Na vida "pessoas vem, pessoas vão, e nada nunca acontece", e é bem isso o que esse filme propõe: uma reflexão sobre a vida, regada de atuações perfeitas.
Nota: 9,7
Direção: Edmund Goulding
Elenco: Greta Garbo, John Barrymore, Joan Crawford, Wallace Beery, Lionel Barrymore, Lewis Stone, Jean Hersholt, Rafaela Ottiano.
Roteiro:Vicki Baum, William A. Drake e Béla Balázs
Duração: 112 min.
Ano: 1939
Gênero: Comédia / Drama
CONFIRA O TRAILER DO FILME:
Um hotel em Berlin é palco dos eventos mais inusitados possíveis quando uma bailarina, um golpista, um homem de negócios, um velho prestes a morrer, uma datilografista e um excêntrico médico se juntam aos excêntricos funcionários e deixam o local um pouco mais agitado do que de costume. "Pessoas vem. Pessoas vão. Nada nunca acontece." é uma das frases mais conhecidas da história do cinema, ela é dita apenas no final no filme, o que nos faz crer que aqueles acontecimentos, bem como os acontecimentos em nossas vidas, são sempre esperáveis e inevitáveis.
Diretor de filmes como "O Fio da Navalha" (1946), "Uma Noite na Ópera" (1935) e "Queen Kelly" (1929), apesar de não creditado nos dois últimos, Edmund Goulding trabalhou com grandes estrelas da época de ouro de Hollywood e se consagrou quando "Grande Hotel" venceu o Oscar de melhor filme em 1932 (curiosamente sua única indicação). Neste ele tem apenas uma locação, o próprio hotel, é apenas dentro dele que vemos alguma cena do filme, apesar de a história também se desenrolar em meio a um teatro e uma estação de trem. Dirigir um filme apenas em quartos, corredores, elevadores, uma recepção e um pequeno salão onde as pessoas se encontram para beber é algo difícil, mas Goulding faz parecer fácil de tão fantásticas que são suas tomadas. O filme é preto e branco, o que desagrada a muitas pessoas, mas em momento algum chega a ser cansativo ou exaustivo, muito pelo contrário, é tão animado quando qualquer comédia colorida e bem feita.
É um fato que foi arriscado pra a MGM entregar a Goulding um elenco tão forte e caro composto apenas por grandes estrelas da época, mas também é claro que nem um deles decepciona: John Barrymore vive o anti-herói Barão Gaigern com tão graça e charme que nos conquista logo de início; Joan Crawford, relativamente jovem, vive a datilografista Flaemmchen representando de forma simples aquela camada social que tenta viver da melhor forma possível com pouco dinheiro; Wallace Beery é o Sr. Preysing, um homem de negócios inseguro e detestável, apesar de a figura de Beery ser muito simpática ele faz a personagem com uma facilidade incrível; Lionel Barrymore é o velho Sr. Kringelein, um homem de classe média que descobre que morrerá em breve e decide viver seus últimos momentos da melhor forma possível; não foi a toa que a deixei por último, Greta Garbo é simplesmente divina na pele da bailarina russa Grusinskaya, seu sotaque russo é ótimo e ela dá vida a uma personagem que representa todas as atrizes, dançarinas e cantoras da época: é totalmente instável, ora está triste e depressiva, momentos depois basta um empurrãozinho e ela se torna uma mulher feliz e satisfeita com tudo à sua volta, foi nesse filme que a estrela disse sua famosa frase "Quero ficar sozinha", e era exatamente assim que Garbo era: perfeita e reclusa, pouco se soube a respeito dela e muito se admirou o trabalho de uma das deusas de sua era.
Grande Hotel é um filme descontraído que conquistou público e crítica e, de forma alguma, foi um erro da produtora, muito pelo contrário foi sucesso de bilheteria e fez muitos admiradores no mundo todo. A vida é corriqueira, previsível e insuperável, e é isso que podemos concluir desse filme que, da forma mais irônica possível, faz acima de tudo um retrato sobre o que é a vida e como as atitudes de uns e outros influenciam toda uma sociedade.
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Pena que na minha cidade o filme mais antigo deve ser Titanic, de 97, então uma raridade dessas, não vai chegar nunca. =/
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