domingo, 7 de outubro de 2012

185. TRABALHO SUJO, de Christine Jeffs


Com originalidade o filme surpreende ao refletir de forma irônica sobre a vida e suas dificuldades.
Nota: 8,7


Título Original: Sunshine Cleaning
Direção: Christine Jeffs
Elenco: Amy Adams, Emily Blunt, Alan Arkin, Jason Spevack, Steve Zahn, Mary Lynn Rajskub, Clifton Collins Jr.
Produção:
Roteiro: Megan Holley
Ano: 2008
Duração: 91 min.
Gênero: Comédia / Drama

Rose é uma jovem mãe solteira que faz o que pode para criar seu filho da maneira mais digna possível. Norah é a irmã mais nova de Rose, apesar de seus mais de vinte anos, parece que ela não saiu dos doze. Joe é o pai de Rose e Norah, que teve de criá-las sozinho após a precoce morte da mãe das garotas. Quando Rose compreende que precisa ganhar mais dinheiro, aceita o conselho de seu amante, Mac, e começa a trabalhar, ao lado de Norah, limpando a sujeira de cenas de crimes.


Tenho certeza que poucas pessoas, alguma vez na vida, se perguntaram quem é que cuida de toda a sujeira das mais diversas e nojentas cenas de assassinatos que ouvimos falar. Pois bem, é com essa afirmação que declaro: a idéia de abordar esse assunto se tornou genial. Claro que tudo o que vemos aqui não é um filme de muita qualidade técnica, mas verdade seja dita: o roteiro toma nossa mente de uma forma inexplicável. Durante a trama, problemas cotidianos como relacionamentos e a dificuldade de se conseguir um emprego ou as tentativas de Joe para conseguir negócios, e problemas menos normais, como a morte precoce de uma mãe e as consequências disso para as filhas, são abordados de forma simples e sincera. Além disso, tanto diretora quanto roteirista, nos proporcionam uma diferenciação muito inteligente: aqui não temos personagens ricas centrais, e sim pessoas simples que procuram por uma vida melhor, o que tem se tornado tendência em Hollywood e tem rendido excelentes trabalhos. A diferenciação desse filme é que tudo é tratado com grande ironia, fazendo de um drama, uma comédia, e de uma comédia um drama. Os produtores são oriundos do fantástico “Pequena Miss Sunshine” (2006), e outros excelentes trabalhos do gênero.


Cada vez que assisto a um filme com Amy Adams se torna impossível não me apaixonar cada vez mais pela atriz. Indicada três vezes ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, ela já inicia o filme nos mostrando a que veio: como a irmã mais velha, ela é uma mãe trabalhadora que procura o melhor para o filho, mas também a típica ex-líder de torcida que parece não ter deixado completamente seus tempos de “glória” do colégio. Para completar a dupla, a também maravilhosa Emily Blunt, como Norah, ela demonstra cada vez mais seu talento, encarando uma personagem confusa e cheia de problemas e dúvidas devido a triste e inesperada morte da mãe, é de Blunt um dos momentos mais tocantes do filme, quando sua personagem faz a maior besteira de sua vida, seu única desejo é se trancar no carro e fugir do mundo, o desfecho da personagem acaba sendo um alívio. Por fim, temos o sempre maravilhoso Alan Arkin, lembro-me de começar a me aproximar mais do cinema em meados de 2005, foi quando assisti a “Pequena Miss Sunshine”, e pude conferir o trabalho excepcional do veterano e me encantar com sua habilidade, aqui ele é Joe, um velho que faz o que pode para ver as filhas felizes, mas que sabe que jamais poderá ser a mãe que elas perderam.


Como puderam perceber no decorrer do texto, tudo nesse filme gira em torna da catástrofe que foi a morte da matriarca dessa família, e é por aí que as reflexões começam. Nos perguntamos se ela era tão infeliz e como poderia ter feito para melhorar sua própria vida, depois começamos a analisar todas as consequências que Rose e Norah sofreram com a morte da mãe, as dificuldades que Joe passou para criar as filhas e manter a família unida e como é necessário, muitas vezes, passarmos por grandes problemas e provações para vermos o quanto maravilhoso é viver e esquecer o passado em prol do presente.



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