domingo, 9 de junho de 2013

071. SUA ALTEZA?, de David Gordon Green

A melhor dentre as sátiras mais idiotas produzidas por Hollywood.
Nota: 7,5


Título Original: Your Highness
Direção: David Gordon Green
Elenco: Danny McBride, Natalie Portman, James Franco, Toby Jones, Justin Theroux, Rasmus Hardiker, Zooey Deschanel, Charles Dance, Damian Lewis, Simon Farnaby, Deobia Oparei, B. J. Hogg, Matyelok Gibbs, Ângela Pleasence, Anna Barry, Amber Anderson, Stuart Loveridge
Produção: Scott Stuber
Roteiro: Danny McBride e Ben Best
Ano: 2011
Duração: 102 min.
Gênero: Comédia / Aventura /Fantasia

Thadeous e Fabious são dois irmãos herdeiros de um poderoso reino. A diferença entre eles é que enquanto Fabious é o herói das redondezas, um homem forte, bonito e, aparentemente, inteligente, Thadeous é um gordo imbecil que nunca saiu das redondezas do palácio para enfrentar qualquer batalha que seja. Quando a noiva de Fabious é sequestrada pelo mago Leezar, os dois precisam sair em uma aventura inimaginável para recuperar a garota.


A algumas críticas disse que existem dois tipos de comédias: aquelas que verdadeiras comédias que nos fazem pensar um pouco e rir por motivos plausíveis, e os besteiróis travestidos de comédias que servem para satisfazer o ser imbecil que vive dentro de nós, e que se faz presente em algumas pessoas mais fortemente que em outras. Dentro do primeiro estilo ainda temos a divisão de comédias que tratam da vida como ela é, ou seja, uma comédia cheia de erros, algo que é melhor ser tratado com humor para amenizar a dor e o sofrimento; as comédias debochadas, aquelas que tem como finalidade criticar alguns pensamentos da humanidade, derrubar alguns dogmas e mostrar que nem tudo pode ser o que parece, ironizando toda a estética a cerca da vida moderna ou passada. Esse filme se encaixa, perfeitamente, na segunda subdivisão do gênero comédia. Por começar com o título que faz referência a algo bem óbvio: todos os seres humanos que foram chamados de Vossa Alteza – ou qualquer outro que possua um título – realmente mereceu tal alcunha? Nesse contexto, os personagens ainda são confrontados com dúvidas que parecem muito cruéis na vida real, mas que são levadas com muito humor, precisam escolher entre o bem e o mal e, ao invés do que vemos nos filmes normalmente, até pensam em seguir o caminho do mal, afinal, sempre parece mais prazeroso, mas lembram da enfadonha e depreciativa dignidade e deixam de lado os prazeres carnais para procurar a glória em feitos heróicos. Além de criticar e debochar de todo o contexto histórico onde príncipes viravam herois e tudo na vida girava em torno de realizar os 12 trabalhos de Hércules para ganhar a glória eterna, ainda temos a crítica aos filmes que enaltecem toda essa história ridícula, onde bruxos malvados querem dominar o mundo e sequestram as belas princesas que esperam seu príncipe encantado aparecer para salvá-las de algo que nem elas entendem o que significa. Mas a maior ironia do longa fica a cerca de como a imagens de tais príncipes e princesas se atrela a inocência exagerada, quando um mago velho e repugnante dá indícios de pedofilia com o filho mais jovem do rei em questão, um moço bonito, jovem e muito destemido. Aliado a tudo isso, temos as básicas traições de contos de fada, momentos completamente desnecessários e outros que continuam vindo muito a calhar em um filme que parece algo totalmente imbecil, mas que precisa de muito mais que apenas tempo para ser assistido e compreendido.


       Danny McBride é Thadeous, o filho gordo, feio e imbecil do rei, o herdeiro da coroa que só faz dar desgosto ao seu pai, não gosto do ator, acho sua atuação muito fraca e muito clichê, em compensação, o personagem é sincero e muito engraçado, o que faz do conjunto como um todo algo suportável. Uma das sensações do momento, James Franco, é o belo, destemido e imbecil Fabious, o garoto que era abusado pelo tal mago, que agora está apaixonado e resolver ser mais digno ir atrás de sua amada e salvá-la das garras de um terrível bruxo, Franco é o que há de mais debochado na face da terra durante o longa, realizando a proeza de gostarmos de sua atuação e de seu personagem, mesmo que Fabious seja tão bondoso e perfeito em termos principescos. Natalie Portman, outra sensação do cinema, poderia ter acabado com seu prestígio advindo de “Cisne Negro” (2010), pelo qual venceu o Oscar de Melhor Atriz Principal, se não fosse todo esse cinismo do filme, sua personagem, Isabel, satiriza as mulheres destemidas e fortes desses filme, e mais, consegue pisotear a palhaçada da castidade ainda viva em muitas culturas. Toby Jones, apesar de ser um ótimo ator e ter uma interpretação digna de sua fama, interpreta um personagem totalmente desnecessário, que só vale a pena mesmo por trazer Jones ao longa. Leezar, o feiticeiro, é interpretado por Justin Theroux, um comediante que faz pouco no filme além de satirizar com os malvados vilões desse gênero, sempre querendo dominar o mundo da forma mais tosca e ridícula possível. Zooey Deschanel é a noiva de Fabious, Belladonna, mais uma personagem clichê que se sai bem ao dar um pulo aqui e outro ali transformando a sempre mocinha insuportável, em algo artificial – que fica claro ser intencional. Por fim, e um dos melhores presentes do longa, Charles Dance, como o Rei Tallious, é engraçado ver a diferença de personagens que o ator encara aqui e que vive, atualmente, da prestigiada série “Game Of Thrones”, no ar no canal da HBO desde 2011, pois na série ele vive um poderoso e rico homem sério que não deixa nada passar diante de seus olhos, um homem carrancudo e muito calculista, já no filme, Dance se propõe, corajosamente – como poucos atores mais velhos além dele – a jogar todo o tradicionalismo para o alto de deixar com que tudo flua da forma mais irônica possível, a escolha não poderia ter sido melhor.



A proposta do longa, com disse, é bem simples: derrubar com tudo o que é padrão em um gênero de filme que já não tem mais originalidade alguma, por já não haver nada de novo a ser abordado, afinal, as histórias reais que teriam algum sucesso sendo adaptadas já foram refilmadas inúmeras vezes e aquilo que pode parecer original ao menos aos olhos das novas gerações de cinéfilos são coisas raras. Dessa forma, o cinema vem se apegando, cada vez mais, a nova tecnologia do 3D, dando a entender que tudo pode ser refeito e relançado nessa versão para se ter uma sensação e uma experiência totalmente novas. Besteira, na minha opinião, histórias que já foram feitas não tem graça se forem mudados os personagens, a época ou o ambiente onde ocorrem, de nada adianta mudar a forma como são apresentadas. E é bem isso o que o filme faz: mostrar que tudo já foi feito, mas que se as coisas começarem a ser tratadas com um pouco mais de ironia e sátira, talvez tudo possa passar a ser novo.


ACESSE NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE:

Um comentário:

  1. Na verdade, Vice Principals é uma proposta bastante divertida, louca e com um tom cômico e muito agradáel. Só espero que de verdade consigam cumprir as expectativas da e que os 18 episódios tenham sido planejados para cubrir as expectatias do espectador. É uma proposta sa programação hbo com o maravilhoso elenco ter, não o pode perder o segundo espisódio.

    ResponderExcluir

Poderá gostar também de: