O XI Panorama Internacional Coisa de
Cinema teve sua premiação anunciada na noite de quinta-feira (04). Abaixo,
confira um apanhado sobre o Panorama, com comentários sobre o evento e listas
dos vencedores e comentários sobre cada conjunto de prêmios da mostra
competitiva nacional. Ao longo dos próximos dias, serão postadas no blog as
críticas dos 24 filmes (curtas, médias e longas) da mostra competitiva
nacional.
O XI Panorama Internacional Coisa de
Cinema iniciou, em Salvador, no dia 28 de outubro com o filme Tudo o que aprendemos juntos, de Sérgio
Machado e com Lázaro Ramos, Kaique de Jesus e Elzio Vieira no elenco. Além do
quarteto, o produtor Fabiano Gullane esteve na sessão para conversar sobre o
longa. O Panorama ocorre, também e com a exibição dos mesmos filmes no Cine
Teatro Cachoeirano, na cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, onde é apresentado
pelo Cine Clube Mario Gusmão, projeto de extensão do curso de Cinema e
Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Antes das exibições dos filmes,
aconteceram duas oficinas: a de assistência de direção e a de escrita crítica.
A oficina de assistência de direção para cinema e TV foi ministrada por Cecília
Amado, assistente em filmes como O que é
isso companheiro? e Guerra de Canudos,
diretora do longa Capitães da Areia,
o documentário Onde dormem os sonhos
(em finalização) e da série de TV Meu
irmão nerd. A oficina de escrita crítica foi ministrada por Rafael
Carvalho, membro da Abraccine, doutorando na UFBA e membro de curadoria do
Panorama. Durante os dias do festival, foi ministrada, em Cachoeira, a oficina
de sound design como sonoridade total com Edson Secco, compositor de
sonoridades de longas como: Paulina, LYGIA CLARK, Com os punhos cerrados, Dominguinhos,
ELENA, Depois da Chuva, além dos curtas: Vaticano, Version Française
e Olhos de Ressaca.
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Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira |
Durante o festival foram apresentadas três
mostras competitivas, havendo uma premiação para cada uma delas. A Mostra
Competitiva Nacional, com oito longas e 16 filmes em curta ou média metragem; a
Mostra Competitiva Baiana, com três longas e onze curtas ou médias; e a Mostra
Competitiva Internacional, com seis longas e doze curtas ou médias. Ainda
houveram as mostras Panorama Brasil, com 34 filmes em longa, curta e média
metragem; a mostra de filmes de Animação, com seis filmes de cinco países
diferentes; a Mostra Panorama Italiano, com dois filmes do país europeu; a
Mostra Clássicos Franceses, com onze filmes franceses de diversas décadas do
século passado, incluindo o clássico Viagem
à lua, de George Méliès; a Mostra ONS de Cinema Brasileiro, com filmes nacionais
restaurados e bastante raros; a Retrospectiva Werner Schroeter, com dez filmes
do cineasta alemão; e o Panorama Internacional, com cinco filmes em
longa-metragem de países americanos e europeus.
Abaixo, segue a lista com os prêmios
concedidos pelo festival.
Competitiva Nacional:
- Prêmio Especial do Júri em
Curta-Metragem: Quintal, de André
Novais
- Melhor Curta-Metragem: História de uma Pena, de Leonardo
Mouramateus
- Prêmio Especial do Júri em
Longa-Metragem: Boi neon, de Gabriel
Mascaro
- Melhor Longa-Metragem: Mate-me por favor, Anita Rocha da
Silveira
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História de uma pena, de Leonardo Mouramateus |
Prêmio João Carlos Sampaio do Júri Jovem:
- Melhor Curta-Metragem: Rapsódia para o homem negro, Gabriel Martins
- Menção Honrosa para Longa-Metragem :
Gabriel Mascaro, pela direção de Boi neon
- Melhor Longa-Metragem: Para minha amada morta, de Aly Muritiba
Prêmio ABRACINE (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) de Melhor Filme: Boi
neon
Prêmio Ficunam (filme já selecionado para
o festival de cinema mexicano): Boi neon,
de Gabriel Mascaro
Premio IndieLisboa (filmes já selecionados
para o festival de cinema português)
- Curta-metragem: Quintal, de André Novais
- Longa Metragem: Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira
Premio Correio Walter da Silveira –
Personalidade Artística: Aly Muritiba, diretor e roteirista do curta-metragem Tarântula e do longa-metragem Para minha amada morta
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Para minha amada morta, de Aly Muritiba |
Competitiva Baiana:
- Menção Honrosa: Alegoria da dor, de Matheus Viana, e Sujeito oculto, de Amanda Gracioli
- Premio Especial do Júri: Haram, de Max Gaggino
- Melhor Filme: Retomada, de Leon Sampaio
Competitiva Internacional:
- Menção Honrosa em curta-metragem: Baile de Família, Stella di Tocco
- Melhor Curta Metragem: Aissa, de Clément Tréhin-Lalanne
- Melhor Longa-Metragem: Rabo de Peixe, de Joaquim Pinto e Nuno
Leonel
Filmes de gênero e filmes autorais, filmes
de ficção, de documentário e filmes híbridos (que misturam o documentário e a
ficção), filmes que criticam e debatem as mais variadas realidades sociais
brasileiras, filmes que alertam sobre os preconceitos e as intolerâncias que
tomam conta de nosso país de forma aterradora, longas, médias e curtas metragem
que abordam o real e o irreal, que tornam o mais comum cotidiano na mais incomum
das histórias, filmes que exploram tanto histórias e personagens clichês,
quanto personagens impensáveis, filmes feitos por homens e mulheres, filmes com
homens e mulheres como protagonistas. O Panorama Internacional Coisa de Cinema
se firma, em sua décima primeira edição, como um dos festivais mais ecléticos e
receptores do Brasil, pronto para receber os jovens cineastas e suas novas
histórias, novas formas de exploração da linguagem cinematográfica.
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Quintal, de André Novais |
Com uma seleção difícil de ser avaliada,
tamanha a qualidade técnica de cada filme escolhido para a competitiva
nacional, o Panorama foi palco de filmes que primam pela interpretação forte de
seus atores (contando com algumas das grandes promessas entre atores e atrizes
de todo o Brasil) e por marcantes direções de atores, por produtos que optam
por fotografias corajosas, com planos longos, iluminação diferenciada,
profundidade de campo trabalhada e composições minimalistas, longas, médias e
curtas que não se prendem apenas à imagem e reafirmam o quanto o som e suas
linguagem devem ser lembradas em um cinema que parece deixá-lo de lado. Filmes
que retratam o Brasil e suas dimensões inimagináveis, com a exploração de
diferentes culturas, lugares e habitantes. Filmes onde o imprevisível, o
incomum toma conta da tela.
Dentre os filmes em longa-metragem da
mostra competitiva nacional, vale a pena destacar alguns pontos de alguns
deles. A fotografia americanizada e a interpretação hipnótica de Fernando Alves
Pinto em Para minha amada morta,
aliadas à direção de Aly Muritiba são elementos que tornam o filme uma novidade
interessante para o cinema brasileiro. Em Mate-me
por favor, primeiro longa de Anita Rocha da Silveira, verifica-se uma
maturidade da cineasta ao dirigir um elenco jovem de forma surpreendente, além
disso, a forma como é tratado o tema e a forma como Anita ocupa e revela o
espaço em que as personagens vivem é nova e muito propícia. Boi neon, de Gabriel Mascaro, possui uma
das fotografias mais interessantes do ano, com quadros compostos de forma belíssima,
movimentos de câmera sutis e iluminação minimalista, e com direção de elenco
impecável e uma inteligente construção de personagens e de sua relação com o
espaço e com os indivíduos com quem se vive.
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Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins |
Dentre os curtas, está Meio fio, produto realizado na Ceilândia,
periferia do Distrito Federal. Com temática que explora a vida comum de uma
radialista, o filme torna o cotidiano algo surpreendente, engrandecendo a
personagem na tela. Quintal, de André
Novais, mistura o documental com o fantástico e, da mesma forma que no curta
brasiliense, inova ao tornar o cotidiano (desta vez de um casal de idosos) em
algo mágico. A Festa e os Cães, de
Leonardo Mouramateus reinventa o uso de fotografias impressas em um filme e
traz a narrativa, seja de acontecimentos em festas ou de músicas, como força
para se mostrar simples, mas um produto audiovisual de qualidade. Rapsódia para o homem negro mistura a
negritude com o misticismo da cultura afro-brasileira e traz um filme
necessário em temática, com ritmo que causa diversas sensações no espectador. Tarântula, de Aly Muritiba, é um filme
que prima pelo estranho, pelo incomum, por tudo aquilo que possa incomodar o
espectador. Personagens, fotografia, arte e som se tornam aliados num filme que
prende o espectador e surpreende do começo ao fim. História de uma pena, também de Mouramateus, traz diálogos
inteligentes e bastante corriqueiros, inova usando grande parte do que se fala
fora dos quadros registrados e, como outros filmes do festival, confere ao comum,
ao cotidiano seu verdadeiro valor.
O Panorama Internacional Coisa de Cinema
tem se firmado cada vez como um festival descontraído, bem-humorado e que serve
como forma de festejar e divulgar o cinema brasileiro. Apesar de não ser
acessível a todos os moradores da cidade de Salvador devido aos horários de
exibição dos filmes e à localização do Cine Itaú Glauber Rocha, o festival
lotou a maior parte das sessões das mostras nacional e baiana. Os espectadores
se mostraram muito satisfeitos com o festival e foram se tornando cada vez mais
opinativos conforme os dias passavam. Passo importante para que o cinema se
aproxime cada vez mais dos espectadores, tanto para que eles assistam mais
filmes, quanto para que realizem os seus próprios. Uma ótima safra de filmes do
cinema brasileiro está chegando às telas de todo o país, agora é com o público
brasileiro, que, ano após ano, tem se entregue cada vez mais ao cinema
nacional.
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Boi neon, de Gabriel Mascaro |
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