quarta-feira, 17 de outubro de 2012

184. A JOVEM RAINHA VITÓRIA, de Jean-Marc Vallée


Emily Blut supera as expectativas ao enfrentar seu trabalho mais difícil até hoje como a Rainha Vitória.
Nota: 8,8


Título Original: The Young Victoria
Direção: Jean-Mark Vallée
Elenco: Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Jim Broadbent, Thomas Kretschman, Mark Strong, Jesper Chrostensen
Produção: Sarah Ferguson, Tim Headington, Graha, King, Martin Scorsese
Roteiro: Jullian Fellows
Ano: 2009
Duração: 105 min.
Gênerp: Biografia / Drama

Em 1837, Vitória da Casa Hanôver, viu a morte de seu tio e tornou a soberana do Reino Unido, seu pai havia sido o quarto filho do rei, com a morte dele e dos três irmãos (nenhum teve filho legítimo e ela foi a única filha de seu pai), foi sua vez de assumir o trono. Apesar de ter sido criada por sua mãe alemã, Vitória tornou-se independente rapidamente, casou-se com seu primo Albert, teve nove filhos e quarenta e dois netos (a maioria casou com nobres e herdeiros de títulos da Europa, conferindo uma das maiores uniões por matrimônio da história da Inglaterra). A Rainha e o marido foram grandes admiradores e difundidores da cultura britânica e o período em que reinou, a “Era Vitoriana”, foi marcada pelo reconhecimento à classe trabalhadora, pela abolição da escravidão no Império Britânico, pela ascensão industrial e pela paz em seus territórios. Vitória reinou por 63 anos, foi a última Hanôver a governar e tataravô da atual Rainha do Reino Unido, Elizabeth II.
BLUNT COMO VITÓRIA E UMA PINTURA DA RAINHA.
No filme, somos apresentados rapidamente a situação em que a protagonista se encontrava: órfã de pai e com uma mãe submissa a um conselheiro pra lá de suspeito, Vitória estava fadada ao fato de ter milhares de pessoas tentando controlá-la. Vemos ainda a afeição do tio de Vitória, Guilherme IV, que insistia em viver até a sobrinha completar 18 anos. Chega então o momento confuso de Vitória subir ao trono inglês e assumir suas responsabilidades, que não são poucas. A partir daqui nos é mostrado seu relacionamento com o primeiro-ministro da época, Lord Melbourne, sua estima e respeito por Albert, o casamento de ambos, a difícil relação que manteve com sua mãe, o nascimento de sua primeira filha e as dificuldades em conciliar sua vida privada e “profissional”.


Jean-Marc Vallée é um canadense pouco conhecido por sua carreira, e é bem isso que impressiona ao conferirmos no filme algo além do esperado. Provavelmente pelo fato de que os canadenses vêem a família real britânica como sendo tão sua quanto da Inglaterra ou pelo diretor simplesmente admirar a Rainha Vitória, o fato é que ele não decepciona e nos expõe várias realidades da vida da monarca sem julgá-la demais ou fazê-la de vítima. O diretor ainda nos presenteia com uma fotografia e uma edição maravilhosas – os cenários tipicamente ingleses são uma singularidade. Outra particularidade do filme é figurino vencedor do Oscar de Sandy Powell, a figurinista é mais conhecida pelos seus trabalhos com Martin Scorsese e pela sua competência em filmes de época, é comumente compara com Edith Head (favorita de Hitchcock e vencedora de oito estatuetas do Academy Awards). O roteiro impecável é do egípcio Julian Fellows, conhecido por “Assassinato em Gosford Park” (2001) e, recentemente, pela minissérie fantástica “Downton Abbey” (2010-2012), que por sinal estreou sua terceira temporada nesse mês e vem mostrando cada vez mais sua perfeição. Destaco, por fim, a trilha sonora composta pelo também desconhecido Ilan Eshkeri, que conta com famosas peças de Schubert e Bellini.


O elenco desse filme, tanto o principal quanto o coadjuvante, é mais um presente nos dado pela produção. Comecemos com a própria Vitória, papel entregue a Emily Blunt. Devo confessar que cada vez que assinto Blunt, em qualquer um de seus filmes, me apaixono cada vez mais pela atriz, não apenas por sua beleza, mas por seu talento indiscutível. Como Vitória, ela define bem as etapas da personagem: antes de ser rainha a mulher que permanece na infância, depois que assume o trono a mulher altamente influenciada que deseja se desgarrar das influências, por fim, a verdadeira Rainha, firme, decidida e inexpugnável ao lado do marido que ama. Albert, por sua vez, é interpretado por Rupert Friend, apesar de poucos trabalhos no currículo, o ator não decepciona ao mostrar o típico consorte de uma rainha: determinado a ajudá-la, mas um pouco confuso por ser “inferior” a própria esposa. Completando o elenco: Paul Bettany é o primeiro-ministro Melbourne, como sempre o ator está ótimo e, bem como, a personagem de Friend, deve aceitar o fato de que deve respeitar uma mulher acima de tudo pelo bem do país; o sempre perfeito Jim Broadbent é o rei Guilherme IV, um homem velho que luta para sobreviver e garantir que a sobrinha se torne rainha e não deixe que ninguém tente usurpar os direitos da jovem; Miranda Richardson fica com o papel mais inescrupuloso e odiado da trama, é a Duquesa de Kent, mãe de Vitória, uma mulher que já não tem mais o juízo perfeito e se deixa controlar pelo suposto amante, a genialidade da atuação de Richardson está justamente em jamais termos certeza de que lado ela está, ou seja, se realmente ama sua filha e quer o bem dela, ou se apenas está tentando se dar bem o tempo todo.


“A Jovem Rainha Vitória” era a crítica que faltava para completar as adaptações cinematográficas das quatro mulheres mais importantes para a história da Inglaterra, ao lado de “Elizabeth” (1998), com Cate Blanchett interpretando a Rainha Virgem, “A Rainha” (2006), com Helen Mirren no papel de Elizabeth II e “A Dama de Ferro” (2012), onde Meryl Streep da vida a premiê britânica Margareth Thatcher. Sendo assim, esse filme completa uma das coleções mais importantes no quesito cinebiografias, e deve-se deixar claro que cada um desses filmes não nos trás apenas a história de sua respectiva personagem central, mas o faz com qualidade e muita competência, sendo primordial destacar a firmeza de cada atriz ao dar vida a mulheres tão fascinantes.


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