Um soco no estômago capitalista. O
melhor do cinema alemão.
Nota: 9,8
Título Original: Die Fetten Jahre Sind
Vorbei
Direção: Hans Weingatner
Elenco: Daniel Brühl, Julia Jentsch,
Stipe Erceg, Burghart Klaussner
Produção: Karsten Aurich, Sabine Holtgreve, Gerog Steiner, Atonin
Svoboda e Hans Weingartner
Roteiro: Hans Weingartner e Katharina
Held
Ano: 2004
Duração: 127 min.
Gênero: Drama / Romance
Jan e Peter são dois amigos que dividem
seu tempo entre viver suas vidas de forma normal e estudar e entrar nas casas
de pessoas ricas enquanto elas viajam. A diferença entre eles e ladrões é o que
faz a total diferença no filme: eles não roubam nada, simplesmente bagunçam
toda a casa, empilham móveis, trocam coisas de lugar e deixam uma carta
explicitando que o propósito é que ricos são egoístas e mesquinhos, merecendo
tudo aquilo, eles assinam as cartas como “Os Edukadores”. O maior problema
surge quando Peter faz uma viagem e Jan se apaixona por Jule, namorada de
Peter.Influenciado por ela, Jan entra na casa de Hardenberg, um milionário que
faz Jule pagar por um acidente onde ele perdeu um carro. No final das contas,
eles acabam sendo descobertos pelo empresário e são obrigados a levá-lo para
uma cabana do interir até decidirem o que farão com ele.
Assim que “Os Edukadores“ foi lançado, a crítica o apontou
como um dos melhores filmes do ano, tanto que o austríaco Hans Weingartner
chegou a ser nomeado por sua direção fantástica ao Palma de Ouro no Festival de
Cannes. Bem como pode ser conferido em “A Onda” (2008), a técnica utilizada por
Weingartner é simples, mas vai bem além do convincente. No começo do filme, é
realmente incrível como toda a história (essa enrolação para que os três
sequestrem Handenberg) não se torna monótona, e apenas faz com que nos interessemos
cada vez mais pelo o que está por vir e por tudo o que os Edukadores aprontarão
para os milionários ignorantes. Não é preciso dizer que os diálogos criados
pelo diretor e pela roteirista Katharina Held, são perfeitos e fazem com que o
filme se torne cada vez melhor e mais intrigante. Uma das maiores exigências de
filmes que propõe uma história como essa, é que, desde o início do enredo o
espectador deseje conhecer o final da história, em “Os Edukadores”, apesar de toda
a genialidade do filme em ele não se tornar algo chato, não há um momento em
que não desejamos saber o final.
Daniel Brühl se tornou um dos atores
mais prósperos na Alemanha, aqui ele é o anarquista que influencia os demais,
Jan é um jovem que idealiza um futuro melhor para a humanidade, acreditando que
deve fazer sua parte provocando o medo em pessoas ricas; Brühl, em alguns
momentos do filme, parece partilhar das opiniões de sua personagem, tornando
sua atuação rica em detalhes e movimentos. Julia Jentsch não é uma atriz muito
conhecida pelo público, mas seu trabalho como Jule nos mostra a exata passagem
de uma jovem que nunca ligou para esses movimentos sociais e, de repente,
resolve engajar-se em algo que ela acredita ser o melhor para todos. Stipe
Erceg faz a vez do revolucionário confuso, que não sabe até que ponto vale a
pena lutar por direitos que nem ele sabe se acredita serem reais, é quando ele
descobre a verdade sobre sua namorada e o melhor amigo, que a personagem se
torna mais crítica e o ator precisa dar vida a esse tipo clássico. O veterano
Burghart Klaussner é Hardenberg, um homem rico que só se importa com sua vida e
seu dinheiro, mas que parece se dobrar perante aos jovens com os quais ele se
identifica, entretanto, é sabido que, após um homem se tornar rico, sua mente
deixa de ser facilmente “corrompida” pelo bom senso.
Toda a história até o momento em que os
três ativistas resolvem sequestar o milionário, não passa de uma introdução
para o que realmente interessa no filme. Eles descobrirão que outrora
Hardenberg fora também um ativista, mas que os anos e o dinheiro o
transformaram em um home ganancioso e consumista. A partir dessa idéia, e dos
ideais dos jovens, todos dialogarão sobre política e suas formas de governos,
amor, dinheiro, desejos, direitos humanos e uma infinidade de assuntos que
assolam a humanidade desde que o homem começou a viver em sociedade. Se você
realmente for um ser humano, ao terminar de assistir a esse filme jamais
conseguirá deixar toda sua história de lado, pois a mágica que ele propõe a
todo indivíduo que assisti-lo é única e cada um a sentirá de uma forma, a única
impossibilidade nesse sentido, é renegar todas as reflexões que somente o
cinema alemão pode propor.
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