segunda-feira, 18 de novembro de 2013

049. BLING RING: A GANGUE DE HOLLYWOOD, de Sofia Coppola

Uma lição sobre as consequências dos atos impetuosos dos jovens de hoje.
Nota: 9,2


Título Original: The Bling Ring
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson, Claire Julien, Taissa Farmiga, Georgia Rock, Leslie Mann, Carlos Miranda, Gavin Rosdale, Marck Coppola, Stacy Edwards, G. Mac Brown, Janet Song, Annie Fitzgeralde,
Produção: Roman Coppola, Sofia Coppola, Youree Henley
Roteiro: Sofia Coppola e Nancy Jo Sales (artigo “The Suspect Wore Louboutins”)
Ano: 2013
Duração: 90 min.
Gênero: Comédia

Entre outubro de 2008 e agosto de 2009, uma quadrilha de jovens roubou casas de pessoas famosas em Hollywood. Os crimes renderam à gangue uma quatia de joias, dinheiro e objetos de marca avaliados em 3 milhões de dólares. O grupo obcecado por celebridades, deu preferência aos famosos que possuiam marcas como Chanel, Gucci, Tiffany, Cartier e Marc Jacobs. Dentre as vitimas, estão: Paris Hilton, Lindsay Lohan, Audrina Patrige, Rachel Bilson, Orlando Bloom, Shia Labeouf e Megan Fox. Os integrantes da quadrilha foram pegos e condenados por seus crimes.


No filme, os jovens narram tudo o que aconteceu durante o um ano em que cometeram seus crimes. Tudo inicia com a amizade de Rebecca e Marc, dois jovens que vivem mais para observar o que os famosos fazem do que para progredir na vida real. Depois, outros conhecidos começam a integrar o grupo: Nicki, a mais popular de todos, Chloe, a mais temperamental, e Sam, a irmã adotada de Nicki que acabou se safando dos roubos. Durante o longa, conferimos a ação da quadrilha nas casas de Hilton e Bloom, por exemplo, além dos planos, gastos e festas.


O longa, dirigido e roteirizado por Sofia Coppola, é baseado nos acontecimentos reais relatados no artigo da jornalista Nancy Jo Sales: “The Suspect Wore Louboutins” (que pode ser conferido na íntegra clicando aqui). Jo Sales, que trabalha na famosa revista Vanity Fair, confirmou que o que ocorreu com os jovens remete a temas recorrentes na obra de Coppola: narcisismo, obsessão e vazio da fama. No filme, vale lembrar, os nomes dos personagens foram modificados: Rachel Lee virou Rebbeca, Nick Prugo virou Marc, Alexis Neiers nos é apresentada como Nicki, Coustney Ames é Chloe e Tess Taylor é Sam. Alguns desses jovens confessaram os crimes, vangloriando-se por estarem nas casas de pessoas consideradas tão importantes por eles. Tess Taylor, que aparece no longa sempre ao lado da gangue, roubou, mas não foi presa. Rachel lee tentou fugir, mas acabou sendo pega com fotos pessoais de Paris Hilton. Alexis Neiers chegou a negar e alegou seu envolvimento no caso como um carma, dizendo: “Acho que essa situação entrou em minha vida para que eu pudesse aprender uma importante lição para crescer e me desenvolver espiritualmente. Posso me ver me transformando em alguém como a Angelina Jolie.” Nenhum dos jovens passava necessidades financeiras, Neiers, por exemplo, já estava com o episódio piloto de sua série televisiva (que foi ao ar em 2010) pronto quando foi pega pela polícia (como foi liberada 30 dias após a condenação, pode desfrutar da fama).


O trabalho de Sofia Coppola não é nada simples nesse longa. Fica claro, mesmo sem se ouvir muito sobre essa história (a real ou a do filme), que os jovens em questão eram egoístas e extremamente fúteis. Dessa forma, é papel de Coppola denunciar os problemas dos jovens da atualidade sem apelar para cenas estúpiadas que pudessem diminuir a qualidade do longa. Perguntamo-nos, ouvindo falar sobre os roubos, o que motivou esses garotos a realizarem-os? A responta vem como uma bomba durante o filme: famílias desestruturadas criam jovens desestruturados por medo de procurar ajuda; vida regrada a festas, a bebedeiras e a drogas criam jovens influenciados por qualquer ideia que possa parecer uma aventura; padrões estabelecidos pela sociedade criam jovens fúteis que desejam se parecer com essa ou aquela celebridade. A culpa do que ocorreu não era das celebridades que levavam vidas aparentemente interessantes, a culpa é da sociedade que insiste em mostrar que essa vida é mais valiosa que a vida normal. E é isso o que Coppola pretende com esse filme, mostrar que a frustração, a falta de atenção e os padrões tornam os jovens sucetíveis à marginalização. Para completar, é primordial lembrar que Coppola não trata os criminosos como deuses, muito menos glorifica o que eles fazem, e sim, apresenta aos jovens as aconsequências para as imprudências cometidas pela gangue.


Rebecca, a líder do grupo, é interpretada por Katie Chang, uma inciante na carreira como atriz. Apesar de interpretar com sucesso essa jovem entusiasmada pela fama alheia e loca para que algo que ela considere interessante aconteça em sua vida, Chang não tem presença suficiente para viver a líder de uma gangue que rouba casas descaradamente. Israel Broussard tem em Mark seu primeiro grande papel. Diferentemente de Chang, Broussard tem presença durante o longa e carrega nas costas muito bem o fardo de representar o único homem do grupo. O ator deixa claro o quanto o rapaz tem uma vida frustrada e precisa obter objetos de famosos para acreditar que está mais perto de ser uma pessoa rica e conhecida no mundo todo. Emma Watson é a maior atração do longa. Conhecida por seus trabalho na saga “Harry Potter”, Watson vive Nicki de forma debochada e claramente irônica. Emma nos apresenta a típica menina rica que luta para ser uma celebridade, uma jovem que não liga para o que é certo ou para o que é errado, decidindo que, de uma forma ou outra, conseguirá o que deseja, mesmo que para isso mentir e trapacear possa parecer necessário. Taissa Farmiga compõe a dupla de irmãs com Watson, vivendo Sam ela nos mostra uma jovem que é reflexo de outra pessoa (no caso, Nicki) e que está satisfeita com isso. Juntas, Watson e Farmiga são o melhor de todo o filme. Por fim, completando o elenco e a gangue, Claire Julien, como a louca Chloe, uma jovem claramente perturbada que se joga na proposta dos roubos por acreditar que aquilo pode ser uma aventura interessante de alguma forma.


Emma Watson tem apenas um propósito nesse longa: chamar a atenção dos jovens do mundo todo para um filme interessante que denuncia a estupidez da juventude da atualidade. Além disso, com a direção de Coppola, a atriz vem e diz, de forma clara, que não será a nerd Hermione Granger para o resto da vida. Watson cresceu e seu talento cresce com ela, pois, mesmo não sendo a protagonista da trama, é ela quem rouba todas as cenas, deixando qualquer outro integrante da gangue de lado. Durante o longa, além de me indagar acerca do motivos que levaram o grupo a realizar os roubos, perguntei-me se eles realmente acreditavam que jamais seriam pegos. Ao longo da trama, percebemos que não ligavam para isso e foi exatamente o que os deteu: a inssegurança e o desejo de se parecer com as celebridades os levou a crer que seriam uns deles apenas por terem as coisas deles, e, sendo uns deles, por que os famosos os excluiriam ou os denunciariam? O fato é que esse jovens estavam longe de serem tão improtantes socialmente quanto seus ídolos o eram, e sofreram graves consequências por isso. Ou não, se levarmos em consideração a sociedade hipócrita na qual vivemos, que se postou fraca e alienada frente ao sucesso desses adolescentes, que conquistaram o que queriam: fama. Mesmo que isso tenha lhes custado algum tempo na cadeia.


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