Distrai pela simpatia de Queen Latifah e pela originalidade
Nota: 6,0
Título Original: Beauty Shop
Direção: Bille Woodruff
Elenco: Queen Latifah, Alicia
Silverstone, Adie MacDowell, Alfre Woodard, Mena Suvari, Della Reese, Golden
Brooks, Bryce Wilson, Laura Hayes, Paige Hurd, Pouco JJ, LisaRaye, Keshia
Cavaleiro Pulliam, Sherri Shepherd, Kimora Lee Simmons, Kevin Bacon, Jim Holmes
Produção: aShakim Compere, David
Hoberman, Queen Latifah, Robert Teitel e George Tillman Jr.
Roteiro: Elizabeth Hunter, Kate Lanier e
Norman Vance Jr.
Ano: 2005
Duração: 105 min.
Gênero: Comédia
Gina Norris é uma mulher decidida e
batalhadora que trabalha como cabeleireira no salão de Jorge. O marido de Gina
morreu há um tempo e ela, a sogra, a cunhada e a filha vivem juntas. Apesar de
poder pagar um bom colégio para a filha e ter uma vida tranquila, Gina é
humilhada por Jorge o tempo todo. Certo dia, após um desentendimento, Gina pede
demissão do salão e vai constrir a prórpia vida. Nesse contexto, ela compra um
salão em um bairro simples, reforma-o e começa a trabalhar e ganhar seu próprio
dinheiro, dando uma reviravolta em sua vida e nas vidas de todos os que a
cercam.
Em filmes como esse, esperamos que
alguém chegue de forma muito chata e coloque toda a construção dos sonhos da
protagonista a perder. É claro que, em um dado momento, Jorge se revoltará com
o sucesso de sua ex empregada e irá aprontar alguma, mas isso demora tanto a
acontecer e é algo tão rápido e insignificante para o contexto em geral da
trama, que nem importa muito. O que quero dizer, é que, mesmo com a presença de
clichês, o longa não traz uma briga idiota entre dois donos de salões que farão
de tudo para acabar um com o negócio do outro. A reação de Jorge é apenas um
ataque histérico a que muitas pessoas do ramo estão expostos. Enfim, o longa
deixa o clichesismo de lado na maior parte do tempo e nos apresenta algo
interessante por termos uma negra crescendo de forma honesta nos EUA, sem
deixar o otimismo e a modéstia de lado. Bille Woodruff, também um negro,
dirigiu algumas personalidades do show buzz em alguns clipes, como: Britney
Spears, Toni Braxton, Céline Dion e R. Kelly; ainda liderou um dos primeiros
longas de Jessica Alba no cinema, “Honey – No Ritmos dos Seus Sonhos” (2003). O
filme, como um todo, é simples, afinal, se passa em locais simples com muita
gente descontraída em volta. A composição do salão de Jorge se contrapõe a toda
a descontração e nostalgia do salão de Gina e a simplicidade e simpatia da
protagonista dão um tom mais real ainda à trama. Além das musicais muito
características, é interessante ver algumas manias que podemos atribuir a
personagens características dos filmes: os negros. Entre eles, os personagens
não tem problema em usar alguns termos pejorativos e todos usam gírias que
poucas pessoas, a não ser eles, compreendem totalmente; uma das cabeleireiras
do salão de Gina, por exemplo, usa roupas com estampas de tigre para lembrar o
povo africano, uma radialista, por sua vez, fala abertamente sobre seu
relacionamento e usa palavras muito características; o sotaque de todos é outra
particularidade e a referência à Oprah Winfrey apenas deixa claro o orgulho de
ser negro em um país de brancos.
Já expressei o quanto gosto de Queen
Latifah, além de ser uma atriz de talento, a mulher é simpática, muito carismática
e nunca deixou suas origens de lado, mesmo tendo se tornando um dos maiores
ícones modernos dos EUA. Acho interessante como suas personagens possuem tantas
semelhanças e, mesmo assim, Latifah consegue diferenciar cada uma delas de
alguma forma única. Aqui, traz a maternidade a sua protagonista e o certo
anseio para que tudo o que ela está fazendo de certo e para que nada seja posto
a perder. Além de Latifah, o resto do elenco é pouco conhecido logo de cara,
com exceção de Alicia Silverstone, vinda diretamente de “As Patricinhas de
Beverly Hills” (1995) para interpretar Lynn, a única branca entre todas as
cabeleireiras do novo salão de Gina, mesmo não sendo negra, porém, Lynn deseja
se encaixar entre as novas colegas de trabalho e, de forma determinada e engraçada,
Silverstone vai adquirindo características e costumes dos negros do bairro.
Indicada ao Oscar por “Retratos de Uma Realidade” (1983) e vencedora de 1 Globo
de Ouro, 3 prêmios do Sindicato dos Atores e 4 Emmys Alfre Woodard é a ótima
Sra. Josephine, a mais velha das cabeleireiras, uma mulher supersticiosa e
muito engraçada. A naturalidade de Woodard e sua simplicidade são uma das
melhores coisas de todo o filme, pois acaba compondo uma personagem perfeita
para o contexto do longa. Para viver a filha de Gina, a pequena Paige Hurd
intepreta uma menina sonhadora que sente saudades do pai, mas insiste em ser
pianista para fazer jus a honra do homem que a trouxe ao mundo e sabe que a mãe
deve encontrar um companheiro legal e digno. Para completar o elenco feminino
estão Serri Shepherd e Seryl Underwood, ambas duas negras com muito fogo, uma é
cabeleireira no salão e outra é a tal radialista. Para compor o elenco
masculino temos outro destaque infantil: Pouco JJ, que faz um jovem um pouco
abusado que quer ser rapper e tem a mania de dar em cima de todas mas mulheres
do bairro; Bryce Wilson, o único cabeleireiro do local, James, um homem
sensível que todas pensam ser homossexual; e, por fim, Djimon Hounsou, que
interpreta o futuro companheiro de Gina, Joe – vale lembrar que o ator já
participou de mais de uma dezena de filmes e séries conhecidas no mundo todo.
“Um Salão do Barulho” pode parecer
apenas mais uma dessas comédias de Sessão da Tarde para assistirmos se não
tivermos mais nada o que fazer. O filme não é nenhuma obra prima, mas comédias
decentes e com roteiros bem estruturados como essa são tão raras no cinema, que
vale a pena assistir a esse longa. Além disso, as atuações são engraçadas e a
mensagem de persistência que ele passa deve ser vista como mais um trunfo para
deixar o filme bom. Para completar, não há nenhuma tentativa de elevar o negro
como superior ao branco, ou exigir que os negros sejam tratados de forma mais
digna. Aqui todos estão conformados com sua situações, apenas desejam seguir suas
vidas de forma agradável e divertida. Certamente, se Barack Obama tivesse sido
eleito presidente dos EUA antes desse filme ser realizado, seu nome seria
mencionado aqui, não como um exemplo de superação, e sim de forma engraçada,
lembrando que, assim como Oprah Winfrey, ninguém é melhor que ninguém e que não
há necessidade alguma de que negros sejam postos a frente de qualquer outro ser
humano.
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