A celebração de um aniversário de casamento nunca foi tão divertida.
Nota: 8,5
Título original: The Anniversary
Direção: Roy Ward Baker
Direção: Roy Ward Baker
Elenco: Bette Davis, Sheila Hancock, Jack Hedley, James Cossins, Christian Roberts, Elaine Tylor
Produção: Jimmy Sangster
Roteiro: Bill MacIlwraith, Jimmy Sangster
Ano:1968
Produção: Jimmy Sangster
Roteiro: Bill MacIlwraith, Jimmy Sangster
Ano:1968
Duração: 95 min.
Gênero: Comédia
CONFIRA O TRAILER DO FILME:
Não, eu não comprei nenhum especial de filmes estrelados por Bette Davis, encontrei uma pequena sessão só dela em uma locadora de filmes e resolvi assistir alguns que ainda não havia assistindo. Dito como um dos piores filmes da carreira da atriz, nele ela é a mãe que está escondida, ou nem tanto, em todas as mães mundo a fora: dona de um império de construção civil conquistado com base em falcatruas a matriarca da família Taggart, vive em sua mansão com dois dos filhos (o mais velho, Henry, que sofre de alguns probleminhas de personalidade, e o mais novo, Tom, um jovem rapaz que quer mais é viver a vida), seu outro filho, Terry, já está casado e tem cinco filhos e mais um a caminho, mas vive em seu próprio lar. O fato é que todo o ano, apesar de já ser viúva, a velha comemora as bodas, que completam 40 anos esse ano, a noite sempre precisa ser perfeita e, como todos os outros dias do ano, ela deseja mandar em tudo, mas esse ano os filhos irão decididos a se desmembrar da mãe, o que, obviamente, não será nada fácil.
Filmes que possuem cenas bem estendidas e poucos cenários costumam ser baseados em peças de sucesso, e esse não é exceção a regra, quem conduz essa adaptação diabólica e repleta em ótimo humor negro é o diretor Roy Ward Beker (mesmo diretor de “O Conde Drácula” [1970]), quando se trabalha com Bette Davis já se deve agradecer aos céus, quando é ela a escolhe-lo faça alguns sacrifícios na vida para compensar essa dádiva, Davis escolhia alguns de seus diretores pelo simples fato de que era viciada em mandar nos outros, bem como sua personagem, e para se garantir principalmente após os problemas com os irmão Warner, mas aqui o diretor parece fazer bem seu trabalho, existe alguma coisa no filme que nos intriga sobre sua qualidade, mas é difícil dizer o que, talvez seja pelo enredo parecer meio vazio.
Sheila Hancock interpreta a nora da Sr. Taggart, casada com o filho do meio Terry, ela está cansada de fazer tudo o que a sogra manda e resolve contar justo nesse dia que ela e o marido estão se preparando para ir para o Canadá, Hancock pode não ser uma grande atriz, mas segura bem uma mãe e esposa que não aguenta mais a sogra, recentemente ela pôde ser vista em “O menino do Pijama Listrado” (2008), o resto são só séries em sua carreira. Os filhos de Bette Davis são medianos, os três precisam deixar bem claro que só fazem o que a mãe manda, e expressar todos esses sentimentos não é fácil, é bom dar uma atenção especial em como Terry parece confortável e um bom líder enquanto está trabalhando e como ele muda perto da mãe, um deles, Tom, é interpretado por Christian Roberts, que fez em 1697 o clássico “Ao Mestre com Carinho”, com Sidney Poitier. Não vemos Elaine Taylor desde 1992 quando ela fazia série de TV, aqui ela interpreta a namorada de Tom, uma garota simpática, mas que terá um destino parecido com o da futura sogra, Taylor é casada com o também ator Christopher Plummer desde 1970.
Mas aqui, não por ser ela, mas por que sua personagem é típica e muito forte, Bette Davis é quem carrega o filme, apesar de um bom elenco de apoio, a responsabilidade de interpretar uma personagem tão arrogante, dissimulada, controladora, extravagante e insuportável sem deixar de demonstrar um lado afetivo materno é fardo dela. Pois bem, o que Davis faz não é tão bom quanto outras de suas atuações, mas é algo ótimo. A forma como sua personagem se veste, a forma como ela age, os trejeitos criados pela atriz as feições de aprovação (que são raríssimas), de indignação, reprovação (a maior parte delas), felicidade (ou melhor, falsidade) fazem com que pareça que atriz esteja apenas brincando com sua personagem, de tão naturais que são todas as características. Cenas como sua entrada triunfal tão esperada, a fogueira em seu jardim, o jantar no restaurante, a última ligação que ela faz e, principalmente, as gargalhadas dadas enquanto brinca com o presentinho ridículo de Tom jamais serão esquecidas por aqueles que assistirem ao filme, simplesmente por que todos sabemos que nossas mães, avós, sogras, tias e irmãs (ou tu mesma, se fores uma mulher) terão ao menos uma parcela mínima de “Sra. Taggart”, isso por que ela foi criada com maestria por Bette Davis.
O filme pode não ser muito, mas as atuações compensam (apenas a de Davis já o faz), além de um ótimo argumento para a criação de personagens tão complexas, e o porquê dessa complexidade se encontra em elas serem muito reais: filhos submetidos a pai e mãe, mães dominadoras, noras que odeiam sogras, noras que desafiam sogras. E é essa realidade toda que torna a Sra. Taggart tão detestável a ponto de ser uma das personagens mais enojadas da história, e provavelmente é isso que nos faz rir tanto: a realidade mostrada de forma real, sem cortes, sem censura, o real pelo real.
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