Mais um festival de gargalhadas,
realmente, a dupla Ramos/Pires é imperdível!
Nota: 9,0
Título Original: Se Eu Fosse Você 2
Direção: Daniel Filho
Elenco: Tony Ramos, Glória Pires, Cássio
Gabus Mendes, Vianne Pasmanter, Isabelle Drummond, Chico Anysio, Bernardo
Mendes, Maria Luísa Medonça, Marcos Paulo, Ary Fontora, Maria Gladys, Carlos
Bonow, Renata Batista, Adriane Galisteu e Maria Maya
Produção:
Roteiro: Rene Belmonte, Adriana Falcão,
Euclydes Marinho e Daniel Filho
Ano: 2009
Duração: 90 min.
Gênero: Comédia / Romance
Helena e Cláudio já passaram por poucas
e boas há pouco tempo quando acabaram trocando de corpos em um briga fútil de
casais que estão ficando saturados. Agora, Helena resolve pedir o divórcio, e
em meio às discussões com advogados e um momento a sós em um elevador, Cláudio
e Helena acabam trocando de corpos novamente. Nesse contexto, Cláudio é Helena,
e Helena é Cláudio. Como se não bastasse, a filha do casal, Bia, engravida do
namorado e os preparativos para o casamento começam.
O primeiro filme que deu origem a essa
sequência arrebatou o público brasileiro de forma inacreditável. Tornou-se
visível que as trapalhadas de Cláudio e Helena estão longe de acabar, afinal,
os lucros foram certos nas duas produções e toda a história caiu no gosto do
público de forma inacreditável. Prova de todo esse sucesso é a formação de uma
trilogia para a saga de Cláudio e Helena com um terceiro filme. Nesse segundo
longa, para completar os desesperos do casal, Bia engravida de um botânico de
família muito rica, portanto, além de tudo, os dois precisam pensar nos
preparativos do casamento e nos gastos que a cerimônia acarretará. Mas o
destino ainda prepara mais uma surpresa um tanto desagradável para Helena, ou
melhor Cláudio, que está no corpo de Helena: ela (ou ele) está esperando um
bebê. Após muitas discussões, Cláudio e Helena vão refletindo e pensando o
quanto podem ser felizes juntos, como a vida pode ter sido generosa em ter dado
a chance de os dois estarem vivendo um a vida do outro novamente. E é nessa
mesma chance que está o único problema do longa: o filme, em alguns momentos,
pode se tornar repetitivo, no entanto, as mudanças, como a gravidez de Helena e
Bia e o clima pré casamento, fazem com que o centro da história – que é, sem
dúvida, o mesmo do filme anterior – seja camuflado e se torne apenas mais uma
forma de mostrar como a vida acaba sendo sempre a mesma, com uma mudança aqui
ou outra ali. Nos últimos anos, verificamos filmes prá lá de agradáveis no
cinema brasileiro, bem como ótimas produções na televisão de nosso país, dentre
os colaboradores para tais trabalhos, estão os roteiristas desse filme: “Entre
Lençóis” (2008), roteiro de Rene Belmonte; “O Ano em que Meus Pais Saíram de
Férias” (2006) e “a Mulher Invisível” (2009), roteiro de Adriana Falcão; “Primo
Basílio” (2007), roteiro de Euclydes Marinho. Por fim, Daniel Filho, um dos maiores
diretores e roteiristas ainda em atividade, que dirigiu duas das séries de
maior sucesso dos últimos anos da Rede Globo: “As Cariocas” (2010) e “As
Brasileiras” (2012), além de ter participado de produções que se tornaram
clássicos de nosso cinema e de nossa televisão, lidera essa ótima produção.
Glória Pires e Tony Ramos passaram três
anos longe de Helena e Cláudio, respectivamente, ou melhor, de Cláudio e
Helena, respectivamente. Dessa forma, como de costume, esperava-se que ambos
estivessem um pouco enferrujados e não fossem tão capazes de mostrar o quanto
as personagens cabem em seus talentos inquestionáveis, mas o que ocorre é bem o
contrário. Nos últimos anos, Glória Pires tem tomado as telas do cinema e da
televisão mostrando como uma mulher de 50 anos (ela completará no próximo mês
de agosto) pode ser tão bela e desejável quanto mulheres mais jovens, para mim,
essa fase de Glória começou exatamente com esse filme, entretanto, pelo fato de
ela estar vivendo, quase que o filme todo, um homem, não uma mulher, tudo isso
ficou camuflado em sua interpretação perfeita de um homem grosso, estúpido que
não sabe demonstrar seus sentimentos. Tony Ramos é, sem dúvida, o mais
engraçado dos dois, mas devo confessar que acho seu trabalho até menos
complicado que o de Glória, afinal, de forma geral, as mulheres não tem homens
dentro delas prontos para serem cuspidos, ao passo que todo homem tem dentro de
si um pouco de feminilidade para ser deflorada, e é isso que o ator faz, de
forma divertida e muito engraçada, nos trazendo cenas inesquecíveis onde
Cláudio se aproxima da melhor forma possível do que Helena seria. Isabelle
Drummond, que assumiu o papel de Bia, pode mostrar que a Emilia da adaptação
que esteve no ar entre 2001 e 2006 do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” já estava se
preparando para assumir um dos principais papeis da tão adorada novela das sete
“Cheias de Charme” (2012), aqui a menina mostra como é difícil entender que
tudo muda na vida de alguém quando se tem um filho, que tudo muda quando se
casa e se assume uma vida a dois, Drummond é a perfeita transição entre a
menina e a mulher em formação. Para completar o elenco, Chico Anysio faz mais
uma hilária participação como o futuro sogro de Bia – obviamente, o ator está
perfeito -; Maria Luísa Mendonça é a atrapalha Denise, a sogra – com de
costume, a atriz está ótima e sabe os momentos certos para se exaltar ou
permanecer um pouco neutra -; e, por fim, uma participação pequena, mas ótima
de Ary Fontoura como o Padre Henrique. De todo, o elenco do filme é
maravilhoso, mas devo ressaltar que Glória Menezes, que interpretou a mãe de
Helena no primeiro filme, faz muita falta nesse longa.
No final das contas, Gloria e Tony mostram
como qualquer homem ou mulher seriam se os corpos fossem trocados, afinal, para
elas, seria difícil se acostumar com a postura, o tamanho, os novos órgãos e as
novas formas do corpo, bem como para eles seria uma catástrofe aceitar seios,
saltos altos e a tão temida menstruação. Nesse contexto, mesmo que o filme retome o
centro da história visto no longa de 2006, ele nos mostra que a vida é assim
mesmo: homens e mulheres precisam de um empurrãozinho do destino para se darem
conta de que o amor é algo inexplicável, de que é preciso aceitar os defeitos e
enaltecer as qualidade de quem se ama, mesmo que o destino tenha de repetir
dezenas de vezes essa etapa até que ambos os sexos compreendam a essência da
vida a dois. Para isso, no filme, o destino prega a peça de fazer com que
Helena e Cláudio troquem de corpos para mostrar como o individualismo é algo
totalmente dispensável em uma relação a dois. Apenas imagino se todos os casais
do mundo que brigam e pensam em se separar, mesmo sendo feitos um para o outro,
trocassem de corpos. Bom, acho melhor nem imaginar a catástrofe, pois, seja lá
quem o que tenha nos criado, fomos feitos com nossas semelhanças e diferenças
por alguém motivo.
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