No último dia da Mostra Competitiva de curtas, médias e longas-metragem do Festival, foram apresentados O Sinaleiro, de Daniel Augusto, O Corpo, de Lucas Cassales, e Prova de Coragem, de Roberto Gervitz.
Um homem idoso vive no meio do nada, onde trabalha
como sinaleiro. O curta O Sinaleiro,
baseado em um conto do britânico Charles Dickens possui uma história bastante
interessante à medida que explora a solidão humana e suas consequências.
Vivendo sozinho, o sinaleiro passa o tempo construindo bonecos de palito de
fósforo, cuidando de uma horta, caçando animais para colocá-los em potes de
vidro. Além disso, a casa deteriorada onde vive, a goteira incessante e insuportável,
o trabalho de anotar o horário que o trem passa e informar à central contribuem
para enlouquecer o homem e criar a tensão desejada no espectador. O futuro do
velho é aguardado ansiosamente e os 15 minutos do filme ganham um ritmo frenético
até o desfecho surpreendente.
O Corpo foi um dos vencedores do Festival de
Gramado deste ano. O curta conta a história de um garoto que vive no interior
no Rio Grande do Sul com o pai e a mãe. A visita de uma bela jovem, entretanto,
modifica a vida do jovem. A direção de elenco apresenta boas intepretações,
sobretudo do menino, que passa por momentos delicados na vida (matar uma
galinha e descobrir que o pai e mãe não são pessoas tão boas quanto ele pensa).
Com fotografia excelente, planos muito bem compostos e movimentos de câmera
inteligentes, a narrativa, como em vários filmes aqui citados, enaltece o
machismo e a objetificação da figura feminina. A medida que o filme passa, tudo
piora, já que o filme dá a entender que a culpa dos pais do garoto terem atitudes
inadequadas se deve à essa estranha visita feminina.
Em Prova de Coragem, uma mulher engravida do marido, um médico que
deseja poder ser mais livre. Com a novidade e após encontrar um amor da adolescência,
Hermano começa a revisitar o passado e questionar toda sua vida. Com uma
história pouco original e que já delata no título que as provas que Hermano
buscará são aquelas que reafirmam sua masculinidade e superioridade frente a
tudo, o filme é um verdadeiro desastre. A fotografia é a mais tradicional de
telenovelas possível, com planos batidos e movimento de câmera muito
desagradável. Não existem cenas com alguma iluminação diferenciada e as cenas
são resolvidas com cortes demais. Os flashes do protagonista sobre a juventude parecem
ter sido jogados na trama e a montagem não se preocupa em criar o ritmo
necessário.
Com um roteiro clichê e
bastante machista, os diálogos construídos ao longo da trama são tediosos. Além
disso, os desempenhos do elenco são muito fracos. Em alguns momentos isso se
deve à uma mise én scene confusa, onde os atores se movimentam mecanicamente em
um espaço que eles parecem não reconhecer. Talvez tenha faltado ensaio, ou os
atores não reconheceram os locais de filmagem de forma mais ampla. Dessa forma,
todas as movimentações, os diálogos, as discussões, se tornam mecânicas demais
e realistas de menos. Para coroar, a tentativa de imitar o sotaque gaúcho (a
trama se passa na cidade de Farroupilha) não funciona e o incômodo passa a ser
não apenas na movimentação, mas também, na fala.
A última noite do 48º
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou bem com um filme aplaudido e
bastante comentado após a sessão. Mesmo sendo o último dia do Festival e sendo
uma segunda-feira, a sessão estava lotada e O
Sinaleiro causou uma tensão tão grande que ao final do curta, o público
demorou a aplaudir esperando para ver se nada mais aconteceria. O Corpo e Prova de Coragem, entretanto, quebraram com a qualidade do primeiro
filme da noite. Dois filmes onde a figura masculina faz questão de dominar a
figura feminina de alguma forma e onde as narrativas se perdem em si mesmas e não
fazem nada, além de decepcionar o espectador. Hoje À noite (terça-feira, 22), serão
revelados os vencedores dos prêmios do Festival. Confira, amanhã (quarta-feira,
23), a lista dos vencedores e comentários gerais sobre a premiação.
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