segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

037. O HOMEM DE AÇO, de Zack Snyder

Uma boa e grande surpresa entre as novas adaptações dos heróis.
Nota: 9,0



Título Original: Man of Steel
Direção: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Diane Lane, Russel Crowe, Kevin Costner, Antje Traue, Harry Lenixx, Richard Schiff, Christopher Meloni, Aylet Zurer, Laurence Fishburne, Dylan Sprayberry, Cooper Timberline, Richard Cetrone
Produção: Christopher Nolan, Charles Roven, Deborah Snyder, Emma Thomas
Roteiro: David S. Goyer, Christopher Nolan
Ano: 2013
Duração: 143 min.
Gênero: Ação / Aventura / Fantasia

Quando Jor-El percebe que Krypton, o mundo onde vive com a mulher e o filho recém-nascido, está à beira de ser destruído, o cientista resolve enviar Kal-El, seu filho, para o planeta Terra afim de salvar sua vida. Entretanto, o General Zod, que estava levantando o povo de Krypton contra seus governantes, percebe que Jor enviou com Kal importantes informações sobre as futuras gerações de seu povo. Ao chegar a Terra, o garoto passa a ser chamado de Clark Kent e passa a ser criado por Jonathan e Martha. 33 anos depois, Clark vive isolado em seu próprio eu, com medo de que descubram que detém forças e poderes inimagináveis. No entanto, Zod encontra Clark e decide ir a Terra, encontrar as informações e reconstruir Krypton, custe o que custar.



Uma de minhas maiores críticas acerca de longas que envolvem super-heróis é a falta de seriedade com a qual os filmes acabam sendo tratados. Todavia, algumas histórias necessitam de mais coerência. Superman e Capitão-Amperica são dois dos personagens de quadrinhos que mais me interessam. São os únicos criados e popularizados com algum propósito maior que o de trazer diversão ao público. Clark Kent e Steve Rogers foram popularizados com a finalidade de trazer alguma esperança à América em tempos difíceis. Enquanto o Superman salvava os EUA durante a Grande Depressão que assolou os americanos em 1929, o Capitão América chegou a ter uma revista onde matava Hitler, trazendo confiança e esperança ao povo norte-americano em meio a Segunda Guerra Mundial. Talvez seja por terem atingido propósitos tão louváveis que os longas que trouxeram os personagens para o cinema atualmente, sejam tão interessantes. O enredo de “O Homem de Aço”, é claro, não permitiria que houvesse qualquer menção à crise, todavia, quando Zod chega a Terra ordenando que o Super-Homem seja entregue e o herói mostra que pode fazer muito mais que se entregar, o povo deposita toda sua confiança em Clark. Em uma cena perfeita para o filme, um dos comandantes, após ser salvo pelo herói, declara que Clark não é um inimigo, e é aí que o filme se torna ainda mais belo. Piadas existem, afinal, sem elas os heróis não seriam tão amigáveis, mas elas são raras e não acorrem em momentos de tensão e violência.



Zack Snyder já estava acostumado com filmes de ação e fantasia, que exigem atenção em cenas de batalhas e destruições. É ele o realizador de “300” (2006), “Watchmen: O Filme” (2009), “A Lenda dos Guardiões” (2010) e “Sucker Punch: Mundo Surreal” (2011). Confesso que, ao conferir que Snyder era diretor dos títulos citados anteriormente, não tive muitas esperanças acerca desse longa. Depois da notícia de que Cavill seria o protagonista tudo me pareceu mais possível. O fato é que o trabalho de Snyder até aqui parece ter sido uma espécie de experimento para que atingisse a qualidade de “O Homem de Aço”. Enquanto verificamos vários defeitos visuais e sonoros em seus outros longas, os defeitos aqui são quase imperceptíveis, e não são suficientes para deixar a qualidade do filme defasada. As cenas em que o Super-Homem luta contra os vilões são inteligentes e, apesar de confundir um pouco, são excelentes. Os efeitos visuais e sonoros se mostram, a cada cena, dignos de prêmios. A trilha sonora de Hans Zimmer, que já tinha experiência com heróis por seu trabalho com a trilogia “Batman” de Christopher Nolan, é pontual e tão grandiosa quanto o personagem. Por fim, o roteiro, também escrito pelo roteirista de “Batman”, David S. Goyer, é conciso e a história não se perde em momento algum. O prefácio onde é contada a história do fim de Krypton e do envio de Kal a Terra é esclarecedor, e a forma como foi escolhida a contação da infância de Clark – em flash-backs durante a trama – explica as razões que levaram o jovem a agir da forma que agiu toda a vida.



Henry Cavill, como muitos esperavam, foi a grande escolha para o papel principal. O próprio ator afirmou ser a realização de um sonho que tinha há anos. Apesar de possuir menos de 20 títulos em seu currículo, Cavill demonstra experiência e uma competência poucas vezes vistas em filmes de heróis. Ao lado de Christian Bale, intérprete de Batman, Cavill foi a melhor escolha em anos para viver um herói. Como Clark, ele transparece os problemas sofridos pelo personagem por uma infância cheia de preconceito e uma adolescência reprimida pelo perigo de descobrirem a realidade. Como o Super-Homem, ele é humano, corajoso e forte, não apenas fisicamente, mas mentalmente. Não lembro de nenhuma mocinha de filmes do gênero ser tão boa quanto a Lois de Amy Adams. Como sempre, a atriz está ótima em um papel favorável por ser uma jornalista inteligente e destemida, que não se apaixona por Clark desde o primeiro olhar, mas se apaixona pela ideia do furo de descobrir quem é essa aberração. Os pais terráqueos de Clark são vividos com maestria pelos excelentes Kevin Costner e Diane Lane, ambos apresentando verdadeiros pais que amam e se preocupam com seu filho acima de tudo, não importando o que ele possa ser. O pai biológico é vivido por Russell Crowe em um papel que, de forma inimaginável, coube como uma luva. Por fim, o vilão Zod é interpretado por Michael Shannon, apesar da construção do personagem ser um pouco desagradável, ele representa a ideia absurda de Krypton ao pré-determinar o que cada feto será após nascer. O personagem é duro consigo e com sua espécie, é determinado em reconstruir seu planeta. Ainda assim, Zod está longe de ser um grande personagem. Destaco, por fim, os atores Cooper Timberline e Dyan Sprayberry vivendo Clark aos 9 e 13 anos, respectivamente.


“O Homem de Aço” nos remete à infância ao trazer um super-herói capaz de salvar o mundo sem restrição alguma. Seria injustiça com Henry Cavill alegar que ele está surpreendente no papel, portanto, reservo-me ao direito de afirmar que ele está tão competente quanto o esperado. Snyder, esse sim, surpreende com uma direção mais que inesperada. O roteiro e a trilha sonora deviam ser, no mínimo, impecáveis levando-se em consideração seus realizadores, e, mais uma vez, excederam às expectativas. O restante do elenco é forte e todos parecem ter uma sincronia maravilhosa (sorte de Snyder). Com a seriedade da qual falei antes, “O Homem de Aço” é um blockbuster de qualidade que foge ao esperado, que foge da mesmice encontrada na maior parte dos filmes do gênero. Assim como a trilogia de Nolan e o “Capitão América”, temos aqui um filme feito para adultos. Não há mensagens de superação ou de compaixão, mesmo que Clark se arrisque pelos homens, mesmo sofrendo preconceito por nossa raça. “O Homem de Aço” apenas nos lembra que, não importa o que aconteça, o Super Homem sempre estará ao lado dos homens, ajudando-nos a realizar maravilhas.



VENCEDORES GLOBO DE OURO 2014
CINEMA
Melhor Filme Drama: 12 Anos de Escravidão
Melhor Ator Drama: Matthew McConaughey, por Dallas Buyers Club
Melhor Atriz Drama: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Filme Comédia ou Musical: Trapaça
Melhor Ator Comédia ou Musical: Leonardo DiCaprio, por O Lobo de Wall Street
Melhor Atriz Comédia ou Musical: Amy Adams, por Trapaça
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Dallas Buyers Club
Melhor Atriz Coadjuvante: Jennifer Lawrence, por Trapaça
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Roteiro: Spike Jonze, por Ela
Melhor Filme de Animação: Frozen: Uma Aventura Congelante
Melhor Filme Estrangeiro: A Grande Beleza (Itália)
Melhor Trilha Sonora: Alex Ebert, por All is Lost
Melhor Canção Original: "Ordinary Love", de U2 ("Mandela: Long Walk to Freedom")
TELEVISÃO
Melhor Série Drama: Breaking Bad
Melhor Ator Série Drama: Bryan Cranston
Melhor Atriz Série Drama: Robin Wright, por House of Cards
Melhor Série Comédia ou Musical: Brooklyn Nine-Nine
Melhor Ator Série Comédia ou Musical: Andy Samberg, por Brooklyn Nine Nine
Melhor Atriz Série Comédia ou Musical: Amy Poehler, por Parks and Recreation
Melhor Minissérie ou Telefilme: Behind the Candelabra
Melhor Ator Minissérie ou Telefilme: Michael Douglas, por Behind the Candelabra
Melhor Atriz Minissérie ou Telefilme: Elisabeth Moss, por Top of the Lake
Melhor Ator Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme: Jon Voigh, por Ray Donovan
Melhor Atriz Coadjuvante em Série, Minissérie ou Telefilme: Jaqueline Bisset, por Dancing on the Age
VENCEDORES DO PRÊMIO DA SOCIEDADE DE CRÍTICOS DE FILME ONLINE
Melhor Filmes: 12 Anos de Escravidão
Melhor Filme de Animação: The Wind Rises
Melhor Filme estrangeiro: Azul é a Cor Mais Quente
Melhor Documetário: The Act of Killing
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Ator: Chiwetel Ejiofor, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: Michael Fassbender, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Atriz Coadjuvante: Lupita Nyong’o, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Roteiro Original: Her
Melhor Roteiro Adaptado: 12 Anos de Escravidão
Melhor Edição: Gravidade
Melhor Fotografia: Gravidade 
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