Poderia ser melhor, mas não chega a
decepcionar, afinal, voltar à Terra Média é sempre uma boa idéia.
Nota: 9,7
Título Original: The Hobbit – An Unexpected Journey
Direção: Peter Jackson
Elenco: Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Ken Stott,
Graham McTavish, William Kircher, James
Nesbitt, Stephen Hunter, Dean O’Gorman, Aidan Turner, John Callen, Peter
Hambledon, Jed Brophy, Mark Hadlow, Adam Brown, Cate Blanchett, Hugo Weaving,
Christopher Lee, Elijah Wood, Iam Holm, Sylvester McCoy, Jafrey Thomas, Andy
Serkis
Produção: Carolynne Cunningham, Peter Jackson, Fran Walsh, Zane Weiner
Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens,
Peter Jackson, Guillermo del Toro e J. R. R Tolkien (romance)
Ano: 2012
Duração: 169 min.
Gênero: Drama / Aventura / Fantasia
O jovem hobbit Bilbo Bolseiro vive em
paz em sua casinha no Contado – uma espécie de vila onde vemos apenas
“hobbitesses” felizes, muito verde e muita paz. Sem mais nem menos, eis que o
pequeno recebe a visita do querido Mago Gandalf, o Cinzento, sem muito dizer o
Mago vai embora e deixa Bilbo confuso sem saber o que fazer. De repente, ao
cair da noite, sem convite algum – o que só pode ser uma afronta – anões
começam a entrar na casa de Bilbo; ao todo eles são treze – mais Gandalf – eles
comem da comida de Bilbo, bebem de sua bebida, usam sua louça e o convidam –
melhor, intimam – para uma viajem que tomará de volta todo o ouro, glória e
reino dos anões, o único problema é que essa tarefa exige a eliminação de um
pequeno ser voador e cuspidor de fogo, um Dragão. Apesar de excitar um pouco, é
claro que o pequeno Hobbit aceita e se verá em uma jornada totalmente
inesperada, e hilária.
A intenção do mestre Tolkien ao escrever
o livro “O Hobbit” era apresentar aos fãs a verdadeira personalidade dos
pequenos, a obra foi lançada em 1937 e logo foi aclamada por público e crítica,
recebendo prêmios e tornando-se um clássico da literatura infantil – a
linguagem utilizada é simples, contrariando o que vemos na trilogia “O Senhor
dos Anéis”, fugindo daquele estilo característico em que tudo é tão bem
caracterizado que quase nos perdemos na história. A adaptação, entretanto, não
é tão infantil ou amena. Bilbo é, primeiramente, mostrado como um Hobbit sem
muita emoção ou vontade de viver aventuras – exatamente como sempre imaginamos
que eles fossem, pois reparamos a sua vida tranqüila e em paz -;
posteriormente, ao aceitar a proposta de entrar na aventura com os anões e
Gandalf, o pequeno se torna alguém destemido, forte e, até, audacioso,
representando como os Hobbits podem ser inesperados. Para compreender melhor a
história, entretanto, é bom já ir preparado para o cinema sabendo que o que
move os anões a ir até o Dragão Smaug e tentar reivindicar o tesouro que ele
guarda é o fato de todo esse ouro ter pertencido aos próprios anões, sendo que
o líder do grupo é liderado por Thorin, filho de Thráin, neto de Thrór e
herdeiro do trono de Durin, o local invadido pelo Dragão – a fera roubou tudo o
que pertencia aos anões, afinal, esses animais são conhecidos pela fúria e pela
luxúria pelo ouro. Quando Thorin ouve rumores de que Smaug está morto, ele
chama os outros anões para atacar o animal e tomar tudo o que é seu de volta.
Quando foi dito que Peter Jackson dirigiria a adaptação, logo me animei e
esperei durante os últimos anos como se estivesse esperando por um momento
épico do cinema. Apesar de o filme não ser tal evento e se reter em momentos
inúteis e que enrolam de forma inacreditável, conferimos a mesma técnica
perfeita de Jackson que vimos na trilogia “O Senhor dos Anéis” – senão melhor –
e o filme não é nada chato como algumas pessoas vêm dizendo. Devo confessar que
existem momentos em que a monotonia permanece tão constante que até pude ir ao
banheiro durante a sessão no cinema – compreensível, afinal, o livro tem poucas
páginas para ser adaptado para três filmes (essa tal idéia de serem feitos três
filmes é que é inaceitável) –, mas é nesse momento que vemos a paixão de
Jackson, pois parece que ele não quer mais se desgarrar da Idade Média, e acaba
se perdendo em uma ou outra cena absolutamente desnecessária.
Para falar sobre cada atuação é
essencial lembrar alguns anões, além de algumas outras personagens cruciais
para a história. Sendo assim, são necessárias algumas divisões no elenco:
Os Hobbits: Bilbo Bolseiro é
interpretado por Martin Freeman (vale lembrar a participação ótima de Iam Holm na primeira cena da personagem). Freeman nos trás a perfeição do que imaginamos
ser o povo britânico: conservador, organizado e que odeia surpresas – no caso,
visitas sem avisar. Além disso, ele consegue incorporar de forma tão incrível a
personagem que parece que estamos, realmente, diante daquele Bilbo que lemos no
livro. Além dele, Elijah Wood volta como o sobrinho de Bilbo, Frodo Bolseiro,
apesar de aparecer pouco, o ator volta na personagem como aquele Frodo que
vimos no início da série, pouco maduro e muito feliz.
Os Magos: Gandalf, o Cinzento, volta a
ser interpretado pelo majestoso Ian McKellen, que nos proporciona os momentos
mais inteligentes e engraçados da trama. Bem como foi feito na Trilogia, é
tarefa dele liderar de forma racional essa trupe atrapalhada, além da
personagem cumprir com seu papel, McKellen cumpre com o seu ao nos trazer ora o
Gandalf sério, ora o Gandalf divertido. Além dele, Christopher Lee também
encara novamente Saruman, o Branco, outra grande atuação que merece destaque
por nos trazer uma ponta do que Saruman faria sessenta anos depois (sim, ele já
estava mancomunado com forças do mal que acabariam com a Terra Média durante a
aventura de Frodo). Radagast, o Marrom (um mago bem natural que é citado apenas uma vez
nos livros) é encarado por Sylvester McCory, em uma das atuações mais vivas e
bem vindas do filme.
Os Elfos: Novamente temos Hugo Weaving
como o Senhor de Valfenda, Elrond, um dos Elfos mais importantes de toda a
história, além de uma das personagens mais poderosas da obra; Weaving está mais
sereno e bem menos preocupado com o mundo, mas ainda sim é sério e mantêm o
equilíbrio em qualquer momento. Ao seu lado, está a sempre maravilhosa Cate
Blanchett, também de volta a série, como Galadriel, definitivamente a
personagem mais serena de todo o universo de Tolkien, mas também poderosa,
temida e respeitada, ela já estava na história quando o Um Anel foi criado, e
outros anéis foram distribuídos para os seres mais importantes da Terra (ela,
inclusive, recebeu um dos três dados aos Elfos). Devo destacar a segunda cena
mais perfeita do filme, onde Elrond, Galadriel, Gandalf e Saruman conversam
sobre as pretensões dos anões, se existe uma cena que merece respeito pelas
atuações no ano de 2012, essa é uma delas.
Os Anões: Para falar sobre esses
pequenos, vou apenas destacar alguns deles
Thorin, Escudo de Carvalho (o nome se
deve ao escudo que usa há décadas: um pedaço de carvalho) é interpretado por
Richard Armitage, já li sobre como o ator não é capaz de se igualar ao que
Viggo Mortensen fez ao encarar o enigmático Aragorn na Trilogia, para mim, Armitage
realiza um trabalho diferente, conseguindo ser mais natural que Mortensen e se
tornando um personagem original e único, além disso, é forte, destemido e bem
inteligente para um anão, mas podemos conferir sua audácia por sentir o sangue
real correndo por suas veias.
O velho Balin é vivido por Ken Stott, o
personagem por si só já é algo único, pois ele é um dos únicos que viveu tudo o
que o próprio Thorin viveu, e Stott nos trás um velhinho que ainda tem muito a
mostrar e não desistirá tão fácil, até porque, quando um anão entra em uma
aventura, ele a tornará épica.
Os inseparáveis Fili e Kili são
interpretados, respectivamente, por Dean Gorman e Aidan Turner, apesar de as
personagens serem jovens demais (para dois anões) e eles darem alguns foras,
através dos atores, fica claro que eles desejam mesmo é estar nessa aventura,
custe o que custar, e eles podemos ter certeza de uma coisa sobre a aventura:
eles aproveitarão ao máximo.
Ao viver Gloin, Peter Hambleton nos trás
mais um anão engraçado e divertido (ele me lembra muito a interpretação de John
Rhys-Davies na Trilogia, onde viveu o também anão Gimli). Apesar das
semelhanças, Hambleton nos trás mais um personagem original e cheio de
novidades.
Graham McTavish vive o anão Dwalin, que
merece destaque por ser um personagem que mistura as duas principais
características dos anões: o bom humor e o mau humor. Sim, podemos dizer que
essas são duas características primordiais para a formação de um anão, mas
sempre alguma delas prevalece – a exemplo, Thorin (o mau humor) e Gloin (o bom
humor). Dwalin é um intermédio entre eles, um anão sério, mas que não perde a
oportunidade de uma piada.
No restante dos anões, temos: Jed Brophy (Nori), Adam Brown (Ori), Mark
Hadlow (Dori),
John Callen (Oin), Stephen Hunter (Bombur), James Nesbitt (Bofur) e William Kircher (Bifur).
O Gollun: Por fim, não se pode deixar de
falar do personagem gráfico mais incrível do cinema. Vivido por Andy Serkins em
uma atuação cheia de detalhes, ele continua sendo um dos personagens mais
incríveis que já li, e aqui, ele se torna mais digno de pena que nunca. E é ele
que protagoniza, ao lado de Bilbo, a melhor cena desse filme (e uma das
melhores cenas do ano) onde os dois jogam a vida do Hobbit em uma brincadeira
de adivinhações. O mais incrível é lembrar que Gollun já foi Smeagol, um
Hobbit.
Não há como assistir a esse filme e não
se impressionar com a caracterização das personagens, pois tanto a maquiagem
quanto a edição que transforma alguns seres mágicos em reais, são perfeitas.
Nesse contexto, podemos criticar o que for aqui (principalmente o roteiro, que
é o que dá ao filme seu maior problema: cenas desnecessárias), mas criticar a
parte técnica da produção ou as atuações de uma forma geral, é algo imprudente
e, caso seja feito, não se deve atribuir muitos créditos. Mais um trunfo
utilizado por Jackson para atrair os fãs da Trilogia do Anel é fazer algumas
referências aos três filmes lançados há quase 10 anos. Ainda sim, o principal
trunfo de toda a história é mostrar um pouco mais das tradições dos Hobbits (os
quais conhecemos muito pouco nas outras produções), dos anões, dos Elfos e
alguma coisa relacionada aos magos (sobre os quais não sabíamos nada). Como
disse, se um anão já pode fazer um estrago ao encarar qualquer aventura, imaginem
13 anões em busca de um tesouro guardado por um Dragão. Entretanto, apesar do
excesso de anões e da presença de três magos, sentimos falta de mais elfos, e,
sem dúvida, apesar da excelente atuação de Martin Freeman (que coloca Bilbo em
um posto que sempre desejamos ver), em uma história intitulada “O Hobbit” falta-nos
“hobbitesses”. Por fim, vale a pena conferir por um simples fato: é sempre bom
voltar a Terra Média, e se tem alguém nesse mundo que é capaz de tornar esse
universo palpável, esse alguém é Peter Jackson.
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