quarta-feira, 14 de novembro de 2012

178. DIVINOS SEGREDOS, de Callie Khouri


Uma forma simples e bela de se mostrar o quanto temos a aprender com os mais velhos e o quanto erramos em julgá-los.
Nota: 8,7


Título Original: Divine Secrets of the Ya-Ya Sisterhood
Direção: Callie Khori
Elenco: Sandra Bullock, Ellen Burstyn, Maggie smith, Fionnula Flanagan, Cherry Jonesm, James Garner, Asheley Judd, Shirley Knight, Angus MacFadyen
Produção: Hunt Lowry
Roteiro: Callie Khouri, Mark Andrus e Rebecca Wells (romance)
Ano: 2002
Duração: 116 min.
Gênero: Comédia

Sidda Wlaker é uma famosa escritora que mora em Nova York e está estreando com sua nova peça na Broadway. Tudo vai bem, até que uma jornalista da revista Time (uma das de maior circulação em todo o país) distorce suas confissões a respeito da mãe de Sidda, Vivi, e de seu passado. Não demora muito e Vivi, com quem, realmente, Sidda tem uma relação tempestuosa, liga para a filha com sete pedras nas mãos e não deixa as supostas ofensas baratas. Agora, será papel da irmandade formada na infância de Vivi, por ela e suas três melhores amigas (hoje, idosas enlouquecidas), unirem mãe e filha contando os segredos que apenas as Ya-Ya conhecem.


Callie Khouri ficou conhecida por roteirizar o filme dirigido por Ridley Scott “Thelma & Louise” (1991), com o qual venceu o Oscar de melhor roteiro, além disso, trabalhou com Lasse Hallstrom em “O Poder do Amor” (1995); na direção foram apenas dois além desse: “Hollis & Rae”(2006), feito para TV, e a comédia “Loucas Por Amor, Viciadas em Dinheiro” (2008), protagonizada por Diane Keaton, Queen Latifah e Katie Holmes. Aqui o trabalho de Khori na direção não possui nada de excepcional, mas é bem feito e merece uma certa gratificação por tê-lo feito. Entretanto, o roteiro escrito em parceria com Mark Andrus – responsável por “Melhor é Impossível” (1997) e “Tempo de Recomeçar” (1997) – é algo excelente, muito bem feito, divertido, e mais que convincente, pois mostra várias realidades da vida sem ser muito rude ou franco demais, nos proporcionando uma história original e real. A trilha sonora de David Mansfiel e T-Bone Burnett é divertida e totalmente propícia para cada cena do filme.


Sandra Bullock está longe da perfeição e, em 2002, estava mais longe ainda, apesar de divertida e empolgante, ela convence pouco nesse filme e, surpreendentemente, suas melhores cenas são as dramáticas, o que nos leva a pedir, mais uma vez, à indústria hollywoodiana que lhe dêem um papel realmente sério. Entretanto, Bullock está acompanhada de um quarteto definitivamente fantástico. Ellen Burstyn é Vivi Abbott, uma mulher que parece esconder dezenas de segredos, mas que ama sua família acima de tudo, e Burstyn tem uma capacidade inacreditável em demonstrar como uma velha mulher se sente após tantos anos fazendo coisas que, agora, ela percebe terem sido massacrantes para as pessoas que ela ama. Fionnula Flanagan é uma das amigas de infância de Vivi, Teensy Whitman, uma mulher velha que teve de enfrentar muitas coisas difíceis na vida, mas nem por isso deixou de viver e aprender com as dores, Flanagan consegue chegar ao extremo da dor e ao extremo da filosofia carpe dien nos trazendo uma das interpretações mais comoventes do filme. Shirlery Knight é Necie Kelleher, a mais recatada das quatro amigas, aquele tipo de pessoa que nos passa uma áurea simples e feliz, a típica mãe de casa, avó querida e mulher de bem com a vida. Por fim, mas não menos importante, Maggie Smith, uma das melhores atrizes vivas, é Caro Bennett uma senhora que anda prá lá e prá cá com seu oxigênio, mas que não perdeu a força de vontade de viver e jamais deixará o sarcasmo de lado, e ninguém melhor que Smith para viver uma mulher com esse perfil. Não posso me dar ao luxo de não destacar a atriz Ashley Judd, que interpreta Vivi quando jovem, em todos os seus problemas e temperamento forte perante ao marido, aos filhos e a vida que odeia; além dos atores David Lee Smith e James Garner, que vivem, respectivamente, Shep jovem e Shep velho, o marido de Vivi, um homem que ama sua família e, sobretudo, sua esposa, a personagem e os atores nos proporcionam alguns dos momentos mais belos do filme.


Apesar de não ser nenhuma grande comédia e não ter atraído muitos críticos ou público, o filme, com toda sua simplicidade, é uma lição de vida, a qual aprendemos com aqueles que mais podem ensinar: os mais velhos. E é aí que o filme acerta, não são apenas homens e mulheres mais velhas tentando ensinar alguma coisa para os espectadores, são homens e mulheres ensinando coisas a alguma personagem mais jovem, o que humaniza e deixa o filme todo cada vez mais real. Finalmente, “Divinos Segredos” é mais um filme repleto de belezas por mostrar, realmente, a vida como ela é, sendo aquele tipo de produção que costumo chamar de uma comédia de erros e acertos.


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