13 anos que se sente um adulto em relação aos seus sentimentos. Por fim, Kevin Bacon e Marisa Tomei estão perfeitos como o amante, David e a professora, Kate.


Não há como escapar do enfadado destino de ser um brasileiro que reclama sobre as péssimas traduções de títulos de filmes estrangeiros. Não que “Amor a Toda Prova” não seja propício, mas na essência desse longa nada é posto a prova, não é apenas o fato de um dos casais ter sido infiel que está em jogo, afinal, outros casais estão se formando, e cada um deles segue sua vida de forma diferente. Volto a dizer, o título ficou bom, dessa vez ficou realmente bom, mas o que o longa deseja passar está longe da mensagem de que o amor de todos será posto a prova um dia, de fato, isso acaba sendo mostrado, mas o principal gira em torno de toda a loucura acerca desse sentimento tão enigmático que é o amor. Na tradução literal, o título seria “Louco, Estúpido, Amor”, e que forma mais perfeita de se definir o amor que não como algo louco e estúpido? Algo que mexe e desperta coisas de dentro de nós que nem sabíamos que poderiam existir, mas, acima de tudo, um sentimento que nos faz agir de formas completamente diferente, nos tornado audaciosos, românticos, intensos, felizes, sagazes e, por que não, loucos e estúpidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poderá gostar também de: