Ultrapassando todos os tabus, chegou a
vez de os homens falarem de tudo sem preconceito.
Nota: 8,0
Título Original: E Aí... Comeu?
Direção: Felipe Joffily
Elenco: Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira,
Emílio Orciollo Neto, Dira Paes, Juliana Schalch, Laura Neiva, Seu Jorge, Tainá
Müller, Murilo Benício, José Abreu,
Produção: Augusto Casé, Bruno Mazzeo,
Marcos Palmeira, Dira Paes, Seu Jorge, Carlos Eduardo Rodrigues, Alex Sander,
Bia Caldas
Roteiro: Marcelo Rubens Paiva e Lusa Silvestre
Ano: 2012
Duração: 105 min.
Gênero: Comédia
Fernando, Honório e Fonsinho são três
amigos completamente diferentes que, como todo bom brasileiro, terminam seu dia
com um happy hour em um barzinho. É claro que as conversas são as mais
variadas, como: amor, futebol, dinheiro, problemas e, principalmente, mulheres
e sexo. Nesse contexto, Fernando acaba de se separar de sua esposa e está em
completa fossa pós divórcio, Honório é casado há anos com a mesma mulher, tem
três filhas e está desconfiado que a mulher está enfeitando sua cabeça e
Fonsinho é um rapaz rico que recebeu a herança do pai e não faz nada, além de
beber, gastar o dinheiro com prostitutas e tentar escrever um romance.
A história já começa da forma mais
correta em minha opinião: somos apresentados aos personagens, como se eles nos
contassem a história de suas vidas. E digo que isso é o maior acerto do longa
por um motivo simples: começamos a nos identificar com eles desde o início,
afinal, quem nunca teve de superar a rejeição, quem nunca caiu em rotina no
relacionamento, quem nunca tentou ser o popular “vida louca” e não se preocupar
com nada no mundo? E se você está pensando que não viveu nada disso, ou que
viveu apenas um ou outra, espere, ainda há tempo na vida para que cada um
desses problemas bata à sua porta. Além disso, o longa trata toda a vida com
muito humor e poucas vezes vi, tanto em filmes estrangeiros quanto em brasileiros,
o povo tão bem representado, e quando digo “povo”, não me refiro apenas a maior
parcela da população, refiro-me a cada cidadão brasileiro, rico ou pobre, preto
ou branco, velho ou jovem, aqui, todos são representados da forma mais original
possível, da forma mais real e, por vezes, mais grotesca. Durante a trama,
ainda somos apresentados às mulheres que compõe a vida sexual de Fernando,
Honório e Fonsinho, e, em uma ótima sacada e escolha perfeita para o papel, Seu
Jorge, o cantor, encena o Garçom do Bar Harmonia, um homem negro que, sem
dúvida, já experimentou de tudo um pouco na vida. Toda essa história, foi
criada por Marcelo Rubens Paiva, escritor do livro “Feliz Ano Velho” (1987),
roteirista de “Malu de Bicicleta” (2010) e “E Aí... Comeu?”, além de ter
escrito a peça desse último; Lusa Silvestre, também roteirista do longa, é uma
das roteiristas do excelente longa “Estômago” (2007). Por fim, mas não menos
importante, Filipe Joffly, o diretor, também liderou “Ôdiquê?” (2004) e “Muita
Calma Nessa Hora” (2010, que está ganhando uma continuação, acredito que o mais
importante a ressaltar sobre seu trabalho nesse filme, seja a forma simples e
natural como tudo é feito, mas sem deixar a qualidade de lado: a fotografia do
filme nos remete exatamente ao espaço de um bar normal onde todos se encontram
após o trabalho para beber uma cerveja e jogar conversa fora, o restante da
cidade é muito característico e não nos esquecemos, em nenhum momento, que
estamos diante do mais perfeito cenário brasileiro.
Bruno Mazzeo, filho de Chico Anysio, não
nega a raça do pai e é um dos artistas mais versáteis e talentosos que temos
hoje no cinema e na televisão brasileiros. Como poucos, Mazzeo me faz ter
vontade de ir ao cinema assistir a uma comédia como essa, que, tendo um elenco
diferente, jamais me atrairia. No longa, Bruno vive Fernando, um homem que não
sabe para que lado ir e está totalmente perdido após o divórcio, entretanto,
basta um empurrãozinho para que leve a vida adiante, e é isso o que Mazzeo
acaba mostrando: mesmo com suas feições deprimentes no início do longa, aos
poucos o ator renova sua personagem, que passa a ver a vida de forma muito
melhor. Marcos Palmeira é o típico homem casado que está levando uma vida
pacata e rotineira demais com a esposa, Honório é um homem ainda disposto que
esqueceu como a vida deve ser mais animada inclusive dentro de casa; Marcos
Palmeira nos mostra o homem mais sério e, provavelmente, o mais vivido do trio,
aquele típico homem que não cresceu totalmente, mas que ama a mulher a ponto de
apenas falar sobre outras. Emílio Orciollo Neto é o típico solteirão cobiçado
pro ser rico que poderia ter a mulher que quisesse, mas prefere sair com
mulheres compromissadas, Fonsinho, além disso, nos apresenta aquilo que todos
estamos expostos a nos tornarmos todos os dias: sua tentativa de escrever é
frustrada, sua tentativa de arrumar uma parceira é frustrada, ou seja, tudo o
que ele tenta fazer para levar uma vida mais séria acaba deixando-o mais
perdido ainda. Para completar o elenco, no lado feminino estão as ótimas Dira
Paes, Juliana Schalch, Laura Neiva e Tainá Müller; e do lado masculino uma
ponta rápida de Murilo Benício e, como citei a cima, Seu Jorge.
“E aí... Comeu” é a enfadonha pergunta
que todo homem faz para um amigo após uma festa da qual ele saiu acompanhado ou
depois de um encontro que tinha apenas um objetivo: sexo. Se a resposta for
sim, logo vêm as perguntas sobre como foi o tal sexo, quais as posições, se ela
fazia um bom sexo oral e se rolará novamente, e, pode-se ter certeza, que se a
mulher for realmente algo fenomenal, as perguntas prosseguirão por no mínimo
uma semana. Se a resposta for não, ou todos permanecerão calados, ou taxarão o
cara de viado ou zuarão dele durante semanas dizendo que ele está apaixonado.
Talvez, em meio a tanto humor e tanta realidade, seja aí onde o filme peque um
pouco: sempre o mesmo assunto, e pior, camufla-se alguns assuntos mais sérios
com o tema básico sobre sexo e, por vezes, não parece haver novidades.
Entretanto, tal clichesismo não é o suficiente para tirar a diversão e deixar
essa comédia se tornar algo ruim.
ACESSE NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE:
E CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK:
Nenhum comentário:
Postar um comentário