Fechando o final de semana (domingo, 20), a Mostra Competitiva de curtas, médias e longa do Festival de Brasília apresentou A Outra Marge, de Nathália Tereza, História de uma Pena, de Leonardo Mouramateus, e Santoro – O Homem e sua Música, de John Howard Szerman.
Um agroboy, morador da
cidade de Campo Grande no Mato Grosso do Sul está apaixonado por uma jovem
bastante ousada. Durante uma noite, o jovem vaga pela capital sul matogrossense
pensando nesse amor que lhe consome. Um agroboy apaixonado não é algo que as
pessoas estão acostumadas a ver todos os dias. A outra margem mostra que eles existem. Aliás, existem aos
montes em lugares onde eles são a maioria, como em Campo Grande. Apesar de uma
história que pode saturar o espectador, o curta foi realizado todo durante a
noite, e tem uma das fotografias mais surpreendentes e interessantes do Festival.
Além disso, a mixagem de som deixa cada camada sonora do filme bem clara,
tornando o curta um dos melhores produtos audiovisuais do festival.
História
de uma Pena
narra o convívio social de alguns jovens e seus desafios frente à formação e às
aulas de um professor que deseja ensinar poesia.
Com planos longos e repletos de diálogos ou monólogos, o curta tem uma
fotografia realista e os planos são muito bem compostos. A história contada é
bastante simples: jovens com os hormônios à flor da pele e um professor
tentando ensinar alguma coisa. Apesar disso, a forma como Mouramateus apresenta
a narrativa, revelando momentos os de ócio (do qual fazem parte a droga, o
sexo, as festas) e os de obrigação dos jovens (do qual fazem parte o professor,
as tarefas, os horários), é bastante convincente. Além disso, o diálogos e
monólogos foram criados e interpretados de forma muito natural, ficando claro o
quanto a direção do curta é cuidadosa.
Claudio Santoro viveu entre 1919 e 1989.
Saiu do Amazonas com a ajuda do governo para
estudar no Rio de Janeiro. Lá, conheceu musicistas, intelectuais, grupos que o
fizeram se dedicar cada vez à música e foi aluno de Hans-Joachim Koellreutter. Comunista,
acabou vivendo em outros países além do Brasil, como França e Alemanha, onde aprofundou
seus estudos e conheceu novas realidades. Foi, também, professor na
Universidade de Brasília, onde valorizou o estudo da música. Santoro foi um dos
maiores compositores e regentes da história da música brasileira, recebendo
inúmeros prêmios e homenagens tanto em território nacional quanto
internacional. Uma das homenagens mais significativas, é darem seu nome ao Teatro
Nacional, conhecido, hoje, como Teatro Nacional Claudio Santoro.
Santoro – O Homem e sua Música
é um documentário bastante tradicional e cheio de clichês. Os depoimentos de
amigos, familiares, intelectuais são como em qualquer outro filme do gênero e
estão ali com uma finalidade apenas: enaltecer o trabalho do protagonista. As
interpretações gráficas (desenhos, vídeo arte) das músicas do compositor são pouco
criativas e não demonstram, nem de longe, o que se sente ao ouvir uma peça de Santoro.
As narrações em off se prolongam ao longo do filme, o que incomoda o espectador,
à medida que o longa perde o ritmo criado. O único trunfo do filme são as apresentações
das peças de Santoro (aquelas onde músicos, seja orquestra ou não, aparecem)
que, ao menos, irão conquistar quem gosta das músicas compostas por Claudio.
Com curtas inteligentes e
com fotografias e som excelentes, e com um longa confuso e com muito pouco a
ser ressaltado, a noite de domingo foi bastante contraditória. Enquanto A Outra Margem traz uma história nada
comum à maioria da população brasileira de forma inteligente, História de uma Pena revela algo que
todos já conhecemos, mas com poesia, humor e sinceridade. Duas realidades
diferentes, mas que se complementam. O longa da noite, entretanto, se dedica a homenagear
Santoro e deixa de se preocupar com o resultado final como produto. A intenção
em homenagear um homem tão importante é linda, mas de boas intenções o cinema
está cheio (de filmes de baixa qualidade).
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