Um dos melhores textos da história do
cinema brasileiro!
Nota: 9,0
Título Original: O Xangô de Baker Street
Direção: Miguel Faria Jr.
Elenco: Joaquim de Almeida, Anthony
O’Donnell, Maria de Medeiros, Letícia Sabatella, Cláudia Abreu, Cláudio Marzo,
Marcello Antony, Caco Ciocler, Jana Almeida, Roberto Bonfim, Thalma de Freitas,
Denise del Cueto, Christiane Fernandes, Malu Galli, Ary França, Clementino
Kelé, Marco Nanini, Emiliano Queiroz, Jô Soares
Produção: Bruno Stroppiana, José
Zimerman, Tino Navarro
Roteiro: Marcos Bernstein, Arthur Conan
Doyle, Miguel Faria Jr. Patrícia Melo e Jô Soares (romance)
Ano: 2001
Duração: 124 min.
Gênero: Comédia / Thriller
Em 1886, na cidade do Rio de Janeiro,
ocorre o roubo de um violino Stradivarius que havia sido dado de presente pelo
próprio imperador Dom Pedro II à baronesa Maria Luíza. Para encontrar o
instrumento, a famosa atriz francesa Sarah Bernhardt aconselha Dom Pedro a
chamar o detetive inglês Sherlock Holmes. Quando Holmes e seu fiel escudeiro,
Watson, chegam ao Brasil se deparam com uma situação muito mais perigosa e
séria que o roubo do violino: mulheres estão sendo assassinadas por um serial killer. Agora, Holmes e Watson terão de enfrentar os perigos
da Cidade Maravilhosa e tentar focar em seus casos deixando de lado as
tentações brasileiras, como: feijoada, caipirinha, florestas e a sedução que
apenas boas brasileiras podem propiciar a qualquer homem.
Miguel Faria Jr. dirigiu alguns importantes
títulos do cinema brasileiro desde a década de 1970, para mim um de seus
trabalhos mais célebres é o documentário maravilhoso sobre o compositor e poeta
brasileiro “Vinicius” (2005), longa que relembra os sucessos de Vinicius de Moraes
e nos traz depoimentos de grandes nomes que compõe a cultura brasileira. Aqui,
o diretor é responsável por nos levar de volta a era do Segundo Reinado
Brasileiro, período que compreende os 58 anos em que Dom Pedro II governou
nosso país. Obviamente, esse tipo de produção nunca é algo simples de se
realizar, afinal, voltar mais de 100 anos no tempo é algo que exige muito de
toda uma equipe de produção. Apesar disso, Miguel Faria tira de letra essa
tarefa e nos apresenta um Brasil muito agitado, cheio de novidades e com a
cultura à flor da pele. Aliás, o roteiro é uma adaptação do romance homônimo do
muito versátil Jô Soares, e nos trás os grandes nomes da época em questão
cultural e social que envolveram o Brasil. Por começar, temos a atriz Sarah Bernhardt,
o próprio Imperador Dom Pedro II e sua esposa a Imperatriz Tereza Cristina e
figuras como Chiguinha Gonzaga, Machado de Assis e Olavo Bilac; e personagens
fictícios, como o próprio Holmes e seu amigo Watson, a Baronesa Maria Luíza e o
Marques de Sales; e os acontecimentos, que também se dividem entre reais, como:
as reuniões dos intelectuais para falar sobre a abolição da escravidão, a
ascensão do samba e do maxixe, a fama e o glamour da vida na corte e as
práticas religiosas de negros; e fictícios, como o surgimento de palavras como
“serial killer” e “caipirinha”, a homossexualidade de Sherlock Holmes, o uso de
inúmeras drogas (o que compõe ficção e realidade) e as trapalhadas do detetive
e suas sacadas inusitadas – a exemplo, a “batalha de violinos” travada contra o
Marquês de Sales e as deduções durante os casos. Não esquecendo, que o próprio
Holmes é um personagem totalmente fictício da literatura inglesa. A trilha
sonora do longa, bem como sua fotografia e sua edição, é um presente e
totalmente propícia. Acrescente a isso, é sempre bom conferir as belezas e a
variedade de culturas verificadas no Brasil e a forma como pessoas que chegam
do exterior se maravilham com tudo isso.
Joaquim de Almeida é um ator português
que já trabalhou em todo tipo de filme imaginável, desde grandes blockusters a
cults conhecidos por poucos, estando tanto no cinema quanto na televisão
americana em séries bem populares e conhecidas no mundo todo. Aqui, vive o
lendário investigador Sherlock Holmes, um homem engraçado que gosta de se
divertir da melhor forma possível, mas também
alguém talentoso e muito dedicado em seu trabalho. Almeida trás toda
essa graça e seriedade em um homem só, algo extremamente difícil de ser
realizado, sem contar suas feições e seu jeito bobo de turista europeu no
Brasil. Ao lado de Almeida está Anthony O’Donnell, um inglês pouco conhecido
que acaba sendo ofuscado por seu personagem não ter muita participação, apesar
disso, também é muito engraçado; o ator já esteve em participações pequenas em
vários filmes interessantes, destaco “O Segredo de Vera Drake”. O excelente
Cláudio Marzo é o Imperador Dom Pedro II, como de se esperar, um homem
inteligente e esperto, mas que acaba se entregando por alguns defeitos que
compartilhava com todos os monarcas da época, Marzo não poderia estar melhor.
Cláudia Abreu é a bela Baronesa Maria Luíza, a atriz, como sempre, está muito
bonita e extremamente sensual, sendo um dos centros femininos da história,
conquistando, inclusive, ao Imperador do Brasil. Marcello Antony vive o mais
que suspeito Marquês de Sales, um homem atraente que acaba chamando a atenção de
Holmes durante o caso. Caco Ciocler é Miguel Lara, dono de uma simples
livraria, mas que tem suas opiniões bem formadas e, no contexto da época,
parece que tem muito a mostrar. A atriz Sarah Benhardt é interpretada pela
portuguesa Maria de Medeiros. Malu Gali vive Chiguinha Gonzaga, transparecendo
toda a garra e determinação dessa mulher que foi uma das mais importantes para
a história de nossa país, aliás, vale lembrar que, no contexto cultural da
trama, foi Chiquinha quem difundiu o estilo maxixe em nossa cultura. Jô Soares,
por fim, além de criar a história, também faz uma pontinha prá lá de engraçada
e divertida como o desembargador.
Xangô é um orixá justo, forte,
destemido, imponente e valente; Baker Street é um endereça conhecido
mundialmente por ser onde vive Sherlock Holmes na história original criada por
Sir Arthur Conan Doyle. Daí o título “O Xangô de Baker Street”, ou seja, o
inglês justo e destemido que vem ao Brasil salvar a nação de algum perigo. Não
posso me conter em ficar calado e não comentar uma das maiores sacadas do
longa: em 1888, ainda durante o reinado da Rainha Vitória, o Reino Unido, mais
especificamente sua capital, Londres, vivenciou o terror denominado Jack, o
Estripador, considerado o primeiro serial killer da história da humanidade. Sem
mais, deixo apenas na imaginação de cada leitor quem é o verdadeiro criminoso,
o que Holmes e Watson fazem no Brasil e qual pode ser a relação entre os
eventos reais e ficcionais da trama. Apenas digo mais uma coisa: Jô é realmente
um homem muito perspicaz para conseguir reunir tão bem fatos da realidade e da
ficção em uma história tão divertida e totalmente instigante.
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