quarta-feira, 17 de outubro de 2012

181. ELIZABETH: A ERA DE OURO, de Shekhar Kapur


Aqui sim, temos a estética e a qualidade perfeita para exaltar a governante Elizabeth I.
Nota: 9,5

MULHER, GUERREIRA, RAINHA

Título Original: Elizabeth: The Golden Age
Direção: Shekhar Kapur
Elenco: Cate Blanchett, Geofrey Rush, Abbie Cornish, Rhys Ifans, Jordi Mollà, Clive Owen, Laurence Fox, John Shrepnel, Samantha Morton
Produção: Tim Bevan, Jonathan Cavendish, Eric Fellner
Roteiro: William Nicholson e Michal Hirst
Ano: 2007
Duração: 114 min.
Gênero: Biografia / Drama

BLANCHETT CARACTERIZADA COMO ELIZABETH I
 E UMA PINTURA DA RAINHA VIRGEM
Elizabeth I foi fruto do casamento entre Henrique VII e Ana Bolena, por esse motivo, pode-se dizer que ela foi o fruto da separação da Inglaterra de Roma e a criação da Igreja Anglicana. Após a morte de um irmão, uma prima e uma irmã, Elizabeth assumiu o trono da Inglaterra em 1558, o qual deixou apenas em 1603, alguns defenderam que isso foi obra do Demônio, outros, que foi obra de Deus, eu fico com as duas opções. O fato é que o período de 45 anos em que ela reinou, foi conhecido como a Era de Ouro Inglesa. Durante desses anos ela promoveu o cercamento de terras, o aumento das áreas urbanas no país, ocupação das treze colônias no atual EUA, perseguição de católicos e puritanos que iam contra seu governo, estimulou as atividades de corsários, consolidou o Anglicanismo e venceu a Guerra da Invencível Armada, destroçando o exército espanhol e afundando a economia do país rival e tornando a Inglaterra a maior potência européia da época.


O filme nos apresenta uma Elizabeth madura, sem medo de governar e pronta para vencer qualquer obstáculo. Entretanto, também vemos uma rainha um pouco desesperada e desconfiada com tudo ao seu redor, talvez pelas ameaças que rondam seu reino ou pelo simples fato de ser uma mulher que enfrenta os problemas de todas as mulheres depois dos trinta anos. Ainda conferimos a forma como a rainha não se importava em ser criticada e o quanto debochava do fato de centenas de homens quererem desposá-la, os conflitos econômicos e religiosos com a toda poderosa Espanha, as tentativas de assassinato, mais um romance com um homem qualquer, a relação de amizade com uma de suas damas de companhia e a força e determinação com a qual afundou os navios espanhóis em uma das maiores conquistas da Inglaterra.


Dentre os filmes dirigidos por Kapur, “Elizabeth” (1998) e “Elizabeth: A Era de Ouro” são os únicas que realmente chamam a atenção, pois relatam boa parte da vida de uma das maiores monarcas do Reino Unido. A novidade no roteiro é William Nicholson, indicado duas vezes ao Oscar, foi responsável pelo filme “Gladiador” (2000) e outros do mesmo gênero de época. Mais uma vez, a trilha sonora é uma das coisas que mais chama a tenção na produção, ela foi composta em conjunto por Craig Armstrong, de “O Colecionador de Ossos” (1999), “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” (2001), “Simplesmente Amor” (2003), “Ray” (2004) e “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” (2010) e por A. R. Rahman o compositor de mais de 100 filmes, dentre eles: “Quem quer ser um Milionário” (2009), pelo qual venceu o Oscar, e de “127 Horas” (2010). Falar sobre esse filme sem citar mais alguns aspectos técnicos é impossível, portanto: a maquiagem e os penteados coordenados por Jenny Shircore são simplesmente fantásticos e não se podia esperar menos para tal personagem principal; o figurino, vencedor do Oscar, de Alexandra Byrne é uma personagem a parte, que se destaca entre todos e torna a interpretação de Blanchett ainda melhor; e, por fim, a aliança entre a fotografia de Remi Adefarasin e a decoração de Richard Roberts nos leva para o Século XVI e nos colocam ao lado de cada personagem.


Cate Blanchett, assim como a própria personagem, está mais madura e consegue demonstrar perfeitamente o que Elizabeth sentia, como era difícil ser a mulher mais poderosa de seu tempo e como ela estava realmente despreparada para ser a toda poderosa Rainha da Inglaterra, entretanto, a atriz também expõe de formal incrível a aprendizagem eterna que é ser a governante de um país. Em uma das cenas mais belas do filme, Blanchett veste totalmente a personagem e deixa claro aos espanhóis que o destino da Inglaterra é controlado por ela e Deus, e não por qualquer homem que a deseje como esposa, ou por outro governante de um país qualquer. Geoffrey Rush volta como o fiel amigo e conselheiro de Elizabeth, Sir Francis Walsingham, e, mais uma vez, a química entre ele e Blanchett é tanta que chega a assustar. É incrível como a ator consegue se tornar inigualável em cada papel, aqui, ele é um homem preocupado com os interesses da Inglaterra e de sua Rainha, nada além disso. No restante do elenco principal temos Clive Owen e Abbie Cornish, ele é o amor de Elizabeth da vez, Sir Walter Raleigh, ela, a dama de companhia Bess Throckmorton, ambos, atores e personagens, estão tão perdidos na trama que fica claro que eles apenas vieram para fazer volume e deixar a história mais “interessante”, o problema é que a vida de Elizabeth I é interessante o suficiente, e tanto Owen quanto Cornish são perda de espaço e tempo.


Falar sobre conquista de direitos femininos ou sobre mulheres no poder sem citar Elizabeth I é simplesmente impossível. Esse filme é o desfecho quase que perfeito sobre a história dessa mulher incrível, se não por seu roteiro, por toda a estética brilhante, o figurino exuberante, a maquiagem digna de uma rainha e a atuação inacreditável de Cate Blanchett. O único problema da trama acaba, portanto, sendo a falta de atenção dada aos acontecimentos políticos e grandes feitorias de Elizabeth, deixando seu suposto romance mais em evidência que a existência de nomes como do dramaturgo William Shakespeare ou do filósofo Francis Bacon. Todavia, a beleza técnica do filme, e a atuação de Blanchett, como uma mulher a beira da loucura pelas responsabilidades conferidas a ela, tornam o filme uma homenagem quase que verdadeira, e exalta vários feitos de uma das maiores monarcas da história da humanidade.


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