Mesmo com todo o realismo, um dos filmes
mais motivadores do ano.
Nota: 9,7
Título Original: Inside Llewyn Davis
Direção e Roteiro: Joel e Ethan Coen
Elenco: Oscar Isaac, Carey Mulligan, John Goodman, Justin Timberlake,
Ethan Phillips, Robin Bartlett, Max Casella, Jerry Grayson, Jeanine Serralles,
Adam Driver, Stark Sands, Garrett Hedlund, Alex Kaspovsky, Helen Hng, Bradley
Mott
Produção: Etah, Coen, Joel Coen, Scott
Rudin
Ano: 2013
Duração: 104 min.
Gênero: Drama / Musical
Llewyn Davis é um homem na casa dos
trinta que tenta viver da música folk. Seus companheiros são sua mala que
carrega no ombro e onde guarda seus pertences e seu violão. Seu endereço é o
sofá da casa de seus amigos. Dentre eles, estão Mitch e Lilian Gorfein, grandes
admiradores da música, e Jean e Jim, um casal de músicos que está muito mais
desenvolvido que Llewyn. No passado, Davis tocava com seu falecido amigo Mike.
Com o suicídio do parceiro, Llewyn tenta levar a vida da forma que consegue.
Joel e Ethan Coen são dos dos irmãos
mais importantes do cinema moderno. Seus filmes sempre giram em torno de temas
muito diferentes e cada produção possui particularidades muito distintas. Só
para citar alguns títulos: “Fargo” (1996), “Matadores de Velhinha” (2004),
“Onde os Fracos não tem Vez” (2007), “Queime Depois de Ler” (2008) e “Bravura
Indômita” (2010). E o mais incrível é que, mesmo realizando produções tão
diferentes, os Coen sempre surpreendem e agradam de forma inacreditável. A
semelhança entre esses títulos, além dos diretores, é a forma como a vida
humana é mostrada. Os Coen não estão preocupados em trazer alguma ilusão à vida
dos protagonistas, tudo é sempre mostrado de forma muito crua, muito realista.
E não é apenas a vida do protagonista que é tratada dessa maneira, a vida de
todos os personagens é vista com algo comum. Aliás, o título em português diz
mais do que deveria: sem rodeios, esse filme é, sem dúvidas, a história (ou
balada) de um homem muito comum. Llewyn Davis não fez nada de sua vida pra que
ela se tornasse algo mais produtivo. Claro que é louvável ver o amor e a
seriedade com a qual ele trata a música, sempre deixando claro que cantar e
tocar é muito mais que apenas um diversão, é um modo de vida. Entretanto, esse
amor pela arte não é suficiente para fazer com que ele consiga bons contratos e
possa se sustentar com a música, ainda mais agora que Mike o deixou. E Jean é a
pessoa que mais lembra Llewyn a catástrofe que sua vida se transformou. Apesar
de não ser um grande exemplo – Jean está grávida, mas tem dúvidas se Jim é o
pai ou se Llewyn é o pai -, é ela quem diz algumas verdades para o protagonista
durante a trama. Outro casal interessante são os Gorfein, amantes da música que
toleram as más criações de Llewyn e tentam compreendê-lo em todos os momentos.
Apesar de tudo, Llewyn é insistente: chega a ir à Chicago em pleno inverno
estadunidense para tentar trabalhar em uma grande casa de shows. No caminho
para essa viagem, conhece o velho Roland Turner um homem rabugento que insiste
em humilhá-lo e ofendê-lo a respeito de sua profissão. E ali vemos o quanto
Llewyn se sujeita a todo tipo de coisa para poder seguir em frente para
conquistar seus sonhos.
O roteiro ambientado no início da década
de 1960 e escrito pelos irmãos Coen é algo fantástico, um real presente esse
ano. Não tê-lo indicado como melhor roteiro original no Oscar é uma lástima. E
esse presente se deve a originalidade com a qual eles criaram uma história
realmente comum. Enquanto assistimos a esse longa, é impossível não se
perguntar quantas pessoas como Llewyn Davis existem no mundo. Quantos músicos
determinados, apaixonados pela música que amam e respeitam o que fazem estão
passando fome, frio e outras necessidades? Quantos deles não possuem lugar para
morar? Quantos passam de casa em casa, de cidade em cidade em busca de alguém
que os valorize? E Davis não está nessa vida por ser um cantor ruim. Para o
folk, sua voz é boa, é simpática e gostosa de ouvir. As músicas escolhidas para
o personagem representar combinam com sua voz. Sem falar no violão que ele toca
muito bem. E até terminarmos de assistir ao filme, lembraremos que não são
apenas artistas que vivem essa vida, muitas pessoas com potencial tem seus
sonhos frustrados por serem vítimas de um sistema que privilegia alguns em
detrimento de outros seres humanos. Os diálogos criados pelos irmãos Coen são
magníficos, não há uma palavra dita que não seja necessária, até mesmo quando
os personagens estão errados em pronunciá-las. E Jean é a dona de alguns dos melhores
dizeres durante o longa, aliás, a personagem é ótima. Personagens da vida real,
acontecimentos históricos ainda são mecionados uma vez ou outra, apenas para
lembrar que o filme é uma criação, mas nem por isso uma ficção completa. O fato
de Llewyn se apegar aos gatos (primeiro o que foge da casa dos Gorfein e depois
um que encontra na rua) diz muito sobre o personagem: Llewyn é um homem
solitário, dono de sua vida. A direção dos irmãos também deve ser mencionada
como uma das melhores do ano, aliás, como aconteceu com os atores (principais e
coadjuvantes) muitos diretores fantásticos foram esnobados pelo Oscar por
estarmos vivendo um bom ano. Os irmãos Coen, Spike Jonze (“Ela”), Woody Allen
(“Blue Jasmine”), Paul Greengrass (“Capitão Phillips”) e Stephen Fears
(“Philomena”) poderiam formar mais uma categoria de direção facilmente.
Oscar Isaac esteve em alguns bons filmes
durante a década passada. Além de “Drive” (2011), poucas interpretações merecem
destaque. Seu Llewyn Davis, sem dúvida, é uma dessas interpretações. Se os
irmãos Coen são os responsáveis pela criação de um personagem tão humano,
interessante e curioso, Isaac é o responsável por tê-lo desenvolvido de forma
impecável. Davis sabe o quanto a vida é difícil, sabe que não será fácil chegar
onde deseja, e luta cada dia por seu “lugar ao sol”. E Isaac representa muito
bem esse artista. Talvez por entendê-lo um pouco. O próprio ator se formou em
2005 na Julliard School (uma das maiores escolas de dramaturgia do mundo), mas
foi apenas agora, com Llewyn, que começou a conseguir o reconhecimento que
merece. Os momentos de loucura e raiva do personagem também são representados
com muita força e inteligência por Isaac, que só não está indicado ao Oscar por
uma detalhe. Carey Mulligan, que foi a ex-esposa do personagem de Isaac em
“Drive”, está ao seu lado novamente. Mulligan traz uma Jean mal humorada, mas
que compreende as dificuldades da vida e tenta fazer o possível para se dar bem
em sua carreira. Apesar de aparecer em poucas cenas, Mulligan demostra um pouco
da mulher de classe média da América na década de 1960, e o faz com muita
competência. Justin Timberlake, que vive Jim, é simpático no papel, mas não
podemos deixar de encarar sua interpretação apenas como se ele estivesse
vivendo uma etapa da própria vida, afinal, o cantor aparece apenas em cenas em
que canta. John Goodman fecha o elenco com chave de ouro. Ele é o rabugento
Roland Turner, um homem gordo e debilitado com uma língua afiada e mal educada.
É impossível não odiar Turner, e se Goodman, com toda sua simpatia e graça, nos
faz odiar um personagem é por que está tudo muito perfeito.
Injustiça seja feita, “Inside Llewyn
Davis” é indicado ao Oscar apenas como melhor
fotografia e melhor mixagem de som,
prêmios que, provavelmente irão para “Gravidade”. Injustiça por que esse filme
merecia ser indicado a pelo menos mais meia dúzia de prêmios: filme, direção,
ator (Isaac), ator coadjuvante (Goodman), roteiro e direção de arte. E chega a
ser gratificante para a sétima arte ter tantos injustiçados nessa edição do
Oscar, afinal, isso significa que muitos filmes bons foram realizados esse
anos. E, com toda a certeza, os irmão Coen são responsáveis por um dos
melhores. Llewyn Davis expõe a vida real de um homem comum. Uma balada de um
homem comum: um homem que luta para realizar seus sonhos como qualquer outro.
Identificar-se com o personagem Llewyn Davis é uma certeza, finalizar esse
filme sem deixar sua mente repleta de reflexões, perguntas a, até mesmo, força
para seguir em frente, é impossível.
SINDICATO DOS MAQUIADORES E CABELEIREIROS:
Melhor
Estilo de Cabelo Contemporâneo:: O Mordomo da Casa Branca
Melhor
Estilo de Cabelo de Época: Trapaça
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Maquiagem Contemporânea: Os
Suspeitos
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Maquiagem de Época: Clube de
Compras Dallas
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Maquiagem de Efeito: Jackass
Apresenta: Vovô Sem Vergonha
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