sábado, 15 de junho de 2013

070. SE EU FOSSE VOCÊ 2, de Daniel Filho

Mais um festival de gargalhadas, realmente, a dupla Ramos/Pires é imperdível!
Nota: 9,0


Título Original: Se Eu Fosse Você 2
Direção: Daniel Filho
Elenco: Tony Ramos, Glória Pires, Cássio Gabus Mendes, Vianne Pasmanter, Isabelle Drummond, Chico Anysio, Bernardo Mendes, Maria Luísa Medonça, Marcos Paulo, Ary Fontora, Maria Gladys, Carlos Bonow, Renata Batista, Adriane Galisteu e Maria Maya
Produção:
Roteiro: Rene Belmonte, Adriana Falcão, Euclydes Marinho e Daniel Filho
Ano: 2009
Duração: 90 min.
Gênero: Comédia / Romance

Helena e Cláudio já passaram por poucas e boas há pouco tempo quando acabaram trocando de corpos em um briga fútil de casais que estão ficando saturados. Agora, Helena resolve pedir o divórcio, e em meio às discussões com advogados e um momento a sós em um elevador, Cláudio e Helena acabam trocando de corpos novamente. Nesse contexto, Cláudio é Helena, e Helena é Cláudio. Como se não bastasse, a filha do casal, Bia, engravida do namorado e os preparativos para o casamento começam.


O primeiro filme que deu origem a essa sequência arrebatou o público brasileiro de forma inacreditável. Tornou-se visível que as trapalhadas de Cláudio e Helena estão longe de acabar, afinal, os lucros foram certos nas duas produções e toda a história caiu no gosto do público de forma inacreditável. Prova de todo esse sucesso é a formação de uma trilogia para a saga de Cláudio e Helena com um terceiro filme. Nesse segundo longa, para completar os desesperos do casal, Bia engravida de um botânico de família muito rica, portanto, além de tudo, os dois precisam pensar nos preparativos do casamento e nos gastos que a cerimônia acarretará. Mas o destino ainda prepara mais uma surpresa um tanto desagradável para Helena, ou melhor Cláudio, que está no corpo de Helena: ela (ou ele) está esperando um bebê. Após muitas discussões, Cláudio e Helena vão refletindo e pensando o quanto podem ser felizes juntos, como a vida pode ter sido generosa em ter dado a chance de os dois estarem vivendo um a vida do outro novamente. E é nessa mesma chance que está o único problema do longa: o filme, em alguns momentos, pode se tornar repetitivo, no entanto, as mudanças, como a gravidez de Helena e Bia e o clima pré casamento, fazem com que o centro da história – que é, sem dúvida, o mesmo do filme anterior – seja camuflado e se torne apenas mais uma forma de mostrar como a vida acaba sendo sempre a mesma, com uma mudança aqui ou outra ali. Nos últimos anos, verificamos filmes prá lá de agradáveis no cinema brasileiro, bem como ótimas produções na televisão de nosso país, dentre os colaboradores para tais trabalhos, estão os roteiristas desse filme: “Entre Lençóis” (2008), roteiro de Rene Belmonte; “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006) e “a Mulher Invisível” (2009), roteiro de Adriana Falcão; “Primo Basílio” (2007), roteiro de Euclydes Marinho. Por fim, Daniel Filho, um dos maiores diretores e roteiristas ainda em atividade, que dirigiu duas das séries de maior sucesso dos últimos anos da Rede Globo: “As Cariocas” (2010) e “As Brasileiras” (2012), além de ter participado de produções que se tornaram clássicos de nosso cinema e de nossa televisão, lidera essa ótima produção.


Glória Pires e Tony Ramos passaram três anos longe de Helena e Cláudio, respectivamente, ou melhor, de Cláudio e Helena, respectivamente. Dessa forma, como de costume, esperava-se que ambos estivessem um pouco enferrujados e não fossem tão capazes de mostrar o quanto as personagens cabem em seus talentos inquestionáveis, mas o que ocorre é bem o contrário. Nos últimos anos, Glória Pires tem tomado as telas do cinema e da televisão mostrando como uma mulher de 50 anos (ela completará no próximo mês de agosto) pode ser tão bela e desejável quanto mulheres mais jovens, para mim, essa fase de Glória começou exatamente com esse filme, entretanto, pelo fato de ela estar vivendo, quase que o filme todo, um homem, não uma mulher, tudo isso ficou camuflado em sua interpretação perfeita de um homem grosso, estúpido que não sabe demonstrar seus sentimentos. Tony Ramos é, sem dúvida, o mais engraçado dos dois, mas devo confessar que acho seu trabalho até menos complicado que o de Glória, afinal, de forma geral, as mulheres não tem homens dentro delas prontos para serem cuspidos, ao passo que todo homem tem dentro de si um pouco de feminilidade para ser deflorada, e é isso que o ator faz, de forma divertida e muito engraçada, nos trazendo cenas inesquecíveis onde Cláudio se aproxima da melhor forma possível do que Helena seria. Isabelle Drummond, que assumiu o papel de Bia, pode mostrar que a Emilia da adaptação que esteve no ar entre 2001 e 2006 do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” já estava se preparando para assumir um dos principais papeis da tão adorada novela das sete “Cheias de Charme” (2012), aqui a menina mostra como é difícil entender que tudo muda na vida de alguém quando se tem um filho, que tudo muda quando se casa e se assume uma vida a dois, Drummond é a perfeita transição entre a menina e a mulher em formação. Para completar o elenco, Chico Anysio faz mais uma hilária participação como o futuro sogro de Bia – obviamente, o ator está perfeito -; Maria Luísa Mendonça é a atrapalha Denise, a sogra – com de costume, a atriz está ótima e sabe os momentos certos para se exaltar ou permanecer um pouco neutra -; e, por fim, uma participação pequena, mas ótima de Ary Fontoura como o Padre Henrique. De todo, o elenco do filme é maravilhoso, mas devo ressaltar que Glória Menezes, que interpretou a mãe de Helena no primeiro filme, faz muita falta nesse longa.


 No final das contas, Gloria e Tony mostram como qualquer homem ou mulher seriam se os corpos fossem trocados, afinal, para elas, seria difícil se acostumar com a postura, o tamanho, os novos órgãos e as novas formas do corpo, bem como para eles seria uma catástrofe aceitar seios, saltos altos e a tão temida menstruação.  Nesse contexto, mesmo que o filme retome o centro da história visto no longa de 2006, ele nos mostra que a vida é assim mesmo: homens e mulheres precisam de um empurrãozinho do destino para se darem conta de que o amor é algo inexplicável, de que é preciso aceitar os defeitos e enaltecer as qualidade de quem se ama, mesmo que o destino tenha de repetir dezenas de vezes essa etapa até que ambos os sexos compreendam a essência da vida a dois. Para isso, no filme, o destino prega a peça de fazer com que Helena e Cláudio troquem de corpos para mostrar como o individualismo é algo totalmente dispensável em uma relação a dois. Apenas imagino se todos os casais do mundo que brigam e pensam em se separar, mesmo sendo feitos um para o outro, trocassem de corpos. Bom, acho melhor nem imaginar a catástrofe, pois, seja lá quem o que tenha nos criado, fomos feitos com nossas semelhanças e diferenças por alguém motivo.

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