sábado, 7 de novembro de 2015

COBERTURA XI PANORAMA INTERNACIONAL COISA DE CINEMA

O XI Panorama Internacional Coisa de Cinema teve sua premiação anunciada na noite de quinta-feira (04). Abaixo, confira um apanhado sobre o Panorama, com comentários sobre o evento e listas dos vencedores e comentários sobre cada conjunto de prêmios da mostra competitiva nacional. Ao longo dos próximos dias, serão postadas no blog as críticas dos 24 filmes (curtas, médias e longas) da mostra competitiva nacional.



O XI Panorama Internacional Coisa de Cinema iniciou, em Salvador, no dia 28 de outubro com o filme Tudo o que aprendemos juntos, de Sérgio Machado e com Lázaro Ramos, Kaique de Jesus e Elzio Vieira no elenco. Além do quarteto, o produtor Fabiano Gullane esteve na sessão para conversar sobre o longa. O Panorama ocorre, também e com a exibição dos mesmos filmes no Cine Teatro Cachoeirano, na cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, onde é apresentado pelo Cine Clube Mario Gusmão, projeto de extensão do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Antes das exibições dos filmes, aconteceram duas oficinas: a de assistência de direção e a de escrita crítica. A oficina de assistência de direção para cinema e TV foi ministrada por Cecília Amado, assistente em filmes como O que é isso companheiro? e Guerra de Canudos, diretora do longa Capitães da Areia, o documentário Onde dormem os sonhos (em finalização) e da série de TV Meu irmão nerd. A oficina de escrita crítica foi ministrada por Rafael Carvalho, membro da Abraccine, doutorando na UFBA e membro de curadoria do Panorama. Durante os dias do festival, foi ministrada, em Cachoeira, a oficina de sound design como sonoridade total com Edson Secco, compositor de sonoridades de longas como: Paulina, LYGIA CLARK, Com os punhos cerrados, Dominguinhos, ELENA, Depois da Chuva, além dos curtas: Vaticano, Version Française e Olhos de Ressaca.

Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira
Durante o festival foram apresentadas três mostras competitivas, havendo uma premiação para cada uma delas. A Mostra Competitiva Nacional, com oito longas e 16 filmes em curta ou média metragem; a Mostra Competitiva Baiana, com três longas e onze curtas ou médias; e a Mostra Competitiva Internacional, com seis longas e doze curtas ou médias. Ainda houveram as mostras Panorama Brasil, com 34 filmes em longa, curta e média metragem; a mostra de filmes de Animação, com seis filmes de cinco países diferentes; a Mostra Panorama Italiano, com dois filmes do país europeu; a Mostra Clássicos Franceses, com onze filmes franceses de diversas décadas do século passado, incluindo o clássico Viagem à lua, de George Méliès; a Mostra ONS de Cinema Brasileiro, com filmes nacionais restaurados e bastante raros; a Retrospectiva Werner Schroeter, com dez filmes do cineasta alemão; e o Panorama Internacional, com cinco filmes em longa-metragem de países americanos e europeus.    
Abaixo, segue a lista com os prêmios concedidos pelo festival.
Competitiva Nacional:
- Prêmio Especial do Júri em Curta-Metragem: Quintal, de André Novais
- Melhor Curta-Metragem: História de uma Pena, de Leonardo Mouramateus
- Prêmio Especial do Júri em Longa-Metragem: Boi neon, de Gabriel Mascaro
- Melhor Longa-Metragem: Mate-me por favor, Anita Rocha da Silveira

História de uma pena, de Leonardo Mouramateus
Prêmio João Carlos Sampaio do Júri Jovem:
- Melhor Curta-Metragem: Rapsódia para o homem negro, Gabriel Martins
- Menção Honrosa para Longa-Metragem : Gabriel Mascaro, pela direção de Boi neon
- Melhor Longa-Metragem: Para minha amada morta, de Aly Muritiba

Prêmio ABRACINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) de Melhor Filme: Boi neon

Prêmio Ficunam (filme já selecionado para o festival de cinema mexicano): Boi neon, de Gabriel Mascaro

Premio IndieLisboa (filmes já selecionados para o festival de cinema português)
- Curta-metragem: Quintal, de André Novais
- Longa Metragem: Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira

Premio Correio Walter da Silveira – Personalidade Artística: Aly Muritiba, diretor e roteirista do curta-metragem Tarântula e do longa-metragem Para minha amada morta

Para minha amada morta, de Aly Muritiba
Competitiva Baiana:
- Menção Honrosa: Alegoria da dor, de Matheus Viana, e Sujeito oculto, de Amanda Gracioli
- Premio Especial do Júri: Haram, de Max Gaggino
- Melhor Filme: Retomada, de Leon Sampaio

Competitiva Internacional:
- Menção Honrosa em curta-metragem: Baile de Família, Stella di Tocco
- Melhor Curta Metragem: Aissa, de Clément Tréhin-Lalanne
- Melhor Longa-Metragem: Rabo de Peixe, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel

Filmes de gênero e filmes autorais, filmes de ficção, de documentário e filmes híbridos (que misturam o documentário e a ficção), filmes que criticam e debatem as mais variadas realidades sociais brasileiras, filmes que alertam sobre os preconceitos e as intolerâncias que tomam conta de nosso país de forma aterradora, longas, médias e curtas metragem que abordam o real e o irreal, que tornam o mais comum cotidiano na mais incomum das histórias, filmes que exploram tanto histórias e personagens clichês, quanto personagens impensáveis, filmes feitos por homens e mulheres, filmes com homens e mulheres como protagonistas. O Panorama Internacional Coisa de Cinema se firma, em sua décima primeira edição, como um dos festivais mais ecléticos e receptores do Brasil, pronto para receber os jovens cineastas e suas novas histórias, novas formas de exploração da linguagem cinematográfica.

Quintal, de André Novais 
Com uma seleção difícil de ser avaliada, tamanha a qualidade técnica de cada filme escolhido para a competitiva nacional, o Panorama foi palco de filmes que primam pela interpretação forte de seus atores (contando com algumas das grandes promessas entre atores e atrizes de todo o Brasil) e por marcantes direções de atores, por produtos que optam por fotografias corajosas, com planos longos, iluminação diferenciada, profundidade de campo trabalhada e composições minimalistas, longas, médias e curtas que não se prendem apenas à imagem e reafirmam o quanto o som e suas linguagem devem ser lembradas em um cinema que parece deixá-lo de lado. Filmes que retratam o Brasil e suas dimensões inimagináveis, com a exploração de diferentes culturas, lugares e habitantes. Filmes onde o imprevisível, o incomum toma conta da tela.
Dentre os filmes em longa-metragem da mostra competitiva nacional, vale a pena destacar alguns pontos de alguns deles. A fotografia americanizada e a interpretação hipnótica de Fernando Alves Pinto em Para minha amada morta, aliadas à direção de Aly Muritiba são elementos que tornam o filme uma novidade interessante para o cinema brasileiro. Em Mate-me por favor, primeiro longa de Anita Rocha da Silveira, verifica-se uma maturidade da cineasta ao dirigir um elenco jovem de forma surpreendente, além disso, a forma como é tratado o tema e a forma como Anita ocupa e revela o espaço em que as personagens vivem é nova e muito propícia. Boi neon, de Gabriel Mascaro, possui uma das fotografias mais interessantes do ano, com quadros compostos de forma belíssima, movimentos de câmera sutis e iluminação minimalista, e com direção de elenco impecável e uma inteligente construção de personagens e de sua relação com o espaço e com os indivíduos com quem se vive.

Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins
Dentre os curtas, está Meio fio, produto realizado na Ceilândia, periferia do Distrito Federal. Com temática que explora a vida comum de uma radialista, o filme torna o cotidiano algo surpreendente, engrandecendo a personagem na tela. Quintal, de André Novais, mistura o documental com o fantástico e, da mesma forma que no curta brasiliense, inova ao tornar o cotidiano (desta vez de um casal de idosos) em algo mágico. A Festa e os Cães, de Leonardo Mouramateus reinventa o uso de fotografias impressas em um filme e traz a narrativa, seja de acontecimentos em festas ou de músicas, como força para se mostrar simples, mas um produto audiovisual de qualidade. Rapsódia para o homem negro mistura a negritude com o misticismo da cultura afro-brasileira e traz um filme necessário em temática, com ritmo que causa diversas sensações no espectador. Tarântula, de Aly Muritiba, é um filme que prima pelo estranho, pelo incomum, por tudo aquilo que possa incomodar o espectador. Personagens, fotografia, arte e som se tornam aliados num filme que prende o espectador e surpreende do começo ao fim. História de uma pena, também de Mouramateus, traz diálogos inteligentes e bastante corriqueiros, inova usando grande parte do que se fala fora dos quadros registrados e, como outros filmes do festival, confere ao comum, ao cotidiano seu verdadeiro valor.
O Panorama Internacional Coisa de Cinema tem se firmado cada vez como um festival descontraído, bem-humorado e que serve como forma de festejar e divulgar o cinema brasileiro. Apesar de não ser acessível a todos os moradores da cidade de Salvador devido aos horários de exibição dos filmes e à localização do Cine Itaú Glauber Rocha, o festival lotou a maior parte das sessões das mostras nacional e baiana. Os espectadores se mostraram muito satisfeitos com o festival e foram se tornando cada vez mais opinativos conforme os dias passavam. Passo importante para que o cinema se aproxime cada vez mais dos espectadores, tanto para que eles assistam mais filmes, quanto para que realizem os seus próprios. Uma ótima safra de filmes do cinema brasileiro está chegando às telas de todo o país, agora é com o público brasileiro, que, ano após ano, tem se entregue cada vez mais ao cinema nacional.

Boi neon, de Gabriel Mascaro
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