sábado, 1 de março de 2014

016. (ESPECIAL OSCAR 2014) INSIDE LLEWYN DAVIS: BALADA DE UM HOMEM COMUM, de Joel e Ethan Coen

Mesmo com todo o realismo, um dos filmes mais motivadores do ano.
Nota: 9,7



Título Original: Inside Llewyn Davis
Direção e Roteiro: Joel e Ethan Coen
Elenco: Oscar Isaac, Carey Mulligan, John Goodman, Justin Timberlake, Ethan Phillips, Robin Bartlett, Max Casella, Jerry Grayson, Jeanine Serralles, Adam Driver, Stark Sands, Garrett Hedlund, Alex Kaspovsky, Helen Hng, Bradley Mott
Produção: Etah, Coen, Joel Coen, Scott Rudin
Ano: 2013
Duração: 104 min.
Gênero: Drama / Musical

Llewyn Davis é um homem na casa dos trinta que tenta viver da música folk. Seus companheiros são sua mala que carrega no ombro e onde guarda seus pertences e seu violão. Seu endereço é o sofá da casa de seus amigos. Dentre eles, estão Mitch e Lilian Gorfein, grandes admiradores da música, e Jean e Jim, um casal de músicos que está muito mais desenvolvido que Llewyn. No passado, Davis tocava com seu falecido amigo Mike. Com o suicídio do parceiro, Llewyn tenta levar a vida da forma que consegue.


Joel e Ethan Coen são dos dos irmãos mais importantes do cinema moderno. Seus filmes sempre giram em torno de temas muito diferentes e cada produção possui particularidades muito distintas. Só para citar alguns títulos: “Fargo” (1996), “Matadores de Velhinha” (2004), “Onde os Fracos não tem Vez” (2007), “Queime Depois de Ler” (2008) e “Bravura Indômita” (2010). E o mais incrível é que, mesmo realizando produções tão diferentes, os Coen sempre surpreendem e agradam de forma inacreditável. A semelhança entre esses títulos, além dos diretores, é a forma como a vida humana é mostrada. Os Coen não estão preocupados em trazer alguma ilusão à vida dos protagonistas, tudo é sempre mostrado de forma muito crua, muito realista. E não é apenas a vida do protagonista que é tratada dessa maneira, a vida de todos os personagens é vista com algo comum. Aliás, o título em português diz mais do que deveria: sem rodeios, esse filme é, sem dúvidas, a história (ou balada) de um homem muito comum. Llewyn Davis não fez nada de sua vida pra que ela se tornasse algo mais produtivo. Claro que é louvável ver o amor e a seriedade com a qual ele trata a música, sempre deixando claro que cantar e tocar é muito mais que apenas um diversão, é um modo de vida. Entretanto, esse amor pela arte não é suficiente para fazer com que ele consiga bons contratos e possa se sustentar com a música, ainda mais agora que Mike o deixou. E Jean é a pessoa que mais lembra Llewyn a catástrofe que sua vida se transformou. Apesar de não ser um grande exemplo – Jean está grávida, mas tem dúvidas se Jim é o pai ou se Llewyn é o pai -, é ela quem diz algumas verdades para o protagonista durante a trama. Outro casal interessante são os Gorfein, amantes da música que toleram as más criações de Llewyn e tentam compreendê-lo em todos os momentos. Apesar de tudo, Llewyn é insistente: chega a ir à Chicago em pleno inverno estadunidense para tentar trabalhar em uma grande casa de shows. No caminho para essa viagem, conhece o velho Roland Turner um homem rabugento que insiste em humilhá-lo e ofendê-lo a respeito de sua profissão. E ali vemos o quanto Llewyn se sujeita a todo tipo de coisa para poder seguir em frente para conquistar seus sonhos.


O roteiro ambientado no início da década de 1960 e escrito pelos irmãos Coen é algo fantástico, um real presente esse ano. Não tê-lo indicado como melhor roteiro original no Oscar é uma lástima. E esse presente se deve a originalidade com a qual eles criaram uma história realmente comum. Enquanto assistimos a esse longa, é impossível não se perguntar quantas pessoas como Llewyn Davis existem no mundo. Quantos músicos determinados, apaixonados pela música que amam e respeitam o que fazem estão passando fome, frio e outras necessidades? Quantos deles não possuem lugar para morar? Quantos passam de casa em casa, de cidade em cidade em busca de alguém que os valorize? E Davis não está nessa vida por ser um cantor ruim. Para o folk, sua voz é boa, é simpática e gostosa de ouvir. As músicas escolhidas para o personagem representar combinam com sua voz. Sem falar no violão que ele toca muito bem. E até terminarmos de assistir ao filme, lembraremos que não são apenas artistas que vivem essa vida, muitas pessoas com potencial tem seus sonhos frustrados por serem vítimas de um sistema que privilegia alguns em detrimento de outros seres humanos. Os diálogos criados pelos irmãos Coen são magníficos, não há uma palavra dita que não seja necessária, até mesmo quando os personagens estão errados em pronunciá-las. E Jean é a dona de alguns dos melhores dizeres durante o longa, aliás, a personagem é ótima. Personagens da vida real, acontecimentos históricos ainda são mecionados uma vez ou outra, apenas para lembrar que o filme é uma criação, mas nem por isso uma ficção completa. O fato de Llewyn se apegar aos gatos (primeiro o que foge da casa dos Gorfein e depois um que encontra na rua) diz muito sobre o personagem: Llewyn é um homem solitário, dono de sua vida. A direção dos irmãos também deve ser mencionada como uma das melhores do ano, aliás, como aconteceu com os atores (principais e coadjuvantes) muitos diretores fantásticos foram esnobados pelo Oscar por estarmos vivendo um bom ano. Os irmãos Coen, Spike Jonze (“Ela”), Woody Allen (“Blue Jasmine”), Paul Greengrass (“Capitão Phillips”) e Stephen Fears (“Philomena”) poderiam formar mais uma categoria de direção facilmente.


Oscar Isaac esteve em alguns bons filmes durante a década passada. Além de “Drive” (2011), poucas interpretações merecem destaque. Seu Llewyn Davis, sem dúvida, é uma dessas interpretações. Se os irmãos Coen são os responsáveis pela criação de um personagem tão humano, interessante e curioso, Isaac é o responsável por tê-lo desenvolvido de forma impecável. Davis sabe o quanto a vida é difícil, sabe que não será fácil chegar onde deseja, e luta cada dia por seu “lugar ao sol”. E Isaac representa muito bem esse artista. Talvez por entendê-lo um pouco. O próprio ator se formou em 2005 na Julliard School (uma das maiores escolas de dramaturgia do mundo), mas foi apenas agora, com Llewyn, que começou a conseguir o reconhecimento que merece. Os momentos de loucura e raiva do personagem também são representados com muita força e inteligência por Isaac, que só não está indicado ao Oscar por uma detalhe. Carey Mulligan, que foi a ex-esposa do personagem de Isaac em “Drive”, está ao seu lado novamente. Mulligan traz uma Jean mal humorada, mas que compreende as dificuldades da vida e tenta fazer o possível para se dar bem em sua carreira. Apesar de aparecer em poucas cenas, Mulligan demostra um pouco da mulher de classe média da América na década de 1960, e o faz com muita competência. Justin Timberlake, que vive Jim, é simpático no papel, mas não podemos deixar de encarar sua interpretação apenas como se ele estivesse vivendo uma etapa da própria vida, afinal, o cantor aparece apenas em cenas em que canta. John Goodman fecha o elenco com chave de ouro. Ele é o rabugento Roland Turner, um homem gordo e debilitado com uma língua afiada e mal educada. É impossível não odiar Turner, e se Goodman, com toda sua simpatia e graça, nos faz odiar um personagem é por que está tudo muito perfeito.



Injustiça seja feita, “Inside Llewyn Davis” é indicado ao Oscar apenas como melhor fotografia e melhor mixagem de som, prêmios que, provavelmente irão para “Gravidade”. Injustiça por que esse filme merecia ser indicado a pelo menos mais meia dúzia de prêmios: filme, direção, ator (Isaac), ator coadjuvante (Goodman), roteiro e direção de arte. E chega a ser gratificante para a sétima arte ter tantos injustiçados nessa edição do Oscar, afinal, isso significa que muitos filmes bons foram realizados esse anos. E, com toda a certeza, os irmão Coen são responsáveis por um dos melhores. Llewyn Davis expõe a vida real de um homem comum. Uma balada de um homem comum: um homem que luta para realizar seus sonhos como qualquer outro. Identificar-se com o personagem Llewyn Davis é uma certeza, finalizar esse filme sem deixar sua mente repleta de reflexões, perguntas a, até mesmo, força para seguir em frente, é impossível.




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