Um filme sem nexo, sem propósito e
com todos os erros possíveis.
Nota: 7,5
Título Original: The Lone Ranger
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Armie Hammer, Johnny Depp, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth
Wilson, Helena Boham Carter, James Badge Dale, Bryant Prince, Barry Papper,
Manson Cook, JD Cullum, Saginaw Grant, Harry Treadway, James Frain, Joaquín
Cosio
Produção: Jerry Bruckheimer, Gore
Verbinski
Roteiro: Justin Haythe, Ted Elliott e
Tery Rossio
Ano: 2013
Duração: 149 min.
Gênero: Ação / Aventura / Faroeste
No meio de uma pequena cidade no velho
oeste, uma grande empresa constrói, sobre a supervisão de Lathan Cole, uma
estrada de ferro. Para inaugurar essa construção em grande estilo, Cole promete
o enforcamento do fora da lei Butch Cavendish. Entretanto, o trem que leva o
criminoso é atacado no meio do percurso. John Reid, que está indo para a mesma
cidade se tornar promotor, acaba deixando Cavendish escapar por insistir em usar
apenas a justiça legal como arma. Ao lado de Cavendish, está preso o índio
Tonto, o qual John se certifica de deixar na cadeia assim que chega na cidade.
Quando John reencontra se irmão, Dan, o xerife do local, parte em busca de
Cavendish, todavia, a trupe toda é assassinada, sobrando apenas John, o futuro
Caveleiro Solitário.
Quando o grupo que busca Cavendish sofre
a emboscada que mata quase todos, Tonto, que conseguiu fugir da cadeia, salva a
vida de John, e é aí que os dois iniciam sua aventura juntos. Além desses
homens todos, o filme conta com algumas mulheres. Rebecca Reid é a mais
importante. Esposa de Dan e mãe de seu único filho, ela e John tiveram um
romance no passado e o reencontro fará reviver antigas chamas do passado. Outra
mulher importante é Red Harrington, a dona do bordel da cidade que perdeu a
perna por culpa de Cavendish. Tonto e o Cavaleiro Solitário são dois
personagens que fizeram muito sucesso há anos, principalmente em rádios. Claro
que uma adaptação da história seria esperada por todos que se interessam pela
série e pelo velho oeste americano. A junção de Verbinski, Depp, Hans Zimmer
(compositor da trilha sonora) e Bruckheimer, após os sucessos da franquia
“Piratas do Caribe” só fez aumentar as expectativas e o orçamento do filme (quase
400 milhões de dólares) fez todos enlouquecerem. E o problema está justamente
aí: o público enlouqueceu ao saber dessa produção imensa, mas, pare realizar
esse filme, o diretor também enlouqueceu, o produtor enlouqueceu, os atores
enlouqueceram. A história possui um ótimo enredo, com personagens bem escritos
e um desenvolvimento divertido e nada monótono. Todavia, nada supera a loucura
a que estamos expostos quando assistimos a esse longa. O ambiente de velho
oeste visto em grandes filmes de ficção se mistura com as batalhas horríveis
que foram travadas contra índios que foram dizimados no norte da América. Cenas
e lutas em cima de trens (onde até os cavalos são capazes de correr) se
misturam a cenas muito reais onde homens fazem justiça com sangue. Os costumes
e crenças indígenas se opõe aos atos cruéis dos vilões. A realidade sobre a
busca do ouro naquela região e naquele tempo são confrontadas com as
impossibilidades que rondam a trama. Algumas cenas muito improváveis até são
interessantes, mas o conjunto da produção é uma verdadeira catástrofe.
Armie Hammer caiu no gosto do público e
da crítica. Johnny Depp sempre foi amado por todos, mesmo sendo excêntrico
desde que iniciou sua carreira. Helena Boham Carter chegou a interpretar a diva
Elizabeth Taylor para um filme de televisão no último ano. Tom Wilkinson é um
dos atores mais respeitados de sua geração. Alguém, qualquer um que seja,
explique-me por que esses astros, que podem conseguir papeis em qualquer filme
e não precisam de dinheiro urgentemente, toparam realizar “O Cavaleiro
Solitário”? Não, ninguém será capaz de responder a esse questionamento. Depp
alegou ser grande fã de Tonto, e, talvez, tenha sido essa sua paixão pelo
personagem que o afundou mais do que qualquer pessoa podia esperar. Ele está
chato, sem graça e idiota demais. O Tonto construído por Depp é um homem fraco
sem qualquer perspectiva. Hammer se deu tão bem fazendo o drama “A Rede Social”
(2010) em que viveu irmãos gêmeos (ele representava os dois de formas
totalmente diferente), chegou a ser indicado ao Sindicato dos Atores pelo drama
“J Edgar” (2011). Então, como se não tivesse mais nenhuma proposta, decidiu
enfiar sua cabeça em filmes que vão de mau a pior, como “Espelho, Espelho Meu”
e “O Cavaleiro Solitário”. Qual o motivo para interpretar John Reid agora? E
Boham Carter que possui duas cenas relevantes. Duas cenas ridículas em que,
resumindo, Red Harrington levanta sua perna de marfim para atirar em coisas com
uma arma imbecil que sai do salto do sapato. E, o pior de todos, Tom Wilkinson.
Um dos maiores atores de sua geração acaba de perder o respeito de muitas, mas
muitas pessoas. E não falo apenas do público, falo de produtores, atores,
diretores, falo de pessoas importantes para o cinema.
“O Cavaleiro Solitário” surpreendeu a
todos recebendo duas indicações ao Oscar: melhores
efeitos visuais e melhor maquiagem e
cabelo. Ambas as indicações são merecidas, claro que filmes como “O Homem
de Aço” mereciam mais a indicação na categoria visual, e “Trapaça” também é um
filme superior que possui maquiagem e cabelo como grandes componentes. O consolo
é saber que as chances de o longa sair vencedor são tão remotas quanto as
chances de o pássaro ridículo na cabeça de Tonto soltar um granido. Se, nessa
corrida para o Oscar, assistir a “Meu Malvado Favorito 2” foi a maior tortura que
meu bom senso pôde aguentar, escrever sobre “O Cavaleiro Solitário” é meu maior
teste de paciência, pois fica difícil saber por onde começar a falar dessa
confusão que o longa faz acerca dele mesmo. A diferença entre esse e a
animação, é que “O Cavaleiro Solitário” ao menos diverte. Apesar de possuir uma
beleza estética inquestionável, ter qualidade sonora e ser uma boa diversão, o
longa se afunde cada vez mais em uma trama que enrola a cada momento. O filme
não cansa por ser monótono, pois ele não é, cansa por ser repetitivo e
enrolado. Dessa vez, essa grande produção não acertou o ponto. Talvez, do
quarteto composto por Verbinsk, Depp, Zimmer e Bruckheimer, apenas o compositor
se salva ao nos presentear com uma trilha muito apropriada e divertida.
Entretanto, uma andorinha só não faz verão. E um compositor, apenas, não faz um
filme.
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