quarta-feira, 14 de novembro de 2012

175. SRA. HENDERSON APRESENTA, de Stephen Frears


Um filme emocionante sobre um super-heroi real e ainda mais importante que os da ficção.
Nota: 9,2


Título Original: Mrs. Henderson Presents
Direção: Stephen Frears
Elenco: Judi Dench, Bob Hoskins, Will Young, Christopher Guest, Thelma Barlow, Kelly Reilly, Anna Brewster, Rosalind Halstead, Sarah Solemani, Natalia Ten
Produção: Norma Heyman
Roteiro: David Rose, Kathy Rose, Martin Sherman e Sheila van Damm (Livro)
Ano: 2005
Duração: 103 min.
Gênero: Drama /Comédia

Durante a Segunda Guerra Mundial diversas personagens foram criadas para estimular os jovens soldados nos campos de batalha, dentre os mais conhecidos temos os quadrinhos do Capitão América. Todavia, pessoas da vida real deram mais estímulo do que se possa imaginar aos soldados, dentre elas Laura Henderson, uma viúva que abriu a casa de shows Windmill, onde passaram a ser feitas apresentações com mulheres nuas para a diversão dos jovens e para que eles esquecessem um pouco de tudo o que estava acontecendo. O teatro continua aberto até os dias de hoje, claro que não com a mesma finalidade, mas com um prestígio cada vez maior.

A SENHORA HENDERSON E
ALGUMAS MENINAS DO WINDMILL.

Após a morte do marido, a velha Sra. Henderson acaba ficando entediada e, depois, de procurar gastar sua fortuna comprando, bordando ou fazendo caridade, ela resolve comprar o velho e a abandonado teatro Windmill em Londres. Em meio às danças, apresentações e problemas (que incluí a óbvia cópia das inovações do Windmill pelos demais teatros da cidade, resolvido pela proprietária colocando-se garotas nuas no palco), vemos a Laura Handerson ir e vir da França visitando um cemitério. Como se não bastasse, inicia-se a Segunda Guerra Mundial e todos ficam expostos ao perigo, entretanto, o Windmill sempre estará aqui para ajudar os jovens soldados e revelar alguns segredos que merecem ser contados.


O diretor do espetáculo que é esse filme é o inglês duplamente indicado ao Oscar Stephen Frears, o mesmo de filmes como “Ligações Perigosas” (1988), com Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer e vencedor de 3 Oscars; “Os Imortais” (1990), com Anjelica Huston, John Cusack e Annette Bening, indicado a 4 prêmios da Academia; “Alta Fidelidade” (2000), com John Cusack e Catherine Zeta-Jones, indicado ao Globo de Ouro; “Coisas Belas e Sujas” (2002), com Audrey Tatou e indicado ao Oscar de melhor roteiro; “A Rainha” (2006), com Helen Mirren, vencedora do Oscar de melhor atriz, e Michael Sheen; e, mais recentemente, “Chéri” (2009), com Michelle Pfeoffer , Rupert Friend e Kathy Bates. O trabalho de Frears nesse filme é bem aquilo que imaginamos que deveria ser: ele não decepciona em momento algum e consegue transformar uma história real em pura magia, nos fazendo imaginar se, na realidade, o que aconteceu não foi a magia de Laura Henderson sendo transformada em realidade para o mundo. Outra singularidade do filme é o também inglês George Fenton, compositor de mais de 110 títulos entre cinema e televisão, que é o responsável por nos trazer as músicas que serão acompanhadas pelas apresentações das belas moças do Windmill, além de dar um pouco mais de dramaticidade a algumas cenas e mais alegrias a outras.
Judi Dench é, sem dúvida, uma dama inglesa, e mais, ao lado de Maggie Smith é a maior atriz viva do cinema inglês. Aqui ela dá uma espetáculo ao interpretar a Sra. Henderson, e os motivos para tanta excelência são óbvios: Dench é impecável como uma viúva forte, que aprendeu muitas coisas com a vida e que não se deixa abalar tão facilmente, mas que parece esconder algum segredo daqueles que não precisamos contar para ninguém, a não ser que seja necessário, e é aí que está a grande sacada da interpretação de Judi, ela consegue demonstrar isso com apenas um olhar, um gesto, uma fala. Além de Dench, temos no elenco Bob Hoskins, o excêntrico Sr. Vivian Van Damm contratado por Henderson para ser o diretor do teatro, o ator é tão natural e sem preconceitos que chega parecer que conviveu com a própria personagem. O mais curioso, entretanto, em toda a produção, é que, tanto Dench, quanto Hoskins, passaram pela Segunda Grande Guerra, ela apenas sabendo da existência do tal teatro, já ele tendo visto apresentações com seu pai. No DVD do filme aconselho a assistirem, nos extras, o especial que mostra algumas das “garotas” do espetáculo. Há ainda, na internet um vídeo ótimo com fotos das apresentações originais.
No final das contas, “Sra. Henderson Apresenta” é bem diferente do que podemos imaginar, todavia isso não significa que seja decepcionante, muito pelo contrário: aqui não precisamos de trincheiras ou campos de concentração para compreendermos a dor de quem vai e quem fica, não precisamos de heróis como o Capitão América para salvar e estimular as nações, pelo simples fato de que, para nos mostrar a dor e salvar os jovens que estão indo para um lugar do qual eles jamais voltarão, temos a Sra. Henderson e o eterno Windmill. Por fim, esse filme não é apenas uma representação dos feitos da Laura Henderson na Inglaterra em meio ao tumulto da Segunda Guerra Mundial, e sim uma forma simples e bela de demonstrar como todos podemos nos ajudar quando necessário, nem que seja levando aos jovens mulheres nuas para que a guerra se torne menos cansativa, enfadonha, frustrante e desnecessária.


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