Um dos filmes mais tocantes e
inspiradores da história do cinema. Verdadeiras lições de vida apresentadas
pelo melhor da Sétima Arte de animação.
Nota: DEZ
Título Original: The Lion King
Direção: Roger Allers e Rob Minkoff
Elenco: Jonathan Taylor Thomas, Matthew
Broderick, James Earl Jones, Jeremy Irons, Moira Kelly, Niketa Calame, Ernie
Sabella, Nathan Lane, Robert Guillaume, Rowan Atkinson, Madge Sinclair, Whoopi
Goldberg, Cheech Marins, Jim Cummins, Jason Weaver, Frank Welker, Cathy
Cavadini, Judi M. Durand, Daamen J. Krall, Zoe Leader, Dvid McCharen, Mary
Linda Phillips, Phil Proctor, David Randolph, Evan Saucedo e Brian Tochi
Produção: Alice Dewey, Don Hahn, Sarah
McArthur, Thomas Shumacher
Roteiro: Irene Mecchi, Jonathan Roberts,
Linda Woolverton, Branda Chapman, Burny Mattinson, Barny Johnson, Lorna Cook,
Thom Enriquez, Andy Gaskill, Gary Trousdale, Jim Capobianco, Kevin Harkey,
Jorgen Klubien, Chris Sanders, Tom Sito, Larry Lekerm Joe Ranft, Rick Maki, Ed
Gombert, Francis Glebas, Mark Kausler, J. T. Allen, George Scribner, Miguel
Tejda-Flores, Jenny Trip, Bob Tzudiker, Christopher Volger, Kirk Wise e Noni
White
Ano: 1994
Duração: 89 min.
Gênero: Animação / Drama / Musical /
Aventura
TRILLER DO FILME (EDIÇÃO DIAMANTE EM DVD):
O grande rei leão Mufasa e sua leoa,
Sarabi, recebem a graça divina de ter um filho macho. Herdeiro de uma vasta
região da savana africana, Simba cresce sabendo que seu destino é se tornar o
próximo rei de centenas de animais que nele depositarão sua confiança e sua adoração,
bem como já fazem com seu pai. De forma trágica, porém, Mufasa morre. Seu irmão,
o leão Scar, verdadeiro culpado pela morte, convence Simba que a tragédia foi
ocasionada pela imprudência do pequeno, assim, ele se exila. Scar, nesse
contexto, convence a todos que Simba morreu e conquista seu sonho: assume o
trono do irmão. Simba cresce longe da família e de todos os animais que o viram
nascer, mas o pequeno filhote se tornará um grande leão, que sabe muito bem de
suas obrigações.
No horizonte um sol alaranjado nasce e
chama a atenção de centenas de animais na savana africana. Juntos, todos rumam
para uma mesma direção enquanto ouvimos, ao fundo, Carmem Twillie entoar uma
das canções mais incríveis da história do cinema: “The Circle of Life”. O
destino desses animais é a grande pedra onde Mufasa, o rei leão, espera pelo
babuíno Rafiki, que “abençoará” seu filho com Sarabi, o pequeno Simba. Sobre a
pedra, Rafiki quebra uma fruta, espalha areia na cabeça do pequeno príncipe,
retira o jovem do colo da mãe e, finalmente, apresenta o futuro rei a todos os
animais, que comemoram o nascimento daquele bichinho que olha para baixo sem
nada entender, fitando os animais que se “ajoelham” para ele. As nuvens lá no
céu dão lugar a um fio de luz que ilumina a grande pedra e vemos tudo por um
ângulo panorâmico inspirador. Eis a primeira e eterna cena de “O Rei Leão”.
Este filme, como a maioria dos longas da
Disney, possui mais mensagens direcionadas a adultos a mensagem infantis. Mas
grande parte das delas pode ser absorvida por todas as idades, cada uma a sua
forma. Simba, por exemplo, admira o pai mais que qualquer outro animal e
Mufasa, por sua vez, ensina o filho sobre seu futuro como rei e leão. Ensina,
por exemplo, ao pequeno, a arte da caça, usando Zazu (uma pequena ave que
acompanha Mufasa) como “presa” em uma cena cheia de canções, amenizando o
ritual felino de caça e de ensino para conseguir comida. Além disso, Mufasa é
um pai protetor e preocupado com o futuro do filho. Quando Simba o desobedece,
Mufasa senta ao seu lado e conversa com o garoto, provando que conversar é
sempre a melhor solução. Após a conversa, pai e filho fazem as pazes pulando um
sobre o outro e jurando sua amizade eterna. Simba se mostra um jovem inocente
(o que o aproxima das crianças), querendo ser amigo de Scar e confiando no tio
que deseja vê-lo morto. O tio, como um bom vilão (da ficção e da vida real),
provoca Simba a ir à zona proibida, o que serve como alerta para as crianças
cuidarem em quem confiam, ainda mais por verem a forma inteligente como as
sombras o acompanham, denotando sua maldade e sua fúria. Ainda no contexto das
mensagens inteligente propostas pelo longa, temos um Simba louco para se tornar
rei. Como qualquer criança e adolescente, deseja se tornar um adulto o mais rápido
possível. O que Simba não sabe é que poder e liberdade conferidas pela
maturidade veem acompanhados pelas responsabilidades que Zazu tenta mostrar,
insistentemente, que foram conferidas a Mufasa há anos, quando ele se tornou o
soberano dos animais. Dessa forma, Zazu é aquele espírito inteligente e sensato
pousado sobre o ombro direito de Simba. Aos poucos os instintos de caça e
cópula felinos surgem na cabeça de Simba e temos mais momentos compreensíveis
para adultos: cenas que denotam certo desejo sexual entre ele e Nala (filha de
outra leoa) são vistas, ele se mostra pronto para lutar contra hienas para proteger
sua amiga.
Com o desenrolar da trama, chegamos a
uma das cenas mais expressivas e inesquecíveis da década de 90. Em uma
sequência cheia de suspense e até um pouco aterrorizante, Mufasa salva Simba de
uma debandada provocada por Scar, quando Mufasa tenta se salvar, o próprio
irmão o empurra para a morte. Simba vê o pai ser pisoteado pelos animais e
tenta, inutilmente, acordar o pai. A trilha sonora de Hans Zimmer, a inocência
de Simba, o fratricídio provocado por Scar e o pensamento sobre o futuro de
Simba tornam a cena uma das mais tocantes do cinema. Na sequência, Scar
convence Simba de que a morte do pai foi sua culpa e o jovem príncipe foge.
Scar diz a todos que ambos morreram e assume o trono. Isolado de todos, Simba
crescerá com a companhia de Timão e Pumba (os quais ele conhece assim que foge
da culpa pela morte do pai), aprendendo a importância e o significado da
amizade, do amor e de como a vida deve ser vivida intensamente. Enquanto isso,
o péssimo “reinado” de Scar, deixa o reino cada vez mais destruído, sem comida
ou água. Ao mesmo tempo em que Rafiki descobre que Simba esta vivo, o príncipe
e Nala se reencontram de forma inusitada, mas é Rafiki, através da memória de
Mufasa, quem o convence a voltar. A partir daí, começam as cenas em que Simba
voltará ao seu lugar de origem, provando que não há lugar como nosso lar. Em um
momento pra lá de poético, Simba volta ao reino de seu pai: o local, outrora
verde e cheio de vida, está devastado e cheio de morte. Logo depois, Scar
revela que foi ele quem matou seu pai. Em um final épico, Simba, finalmente,
rugi de forma madura e é acompanhado pelas leoas ao seu redor. Em sequência, o
reino volta a ser vivo e os animais se postam sobre a Pedra do Rei para reverenciar
o filho de Simba e Nala. O filme termina como começou, provando que a vida nada
mais é que um círculo alimentado pelo amor e esperança.
A produção de “O Rei Leão” foi uma das
maiores de sua época. Em 1991, a Disney havia lançado “A Bela e a Fera”, filme
que conquistou o mundo de forma arrebatadora, no ano seguinte, a produtora
tentou lançar “Aladdin” como a grande versão masculina de seus clássicos filmes
de princesas, afinal, era um dos primeiros que tinha o homem como título do
longa (mais tarde, naquela mesma década, viriam Hércules e Tarzan, antes, a
Disney já havia realizado essa tentativa com Peter Pan e Mogli). Quando “O Rei
Leão” chegou, portanto, esperava-se muito desse novo príncipe. E a expectativa
foi atendida, ou, na melhor nas hipóteses, excedida: Simba se tornou o maior
príncipe criado pela produtora. “O Rei Leão” se tornou o filme da Disney para
meninos. Com quase três dezenas de roteiristas, o filme teve apenas dois
diretores, 25 dubladores, quatro produtores (incluindo os executivos) e dos
compositores, em compensação, teve dezenas e mais dezenas de responsáveis pelos
departamentos de som e animação. Rogers Allers e Rob Minkoff, que ainda não
haviam realizado nenhum grande trabalho na direção de filmes, foram os líderes
dessa produção. A edição foi assinada por Ivan Bilancio, a produção de design,
pelo triplamente indicado ao Oscar, Chris Sanders e a arte de direção, por Andy
Gaskill, que também assinou a direção de arte de “Hércules” (1997).
O longa é uma mistura de animação e
musical e, para compor as canções, foram chamados Hans Zimmer (vencedor do
Oscar por seu trabalho) e Elton John. Zimmer assinou as músicas instrumentais,
enquanto a John, coube as canções eternas entoadas pelos personagens. A
primeira cena do filme é acompanhada por “The Circle of Life” (indicada ao
Oscar). Zazu tem sua vez quando canta sobre as notícias do reino enquanto
Mufasa e Simba treinam a prática da caça. Simba expressa sua vontade de se
tornar rei com a canção “I Just Can’t Wait to be King”, onde é acompanhado por
dezenas de animais que agem como se fossem grandes coristas circenses. Scar
expressa sua raiva e sede pelo poder em uma canção que ofende as hienas e
esclarece que o que espera do futuro são as mortes de Mufasa e Simba, as quais
já está tramando (na sequência, Scar envergonha o sobrinho e leva Mufasa para a
morte). Após se isolar, Simba encontra Timão e Pumba e os amigos entoam uma das
canções mais poderosas e queridas da década de 90, “Hakuna Matata” (indicada ao
Oscar) é uma música simpática que lembra a importância do não preconceito e de
como deve-se levar a vida ao estilo carpe
dien. Ao pé da letra, hakuna matata
significa ok, tudo bem. O reencontro de Simba e Nala após anos separados é
embalado pela canção de Elton John, “Can You Feel the Love Tonight” (vencedora
do Oscar).
Entre 1599 e 1601, últimos anos da Era
Elizabetana na Inglaterra, o romancista William Shakespeare escreveu uma de
suas obras primas. “Hamlet” contava a história de um jovem príncipe que recebe
a visita do pai morto revelando que seu tio o assassinou para se casar com sua
esposa e tomar seu trono. Depois da descoberta, Hamlet, o protagonista, começa
a planejar a deposição do tio para que ele possa recuperar o que é seu por
direito. Qualquer semelhança com “O Rei Leão” é mera coincidência? Não podemos
dizer com certeza, mas o fato é que as histórias possuem muitos pontos em comum
e outros completamente diferentes. O fato concreto é que “O Rei Leão” se
eternizou durante sua história: foi quase um bilhão de dólares em bilheterias, recebeu
uma versão em 3D em 2011, venceu 2 Oscars (vale lembrar que a categoria de
melhor animação foi inserida apenas em 2002) e ainda foi vencedor em 25
categorias de prêmios como o Globo de Ouro, Prêmios Annie (Oscar da animação),
Grammy e inúmeros prêmios de críticos, Timão e Pumba ficaram tão populares que
ganharam uma série de televisão animada só deles, o filme, por fim, conquistou
e conquista fãs de todas as idade e sexo a cada ano que se consolida como uma
dos maiores e mais rentáveis filmes da Disney. Ademais, se “O Rei Leão”
realmente foi baseado na obra shakespeariana, tanto as crianças (e por que não,
jovens, adultos e idosos?) do todo mundo, quanto a Disney podem agradecer pela
colaboração do escritor inglês para que a criação da melhor animação da
história do cinema fosse tão bela e inspiradora.
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