David O. Selznick, Victor Fleming,
Sidney Howard, Max Steiner, William Cameron Menzies, Ernest Haller, Hal C.
Kern, Vivien Leigh, Clark Gable e um elenco assombroso trazem um dos maiores e
mais inesquecíveis clássicos do cinema. Somente vendo para compreender sua
grandiosidade.
Nota: 9,8
Título Original: Gone With the Wind
Direção: Victor Fleming. Não creditados:
George Cukor e Sam Wood
Elenco: Vivian Leigh, Clark Gable,
Leslie Howard, Ollivia de Havilland, Hattie McDaniel, Butterfly McQueen, Evelyn
Keyes, Ann Rutherford, Barbara O’Neill, Oscar Polk, Everett Brown, Rand Brooks,
Harry Davenport, Leona Roberts, Jane Darwell, Ona Munson, Isabel Jewell, Jackie
Maron, Mickey Kuhn, Cammie King Conlon
Produção: David O. Selznick
Roteiro: Sidney Howard e Margaret
Mitchell (romance). Não creditados: Oliver H. P. Garrett, Bem Hecht, Jo
Swerling e John Van Druten
Ano: 1939
Duração: 238 min.
Gênero: Drama
CONFIRA O TRAILER DO FILME:
Scarlett O’Hara vive em Tara, uma
fazenda localizada no estado da Georgia, ao sul dos Estados Unidos. É uma moça
bela, rica, esperta, orgulhosa, prepotente e desafiadora. Quando descobre que o
homem que “ama” e com quem pretendia se casar, Ashley, está noivo de outra
jovem, Malanie, Scarlett se casa com o irmão de Melanie. Entretanto, a Guerra da
Secessão leva seu marido embora e Scarlett acaba por se tornar uma viúva que
passa a viver em Atlanta, ao lado de Melanie, que espera ansiosa a volta de
Ashley da Guerra. Em meio a isso tudo, Scarlett se reencontra com Rhett Butler,
um homem mais velho e de péssima reputação que, certa vez, presenciou uma cena
humilhante em que a bela se declarou para Ashley, que a ignorou e confirmou sua
paixão por Melanie. Devido a Guerra, Scarlett resolve deixar Atlanta, como
todos os habitantes da cidade, e voltar à Tara. Todavia, verá que sua terra não
é mais a mesma, que sua família não é mais a mesma, que ela não é mais a mesma
e que, provavelmente, o único homem com o qual poderá contar é Rhett Butler.
No primeiro semestre de 1936, David O.
Selznick começou a idealizar a criação de “... E O Vento Levou”. No final de
julho daquele mesmo ano, o produtor, após travar uma luta com outros dois
estúdios, convenceu Margaret Mitchell, autora do livro homônimo, a vender os
direitos de sua obra. Outras grandes produtoras, como a Universal e a Warner
Bros. já haviam se recusado a investir no livro. O filme, entretanto, custaria
uma fortuna (a quantia era o que o conselho da Selznick International Pictures
pretendia gastar com todos os filmes de um ano). Para dirigir o longa, Selznick
estava convencido de que o único capacitado era George Cukor, e, para
roteirizar o longa, foi escolhido Sidney Howard, que enviou o primeiro roteiro
em agosto de 1937 (repleto de falhas, foi revisado, refeito e, finamente,
usado). Além deles, para trazer toda a realidade estética que o livro denotava,
foi escolhido William Cameron Menzies como diretor técnico de produção. Para o
protagonista, Rhett, Selznick teve Clark Gable em mente desde o início. Após
alguns nãos e tentativas frustradas de encontrar outro ator, Gable finalmente
foi convencido e cedido pela MGM para viver o personagem (o sogro de Selznick
era um dos sócios do estúdio). Definiu-se, portanto, que as filmagens
começariam em janeiro de 1939. Havia um porém apenas: quem seria Scalatte?
Durante o ano de 1938, centenas de atrizes foram entrevistas e 400 chegaram a
fazer testes de câmera com Cukor. Dentre tantas estrelas famosas, Paulette
Goddard, namorada de Charles Chaplin, e Joan Bennett se tornaram as favoritas.
Enquanto o estúdio se decidia entre a protagonista, ainda foi escalado Leslie
Howard, que aceitou viver Ashley apenas para produzir “Intermezzo, uma História
de Amor” (1939). Após recusar Goddard (ela e Chaplin não haviam oficializado a
relação, o que poderia gerar um escândalo), a desconhecida Vivien Leigh foi
escolhida.
Mas a escolha dos atores não seria o
único problema que a produção enfrentaria dali para frente. Cukor não se
acertou com Gable e Leigh detestava o mau hálito do companheiro de cena. E
mais: após filmagens e mais filmagens, parecia que nada saia do lugar. Na
metade de fevereiro de 1939, George Cukor deixou a produção. Selznick, assim,
chamou Victor Flemming, que ainda estava enroscado com “O Mágico de Oz” (1939).
Quando o diretor leu o roteiro se escandalizou, chamando-o de “uma porcaria”.
Bem Hecht, então, foi chamado para a revisão. Alicerçado pelo roteiro de
Howard, Hecht refez o que podia durante dias e noites a fio e apresentou sua
obra prima. Em março, finalmente, “...E O Vento Levou” voltou a ser rodado. Mas
os problemas não acabaram por aí, eles apenas aumentavam e aumentavam. Selzinck
trabalhava dia e noite e ainda tinha mais dois projetos (“Intermezzo” e
“Rebecca, a Mulher Inesquecível”, primeiro filme de Alfred Hitchcock em
Hollywood), Vivien Leigh e Clark Gable tinham constantes ataques de fúria,
Sidney Howard teve de ser chamado novamente para ajudar com o roteiro e Victor
Fleming abandonou o projeto durante duas semanas. Quando voltou, haviam cinco
equipes ajudando nas filmagens para que o longa fosse entregue no prazo. A
última cena foi rodada no final de junho daquele ano. Mas a obra ainda não
estava pronta: a trilha sonora de Max Steiner (uma das melhores, mais
expressivas, cativantes e grudentas trilhas de todos os tempos – o Tema de Tara
arrepia cada vez que é escutado) estava atrasada, o material deveria ser
editado, havia mais tempo de filme do que o planejado e a tensão entre todos os
envolvidos continuava crescendo. Finalmente, em 15 de dezembro de 1939, em
Atlanta, Georgia, “...E O Vento Levou” teve sua história estreia, com três dias
de festa e com direito a um baile para 3 mil convidados. Estava consagrada a
lenda.
Sem dúvida alguma, “...E O Vento Levou”,
além de ser a maior bilheteria da história do cinema (se atualizarmos os
valores), é um dos filmes de maior impacto já feitos pela Sétima Arte. Mas não
é apenas esse fato que o torna um dos maiores clássicos da história do cinema,
se não o maior. Desde o início do longa, com as grandes letras do título, até a
dramatização acerca do desfecho, o filme possui inúmeros momentos memoráveis. O
primeiro a ser filmado, por exemplo, foi o incêndio (exagerado) da munição dos
sulistas para que os nortistas não tirassem proveito de suas armas. Toda aquela
grandiosidade foi acompanhada por bombeiros e assistentes prontos para qualquer
imprevisto, cenários de grandes filmes do cinema foram queimados para conferir
realidade à cena e até o cavalo teve que ser maquiado por estar gordo demais.
Isso tudo, sem falar na fotografia histórica da cena e que acompanhou o resto
da produção: de forma maravilhosa, sobrepunha-se o fogo alaranjado ao fundo,
com as figuras escuras que deveriam ser os personagens.
E esse recurso seria utilizado outras
inúmeras vezes antes e depois daquela cena. O uso das sombras para expressar o
interior dos personagens e a assombração gerada por uma guerra são usadas para
substituir os corpos de Scarlett e Melanie enquanto ambas estão cuidando dos
feridos em Atlanta. Por um momento, a sombra de Melanie nos faz lembrar Virgem
Maria, o que denota toda a pureza, simplicidade, honestidade e bom caráter de
Melanie, palavras que, facilmente, poderiam definir com exatidão o perfil da
personagem. Mais tarde, faz-se um contraste entre as sombras e o sol avermelhado,
tanto na clássica cena em Tara onde Scarlett jura amor por sua terra, quanto em
Atlanta enquanto Scarlett e a escrava fazem o parto de Melanie, ou na imagem do
cavalo puxando a carroça que leva Scarlett, Melanie, o bebe e a escrava para
Tara. Quando Rhett abandona Scarlett, Malanie, o bebe e a escrava no meio de
uma estrada, o fundo alaranjado se contrapondo com a imagem dos personagens
(não apenas sua silhueta ou sombra) ele se alia às expressões, à sujeira, às
roupas rasgadas e até mesmo ao suor evidente, trazendo mais drama a uma cena que
poderia ser repleta de defeitos, mas que se torna perfeita. Outra cena
inovadora e inesquecível é quando Scarlette obrigada a ficar em Atlanta para
cuidar de Melanie, que está grávida, precisa chamar o médico e, para tanto,
precisa ir até à estação onde centenas de feridos estão entre a vida e a morte.
Nunca uma cena panorâmica havia sido filmada como aquela.
A grandiosidade das residências dos
personagens (Tara, Twelve Oaks, a mansão de Scarlett e Rhett) foram componentes
que influenciaram outros autores a criarem ambientes semelhantes. O mais
conhecido, provavelmente, seja o que Orson Welles realizou em seu clássico
supremo, “Cidadão Kane” (1941). Xanadu, a residência do protagonista, possui
tanta beleza estética quando qualquer uma das casas da Gerogia. As escadarias,
lareiras ornamentais, o pé direito excessivamente alto e as grandes e pesadas
portas de madeira são vistas novamente no longa de Welles. Aliás, podemos fazer
referências ao que se diz respeito, inclusive, a como os personagens e os
espaços em que vivem são influenciados uns pelos outros nos dois filmes. Quando
Scarlett volta à Tara, por exemplo, passa por Twelve Oaks e vê as escadarias
onde, outrora, almejou casar-se com Ashley. Agora, tudo em volta está destruído,
apenas restam as escadas. E, assim, acontece com a protagonista: tudo a sua
volta está destruído, ela está cansada, suja, com as roupas esfarrapadas. Kane, do filme de Welles, também está passando
por um momento terrível quando o vemos pela primeira vez no longa (está em seu
leito de morte). Entretanto, uma coisa ainda vive para esses dois personagens:
seu orgulho, sua vaidade, sua arrogância e sua prepotência.
Quando Margaret Mitchell escreveu “... E
O Vento Levou”, criou uma história para ser amada pelo povo americano. Assim, a
protagonista representa todos e nenhum dos americanos. Scarlett, como os EUA,
país que viria a se tornar a maior potência do mundo anos depois do lançamento
do filme, possui momentos de glória e paz interior, amadurece durante uma
etapa, sofre com guerras e disputas, vê sua vida desabar ao seu redor, tem que
trabalhar de forma dura para ganhar dinheiro e sustentar sua família, faz
coisas nada dignas para que não tenha de voltar à estaca zero (como casar com o
noivo da irmã para pagar as dívidas de Tara), cai e volta a se reerguer, dá a
volta por cima como poucas pessoas conseguiriam fazer e, em um desfecho
magnífico, prova que, depois de perder tudo o que perdeu (isso depois de
conquistar tudo o que uma mulher poderia sonhar), não desistirá de seguir em
frente, voltará às suas origens e buscará pela felicidade. Mitchell, assim
sendo, materializou a força e determinação americana em uma personagem
histórica. Adaptar a vida de Scarlett, portanto, não era um trabalho fácil
(como foi provado pelo número de vezes que o roteiro teve de ser revisado), mas,
no final das contas, o grupo de pessoas que se envolveu para finalizar o
roteiro, acertou de forma inacreditável.
As transformações na vida de Scarllatt
acontecem com as transformações da sociedade em que ela vive. Tudo é lindo,
verde e belo enquanto é uma menina mimada morando em Tara, o local mais
pacifico e próspero que podemos imaginar. Depois, casa-se e perde o marido, que
estava na Guerra. Assim como a guerra tornou os EUA um local agressivo com
batalhas em todos os lugares do leste do país, a vida de Scarlett passa a ser
uma batalha travada por sua consciência e seu coração, enquanto isso, ela fica
dividida entre ser uma mulher responsável e digna, que ajuda a os moribundos
que vem da guerra, ou em voltar a ter uma vida tranquila. Chegando em Tara, Scarlett
encontra com a destruição que assolou toda a região. Destruído está, também, o
interior de cada membro da família da protagonista: sua mãe morreu, os
empregados se foram, o pai está louco, a comida e o dinheiro foi roubado, as
irmãs recuperam-se das doenças. Quando a guerra chega a seu fim, Scarlett
começa a se tornar uma verdadeira mulher madura, que trabalha em Tara plantando
algodão para poder sobreviver. Assim como Tara, o sul do país está mudado: a
população daquela região volta faminta e destruída, enquanto os nortistas
começam a adentrar o sul lentamente.
Ao longo do desenvolver da trama, vemos
a cultura do sul dos Estados Unidos expressa pelos escravos e pelos patrões: de
um lado, os negros, que possuíam crenças baseadas naquilo que seus antepassados
(africanos) trouxeram de sua terra natal, crenças que geraram costumes e modos
de viver. Vale lembrar, inclusive, que não vemos soldados rebeldes ou coisas do
tipo, apesar de o norte lutar por sua liberdade, eles não expressam sua
opinião. Do outro lado, a crença dos brancos, dos americanos que vieram da
Europa, de onde trouxeram o cristianismo e, sobretudo, o catolicismo, o ideal
religioso que reinava perante qualquer outro ideal. Através dessa religião, foi
que os moldes da época foram moldados: a submissão feminina, as tradições nas
grandes fazendas sulistas, as grandes festas que duravam um dia inteiro, a
escravidão dos negros.
Entretanto, assim como a Primeira e a
Segunda Guerras Mundiais fizeram em uma escala global, a Guerra da Sucessão fez
naquele país: dividiu boa parte de sua história. Assim sendo, os costumes e
crenças começaram a mudar. Os escravos, nesse contexto, seriam libertos das
grandes fazendas e começariam a se enquadrar na sociedade americana. Alguns se
dirigiriam para o norte e outros permaneceriam no sul. A relação entre negros e
brancos, no entanto, permaneceria como sendo uma relação difícil, pois os
brancos guardariam resentimentos por terem sofrido tanto com uma guerra que
parecia apenas querer a liberdade dos negros. Os negros, então teriam sua liberdade
conquistada em todos os estados norte-americanos, os brancos sulistas, por
outro lado, passariam por um momento muito complicado: os grandes senhores de
terras não tinha máquinas, não tinhas estrutura (casas, celeiros, depósitos e
plantações haviam sido destruídas com a guerra), não tinham escravos e não
tinham renda suficiente para pagar os impostos.
Outro ponto forte da trama, são as
controversas geradas por Scarlett e Rhett. Enquanto a protagonista se diz apaixonada,
durante todo o longa, por Ashley, Rhett acaba se rendendo a beleza de Scarlett
e confessa seu amor por ela. Após os dois primeiros casamentos, Scarlett,
finalmente, se renderá a Rhett e eles se casarão. O problema é que se as
pesquisas já provaram que opostos (humanos) não se atraem, Rhett e Scarlett
provam que iguais também podem se repelir dependendo dos perfis observados. Em
comum, Scarlett e Rhett são orgulhosos, donos da verdade, ambiciosos e cabeças
duras. A diferença é que Rhett está disposto a mudar para encarar o casamento
com a mulher que ama. Nesse contexto, podemos até entrar no papel do homem e da
mulher naquela época: Rhett é um homem mais flexível e grande piadista,
justamente por ser um homem ele pode ver o lado espirituoso de tudo com mais
facilidade e sem preconceitos. Já Scarlett se esconde sobre uma máscara de
mulher fútil e forte que não se importa com nada, apenas com ela mesma. Scarlett
é, apenas, o que muitas mulheres passariam a ser no futuro: donas de seu
próprio nariz que só pensam em elas mesmas (não por que querem, mas por que o
sistema as força a serem assim). Claro que existem momentos de belos e de
declarações de amor e Scarlett até irá assumir sua paixão por Rhett, mas, no
fundo, Scalatte e Rhett são parecidos demais para estarem juntos em uma mesma
casa, e nem uma mansão é capaz de aguentar tanto orgulho, tanta prepotência,
tanta vaidade, tanta ambição, tanta falsidade. O exterior visto na telona,
definitivamente, não define o interior dos personagens, isso, só pode ser
apresentado pelas magníficas interpretações dos atores escolhidos a dedo.
Vivian Leigh, como apontei, foi escolhida
entre centenas e mais centenas de mulheres loucas para viverem Sarlatte O’Hara.
Sua personagem é, hoje, um dos maiores símbolos dos anos de ouro de Hollywood,
e, por que não dizer um dos maiores ícones da história do cinema. E nem mesmo
as origens da atriz (ela era inglesa) fizeram o povo criticar sua Scarlett.
Leigh se eternizou por um feito pouco realizado nos dias de hoje: foi amada e
odiada em um mesmo papel, mas, a cima de tudo, a Scarlett O’Hara da atriz
vencedora do Oscar pelo papel foi compreendida, afinal, nenhuma mulher passa
pelo que ela passou sem perder um pouco a dignidade. Nenhum país passa pelo que
os EUA passaram sem perder um pouco a dignidade. Essa Scarlett é absurdamente
deprimente, mas é digna de respeito por sua coragem em enfrentar os padrões da
época. É uma mulher empreendedora perigosa e, ao mesmo tempo, é sexy e cheia de
estilo. Scarlett, por fim, é uma verdadeira diva de cinema. Pena que nasceu um
pouco adiantada. Outros atores até foram muito cotados para viver Rhett, por
Clark Gable estava inclinado a declinar o convite se Selznick, mas não há como
imaginarmos um ator melhor para viver a lenda que Rhett Butler se tornou. Nem
mesmo se procurarmos em cada lista dos melhores atores da história do cinema.
Gable traz um personagem cínico e extrovertido, um homem sedutor, um perfeito
cafajeste e o melhor exemplo dentre os verdadeiros gentlemans. Suas feições
tornam o personagem ora um bom homem, ora um homem agressivo, ora um bom
marido, ora um marido raivoso. A forma como o ator transforma seu personagem durante
os vários momentos do longa (quando se declara a Scarlett, quando está passando
a lua de mel com a esposa, quando a filha do casal protagonista nasce, quando
cansa de ser ignorado pela mulher que ama, quando decide se juntar aos soldados
americanos) é de uma beleza indescritível. Somente essa verdadeira lenda do
cinema para dar conta do recado
Leslie Howard e Olivia de Havilland (que
está prestes a completar 100 anos em 2016), o casal Ashley e Melanie Wilkes,
são simples e sabem que as verdadeiras estrelas do longa devem ser Leigh e
Gable, mas não é por isso que deixam de apresentar grandes interpretações.
Enquanto Howard é o perfeito homem que perdeu tudo e sofreu justamente por
conta da guerra, de Havilland é a mulher de um homem que luta na guerra. Ambos
são boas pessoas. Ambos são pessoas completamente diferentes de Scarlett e
Rhett. Dentre os coadjuvante, não podemos, jamais de deixar de nos lembrarmos
de duas personalidades negras da época: Butterfly McQueen, como a servente
Prissy, e Hattie McDaniel, como a servente Mammy. Enquanto McQueen ganha
destaque por interpretar uma escrava atrapalhada e que, evidentemente, possui
muitos traumas que devem vir de sua infância, McDaniel sempre será lembrada
como a eterna personificação da empregada doméstica. A “tia Anastácia”
americana é representada como uma escrava preocupada com as filhas de seu
patrão, pondo-se, até mesmo, no lugar da mãe das meninas, o que lhe concedeu o
apelido: mammy. McDaniel foi a primeira atriz negra a vencer um Oscar (esse, de
melhor atriz coadjuvante). Aquela grande atriz que não compareceu à grande
estreia do próprio filme na Georgia (ainda existiam proibições aos negros), mas
pode subir ao palco e agarrar aquele homenzinho dourado ser julgada ou
apontada. Mas uma inovação inquestionável dessa produção incrível.
Este ano, mais precisamente em dezembro,
“... E O Vento Levou” completará seus 75 anos desde sua estreia em Atlanta. 75
anos em que esteve na memória de cada homem e mulher que o assistiu, não apenas
por ser um filme longo demais ou por ter uma protagonista que faz de uma
cortina seu novo vestido, mas por que é um filme que marca por dezenas de
coisas. Não há como deixar a história de lado depois de assistir ao filme,
assim como não podemos deixar de fazer algumas conclusões: Scarlett, por
exemplo, jamais passará fome (em qualquer sentido imaginável), Rhett, lá no
fundo, nunca deu a mínima para nada, Mammy será sempre o estereótipo da escrava
serviçal que obedece a patroa em qualquer situação, Melanie (e de Havilland)
sempre será o perfeito retrato de uma mulher boa e digna. E Tara... Tara sempre
será a preciosa terra onde Scarlett nasceu. Tara será, eternamente, o berço de
muitas gerações de estadunidenses. Homens e mulheres que nasceram para amar seu
país. Em uma representação inigualável, “... E O Vento Levou” é o retrato de
qualquer homem ou mulher, o retrato de qualquer país no mundo, onde pessoas
sorriem, choram, casam-se e divorciam-se, onde se acorda dia após dia para se
enfrentar a vida como ela é, cheia de altos e baixos.
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