A realidade deprimente de como a perda
afeta negativamente o ser humano.
Título Original: The Broken Circle Breakdown
Direção: Felix Van Groeningen
Elenco: Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse, Geert Van
Rampelberg, Nils De Caster, Robbie Cleiren, Bert Huysentruyt, Jan Bijvoet,
Sofie Sente, Ruth Beeckmans, Jan Hammenecker, Clanka Heirman, Kirsten Pieters,
Yves Degryse, Dominique Van Malder, Marianne Loots, Sanderijin Helsen
Produção: Arnold Heslenfeld, Dirk Impens, Laurette Schillings, Frans van
Gestel e Rudy Verzyck
Roteiro: Johan Heldenbergh (peça
teatral), Mieke Dobbels (peça teatral), Carl Joos, Feliz Van Groeningen e
Charlotte Vandermeersch
Ano: 2012
Duração: 111 min.
Gênero: Drama / Musical / Romance
Didier Bontinck é um músico country que
alterna sua vida entre os palcos, a reforma do lugar onde vive e sua vida
pessoal. Elise Vandevelde é uma tatuadora que divide seu tempo entre seu estúdio
e sua vida pessoal. Quando Didier entrou no estúdio de Elise, alegando que nada
na vida valia tanto para ser tatuado e fazendo outras piadas para conquistá-la,
nenhum dos dois imaginava que estavam encontrando os parceiros de suas vidas.
Rapidamente, ambos se entregam ao novo amor, Elise engravida, os dois casam e
deixam a vida traçar o caminho da felicidade. Entretanto, o mundo desaba quando
descobrem que a filha, que acaba de completar seis anos de idade, está com
câncer.
Sem mais delongas, já aviso: Maybelle, a
filha do casal, morrerá antes dos primeiros quarenta minutos de filme. E
revelar isso não é estragar o prazer de assistir a esse longa. Aqui, o
interessante é ver como os personagens reagem antes, durante e após a morte da
menina. Esse filme, faz um apanhado sobre uma família que vai do paraíso ao
inferno em sete anos. A princípio, Didier e Elise vivem uma vida feliz. O
início do relacionamento é cheio de risadas, sexo e novas experiências. Os dois
estão começando a se descobrir e isso é o que deixa a vida tão animada e
divertida. As discussões são praticamente inexistentes e tudo são flores.
Elise, que antes trabalhava apenas com o estúdio, até começa a cantar junto com
o grupo composto apenas por homens com o qual
Didier canta. E os homens e ela fazem muito sucesso juntos, o que contribui ainda mais para que eles vivam nessa felicidade constante. Quando
Elise descobre a gravidez, a primeira reação de Didier é pegar a chave do carro
e deixar a namorada sozinha. Após algumas horas ele já está acostumado com a
ideia e a felicidade do casal se completa quando a pequena Maybelle nasce. Tudo
continua maravilhoso, como os dois tem o privilégio de passar um bom tempo em
casa, assistem ao crescimento da menina de perto. E a menina tem o privilégio
de ter esse exemplo de casal em casa para também ser feliz. A descoberta da
doença é o início da catástrofe para a família. Dali por diante, tudo apenas
piora. Claro que existem momentos, como quando o médico fala sobre o
transplante de medula óssea, que uma chama de esperança reascende na casa dos
Vandevelde Bontinck. Mas isso tudo é muito passageiro. Maybelle morre e os pais,
obviamente, entram em um processo de depressão muito difícil de sair. E o
interessante é que o que ocorre com um é o contrário do que ocorre com o outro.
Enquanto Elise está sempre descontrolada sobrando alguns momentos de
sobriedade, Didier tenta permanecer calmo e sereno, estourando em alguns
momentos realmente tocantes. E para piorar, eles já estão juntos há sete anos e
o casamento já não é mais aquela paixão louca dos primeiros encontros.
Veerle Baetens, vencedora do Prêmio de
Filmes Europeus como melhor atriz, é sexy, deprimente e verdadeiramente humana
vivendo Elise. Durante o longa, verificamos várias mudanças de humor da
personagem que são apresentadas de forma magnífica por Baetens. Podemos até
dividir o filme em três fases: o antes, o durante e o depois da vida de Maybelle.
A Elise apresentada por Baetens antes do nascimento da filha é uma mulher
sensual que deixaria qualquer homem louco, as tatuagens que a personagem já fez
demonstram o quanto vive intensamente cada momento. Depois do nascimento de
Maybelle, a mulher passa a ser uma mãe mais séria, ainda tem desejos e não os
esconde, mas passou a viver pela filha e a ter mais cuidados. Após a morte da
menina é que Baetens torna sua interpretação um assombro, trazendo toda a dor e
a angústia que somente alguém que já passou por isso poderia compreender.
Durante essa temporada de premiação e assistindo aos indicados aos Oscar,
diversos atores me chamaram a atenção em como estavam sendo injustiçados por
não estarem entre os indicados. Em um ano com tantas atuações masculinas
imponentes, entretanto, as mulheres perderam um pouco de espaço. Se tivesse de
escolher mais uma atriz para concorrer no Oscar, sem dúvida, seria Veerle Baetens,
e, em meu mundo, ela seria uma grande concorrência para Cate Blanchett. Aliás,
as atrizes até tem algumas semelhanças em suas personagens, pois ambas tiveram
seus mundo demolidos e estão passando por sérios problemas psicológicos por
conta disso.
Dividindo a tela com Veerle Baetens, o
igualmente competente Johan Heldenbergh. O Didier criado por ele é um homem
independente, um pouco bruto e muito reservado, mas também é um homem decidido,
romântico e que conquista as mulheres com a voz e o olhar. O fato de o
personagem estar menos alterado após a morte da filha por suas crenças não
significa que a interpretação do ator seja menor que a de Baetens, pelo
contrário: a batalha travada por essas duas feras é, a cada cena, mais bela e
instigante. O Didier de antes do nascimento é esse homem romântico e entregue
ao seu amor. Quando a filha nasce ele se mostra um pai preocupado e muito
carinhoso, apesar de sua brutalidade, sempre faz o que pode pela filha. Após a
morte da pequena, Didier vira um homem deprimido e muito contido. A forma como
o ator faz com que cada homem se identifique com ele é ótima e a naturalidade
encontrada em Johan é algo sublime e poucas vezes visto em qualquer ator. As
cenas em que Heldenbergh esbraveja e expõe ao mundo um sofrimento sempre muito
guardado são as grandes cenas do ator. O momento em que grita à uma plateia sua
ira por a Igreja não encorajar o transplante de medula óssea, o que fez com que
a ciência não fosse avançada o suficiente para salvar sua filha, é um dos
momentos mais emocionante do longa. Outro destaque é a química existente entre
os protagonistas. Assim como Leonardo DiCaprio e Margot Robbie tiveram uma
química hilária em “O Lobo de Wall Street”, Heldeberg e Baetens possuem algo
realmente intenso, que vai do belo ao horrível. Fica difícil escolher qual
dupla se saiu melhor esse ano.
A escolha em filmar as fases da vida do
casal de forma misturada, indo e vindo todo o tempo, foi uma sacada de mestre.
Isso nos emociona mais ainda, pois quando estamos ao lado dos personagens no sofrimento, o filme nos leva para o dia em que os protagonistas se conheceram,
por exemplo, e tudo fica ainda pior, fica ainda mais triste e melancólico. Em
uma das falas mais aterradoras que lembro de ter ouvido no cinema, Elise rebate
contra o marido dizendo que ela sempre soube que tudo era bom demais para ser
verdade, que aquilo tudo o que eles viviam não poderia durar, afinal, a vida
não é generosa, pois quando amamos e nos apegamos a alguém, a vida traz rancor,
ela leva tudo para longe, ela trai. Não há como não parar um pouco após
assistir ao longa para refletir sobre as palavras da protagonista. E talvez
isso desagrade um pouco ao público sedento por ver e ouvir apenas coisas belas
no cinema. “Alabama Monroe” é indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e é um dos grandes favoritos, concorrendo
com “A Grande Beleza” e “A Caça”. E se vencer, sem dúvida, será mais que
merecido. E antes que esqueça: o nome em português, pela primeira vez desde que
me lembro, supera o título original. Por que “Alabama Monroe”? Bom, essa
pergunta deixarei que a última tomada do filme explique, assim como a última
tomada explicou o por quê do balbuciar Rosebud em “Cidadão Kane” (1941). Mas
afirmo uma coisa, o efeito que as imagens finais dos dois filmes causam é o mesmo:
uma angústia eterna e uma compreensão inexplicável.
TABELA TEMPORADA DE PREMIAÇÕES 2014
Confira a tabela da Temporada de Premiações 2014! Veja, também, quem foram os vencedores dos principais prêmios de sindicatos e associações. Os filmes coloridos e em negrito possuem indicações ao Oscar e seu número de vitórias está indicado na última coluna da tabela, mas isso não significa que o longa possui indicações nas categorias que venceu algum prêmio. Os filmes em preto sem ser em negrito não possuem indicação alguma no Oscar.Os filmes em preto sem ser em negrito não possuem indicação alguma no Oscar. Para visualizar melhor, basta abrir a imagem em outra janela/guia/aba. OBSERVAÇÕES:
os filmes coloridos e em negrito possuem indicações ao Oscar e seu número de
vitórias está indicado na última coluna da tabela, mas isso não significa que o
longa possui indicações nas categorias que venceu algum prêmio. Os filmes em
preto sem ser em negrito não possuem indicação alguma no Oscar.
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