Apesar dos escorregões ao enfatizar os
romances da monarca, é uma obra satisfatória dobre Elizabeth I.
Nota: 9,0
Título Original: Elizabeth
Direção: Shekhar Kapur
Elenco: Cate Blanchett, Geoffrey Rush, Joseph Fiennes, Crhistopher
Eccleston, Richard Attenborough, Vincent Cassel, Edward Hardwicke
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Alison Owen
Roteiro: Michael Hirst
Ano: 1998
Duração: 124 min.
Gênero: Biografia / Drama
Em 1535, o Rei Henrique VIII da
Inglaterra separou-se da toda poderosa Igreja Católica para divorciar-se de
Catarina de Aragão e casar-se com sua amante Ana Bolena, com quem teve uma
filha. Após a morte do rei, seu filho Eduardo VI assumiu o trono, mas morreu
jovem e sem deixar herdeiros e nomeou sua prima Joana I como rainha,
posteriormente ela foi deposta pela meia-irmã de Eduardo VI e verdadeira
herdeira do trono, Mary I, filha de Catarina de Aragão e Católica fervorosa.
Apesar de toda a relutância, com a morte de Mary, assumiu o trono a filha de
Ana Bolena, Elizabeth, chamada a Rainha Virgem. Elizabeth enfrentou inúmeras
dificuldades durante o início de seu reinado, por começar o fato de ser
protestante, a não aceitação de parte do povo e de monarcas europeus aliados a
Santa Igreja Católica, por ser uma mulher relativamente jovem (25 anos) e por
negar-se a aceitar qualquer homem como seu marido.
No filme, vemos exatamente uma rápida
passagem entre os últimos dias de Mary como Rainha e a coroação de Elizabeth.
Durante o enredo verificamos como dezenas de pessoas temiam a ascensão da
Rainha Virgem, as dificuldades em entender tudo o que representava ser uma
rainha, a infantilidade de Elizabeth diante de centenas de obrigações e o
amadurecimento para ela se tornar uma das maiores monarcas da história. Ainda
temos os relacionamentos da rainha: entre os nobres que a apoiavam e os que a odiavam,
entre o irmão do rei francês, Duque D’Anjou – com quem ela deveria ter se
casado-, com a rainha Mary da Escócia, o jovem Robert Dudley – com quem teve um
romance-, e com Sir Francis Walsingham – seu maior amigo e conselheiro. Por
fim, assistimos, aliviados, a tal ascensão de Elizabeth ao trono inglês,
derrotando seus principais inimigos internos e conquistando seu povo.
Kapur é um indiano que iniciou sua
carreira em 1983 com “Masoom”, mas começou a fazer sucesso mesmo onze anos
depois com “Bandit Queen”, um filma totalmente indiano. “Elizabeth” foi seu
cartão para conquistar o restante do mundo, entretanto, em sua carreira voltou
a dirigir apenas mais três longas: “Honra & Coragem – As Quatro Plumas”
(2002), “Elizabeth: A Era de Ouro” (2007) e “Nova York, Eu Te Amo” (2009). Em
“Elizabeth” seu trabalho é belo, não mais que isso, é satisfatório e traz
exatamente o que é preciso para relatar os primeiros anos de reinado da Rainha.
O roteirista Michael Hirst, é simples, original e eleva a história de Elizabeth
a um nível bem mais acima do esperado, no entanto, peca ao dar muita atenção
para a história de amor entre ela e Robert Dudley, romance esse, que nem tem
sua veracidade comprovada, é dele também o roteiro da série “The Tudors”, que
relata os acontecimentos da vida de Henrique VIII, entre conhecer Ana Bolena,
separar-se da Igreja Católica e da esposa até sua morte. Os pontos altos do
filme, além da atuação de Blanchett, é a trilha sonora de David Hirschfelder, o
figurino de Alexandra Burne e a parte técnica do filme, todos indicados ao
Oscar, além da belíssima maquiagem de Jenny Shircore, vencedora do Academy
Awards.
Cate Blanchett teve seu primeiro grande
destaque em 1997, com “Oscar and Lucinda” atuou ao lado de Ralph Fiennes e
começou a chamar a atenção de produtores, diretores e do público, uma no depois
veio “Elizabeth” o grande filme de sua carreira, com o qual foi indicada ao
Oscar pela primeira vez como atriz principal (sou obrigado a lembrar que ela
concorria com Emily Watson, Gwyneth Paltrow e ninguém mais, ninguém menos que
Fernanda Montenegro e Meryl Streep,e é inacreditável que tenha sido Paltrow a
vencedora do ano, com sua atuação sem graça e apagada em “Shakespeare
Apaixonado”). Enfim, Blanchett está linda no papel, simplesmente perfeita;
interpretando Elizabeth, de início ela é simples, recatada, inocente e até meio
boba, mas com o passar das cenas vemos a verdadeira mulher surgir e deixar
claro quem ela realmente é. Um ponto a ressaltar sobre a própria personagem é o
fato de ela se orgulhar imensamente de ser filha de Henrique VIII, e mais,
tê-lo como seu maior modelo e exemplo. Do restante do elenco, o único que vale
a pena destacar é Geofrey Rush, aliás, ele e Blanchett possuem mais química que
a triz e os homens que a cercam querendo-a em casamento. Além de Rush, temos o
sempre ótimo Vincent Cassel como um homem piadista e com várias surpresas a
serem reveladas.
É um alívio poder dizer que temos um
segundo filme já feito em homenagem a Elizabeth, pois aqui, não temos a chance
de ver a época mais interessante e importante da vida da monarca, nesse filme,
apenas somos apresentados à rainha e vemos sua consolidação. Não posso deixar
de destacar o fato de o filme fazer uma certa crítica à Igreja Católica ao
mostrar as tentativas, com a graça de Deus, fracassadas de a instituição tentar
assassinar a rainha inglesa. Se Elizabeth foi ou não a maior rainha da história
da Inglaterra, não sou capaz de avaliar, mas que sua grandiosidade ficou
conhecida por todos, isso ficou, e o filme, apesar de simples, faz jus a grande
mulher, guerreira e rainha que foi Elizabeth I.
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Dois detalhes desse filme que são caros a um cinéfilo:
ResponderExcluir- é o último filme do grande John Gielgud (ele é o Papa)
- a rápida e estonteante aparição de Fanny Ardant, linda como sempre (infantilmente, o filme tenta negar que Mary de Guise foi assassinada a mando de Elizabeth)
Abs,
Carlos Villar
Na verdade, não há nenhuma comprovação histórica ou documentação de que Maria de Guise foi morta a mando de Elizabeth. Óbvio que havia interesse de Elizabeth nisso, mas até hoje, só suposições.
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