terça-feira, 24 de junho de 2014

006. VIAGEM À LUA, de George Mélièsc

Uma das maiores representações da Sétima Arte, “Viagem à Lua” é a prova de paixão e dedicação de George Méliès pelo cinema.
Nota: DEZ



Título Original: Le Voyage dans La Lune
Direção e Produção: George Méliès
Elenco: George Méliès, Jules-Eugène Legris, Victor André, Bleuette Bernon, Brunnet, Jean d’Alcy, Henri Delannoy, Depierre Farjaut e Kelm
Roteiro: Geroge Méliès, Jules Verne (romance) e H. G. Welles (romance)
Ano: 1902
Duração: 15 min.
Gênero: Curta Metragem / Fantasia / Aventura

CONFIRA O FILME NA ÍNTEGRA:


Um homem revela a um grupo de astronautas suas ideias para que o ser humano possa viajar a lua. Inicialmente, o grupo se mostra surpreso e parece desacreditado na possibilidade de tudo aquilo ser executado, mas, aos poucos, acostumam-se com a ideia e começam a pensar da mesma forma que idealizador da proposta. Pouco tempo depois, todos juntos, constroem a nave espacial que servirá de meio de locomoção nessa aventura. Em uma espécie de cerimônia, seis cientistas entram na nave, sem roupas especiais ou coisas do tipo. E é assim que descerão na lua: sem proteção alguma ou oxigênio, munidos apenas com seus sonhos e ideias.

Fotograma pintado com tinta colorida
Após chegarem à lua, os cientistas deitarão com seus cobertores coloridos e dormirão um pouco. Enquanto dormem, outros seres os observam. E eles são acordados por uma espécie de neve que cai sobre suas cabeças. Como qualquer bom cientista, resolvem explorar o lugar descoberto e encontram, no subsolo, cogumelos gigantes, cachoeiras e criaturas desconhecidas que os levam para seu líder. Muito revoltado, um dos cientistas matará esse tal líder e nossos heróis conseguirão escapar e voltar à sua nave que irá parar no fundo do mar (de volta à Terra). Salvos por um barco, os cientistas voltarão à sua comunidade e serão recebidos com muita festa e celebração (com direito a uma estátua), dignas de verdadeiros heróis.

Fotograma original, em preto e branco
Desde que o homem começou a olhar para o céu, perguntou-se como seria tudo lá em cima, como seria tudo visto lá de cima. Com o passar dos anos, o desejo de chegar à lua se tornou mais profundo para milhões de cientistas. Apesar de algumas pessoas desacreditarem, a mais antiga data referente ao homem estar na lua é de 1969, quando a nave espacial Apollo 11 pousou com seus três tripulantes no único satélite natural terrestre. Muito antes disso, porém, livros e mais livros criavam suposições de como seria chegar à lua e de como o satélite realmente seria. Existiria vida? E qual seria o tipo de organização das sociedades? Seria possível respirar? Haveria plantas e água? Seria frio ou calor? Como seria ver o sistema solar daquele satélite? Em 1902, finalmente, o cinema apresentou seu primeiro filme que estivesse relacionado a esse contexto. O francês George Méliès trouxe, com “Viagem à Lua”, a primeira ficção científica cinematográfica de que se tem notícia.


O filme trouxe novidades impressionantes para o cinema nos campos da imagem, o que incluía a sobreposição de imagens e efeitos especiais fantásticos. Filmado em preto e branco, o curta ganhou uma versão colorida que esteve perdida durante anos. Apenas em 1993 é que os 16 minutos de filme foram reunidos. Durante quase duas décadas, especialistas se dedicaram a restaurar esse marco cinematográfico. Finalmente, os mais de treze mil fotogramas (para colori-los, Méliès e sua trupe os  pintavam um a um) foram reunidos no filme apresentado no Festival de Cannes de 2011. No mesmo ano, Martin Scorsese lançou sua adaptação do livro “A Invenção de Hugo Cabret”. Vencedor de cinco Oscars e indicado a outras seis categorias, incluindo melhor filmes e direção, o longa conta a história de um menino pobre que perde o pai e recebe de herança um autônomo. Posteriormente, o garoto descobre que o objeto teria pertencido a um homem que ninguém mais seria que não George Méliès. Assim, Scorsese ressuscitou o mito e homenageou as origens do cinema que tanto ama e admira. Méliès ficou consagrado como o “pai dos efeitos especiais”, como precursor do uso de storyboards e foi o primeiro homem a construir o primeiro estúdio cinematográfico na Europa. O cineasta, que filmou mais de 500 filmes, morreu em 1938 deixando um legado inestimável para o cinema.


E por que “Viagem à Lua” é um filme tão importante para o cinema? Para começar, poucos diretores haviam realizado experimentos tão sofisticados e inovadores como Méliès. Os efeitos especiais podem parecer de qualidade extremamente baixa se comparados com filmes feitos por cineastas que, hoje, ainda estão em fase inicial de carreira, e, realmente, o são. Todavia, devemos lembrar que “Viagem à Lua” foi realizado há mais de 100 anos e se algumas pesquisas sobre os filmes da época forem feitas, apenas para título de comparação, veremos que o diretor inovou em cada fotograma. A chegada ao satélite ainda conta com duas versões: a clássica em que a nave fura o “olho” da Lua, e a seguinte, onde a nave aterrissa sem problemas no solo da mesma. Na versão original do filme, ambas as chegadas são apresentadas, uma depois da outra, respectivamente. Isso faz com que o espectador encontre mais representações da ficção existentes no filme. Claro que Méliès não tinha nenhuma ideia do que poderia ser encontrado na lua, e é isso que torna seu trabalho tão belo. Isso e o fato de que ele não era o único homem no mundo que não sabia o que haveria no satélite, nenhum ser humano sabia. Assim, o diretor pôde brincar com suas ideias, criar espaços e personagens que, hoje, sabemos ser impossíveis. Outro ponto forte do longa que não pode ser esquecido são os intérpretes dos personagens. O próprio Méliès, era o protagonista e sua esposa, uma das “deusas” vistas na lua. Cada ator apresenta expressões muito verdadeiras e que denotam estímulo ou a falta dele, felicidade ou medo, satisfação ou melancolia.



“Viagem à Lua” foi realizada por um homem apaixonado por cinema. E por isso já merece estar na seleção das sete últimas críticas do blog. Mas esse não é o único motivo. Além das inovações nos efeitos especiais e da forma como Méliès montou o longa, “Viagem à Lua” foi um filme inspirador para sua época, estimulando homens e mulheres devido ao sucesso dos personagens que, além de chegarem à lua, foram recebidos pelos “terráquios” com festas e comemorações. Ainda hoje, o filme continua inspirando pessoas das mais variadas formas. A banda de rock americana Smashing Pumpkins, por exemplo, inspirou-se nele para o clipe da música “Tonight Tonight”. E Scorsese, como citado, homenageou o diretor em seu filme de 2011. Outros jovens cinéfilos, grupo ao qual já me incluo, têm, no francês e em toda sua paixão pelo cinema, inspirações inexplicáveis para se sentirem estimulados para a construção de uma carreira baseada no melhor da Sétima Arte.


ACESSE NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE:
 http://www.youtube.com/user/projeto399filmes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poderá gostar também de: