sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

038. OS INFILTRADOS, de Martin Scorsese

Scorsese jamais será enfadonho enquanto refletir sobre as realidades de sua terra natal.
Nota: 9,7


Título Original: The Departed
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Mark Wahlberg, Jack Nicholson, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga, Anthony Anderson, Alec Baldwin, Kevin Corrigan, James Badge Dale, David O’Hara, Mark Rolston, Robert Wahlberg
Produção: Brad Grey, Graham King, Brad Pitt,
Roteiro: William Monahan
Ano: 2006
Duração: 151 min.
Gênero: Drama

Quando criança, Colin foi apadrinhado pelo chefe do crime de Nova York, Frank Costello. Anos depois, Frank é um dos homens mais perigosos dos Estados Unidos e um procurado da Polícia Federal. Dessa forma, a mando de Costello, Colin se infiltra no FBI a fim de burlar os planos da polícia de pegar seu “pai”. Billy, por outro lado, é um jovem que deseja entrar para o FBI, mas que vê seu caminho bloqueado por pertencer a uma família extremamente suspeita. A condição para Billy é simples: ele será preso e terá de se infiltrar no bando de Costello.


Martin Scorsese é o melhor diretor vivo da Sétima Arte, e sei que poucas pessoas discordariam dessa afirmação. Em sua carreira, sua principal característica foi a de realizar produções reveladores. “Depois de Horas” (1985), “Cabo do Medo” (1991) e “Ilha do Medo” (2010), por exemplo, abordam as loucuras da psique humana; “Touro Indomável” (1980), “O Aviador” (2004) e “O Lobo de Wall Street” (2013) são biografias que acompanham personagens que viveram intensamente; “A Época da Inocência” (1993) é um romance nada convencional ambientado no século XIX; “A Invenção de Hugo Cabret” é uma ode ao cinema francês muito bem representado por George Méliès; “Taxi Driver” (1976), “New York, New York”(1977), “Os Bons Comanheiros” (1990) e “Gangues de Nova York” (2004) são os responsáveis por revelar o que há de mais belo e obscuro na cidade de Nova York. “Os Infiltrados” se encaixa nesse último grupo. O filme parece uma sequência, ou ainda, uma consequência de tudo o que ocorreu há tempos. Tempos revelados em “Gangues de Nova York”, em “Os Bons Campanheiros” e em “Cassino”, longas que retratam o passado sujo, medíocre e indigesto que fez parte do nascimento e do desenvolvimento dos Estados Unidos da América. Apesar de o longa se passar apenas em Nova York, com o desenrolar da trama, fica fácil perceber o quanto toda a sujeira afeta o país todo.


Além de ser referência no quesito “americanidade”, Scorsese é conhecido por manter alguns membros de sua equipe em seus filmes. Quatro deles são essenciais para transformar “Os Infiltrados” no único filme do diretor vencer do prêmios de melhor direção e filme no Oscar. A fotografia do longa é de Michael Ballhaus, diretor de fotografia de Scorsese em “Os Bons Companheiros”, “Gangues de Nova York”, “A Época da Inocência”, “Depois de Horas”, “a Cor do Dinheiro” e “A Última Tentação de Cristo”, a beleza estética desse longa não pode ser discutida, há uma delicada mistura moderna e uma referência deliciosa aos filmes de policias e bandidos das décadas de 80 e 90. Além da fotografia, a edição também faz esse resgate dos filme policiais, assim, Thlema Schoonmaker deixa claro que o filme é, acima de tudo sobre policias e bandidos. Schoonmaker tralhou com Srcosese desde 1980, dali por diante, todos os filmes do diretor foram editados por essa vencedora de 3 Osrcars. Sandy Powell já foi apontada, por alguns críticos, como a nova Edith Head, Powell e Martin trabalham juntos desde “Gangues de Nova York”,  o figurino de “Os Infiltrados” é muito característico e combina perfeitamente com a personalidade de cada personagem, e é aí onde acredito estar a perfeição do trabalho de Powell. Por fim, e o que eu mais admiro no longa, a trilha sonora estupenda de Howard Shore. Scorsese e Shore começaram juntos em “Depois de Horas” filme que possui uma trilha muito característica do compositor, depois, foi apenas em 2002, com “Gangues de Nova York”, que os dois voltaram a trabalhar juntos. Vieram, ainda, “O Aviador” e “A Invenção de Hugo Cabret”. Aqui, a trilha de Shore é pontual e magnífica ao contrastar a seriedade e  a inexpuginidade da polícia federal, com a boa vida e a violência que cercam os mafiosos. Recomendo que a trilha seja ouvida após o filme ser assistido para que a concentração possa ser apenas nela.


Leonardo DiCaprio é um dos melhores atores de sua geração. Lembro-me de ter assistido a ele, mesmo antes de ver “Titanic” (1997), em “Diário de Um Adolescente” (1995) e ter me surpreendido com a maestria de DiCaprio, mesmo tão jovem. O reflexo dos trabalhos do ator são vistos hoje. A interpretação é intensa e provocante, é aquele tipo de atuação que nos faz sentir como se fossemos o personagem: quando DiCaprio é violento, compreendemos sua violência, quando está com raiva, estamos com raiva, quando ele se acalma, acalmamo-nos também. A Matt Damon, sobra a tarefa de nos trazer um pouco de sarcasmo e muita naturalidade ao FBI. O ator também está excelente, e, como DiCaprio, quando está prestes a ser pego pela polícia, faz com que nos sintamos tão apavorados quanto ele. Jack Nicholson é o veterano em todos os sentidos, ele e seu personagem possuem a inteligência e a experiência de vida em comum, são homens inteligente e astutos. Nicholson dispensa elogios, mesmo assim, decerei alguns: o sarcasmo e a autoconfiança de Costello são impressionantes, a frieza com a qual o mafioso trata tudo e todos é contagiante e as particularidades de Frank nos enojam e cativam ao mesmo tempo.



“Os Infiltrados” não é o melhor filme de Martin Scorsese para ser o único a vencer os Oscars de melhor filme e melhor direção na carreira do diretor. Talvez tenha sido o momento em que a Academia se deu conta de como haviam sido injustos com o mestre a vida toda e resolveram premiá-lo, não pelo longa, e sim por uma carreira inteira. Mesmo assim, o filme é fantástico e jamais hesitaria em dizer que é o melhor do ano de 2006, com as atuações mais impressionantes e com uma qualidade técnica incomparável. A equipe que citei acima que compõe o time de Scorsese não decepciona em momento algum, o roteiro é claro e os diálogos são impecáveis. Apesar de ter citado apenas três intérpretes, o elenco todo é fantástico e merecia muito mais destaque nas premiações do que realmente obteve. De forma objetiva e muito bonita, Scorsese denuncia as mazelas dos Estados Unidos, mostra que a maior potência do mundo está longe de ser o lugar mais seguro para se morar. Ainda, como apenas o mestre consegue fazer, homenageia um estilo de filmes que se perdeu no tempo, o puro gênero policial de qualidade. Aqui, não existem muitas reflexões sobre a vida, não estamos falando de um filme espiritual como “A Invenção de Hugo Cabret”, e sim, de um filme objetivo sobre as realidades envolvendo corrupção e outras coisas muito mais sérias do que imaginamos. Realidades as quais os Estados Unidos, e todo o restante do mundo, estão expostos e sofrerão cedo ou tarde.


PREMIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE FILMES DE TORONTO
Melhor Filme: Inside Llewyn Davis
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Ator: Oscar Isaac, por Inside Llewyn Davis
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Dallas Buyers Club
Melhor Atriz Coadjuvante: Janifer Lawrence, por Trapaça
Melhor Roteiro: Speki Jonze, por Her
Melhor Primeiro Filme: Kleber Mendonça Filho, por Neighboring Sounds
Melhor Filme de Animação: The Wind Rises
Melhor Filme Estrangeiro: A Touch of Sin
Melhor Documentário: The Act of Killing
VENCEDORES DO PRÊMIO DOS CRÍTICOS DE FILME DE SAN DIEGO
Melhor Filme: Her
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jamine
Melhor Ator: Oscar Isaac, por Inside Llewyn Davis
Melhor Atriz Coaddjuvante: Shailene Woodley, por The Spectacular Now
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Dallas Buers Club
Melhor Roteiro Original: Spike Jonze, por Her
Melhor Roteiro Adaptado: Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke, por Antes da Meia Noite
Melhor Filme Estrangeiro: Drug War
Melhor Documentário: The Act of Killing
Melhor Fotografia: Emmanuel Lubezki, por To The Wonder
Melhor Filme de Animação: The Wind Rises
Melhot Edição: Christopher Rouse, por Capitão Phillips
Melhor Direção de Arte: Catherine Martin e Karen Murphy, por O Grande Gatsby
Melhor Trilha Sonora: Arcade Fire, por Her
Melhor Elenco: Trapaça
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