É impressionante como filmes sobre vampiros estão se perdendo de forma tão rápida, nesse vemos uma fidelidade rara ao que se considerou ser um vampiro durante incontáveis anos, e o vemos de forma muito bem realizada.
Nota: 9,0
Título Original: Interview eith the Vampire: The Vampire Chronicle
Direção: Neil Jordan
Elenco: Brad Pitt, Tom Cruise, Antonio Banderas, John McConnell, Virginia McCollam, Thadie Newton, Kirsten Dunst, Helen McCrory
Roteiro: Anne Rice (ela também escreveu o romance)
Ano: 1994
Duração: 123 min.
Gênero: Drama/Fantasia
CONFIRA O TRAILER DO FILME:
Já foram realizados centenas de projetos para abordar o tema de vampiros, alguns morrem com estacas, outros não, outros são vencidos por crucifixos, outros apenas se sentem desconfortáveis com o símbolo religioso, ainda existem aqueles que queimam até os ossos com a luz solar, outros resolveram inovar e brilham quando expostos à mesma luz. O fato é que todos são iguais em um sentido, se não necessitam exclusivamente de sangue humano para viver, eles o desejam desesperadamente.
Aqui o Conde Drácula é um mito, a estaca, o alho e o crucifixo não ameaçam os vampiros, mas eles morrem com o sol, sofrem com o fogo, são loucos por sangue e difíceis de matar. Louis de Pointe Du Lac (Brad Pitt) é vampiro há 200 anos e, nos anos 1990, decide contar sua história para um jornalista: foi um proprietário de terras que, após perder a esposa e filha recém nascida, se entrega á depressão e acaba se rendendo a nova "vida" proposta pelo já vampiro Lestat de Lioncourt (Tom Cruise). Daí por diante Louis viverá uma vida regada á sangue e morte humana e animal até se conformar que o que ele realmente deseja são os seres humanos. Para que isso aconteça ele e Lestat acabam por "adotar" uma indefesa garota (Kristen Dunst, ainda bem novinha) e a transformam em uma vampira sedenta por humanos. É Louis quem narra o filme do começo ao fim expondo todos os desejos e dúvidas que teve durante todas suas vidas e morte.
Neil Jordan não é bem o tipo integro na sociedade nos padrões considerados corretos, é diretor de poucos filmes, mas os que dirigiu tem um quê bastante excêntrico (é claro que esse não foge da regra, afinal é um filme sobre vampiros); recentemente dirigiu, roteirizou e produziu uma das séries mais polêmicas dos últimos anos, Os Bórgias (comentei sobre ela na crítica sobre o filme Casanova). Resumidamente a série trata sobre a nada controvérsia família que tinha como líder um papa que teve filhos, esposa, amantes e que reinou na Europa mandando e desmandando em todas as mentes católicas do mundo. Seus trabalhos, como um todo, não são espetaculares, o que deixa claro que ele não possui a genialidade de diretores como Martin Scorsese ou Alfred Hitchcock, mas Jordan não deixa a desejar e faz seu trabalho com competência e coragem. A trilha sonora não poderia ser melhor, composta por Elliot Goldentha (vencedor do Oscar em 2002 por "Frida") foi indicada ao Oscar em 1994, por sinal foi a única indicação ao prêmio ao lado da Direção de Arte de Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, que ganharam o prêmio esse ano na mesma categoria por "A Invenção de Hugo Cabret". O filme venceu prêmios, na maioria técnicos em outras premiações como o BAFTA, e chegou a ganhar, desmerecidamente, o Framboesa de Ouro, por melhor casal para Pitt e Cruise.
Aliás são eles que realmente me surpreendem nesse filme e o fazem valer a pena, é provavelmente a única atuação de Cruise decente e a uma, das várias, atuações sensacionais de Brad Pitt. Pelo primeiro não possuo simpatia alguma, acho ele muito exagerado e pouco flexivo, do tipo de ator que não passa segurança e tem sempre atuações muito parecidas. Pelo segundo confesso ter um certo carisma; Pitt não é nenhum James Stewart, mas gosto de seus trabalhos e ele sempre acaba conquistando minha admiração, especialmente em dois de seus últimos filmes: "O Curioso Caso de Benjamim Button" e "O Homem que Mudou o Jogo", pelos quais foi indicado ao Oscar. Ainda não tive a chance de assistir "O Clube da Luta", mas dizem que ele é incrível, Dunst com esse filme mostrou que tinha tudo para ser uma das melhores atrizes de sua época, é convincente do começo ao fim é se mostra a própria bonequinha amaldiçoada. Quem não é nem capaz de realizar um bom trabalho é Antonio Banderas, tudo bem que vindo dele não se pode esperar muito, mas aqui ele interpreta um vampiro com 400 anos, provavelmente o mais velho na Terra, e o faz muito mal para uma personagem tão rica.
"Entrevista com o Vampiro" é aquele tipo de filme que nos deixa com vontade de assistir mais e mais vezes, ou melhor, nos dá vontade de que ele dure mais tempo para que a diversão e qualidade demorem a chegar ao fim, fim esse que surpreende por ser obvio e nos deixa animados com a possibilidade de que jamais se perca a verdadeira identidade dos filmes que retratam os vampiros de forma relativamente fiel e o fazem com tanta qualidade.
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