Um drama psicológico como poucos.
Nota: 9,6
Título Original: Girl,Interrupted
Direção: James Mangold
Elenco: Winona Ryder, Angelina Jolie,
Whopi Golberg, Brittany Murphy, Clea DuVall, Elisabeth Moss, Vanessa Redgrave,
Jared Leto, Jeffrey Tambor
Produção: Cathy Konrad, Douglas Wick,
Carol Bodie, Gerogia Kacandes, Susanna Kaysen e Winona Ryder
Roteiro: James Mangold, Lisa Loomer, Anna Hamilton Phelan e Susanna
Kaysen (romance)
Ano: 1999
Duração: 127 min.
Gênero: Drama / Thriller
EUA, 1967, a jovem Susanna Kaysen é
identificada por um psicanalista com vítima do Transtorno de Borderline
(instabilidade emocional) e é enviada a uma hopital psiquiátrico. Uma vez no
hospital, Susanna conhecerá outras garotas com problemas mentais, todas com
suas semelhanças e diferenças bem delimitadas. Dentre elas, Está Lisa Rowe, uma
sociopata que é a personificação do Transtorno de Personalidade Antissocial.
O diretor James Mangold possui apenas
nove filmes em seu currículo. Porém, conquistou a façanha de reunir grandes
elencos em alguns deles: “Kate & Leopold” (2001), com Meg Ryan, Hugh
Jackman e Liev Schreiber; “Identidade” (2003), com John Cusack, Ray Liotta,
John Hawkes e Alfred Molina; “Johnny & June” (2005), com Joaquin Phoenix e
Reese Witherspoon, vencedora do Oscar de melhor atriz pelo filme; “Os
Indomáveis” (2007), com Russell Crowe, Christian Bale, Peter Fonda e Bem Foster;
e, por fim, “Encontro Explosivo” (2010), com Tom Cruise, Cameron Diaz, Peter
Sarsgaard, Paul Dano e Viola Davis. Mas, inquestionavelmente, seu mais
brilhante filme, e seu mais brilhante elenco, são “Garota, Interrompida”:
Winona Ryder, Angelina Jolie, Clea DuVall, Brittany Murphy, Elizabeth Moss,
Jared Leto (todos jovens na época, que tiveram sucesso estrondoso após esse
longa), e veteranas como Whopi Goldberg e a fantástica Vanessa Redgrave. O
filme é uma daptação do romance de Susanna Kaysen, que relatou os
acontecimentos de sua vida no livro de mesmo nome. Não li nenhuma linha do
romance de Kaysen, mas posso dizer, em dúvida, que o filme é algo
surpreendente. O roteiro não possui falhas e não tenta nos inserir no contexto
como o drama, “Ilha do Medo”, de Martin Scorsese, tentaria (ou melhor,
conseguiria), onze anos depois. É claro que o que nos é apresentado é um drama
psicológico, afinal, estamos diante de um manicômio feminino com as mais
variadas doenças e manias. Além disso, as garotas do filmes são jovens bonitas
e sensuais, as quais qualquer homem desejaria. Ainda sobre a beleza das moças,
é inevitável pensar que qualquer jovem gostaria de ser como Angelina ou Winona.
Jolie, por sinal, venceu o Oscar, o Globo de Ouro e o SAG de melhor atriz
coadjuvante por sua interpretação incrível de Lisa Rowe, e é necessário falar
sobre a beleza da personagem. Digo, não sobre a beleza estética da atriz, e sim
sobre a beleza da construção da personagem, que é a representação de toda a
loucura, toda a insanidade, mas que, ao mesmo tempo, é a representação da vida
e da morte do hospital. Sem Rowe, o hospital é sem graça, dessiteressante e ela
se torna assunto obrigatório. Quando Lisa está, tudo é uma catástrofe, e ela
faz questão de lembrar sua presença a todo instante.
Winona Ryder interpreta Susanna Kaysen
com uma singularidade essencial: no início da trama, vemos uma jovem com
problemas, mas, nem de longe, tão problemática quanto se tornará no decorrer da
trama. Ryder nos traz todo esse processo de forma nítida e completa, mostrando
a confusão que está a cabeça da jovem. Angelina Jolie pode se gabar em dizer
que seu Oscar foi conquistado por méríto e não por campanhas. Até concordo com
pessoas que alegam a dificuldade em saber se a atriz estava interpretando ou
vivendo um pouco de si mesma no cinema, mas isso não diminui a grandiosidade de
seu trabalho interpretando uma jovem com tantos altos e baixos e, como já
citei, personificando a sociopatia. Como disse anteriormente, as personagens
que compõe as pacientes do hospital são muito diversificadas, já apresentei uma
em início de tratamento e outra veterana, agora as reais coadjuvantes da trama.
Georgia Tuskin é vivida por Clea DuVall, que nos apresenta uma garota tímida e
influenciável, que acaba se apagando em detrimento de suas companheiras no
hospital (que fique claro, quem se apaga é a própria personagem,o que faz com
que a interpretação da atriz fique ainda mais rica e perceptível). Elizabeth
Moss é Polly Clark, uma garota que sofreu um acidente e tem o rosto queimado,
o acidente traz lembranças péssimas a menina e seus ataques depressivos são
outro ponto forte da trama. Por fim, entre as doente, está Brittany Murphy na
maior interpretação de sua carreira como a melodramática Daisy Randone, uma
jovem de família rica que vê seu mundo desabar devido a sua doença. As cenas em
que Murphy transforma a vida de sua personagem em consecutivas catástrofes, com
manias e trejeitos únicos, são momentos meoráveis para o forte cinema de 1999.
Para finalizar a análise das interpretações, volto a citar as veteranas. Whoopi
Goldberg está totalmente diferente daquela simpática comediante a qual nos
acostumamos, é a dura enfermeira Valerie Owens, que trata tudo com muita
inteligência e pulso firme, mas que consegue demostrar no olhar o quanto sente
por meninas tão belas, jovens e que possuem tantas chances na vida estarem
naquele hospital, não por escolha própria, e sim por necessidade. Apesar desse
tal pulso firme, a interpretação de Goldberg é a mais comovente do longa.
Vanessa Redgrave fecha, com chave de ouro, esse elenco estupendo. Ela é a Dr,
Sonia Wick, a psiquiatra do local. Vencedora de um Oscar e indicada mais cinco
vezes, a inglesa nos apresenta uma personagem sóbria, que faz seu trabalho com
muita decência, cautela e competência. Mais uma vez, quaisquer palavras que
fossem usadas seriam pouco para definir a grandiosidade que essa atriz adquiriu
durante os anos, tornando-a a capaz de ser perfeita em qualquer situação.
“Garota Interrompida” não é nenhum
thriller psicológico como os feitos por Alfred Hitchcock e Martin Scorsese,
porém, é preciso tanto fôlego para assistir ao assassinato de Marion Crane,
quanto os métodos a que as doentes acabam sendo submetidas no hospital
psiqueátrico. Enquanto o suspense e o terror se instalavam em “A Ilha do Medo”
graças à habilidade de Scorsese em nos envolver na trama a ponto de não
sabermos o que é real ou imaginário, os calafrios desse filme são
proporcionados por vermos jovens serem maltratadas pela vida devido a suas
doenças. O ponto forte do longa, o clássico clímax, também instalado por Hitch
e Scorsese é quando as garota pegam o diário de Susanna e se escondem no
subsolo do hospital. Susanna se esqueira em túneis intermináveis sem saber o
que a aguarda. É inevitável não lembrar das cenas dos filmes citados dos
mestres do cinema: o Detetive Arbogast subindo as escadas da casa dos Bates
(escada que representou o caminho de sua morte em “Psicose”, de 1960) e o
Detetive Teddy Daniels, vivido por Leonardo Di Caprio, andando atônito pelos
corredores do grande manicômio central da trama (mal sabia ele que esse seria o
caminho para a conclusão de sua completa loucura). “Psicose” até pode ter
influenciado em alguma coisa a cena do longa, “Paciente 67” (livro que deu
origem a “A Ilha do Medo”) nem havia sido lançado quando o longa foi realizado.
Entretanto, o que quero dizer fazendo referência a esses dois longas é que não
sabemos ao certo quais momentos dos filmes são reais, e quais deles são
imaginações dos nossos protagonistas. É impossível tecer uma conclusão
específica em meio a tantas loucuras e incertezas. O fato é que, assim como
“Psicose” fez e “A Ilha do Medo” faria mais tarde, “Garota, Interrompida” é um
longa perturbador que aposta no melhor para nos persuadir a mergulhar de
cabeça na história: a dúvida proporcionada pela insanidade.
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