Uma obra prima.
Nota: 9,8
Título Original: Gravity
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Sandra Bullock, George Clooney, Ed harris, Orto Ignatiussen,
Phaldut Sharma, Amy Warren, Basher Savage e Janes Ahern
Produção: Alfonso Cuarón, David Heyman, Christopher DeFaria, Stephen
Jones, Nikki Penny e Gabriela Rodriguez
Roteiro: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón e George Clooney
Ano: 2013
Duração: 91 min.
Gênero: Drama / Ficção / Ação
Ryan Stone é uma engenheira que foi
chamada para trabalhar um tempo no espaço. Ao lado do experiente astronauta
Matt Kowalski, ela deixa o interior seguro de uma nave espacial para realizar
um conserto. Enquanto Stone finaliza o trabalho, Kowalski é alertado quanto a
destroços de um aparelho destruído por russos. Sem conseguir chegar até a nave,
Stone e Kowalski são atingidos pelos destroços e ficam afastados da nave.
Agora, a dupla está à deriva, com pouco oxigênio, chances remotas de conseguir
ajuda, e chances menores ainda de permanecerem vivos.
“A 600km acima do planeta Terra a
temperatura oscila entre 120º e -100º Celsius. Não há nenhuma transmissão de
som, nenhum oxigênio, e nenhuma pressão atmosférica. Vida aqui é impossível.”
São essas palavras que fizeram parte de qualquer comercial de “Gravidade”. São
elas, ainda, as primeiras palavras apresentadas ao espectador. Com isso,
esperamos um filme longo, demorado e chato, pois imaginamos que tipo de longa
pode ser realizado tendo como ambiente um local sem som, sem oxigênio, sem
pressão atmosférica, sem vida. Antes de assistir a esse longa, inúmeras pessoas
perguntavam se eu já havia ouvido falar sobre ele. Minha resposta sempre foi:
sim, mas ainda não tive coragem suficiente para assisti-lo. Certa noite, resolvi encarar o longa como uma
forma de relaxar. Qual foi minha surpresa quando comecei a assistir ao filme e
em momento algum visualizei cenas enfadonhas. Desmitificando tudo o que dezenas
de pessoas falam acerca do filme, afirmo que o longa é excitante e curioso do
começo ao fim. Não que cenas de ação sejam necessárias, até acho que algumas
delas poderiam ter sido mais monótonas, mas o roteiro e as interpretações são
tão intensas que nos levam diretamente para o que os personagens estão vivendo
(ainda mais se o filme for assistido em 3D) e passamos o longa desesperados.
Alfonso Cuarón é conhecido por três
grandes trabalhos: “E Sua Mãe Também” (2001), “Harry Potter e o Prisioneira de
Azkaban” (2004) e “Filhos da Esperança” (2006). Com “Gravidade”, o diretor
entra para o grupo dos grande nomes indicados ao Sindicato dos Diretores e ao
Oscar, a maior premiação do cinema. E não há uma alma que diga que Cuarón não
merece tais indicações e, ainda, ser o vencedor desses prêmios. Inclusive,
Cuarón e Mark Sanger, editores do longa, criaram novas tecnologias para
realizar as filmagens, uma delas, por exemplo, faz a câmera rodar, acompanhando
os movimentos dos personagens que estão girando pelo espaço. O filme possui
algumas singularidades que devem ser mencionadas. Não posso deixar de citar, e
o faço logo no começo, o fato de os russos causarem tantos estragos por
detonarem um aparelho no espaço, o que torna o filme ainda mais americano,
apesar de o diretor ser mexicano e o produtor David Heyman ser inglês. Ainda
cito algumas cenas que esperava encontrar e não encontrei: muitas pessoas
observaram que o filme tinha momentos de extremo silêncio, mas eles não
existem. Acredito que algumas cenas poderiam ser completamente mudas, sem
alterar sua grandiosidade ou seu impacto (provavelmente elas não existam pois
podriam quebrar o clímax eterno do longa. A escolha de existirem poucos personagens é muito arriscada, mas é um dos grandes pontos do longa.
O roteiro de Alfonso Cuarón, Jonás
Cuarón, filho do diretor, e George Clooney, que despensa apresentações, é rico
e não deixa o espectador se perder ou de distrair com outra coisa. É
interessante a forma como toda a trama se desenvolve em um possível tempo real,
ou seja, a história, provavelmente, ocorre no mesmo tempo do filme, em uma hora
e meia. Os diálogos dos personagens e a forma como é feita a construção de
Stone (uma mulher inexperiente no espaço e, por isso, temerosa) e Kovalski (um
homem com experiência em problemas no espaço e, por isso, mas tranquilo) é
maravilhosa e nos cativamos por ambos desde o início do longa. A trilha sonora
do filme é do iniciante compositor Steven Price (e estará a disposição aqui no
blog durante mais uma semana). Apesar de ter apenas dois filmes em seu
currículo como compositor, o inglês trabalhou como programador musical em “A
Liga Extraordinária” (2003) e em
“Resgate Sem Limites” (2003) e editor musical em “O Senhor dos Aneis: As Duas
Torres” (2002), “O Senhor dos Aneis: O Retorno do Rei” (2003), “Batman Begins”
(2005), “Criatura Perfeita” (2006), “A Última Legião” (2007) e “Terra” (2007).
“Gravidade” portanto, é seu primeiro grande trabalho na composição. Price,
nesse contexto, excede expectativas, pois a trilha do longa, como já citei, se
torna essencial devido ao número reduzido de personagens e ao fsto de tudo ocorrer
no espaço, onde não há possibilidade de propagação sonora. Músicas dramáticas
que protagonizam as cenas melancólicas de Bullock se misturam às músicas agitadas
que permeiam as cenas em que Stone é atingida pelos destroços do aparelho
russo. A música da cena final do longa é uma das mais belas do ano e, sem
dúvida, uma das que mais causa emoção dos últimos anos.
Em termos de atuação, temos apenas duas:
Sandra Bullock, como Stone, e George Clooney, como Kowalski. Assim como muitos
outros críticos, até hoje não engoli o Oscar de Bullock em 2009 por “Um Sonho
Possível” (2008), o filme é chato e a personagem da atriz é cômica demais, exigindo
pouco dela. Dali por diante confesso ter pegado um implicância por Bullock, que
parecia artificial demais em cada um de seus filmes. Entretanto, “Gravidade”
quebrou qualquer problema do passado existente em relação a ela. Finalmente
incumbiram à atriz uma personagem realmente dramática, e mais, uma personagem
que carrega o filme nas costas. Enquanto Stone está no espaço – o que ocorre na
maior parte do filme – Bullock está coberta por aquela roupa típica de
astronautas, por isso, o único artifício que pode ser usado são suas feições. O
desespero de uma mulher à beira da morte que não sabe como agir, o medo de uma
leiga ao ligar uma nave espacial, a culpa de uma profissional ao ver seu colega
e sacrificar por ela, a angústia de uma mãe ao contar sobre a morte prematura
da filha e o alívio de um ser humano ao constatar que ainda existe
possibilidade de vida são intensos e poucas vezes atingiram um grau tão alto em
uma interpretação quanto Sandra Bullock atingiu aqui. Não estamos acostumados a
ver George Clooney ser pouco considerado em premiações, não sei se foi o teor
subjetivo do longa, mas sua interpretação me comoveu e me conquistou como
poucas conseguem fazer. O Kowalski criado pelo ator é um homem vivo,
disciplinado, calmo e extremamente espirituoso. É um ser humano como outro
qualquer, as feições de Clooney e a voz do ator são essenciais para que o longa
seja tão absurdamente pavoroso e acho uma lástima o ator ter sido esnobado por
inúmeras premiações.
“Gravidade” é uma das grandes promessas
para o Oscar esse ano. Ao todo, são 10 indicações à premiação. A mais
importante, sem dúvidas é como melhor
filme. Tendo em vista a indicação a melhor direção, é um dos cinco
favoritos e concorre penas com “12 Anos de Escravidão”, com quem dividiu o
prêmio do Sindicato dos Produtores e grande favorito do ano. Melhor direção para Alfonso Cuarón, que
concorre com Martin Scorsese (sempre um favorito), por “O Lobo de Wall Street”
e com Steve McQueen, por “12 Anos de Escravidão”, lembrando que David O.
Russell pode ser a grande surpresa com seu “Trapaça”, Cuarón é o favorito do
ano, tendo vencido 26 prêmios ao longo da temporada (incluindo do Sindicato de
Diretores) e, provavelmente, deverá vencer o prêmio. Melhor atriz, para Sandra Bullock, apesar de ser a melhor
interpretação da carreira da atriz, a disputa está entre Cate Blanchett e Amy
Adams, mas que a vitória de Bullock seria uma surpresa muito agradável, isso
seria. Melhor fotografia, tendo em
vista a qualidade e o fato de o filme ter vencido vários outros prêmios na
categoria, provavelmente a vitória é dele. Melhor
edição, a exclusão de “O Lobo de Wall Street” e a qualidade técnica de
“Gravidade” praticamente garantem a vitória do longa, que acaba tendo como
ameaça “Trapaça”, vencedor do prêmio do Sindicato dos Editores. Melhor trilha sonora, para Steve Price,
apesar dos concorrentes de peso (John Williams e Alexander Desplat) é, sem
dúvida, a trilha mais marcante do ano, devendo levar o prêmio. Melhores efeitos visuais, talvez seja o
grade prêmio do longa, devido às pesquisas, ao melhoramentos e aos avanços que
o filme traz ao cinema. Melhor edição de
som, outra categoria em que o longa arranca como favorito, é impossível não
se impressionar com a beleza sonora e visual do filme, “Capitão Phillips” pode
ser o azarão na categoria. Melhor
mixagem de som, com “Capitão Phillips” em seu encalço novamente, é uma
categoria um pouco incerta, mas “Gravidade” ainda é o favorito”. Melhor direção de arte, outro ponto
forte do longa, sua única ameaça é “O Grande Gatsby”, filme com direção de arte
impecável.
É inegável que o conjunto técnico de
“Gravidade” torna esse filme um dos melhores do ano, senão o melhor. Poucos
longas possuem tal qualidade sonora (incluindo mixagem, edição de som e trilha
sonora), visual (incluindo figurino, fotografia, edição), de direção e de
roteiro, entretanto, são as interpretações de Bullock e Clooney que seguram o
longa de forma inexplicável. São os sentimentos expressos pela voz do ator que
dão o tom experançoso e forte vindos da segurança e experiência de um
astronauta vivido. São os sentimentos de desepsero e alívio que vemos nos olhos
e no corpo de Bullock que humanizam o longa e o tornam ainda mais comovente e
belo. O espaço, por sua vez, é um vilão real que não tem pena de nossos
personagens e não pretende se redimir. Sem as grandes interpretações de Bullock
e Clooney o longa não seria nada. Dessa vez, se Sandra Bullock vencesse o
Oscar, jamais me ouviriam contestar, pois dessa vez, sem sombra de dúvidas,
seria mais que merecido. Mas também não podemos deixar o trabalho de Cuarón de
lado. Se não fosse sua maestria, todos os sentimentos de Bullock jamais teriam
sido capturados. E mais: foi Cuarón quem criou a história desse filme, foi ele
quem planejou cada segundo, foi Cuarón quem idealizou e materializou toda essa
obra da sétima arte. E se Cuarón não o tivesse feito com tanta originalidade,
qualidade e perfeição, ninguém mais o faria.
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