terça-feira, 27 de março de 2012

350. DE PERNAS PRO AR, de Roberto Santucci

Em uma sociedade que só pensa em trabalho e sexo, sexo, sexo filmes como esse mostram outros valores sem deixar de pensar em sacanagem
Nota: 8,5


Título Original: De Pernas pro Ar
Direção e Produção: Roberto Santucci
Elenco: Ingrid Guimarães, Bruno Garcia, Maria Paula,  Denise Weinberg, Flávia Alessandra, Antonio Pedro, Cristinha Pereira
Roteiro: Paulo Cursino e Marcelo Saback
Ano: 2010
Duração: 101 min.
Gênero: Comédia

CONFIRA O TRAILER DO FILME:

Alice e João podem até ter seu apartamento, um ótimo filho, viajarem uma vez por ano ao exterior, mas não fazem sexo. Não há entre eles aquela química necessária para que um casamento seja durável. Alice só se preocupa com o trabalho e acaba esquecendo que possuí uma vida pessoal, quando conhece Marcela, uma vendedora de produtos eróticos, é que a coisa muda de figura e a vida de todos os personagens ficará “de pernas pro ar”.
Santucci não possuí absolutamente nada interessante em seu currículo, mas aqui, utilizando-se do fato de que vivemos em uma sociedade que pensa apenas em duas coisas (trabalho e muito sexo), ele nos proporciona algo divertido, a edição do filme é de longe nada brilhante, simplesmente não existe técnica nesse filme; o roteiro é bem escrito, para quem gosta mesmo de comédia ele não ficará chato em momento algum, para aqueles que, como eu, são bem restritos a filmes de comédia pode ser que em algumas cenas ele chegue a ser ridículo, os que não gostam de comédia apenas não assistam. A trilha sonora do filme não é nada original, mas é bem aplicada, são músicas já conhecidas pelo público, destacaria a cena em que Alice entra pela primeira vez na Sex Shop de Marcela e vê os vibradores e ao fundo, discretamente, ouvimos a nada discreta música de Madonna, “Like a Virgin”, é hilária. Outra cena muito engraçada é a representação do orgasmo de Alice.


Ingrid Guimarães não é aquilo que se chamaria de uma bela mulher, mas ela é tão simpática, divertida e lida tão bem com o gênero comédia que é impossível não gostar dela, as confusões que se passam na cabeça de sua personagem são bem comuns depois dos trinta anos, e ela as demonstra de forma simples e muito engraçada, sem deixar que a seriedade da vida se perca. Não gosto da atriz Maria Paula, e aqui ela não me faz mudar de opinião, é artificial e nada original, sua personagem é muito boa e se tivesse sido dada a outra atriz, como Deborah Secco por exemplo, seria bem melhor. Bruno Garcia é aquele tipo de ator que acho bom e ruim ao mesmo tempo, isso significa que em momentos de sua carreira ele esteve bem e em outros mal, aqui sua personagem não faz muita coisa, mas o pouco que faz o ator da conta.  Mas é Denise Weinberg que mais chama a atenção, ela é a excêntrica mãe de Alice.


Em alguns momentos da vida todos devemos tomar decisões importantes, muitos filmes tratam disso com uma seriedade tremenda que pode desagradar a muitos, eu gosto, mas não faz mal a ninguém assistir a vida de forma mais descontraída sem precisar terminar o filme e ficar refletindo sobre ele, e é esse o sentimento que “De Pernas pro Ar” nos deixa, algo fútil, sem sentido e nenhuma qualidade, mas uma excelente forma de dar risadas durante uma hora e meia.

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domingo, 25 de março de 2012

351. O SENHOR DOS ANEIS: O RETORNO DO REI, de Peter Jackson

A união de Jackson e Tolkien foi perfeita nos dois primeiros filmes da Trilogia, aqui ela atinge um nível superior a perfeição, “O Retorno do Rei” é divino.
Nota: 9,8



Título Original: The Lord Of Rings: The Return of The King
Direção: Peter Jackson
Elenco: Ian McKellen, Elijah Wood, Sean Astin, Andy Serkis, Viggo Mortensen, Dominic Monaghan, Billy Boyd, John Rhys-Davies, Orlando Bloom, Bernard Hill, Miranda Otto, John Noble, David Wenham, Karl Urban, Liy Tyler
Produção: Peter Jackson, Barrie M. Osborne e Fran Walsh
Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyes, Peter Jackson e J. R. R. Tolkien (romance)
Ano: 2003
Duração: 201 min. / 251 min. / 263 min.
Gênero: Fantasia / Drama

CONFIRA O TRAILER DO FILME:

             Frodo, Sam e Gollum estão a caminho de Mordor; Gandalf e Pippin protegem Minas Tirith do regente; os últimos elfos da terra buscam a eterna imortalidade; Rohan recebe o chamado do branco para a batalha e se prepara; Aragorn busca ajuda dos mortos; Mordor se prepara para a guerra; e o mundo está, mais do que nunca, dividido entre o bem e o mal. Resumir toda a história em apenas um parágrafo seria impossível, e é bem mais excitante não saber nada além desses detalhes mínimos. Portanto me reservo ao direito de não falar mais acerca do enredo para não expor o destino das personagens que aprendemos a adorar com os primeiros dois filmes da Trilogia.
             Já elogiei tanto Peter Jackson e acredito que não conheça mais nenhum adjetivo para expressar sua genialidade na adaptação da Trilogia O Senhor Dos Anéis. Esse é o último filme da série, e, apesar de termos visto as guerras no segundo, as batalhas não se tornam enjoativas em nenhum momento, muito pelo contrário, elas são cada vez mais eletrizantes e divertidas. Aqui o que realmente é um pouco chato são as cenas de Frodo, Sam e Gollum, e ainda sim quando elas possuem as tomadas em que a criatura reflete sobre sua existência elas se tornam menos ridículas que nos primeiros filmes. As escolhas do diretor para as locações foram as mais variadas, dentre elas na Nova Zelândia (a maior parte, num todo 100 locações), as quais foram usadas durante mais de cinco anos (entre a gravação e as pré e pós gravações), entre a equipe técnica escolhida (chegam a mais de 2400 pessoas em algumas fases das gravações) ser a melhor possível na época; e os 114 interpretes com fala, escolhidos a dedo por serem apaixonados pela história e a conhecerem muito bem (como já foi apontado pela leitora do blog Madalena Derzi) e mais de 20 mil figurantes; além disso os costureiros, maquiadores, sapateiros, designers, bordadeiros, joalheiros,  escultores, desenhistas que cuidaram de todo o figurino, acessórios, miniaturas, máscaras, dentre outros e especialistas em línguas para as criações de línguas totalmente diferentes das que conhecemos.
             Mais uma vez é impossível deixar de falar sobre a estupenda trilha sonora de Howard Shore (salientando que ao todo mais de nove horas de música foram feitas para toda a Trilogia), o compositor nos proporciona tanto lindas músicas quando aquelas próprias para cenas devastadoras, que não são necessariamente feias, mas fazem seu papel obscuro muito bem; em uma épica cena Gandalf define o a morte ao som da música “Into the West”: “Fim? Não, a jornada não acaba aqui. A morte é apenas um outro caminho, que todos demos que tomar. A cortina cinza desse mundo se enrola e tudo se transforma em vidro prata. E, então você vê. Praias brancas, e o além. Os campos verdes longínquos sobre um belo amanhecer. Não, não é tão ruim.”
             Confesso que até cogitei a possibilidade de continuar no parágrafo a cima para falar sobre os prêmios que o filme conquistou, mas aí sim seria muito. Portanto cá estamos, comecemos pelo mais importante de todos, indicado a onze Oscar venceu todos: filme, direção, roteiro, trilha sonora, canção original (Into the West), direção de arte, figurino, edição, maquiagem, mixagem de som e efeitos visuais; no BAFTA foram doze indicações, mas apenas quatro prêmios: efeitos especiais, fotografia, roteiro e filme; no Globo de Ouro foram quatro indicações e quatro prêmios: filme, direção, trilha sonora e canção original (Into the West); no Grammy levou os óbvios: trilha sonora e canção original (“Into the West); além de diversos prêmios de críticos: Toronto, Chicago, Phoenix, Australia, Dallas, Flórida, Las Vegas, Londres, San Diego, San Francisco entre outros; indicado no prêmio do Sindicato dos Roteiristas (ao lado de “Sobre Meninos e Lobos”) e perdeu para “Anti-Herói Americano”; venceu o sindicato de Atores como melhor elenco e dos diretores como melhor direção; ao todo mais de cem prêmios e mais de setenta indicações.
             Falar sobre os atores seria por demais repetitivo, portanto é suficiente voltar as críticas em uma ou duas semanas e ler o que escrevi sobre eles, mas devo deixar claro o que não deixei (por motivos compreensíveis) que o novo Gandalf de McKellen é totalmente diferente do visto no primeiro filme, agora além de mais poderoso ele parece mais inteligente, confiante, esperto e certo do que se deve fazer na vida.Quando disse que assim que assistisse “A Invenção de Hugo Cabret em 3D diria alguma coisa no blog, aqui vai: o 3D de Scorsese é simplesmente tudo o que se espera de um 3D bem feito, é lindo e supera em todos os sentidos todos os 3D até aqui, nos faz rir e chorar, nos faz sentir felicidade e tristeza e me fez parecer um eterno bobo na sala de cinema, por um simples fato: faz a maior homenagem a criação do cinema que se pode ver. Admito, portanto, que se “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” fosse feito com o 3D de “A Invenção de Hugo Cabret” seria não apenas um dos maiores marcos da história do cinema, seria o melhor filme de todos os tempos. Não que esse desfecho precise disso, vale todos os minutos em frente a tela por ter a coragem de fazer a adaptação de uma das histórias mais amadas de todos os tempos, e essa coragem vem com estilo e precisão inimagináveis, aliás é isso o que Tolkien nos propõe em suas história e Jackson reproduz com sucesso: o inimaginável.
             Dez cenas simplesmente inesquecíveis (vale lembrar que existem mais de 30 cenas deletadas, elas podem ser conferidas em sites como o youtube, é só procurar por “cenas deletadas o senhor dos anéis o retorno do rei”), sei que muitos irão discordar de minhas cenas e de sua ordem, quem lembrar de outras comente aí.

10. Laracna, a aranha gigante 

09. A verdadeira história de Smeagol

08. Legolas e o Olifante (aqui uma espécie de elefante gigantesco)

07. O ataque fantasma à Cidade Branca;

06. A última cena de Frodo, Sam, Gollum e Um Anel

05. Pippin sinalizando o pedido de ajuda a Rohan, e Rohan correspondendo

04. A recriação da Espada Andúril e sua volta para o verdadeiro rei

03. A última batalha em frente aos portões de Mordor

02. Chegada de Gandalf e Pippin em Minas Tirith

01. Gandalf de encontro ao Nazgul para salvar o que restou dos homens de Minas Tirith

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352. 127 HORAS, de Danny Boyle

Adaptação da vida real de um coitado que perde o braço é realista e muito bem feita.
Nota: 9,0

(Em espanhol é nova não é, desculpem, mas é a melhor resolução)
Título Original: 127 Hours
Direção: Danny Boyle
Elenco: James Franco, Lizzy Caplan, Kate Mara, Amber Tamblyn, Clémence Poésy, Kate Burton, Darin Southam, Elizabeth Hales, Patrick Gibb
Produção: Christian Colson, Danny Boyle e John Smithson
Roteiro: Danny Boyle Simon Beaufoy
Ano: 2010
Duração: 94 min.
Gênero: Drama / Biografia

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            Aron Ralston é um alpinista independente e que não liga muito para vida fora suas montanhas durante os feriados e fins de semana. Em uma de suas aventuras nas montanhas de Utah, nos Estados Unidos, durante a escalada ele se apóia em uma pedra julgando-a segura, e em uma fração de segundo Aron vê-se preso em uma fenda nas rochas com seu braço preso pela pedra que caiu. 127 horas foi o tempo que ele ficou entre a vida e a morte sem saber o que fazer para sobreviver. Ele decide, quando sente que tudo está realmente perdido, fazer um vídeo se despedindo das pessoas mais importantes da sua vida, e torcer para que alguém encontrasse sua câmera em bom estado para levar seu recado a sua família.


         Boyle foi o diretor de um dos filmes modernos mais agradáveis, “Quem Quer ser um Milionário” (2009), a história de um rapaz pobre que se torna milionário em um programa de televisão. Em “127 Horas”, ao contrário dos diversos cenários e opções que tinha em 2009, ele possuí basicamente uma personagem (Aron) e um cenário (a fenda), portanto seu trabalho é fácil de ser resumido: não deixar que os 94 minutos de filme tornem-se chatos. Apesar de essa tarefa também ser de Franco, que interpreta Aron, Boyle fica com a maior parte dela. Na verdade tudo aqui é muito limitado: seus ângulos são poucos, sua fotografia só pode ser aproveitada antes do acidente, não há como pedir a outro ator da cena para ele ser mais ou menos isso ou aquilo, simplesmente por que aqui são Boyle, Franco e Rahman (responsável pela ótima trilha sonora contemporânea, também trabalhou com Boyle em 2009). Apesar de aqui A. R. Rahman não ser tão feliz quanto em 2009, as músicas são boas. Para que essa monotonia óbvia não atinja o filme Boyle e Beaufoy optaram por mostrar supostas alucinações do rapaz: ele se lembra de fatos de sua infância e adolescência e pensa no que poderia esta fazendo se não estivesse naquela situação.


Aqui não existem bons coadjuvantes (não é como dizer em “A Rainha”, “A Dama de Ferro” e “O Discurso do Rei” que o filme é do protagonista, afinal nesses três ele possuem um ótimo suporte) o filme pertence a James Franco, e ele deve fazer o que bem entende com esse fato. E não é que não é só como James Dean (muitos dizem que eles são idênticos, eu não acho) que Franco se deu bem, ele é um excelente ator, o que lhe faltam são bons papeis como este. Para ser Aron ele estudou sua personagem assistindo aos vídeos feitos pelo próprio Ralston e conversou com ele durante semanas a respeito das horas que passou lá. Não preciso dizer que a personagem sobrevive ao fim da história, mas não sem sequelas: além do choque mental que ele sofreu Ralston teve que arrancar o próprio braço com um canivete sem fio. E é nessa cena que o filme realmente choca qualquer um, a cena é quase que real, sentimos uma dor tão grande que parece que o próprio Franco está se mutilando. Além dessa outras cenas deprimentes são interpretadas muito bem pelo ator, como quando, para se distrair, ele se masturba e quando acaba a água e ele está louco de sede, urina em seu cantil e tentar beber, além de uma cena maravilhosa em que ele sonha que está chovendo.
         Boyle e Rahman continuam provando o quanto sabem trabalhar juntos, Franco ganhou um papel digno de sua indicação ao Oscar (aliás, as indicações não pararam por aí: Boyle e Rahman foram indicados respectivamente por direção e roteiro e melhor canção original [“Dido”] e trilha sonora, edição e melhor filme do ano, não ganhou nenhum), a história de Ralston foi adaptada com sucesso e o filme entrou para a lista dos filmes mais intragáveis dos últimos anos (não que ele seja ruim, mas porque a cena do braço realmente chocou muitas pessoas, eu a achei bastante real, mas seguramente suportável). O filme é, por fim, uma grande e ótima realização.



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353. HARRY POTTER E O PRISIONEIRO DE AZKABAN, de Alfonso Cuarón

O terceiro filme da série vem cheio de novas histórias e de esclarecimentos do passado de Harry, investe em uma fotografia mais sombria e é um dos melhores da Saga.
Nota: 8,8


Título Original: Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Michael Gambon, Gary Oldman, Timothy Spall, Emma Thompson, Julie Christie, Maggie Smith, Robbie Coltrane, Alan Rickman
Produção: David Heyman, Chris Columbus, Mark Radcliffe e Alfonso Cuarón
Roteiro: Steve Kloves e J. K. Rowling (romance)
Ano: 2004
Duração: 141 min.
Gênero: Fantasia

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             Aquele garoto órfão, deixado na porta da casa dos tios começa a crescer e nos proporcionar um enredo bem mais interessante. Harry, Rony e Hermione voltam das férias e mais uma vez o mundo bruxo sofre com uma ameaça: o temido Sirius Black fugiu da prisão de segurança muito mais que máxima dos bruxos, Azkaban. No entanto é a Escola de Magias e Bruxaria de Hogwarts que sentirá mais temores por seus alunos, o assassino está rodeando o local com a suposta intenção de capturar Harry Potter, mas ainda existe mais um problema: Black é o padrinho de Harry e foi acusado de entregar os pais do menino para o Lorde das Trevas e de assassinar um dos amigos de colégio do casal. Com novas personagens que permanecerão ao logo dos outros filmes da série, aqui a coisa começa a ficar séria, não só por ser onde as personagens juvenis começarão a descobrir coisas mais importantes, mas por se tornar algo cada vez mais bem feito.


             Não há nada na carreira de Cuarón que seja impecável,  ele não é nenhum daqueles diretores dos quais esperamos ansiosos pelo próximo filme, mas ele é bom. Suas formas de conduzir seus filmes são satisfatórias, o que faz desse terceiro filme da série o melhor até aqui (e um dos melhores dos oito filmes). Depois desse ele teve nomes como “Paris, Te Amo” e “Filhos da Esperança”, ambos de 2006, o segundo foi um sucesso de crítica e público, sendo indicado a três Oscars. Trilha sonora composta por John Williams é a todo instante aquilo que se espera de um mestre como ele, faixas novas (digo novas por que sempre nos lembramos do tema do primeiro filme, “Hedwig’s Theme”) são muito bem-vindas e tanto cenas de perseguição como de reflexão são embaladas com um graciosidade pertencente de Williams.


             Radcliffe, Watson e Grint estão crescendo, e aqui vemos uma mudança muito grande em relação ao segundo filme (provavelmente não veremos esse crescimento novamente), mas eles começam a crescer não somente em suas estaturas, mas se tornam bons atores com o passar dos anos. Harris é substituído por Gambon para viver Alvo Dumbledore; temos ainda as aparições de atores como Gary Oldman (como Sirius Black, mais uma de suas ótimas atuações que seguirá a saga) e Timothy Spall (Peter Pettigrew) e atrizes como as ótimas Emma Thompson (Professora Sybill Trelawney) e Julie Christie (Madame Rosmerta); o resto prossegue como nos outros filmes, um elenco de peso contendo Maggie Smith, Robbie Coltrane, Alan Rickman, Julie Walters, Fiona Shaw e Richard Griffiths faz assistência a um elenco mediano.



             Pois bem, agora as coisas não estão mais tão na mesma, e esse é o propósito desse filmes: separar a infância da adolescência dos jovens bruxos. Não há a aparição física do Lorde Voldemort como nos outros filmes, mas seu espírito está sempre ali, e é isso que moverá Harry, Hermione e Rony a seguir em frente, agora não como meras crianças, mas como quase adultos (cabe ao quarto filme a firmação deles como adolescentes mais responsáveis, o que vem com os problemas relacionados ao coração, os desejos, os sonhos mais verdadeiros e as provações de amor entre todos eles). Para quem gosta da série existem diversas cenas para serem absorvidas, para os que simplesmente gostam de cinema ou acompanham a série por diversão vão algumas dicas: o “Mapa do Maroto” é um importante instrumento para todo o resto da série, a reação de Harry com a tia no início do filme além de ser muito bem feita mostra que os poderes que o garoto possuí são bem maiores do que imaginamos, o estilo de lobisomem adotado pelo filme deve ser bem reparado, as conversas entre Harry e o padrinho ou Harry e o diretor da escola merecem atenção e, por fim, a aparição do chamado “vira-tempo” pode causar alguma confusão, mas é só prestar bem á atenção que fica tudo compreensível. Um dos melhores filmes da saga, “o Prisioneiro de Azkaban”, é um dos filmes mais obscuros dos oito, não que algum deles seja muito sinistro, mas esse é o que chaga mais perto, e é feito de forma tão boa que erros técnicos ou atuações simplórias e sem êxito passam despercebidas.

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354. O DISCURSO DO REI, de Tom Hooper

Realezas são sempre inspiradoras, quando ela se une com um ator frustrado em um filme com atores maravilhosos, uma direção impecável, uma trilha sonora digna dos salões reais e uma edição tão delicada o resultado não poderia ser ruim.
Nota: 9,6


Título Original: The King’s Speech
Direção: Tom Hooper
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Timothy Spall, Michael Ganbom, Guy Pearch
Produção: Iain Canning, Emile Sherman e Gareth Unwin
Roteiro: David Seidler
Ano: 2010
Duração: 118 min.
Gênero: Drama / Bografia


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Albert da Casa Windsor era o segundo filho do rei George V, tinha apenas duas filhas (nenhum filho), nunca era visto na mídia, era um homem muito reservado que não possuía muita voz ativa e, ainda por cima, era gago. Aqui conta-se basicamente a história de duas de suas relações mais importantes: com sua esposa e com Lionel Louge. Focando nessa última, Lionel era um ator de teatro frustrado que se tornou uma espécie de fonoaudiólogo, após diversas tentativas com grande especialistas, Bertie (como a família chamava Albert) procura Louge a fim de tratar sua gagueira, quando o irmão abdica o trono Albert precisa ir a fundo em seu tratamento para dar mais segurança ao povo britânico durante seus discurso em relação à Segunda Guerra Mundial. Apesar de diminuir em muito a admiração do rei por Adolf Hitler o filme é fiel e, segundo a própria Rainha Elizabeth II, a retratação é perfeita.


Diretor de séries bem conceituadas, em especial, “John Adams” (2008), Tom Hooper faz aqui algo lindo, é espirituoso, calmo, nos proporciona cenas divertidíssimas ou deprimentes o tempo todo. Seu uso de câmera é ótimo e a utilização de uma câmera só para filmar duas personagens uma ao lado da outra, mas uma de cada vez deixa o filme mais agitado e demonstra nitidamente os sentimentos de estase de cada personagem. Alexander Desplat é digno da realeza com uma das melhores trilhas sonoras do ano, que, acredito deveria ter levado o Oscar (perdeu para a moderna e diferenciada trilha da dupla, que gostei mais em “Millenium – Os Homens que não Amavam as Mulheres). Hooper, o filme e Colin Firth levaram respectivamente os prêmios de melhor direção, filme e ator (merecidíssmo em uma das melhores atuações masculinas dos últimos anos, incluo aqui os indicados ao prêmio de 2010, 2011 e 2012, Firth é o melhor).


Não que apenas esses três nomes formem o elenco, mas são eles que possuem relevância: Helena Bonham Carter é a esposa de Bertie, ela é simples, serena, comportada, o tipo de nobre que sempre sonhamos existir (não aquelas nobres vadias que estão sedentas por sexo que vemos em filmes e séries que contam os séculos passados), muito pelo contrário ela é realmente inspiradora, por parte de Carter, e só por parte dela, salientam-se duas cenas: a primeira, enquanto Albert faz seu discurso em um estádio seus olhas sorriem encorajando-o, enquanto seus olhos a entregam e demonstram seu medo e a cena em que ela revela seu amor pelo marido e resume ter se casado com ele por que ele “gaguejava tão bonitinho” (nessa última ela divide a cena com Firth, mas é a serenidade dela que chama mais a atenção); Geoffrey Rush é um Lionel divertido, feliz e de bem com a vida, frustrado por seu lado ator não ter vingado, mas satisfeito em poder dizer quanto ajuda as pessoas com seus problemas de expressão, Rush não tem nenhuma cena só sua, mas cenas como a descoberta da esposa dele que seu paciente é o rei, a cena em que faz um teste para uma peça, a que encena qualquer coisa com os filhos e a indiferença que a personagem nutre sobre estar ajudando o herdeiro do trono inglês (para ele Bertie, sim Lionel chama sua Alteza Real o Príncipe da Inglaterra de Bertie, é somente um homem como outro qualquer); mas esse filme é sobre o rei, ninguém mais, acima de tudo é sobre a superação do rei, não sobre suas relações com políticos, é sobre seu medo compreensivo de fazer discursos, e é aqui que        tem sua melhor performance desde sempre, bem como seu gaguejar é o melhor de sempre, ele não fica travando ridiculamente a cada palavra, elas simplesmente não saem, e todo esse sofrimento pela responsabilidade que ele possuí é tão bem feito que nos emocionamos a cada instante, as cenas seus discursos são incríveis cada momento em que Hooper o filma falando (ou, na maioria das vezes, tentando)  a cena se torna sua, ao menos aquele momento é seu. O trio Firth-Bonham Carter-Rush, indicado ao Oscar, faz desse filme uma aula para qualquer ator ou atriz, e até mesmo para diretores, roteiristas, produtores e editores, para resumir suas cenas seria fácil: o filme todo, mas salientaria as cenas em que os três estão juntos nas sessões de Albert, a conversa entre Lionel e Bertie quando o pai deste morre, quando Albert descobre quem realmente é seu “médico”, e finalmente as preparações e o tão esperado discurso do rei. Outros nomes excelentes do elenco são Michael Ganbom, como o rei George V; Guy Pearce, como o irmão pervertido de Bertie que abdica do trono por uma mulher americana separada e Timothy Spall como o carismático e mais amado primeiro ministro dos últimos tempos Wiston Chuschill.


“O Discurso do Rei” é mais que um filme bibliográfico, é uma realização maravilhosa em ano de filmes tão mediano como foi 2010, é o melhor filme do ano, seguido de “Cisne Negro” e “A Rede Social”,sei que os críticos discordariam de mim e o público também, mas o filme da terceira posição me parece caricato de mais e, apesar de adorá-lo e adorar David Fincher (o diretor) existe algo que não gosto nele; o segundo é um filme por demais de exagerado em suas loucuras, o que faz com que se perca uma fez ou outra (não sem eu roteiro, mas como um todo); já o filme sobre o monarca britânico (aliás, como disse na crítica de “A Rainha”, o Oscar adora os líderes britânicos, nos últimos dez anos três vencedores entre atriz e ator foram para eles, isso em contar em 1999 que Judi Dench levou coadjuvante pela interpretação de Elizabeth), portanto, fazer filmes sobre líderes é sempre uma boa pedida, talvez pela fama atribuída ao país de que são grandes líderes, ou pelo simples fato de que a nobreza inglesa acaba, de uma forma ou outra nos conquistando com toda sua pompa e classe perante a um mundo cheio de combinações culturais atrozes, logo é mais agradável esquecermos dos “funk’s” e das “delícias” e aproveitarmos duas horas com um filme tão agradável e feito com tanto carinho e atenção por seus realizadores.


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