Poucas vezes a
loucura cai tão bem para um ator como para Christian Bale.
Nota: 8,7
Título Original:
American Psycho
Direção: Mary Harron
Elenco: Christian Bale, Justin Theroux, Josh Lucas,
Bill Sage, Chloë Sevigny, Reese Witherspoon, Samantha Mathis, Matt Ross
Produção: Christine Halsey Solomon, Chris Hanley,
Edward R. Pressman
Roteiro: Mary Harron, Guinevere Turner e Bret Easton
Ellis (romance)
Ano: 2000
Duração: 102
min.
Gênero: Drama /
Suspense / Thriller
Patrick Bateman
é um homem rico, bem sucedido, bonito e inteligente. Vive sempre rodeado de
amigos que tem as mesmas características que ele e tem relacionamentos sexuais
com mulheres muito bonitas. Aparentemente ele é perfeito, o problema é que ele
é um psicopata. Quando se sente acuado por achar que um homem é melhor que ele,
Pat começa a matar enlouquecidamente, por puro prazer e vontade de que todos
sintam a mesma dor a qual ele está propenso a sentir.
Apesar de o
livro que deu origem ao filme ter sido escrito por um homem, acreditem ou não
ele é conduzido de forma inteligentíssima por mulheres: Mary Harron é diretora
e roteirista e Guinevere Turner assina o roteiro também. Entendam, não tenho
preconceito algum com as mulheres fazendo trabalhos que, tradicionalmente, os
homens estejam acostumados a comandar, pelo contrário, fico feliz e satisfeito
em saber que elas estejam tomando seu espaço da forma que merecem, mas
convenhamos que mulheres a frente de um filme sobre um psicopata é algo no
mínimo diferente, só para não dizer anormal. Enfim, é irrelevante a normalidade
nesse filme, o fato é que ambas realizam seus respectivos trabalhos de forma
maravilhosa. Harron consegue extrair o melhor de cada diálogo e cena, parece
que ela e Christian Bale brincam nem sequências como o assassinato de Paul
Allen. O roteiro delas explora cada momento e pensamento da vida da personagem,
não fica claro se existe algum motivo para ele ser desse jeito, mas facilmente
podemos perceber que o cara é simplesmente um doente. Quero apenas ressalvar
ainda que, apesar de pouca experiência, a trilha sonora do compositor John Cale
encaixa-se perfeitamente na trama.
Christian Bale,
que se destacou após 1987 quando participou de “Mio min Mio” e “Império do
Sol”, interpreta Patrick, aquele típico assassinou louco que ri e se diverte
com o sangue enquanto mata as pessoas, além disso ele nos apresenta o tipo de
pessoa totalmente artificial que interpreta uma personagem criada por ele mesmo
para atrair pessoas bonitas, inteligentes e bem sucedidas para perto de si, bem
como ele diz em certo ponto do filme, aquilo que todos vêem não existe, o
verdadeiro Patrick não tem sentimentos e importa-se apenas consigo mesmo. Reese
Witherspoom, a eterna Elle Woods de “Legalmente Loira” (2001), é a pseudo-noiva
de Patrick, a típica loira que sente prazer em se destacar e em ser idolatrada
e invejada pelos demais à sua volta. Chloë Sevigny faz a vez da secretária tola
apaixonada pelo patrão, o problema é que o patrão da vez é louco; Jared Leto é
o narcisista Paul Allen, a única diferença entre sua personagem e a de Bale é
que ele não é um assassino, ao menos o enredo não o expõe dessa forma; Cara
Seymour é a prostituta chamada de Christie pelo protagonista, uma pobre mulher
que vive no lugar errado, na hora errada e sai com o cara errado; por fim o
excelente Willem Dafoe faz uma pequena participação como o detetive que cuida
do desaparecimento de Allen, Donald Kimball.
Geralmente
filmes sobre psicopatas ricos, bonitos e inteligentes possuem apenas um
propósito: criticar a sociedade consumista que vive de bens matérias e
aparências. Aqui temos Witherspoon como a patricinha mimada que não se importa
em ser vista como vadia, com tanto que esteja com homens aparentemente
perfeitos; os amigos do protagonista são os típicos homens bem sucedidos que se
sentem os seres mais importantes da face da terra, além de acreditarem que são
invencíveis; Leto é o homem idiota que acaba se dando mal por seguir o estereótipo
do riquinho que quer provar mais que tudo sua suposta superioridade; Seymour é
a mulher que topa tudo por dinheiro, que não ama nem a si própria e não se
importa em vender seu corpo, mesmo que isso deixe sequelas graves; por fim,
Bale é o psicopata charmoso, bonito, rico, sexy e que se sente o ser mais belo
do mundo, em uma cena épica ele, nu, se olha no espelho e agrade-se com os
músculos e a beleza que vê, isso seria normal, senão pelo fato de ele ter uma
mulher super sexy também nua em sua frente fazendo sexo com ele. Claro que, durante
o filme, somos invadidos pelas dúvidas acerca da realidade dos fatos, se
Bateman realiza todos os assassinatos que vemos na tela, no final das contas,
acaba sendo uma dúvida eterna, mas um pouco de imaginação nunca fez mal a
ninguém, além disso, somos capazes de imaginar como nenhum outro ser, afinal, não
somos todos um pouco loucos?
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