sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

034. (ESPECIAL OSCAR 2014) O GRANDE GATSBY, de Baz Luhrmann

Cores demais, rap demais, futurista demais, intenso demais, decepcionante demais.
Nota: 7,5



Título Original: The Great Gatsby
Direção: Baz Luhrmann
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan, Isla Fisher, Elizabeth Debicki, Joel Edgerton, Jason Clarke, Adelaide Clemens, Amitabh Bachchan, Kasia Stelmach, Conor Fogarty, Gus Murray, Brendan Mclean, Alison Benstead, Elliott Collinson, Stefen Mogel, Brandon Prince, Henry byalikov
Produção: Lucy Fisher, Catherine Knapman, Baz Luhrmann, Catherine Martin, Douglas Wick
Roteiro: Baz Luhrmann, Craig Pearce e F. Scott Fitzgerald (romance)
Ano: 2013
Duração:
Gênero: Drama

Nova York, 1922. Nick Carraway se muda para a grande cidade e aluga uma casa ao lado da mansão do misterioso Jay Gatsby. Enquanto Gatsby promove festas alucinantes e fantásticas, que são frequentadas por toda a cidade, Nick se fascina com o novo vizinho e passa seu tempo vendendo ações, lendo e visitando a prima que mora no outro lado da baía, Daisy Buchanan. Casada com o milionário Tom Buchanan, ela vive uma vida triste e frustrada. Mas quem é Jay Gastby, um assassino, um herdeiro, um parente de Hitler? Da onde vem todo seu dinheiro, de suas farmácias, do contrabando, de investimentos de sorte? E por que Gatsby promove todas aquelas festas?


Em 1974, a primeira adaptação para o cinema da obra de Fitzgerald foi lançada. A direção era de Jack Clayton e o roteiro de Francis Ford Coppola. O elenco contava com Robert Redford como Gatsby, Mia Farrow como Daisy, Sam Waterston como Nick e Bruce Dern como Tom. O longa é puro, as cores são suficientemente convicentes, o jazz impera o tempo todo, os diálogos são compreensíveis e muito bem escritos e a linearidade é muito bem montada. Além disso, a fotografia e a composição dos cenários são perfeitas, a grandiosidade e a solidão de Gatsby são tão reais e palpáveis quanto seu motivo para realizar as festas. Luhrmann também é intenso, intenso demais. O figurino é lindo, mas muito futurista. O jazz se mistura com o rap e nos traz um estilo que seria visto nos EUA apenas anos depois, alguns arranjos musicais são ótimos, mas, em sua maioria, muito modernos para o contexto histórico. Tudo acontece rápido demais, com muita euforia e muita pompa, muito mais do que Gatsby realmente propunha em sua história. Além disso, o roteiro explica muitas coisas que deveriam ficar subentendidas, tornando-o um filme comum demais. Para completar, o filme é muito colorido, as cores chamam muito a atenção e  os personagens e seus intérpretes acabam ficando em segundo plano em relação ao cenário.


Em resumo, toda a produção parece uma mistura dos filmes anteriores de Lurhmann. A dança e a festividade já haviam sido vistas em “Vem Dançar Comigo” (1992), filme onde temos um figurino exuberante e chamativo. O romance impossível já fora visto em “Romeu+Julieta” (1996), onde o protagonista é DiCaprio e onde o diretor modernizava o clássico inglês. As cores e as músicas futuristas também podem ser identificadas em “Moulin Rouge: Amor em Vermelho” (2001), onde o pano de fundo é a um cabaré que tem Nicole Kidman como a principal dançarina. O filme é um clássico dos musicais do novo século, mas é exagerado, assim como “Gatsby”, em seus figurinos, músicas e cores. Mas é em “Austrália” (2008) que vemos a mesma acentuação das cores, mesmo que o longa seja um drama sobre os problemas enfrentados por uma mulher, que luta para manter a fazenda do falecido marido. A própria Nicole não acreditou que sua atuação possa ter sido tão ruim. As indicações ao Oscar são poucas, mas são merecidas. A primeira é como melhor figurino, para Catherine Martin, vencedora do Oscar pelo figurino e pela decoração do set de Moulin Rouge. Os concorrentes são de peso, mas “Gatsby” é um dos grandes favoritos, e não é preciso dizer muito tendo em vista as fotos apresentadas na crítica. A outra indicação é como melhor direção de arte, para Catherine Martin e Beverly Dunn. Assim como o figurino, as fotos são suficientes para ver como a arte do longa é rica em detalhes e chama muito a atenção. É importante lembrar que, no ano passado, o filme “Anna Karenina” era um dos favoritos nas categorias artísticas, e acabou levando o prêmio pelo figurino.  O mesmo aconteceu com “Alice no País das Maravilhas” (2010), vencedor nas duas categorias.


Tobey Maguire é quem dá vida a Nick Carraway. Não sei se é o fato de ter achado a interpretação de Waterston perfeita como Carraway ou se Maguire está ruim mesmo, mas o fato é que o ator não convence em momento algum. Maguire lembra demais seu personagem em “O Homem-Aranha”, possui cenas histéricas chatas e só tem bons momentos enquanto conversa com o terapeuta. DiCaprio, por outro lado, está ótimo como Jay Gatsby. Não há motivos para comparar sua interpretação com a de Redford por uma simples razão: os atores são completamente diferentes, são originais. DiCaprio, durante todo o longa, mantém a essência do homem apaixonado e rancoroso que compõe Gasby: da mesma forma que ele ama uma mulher, odeia a sociedade por ter feito ele deixá-la para se tornar um homem rico e poderoso. Se há uma coisa que merece ser destacada como superior nesse filme em relação à adaptação de 1974 é a intérprete de Daisy. Carey Mulligan consegue dosar perfeitamente a menina apaixonada, com a mulher interesseira, com a doente histérica. As cenas apaixonadas são cativantes. As cenas em que finge não ligar para as amantes do marido são desprezíveis. Os momentos de angústia, medo e pavor são intensos e combinam com a atmosfera criada por Lurhmann.



“O Grande Gatsby” apresenta uma história rica e muito bonita. A forma como Lurhmann explora tais aspectos se torna pobre em meio a tanto luxo e riqueza. Mesmo com a beleza estética e a qualidade sonora, são as interpretações de DiCaprio e Mulligan que sustentam o longa. O diretor, nesse contexto, acaba explorando mais a vida rica que os personagens levam, a boemia, as bebidas e as festas sem fim e se esquece da essência da história do homem por traz do grande Gatsby. “O Grande Gatsby” é, sem dúvida, um dos maiores romances românticos da história da literatura. Gatsby não é grande apenas por ser rico. Gatsby é grande por ser gentil, educado, inteligente, esperto, e amável por ter buscado fortuna para ser merecedor da mão da mulher que ama. A vida de Gatsby parece grande devido às festas que promove, ao dinheiro que gasta, aos negócios que realiza. Da mesma forma, as frustrações de Gatsby são grandes, seus medos, seus pesadelos, suas dúvidas. Seria injustiça revelar alguns aspectos cruciais e belos que compõe a história de Jay Gatsby, pois seria impossível expô-los sem fazer revelações importantes para o enredo. Basta dizer que “O Grande Gatsby” explora os mais variados sentimentos do ser humano, propõe que indaguemos a nós mesmos questões importantes para a vida e nos faz visualizar as mais diferentes facetas que o destino pode nos mostrar. Mas é o romance de Fitzgerald que faz isso, não o filme de Luhrmann.

VENCEDORES DO PRÊMIO DOS CRÍTICOS DE FILME ONLINE DE NOVA YORK
Melhor Filme: 12 Anos de Escravidão
Melhor Direção: Alfonso Cuarón, por Gravidade
Melhor Ator: Chiwetel Ejiofor, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Clube de Compras Dallas
Melhor Atriz Coadjuvante: Lupita Nyong’o, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Elenco: Trapaça
Melhor Roteiro: Spike Jonze, por Ela
Melhor Filme Estrangeiro: Azul é a Cor Mais Quente
Melhor Filme de Animação: The Act of Killng
Melhor Trilha Sonora: Inside Llewyn Davis
Melhor Fotografia: Emmanuel Lubezki, por Gravidade
VENCEDORES DO PRÊMIO DA ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE FILME ONLINE DE BOSTON
Melhor Filme: 12 Anos de Escravidão
Melhor Direção: Steve McQueen, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Ator: Chiwetel Ejiofor, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Atriz: Cate Blanchett, por Blue Jasmine
Melhor Ator Coadjuvante: Jared Leto, por Clube de Compras Dallas
Melhor Atriz Coadjuvante: Lupita Nyong’o, por 12 Anos de Escravidão
Melhor Elenco: 12 Anos de Escravidão
Melhor Roteiro: Antes d Meia Noite
Melhor Filme Estrangeiro: Azul é a Cor Mais Quente
Melhor Documentário: The Act of Killing
Melhor Filme de Animação (empate): Fozen: Uma Aventura Congelante e Vidas ao Vento
Melhor Trilha Sonora: 12 Anos de Escravidão
Melhor Fotografia: Inside Llewyn Davis
Melhor Edição: 12 Anos de Escravidão
 Os Dez Melhores Filmes do Ano: 1. 12 Anos de Escravidão; 2. Inside Llewyn Davis; 3. O Lobo de Wall Street; 4. Gravidade; 5. Antes da Meia Noite; 6. The Spectacular Now; 7. Azul é a Cor Mais Quente; 8. Spring Breakers; 9. The World’s End; 10. Fruitvale Station: A Última Palavra.
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