Uma aventura sem
igual pela história de vida de duas jovens contada por uma mulher que merece
ser ouvida.
Nota: 9,2
Título Original:
Fried Green Tomatoes
Direção: Jon
Avnet
Elenco: Kathy Bates, Mary Stuart Masterson,
Mary-Louise Parker, Jessica Tandy, Chris O’Donnell, Stan Shaw, Cicely Tyson,
Gailard Sartain
Produção: Jon
Avnet, Jordan Kerner
Roteiro: Fannie
Flagg (roteiro e romance) e Carol Sobieski
Ano: 1991
Duração: 130
min.
Gênero: Drama /
Comédia
Evelyn Couch é
uma mulher triste que possuí como única distração visitar a tia doente do
marido, que, aliás, a odeia e se recusa a deixar com que entre em seu quarto.
Em uma de mais uma das frustrantes visitas, Evelyn conhece a simpática
contadora de histórias Ninny Threadgoode. A partir desse momento, ambas
descobrirão novas coisas da vida, e provarão como idade ou sexo não possuem
absolutamente nada a ver com a busca pela felicidade e com a aceitação de
acontecimentos mais improváveis.
Ainda dentro do
filme temos um artifício poucas vezes utilizado, pois requer mais que apenas
talento e excelência da direção e do roteiro: Ninny conta a história de Idgie e
Ruth, duas amigas que se reencontram após um trágico acidente que marcou suas
vidas para sempre, e juram proteger e amar uma a outra independentemente do que
todos possam pensar ou dizer a respeito de sua relação. E, sem sombra de
dúvida, é nessa história que se centra toda a beleza e magia do filme. Jon
Avnet não havia feito absolutamente nada para o cinema como diretor antes desse
filme, aliás, seus principais trabalhos são conhecidos por sua produção.
Entretanto, apesar de relativamente inexperiente, Avnet nos apresenta algo
singular, simples, original, preciso e muito mais do que apenas agradável. A
fotografia do filme vai além das simples e grossas paisagens do local onde
Idgie e Ruth vivem, ela percorre a sensibilidade de cada personagem e nos trás
algo inimaginável, uma mágica indescritível, pois através dos pensamentos de
nossas personagens novos mundos e perspectivas são apontadas e até mesmo
delatadas. Em “Tomates Verdes Fritos” somos expostos a todos os tipos de temas:
amor, amizade, preconceitos diversos, velhice, “meia-idade”, problemas em
relacionamentos, inferioridade feminina (comum na época de Idgie e Ruth e
persistente nos dias atuais protagonizadas por Ninny e Evelyn).
É
inquestionável: o time de atrizes presente nesse filme é fantástico. Comecemos
com Kathy Bates, que vive Evelyn Couch e é simplesmente perfeita em mostrar a
transição da personagem antes e pós conhecer Ninny e a história de Idgie e Ruth:
primeiramente ela é a perfeita mulher que se sente rejeitada pelo marido, pela
sociedade e por tudo e todos, o perfeito “lixo humano”; após suas conversas com
Ninny, a personagem resolve emagrecer e tomar jeito na vida, e é aí que Bates
faz seu trabalho com tanta beleza: na primeira parte do filme ela é o perfeito
retrato da maior parte das mulheres do mundo da época ( e talvez até hoje),
depois ela se torna uma mulher forte e decidida, o perfeito retrato do que as
mulheres em sua antiga situação gostariam de ser. Existem atrizes com as quais
eu tenho, simplesmente, o maior remorso por ser impossível conhecer, dentre
elas: Grace Kelly, Bette Davis, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor e, sem sombra
de dúvida, Jessica Tandy, essa última morreu há dezoito anos e aqui interpreta,
com toda sua maestria, Ninny, uma senhora que sabe de tanto da vida que não se
aguenta em si mesma e precisa contar tudo para alguém, mas mais que isso: Tandy
é um arauto de tudo o que os bons velhinhos (menosprezados por tantas pessoas
estúpidas, sem vergonha e sem um pingo de amor próprio) podem apresentar a
sociedade mal tratada pelo tempo e pelos avanços científicos. Mary
Louise-Parker, na época bem desconhecida, vive Ruth Jamison, totalmente
diferente do que estamos acostumados com a Louise-Parker de hoje, a personagem
é recatada e parece um pouco apagada no início do filme, mas depois se revela
outra mulher maravilhosa em meio a tantas personagens excelentes, e a interpretação
da atriz só tem a agregar a tudo isso. Por fim, temos Mary Stuart Masteerson que
pode nunca ter chegado ao estrelato de Louise-Parker, mas, sem dúvida, sua
atuação da menina rebelde, mas amorosa, chega a ser tão importante e bela
quanto a de Jessica Tandy, e se após essa afirmação acerca do trabalho da atriz são precisos mais
comentários, sinto muito, não sei quais são eles.
Confesso que
ouvi durante muito tempo dezenas de elogios acerca de “Tomates Verdes Fritos”,
minha expectativa era tanta em ver algo onde mulheres contavam histórias e
comiam tomates verdes fritos que, quando vi que não era nada daquilo, comecei a
me decepcionar, mas bastou Tandy entrar em cena e começar a contar a história
de Idgie e Ruth e pronto: o filme tomou minha alma de tal forma que tudo o que
eu espera, não no desenrolar do filme (como disse, esperava algo bem
diferente), mas no resultado final, aconteceu da forma mais positiva possível.
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