sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

395. A DAMA DE FERRO, de Phillida Lloyd

Seria apenas um bom filme se não fosse a sagacidade e a perfeição de Meryl Streep ao interpretar Margaret Thatcher.
Nota: 8,5


Título Original: The Iron Lady
Diretor: Phyllida Lloyd
Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Anthony Head, Richard E. Grant, Roger Allam, Olivia Colman, Nick Dunning, Hugh Ross, David Westhead, Iain Glen
Produção: Damian Jones
Roteiro: Abi Morgan
Duração: 105 min.
Ano: 2011
Gênero: Drama

CONFIRA O TRAILER DO FILME:



Existem mulheres e existem as mulheres, bem como acontece com os homens, essas últimas se destacam de forma brilhante em nossa sociedade. O cartaz já diz “a mulher mais poderosa do século XX”, que por sinal foi dominado pelos homens, os tons em azul mostram sua cor preferida, as perolas demostram sua persistência, o cabelo sua tolerância, e seu semblante é aquele, que na década de 1980 comandou a Grã-Bretanha como uma Dama de Ferro, mas podemos ver além da personagem, e é lá que está Meryl Streep.
Contando a trajetória da única mulher a se tornar première do Reino Unido, Margareth Thatcher, mostrando a perspectiva da idosa demente desde sua adolescência até os dias de hoje, o filme já causou polêmica no mundo todo: na Inglaterra dividiu as opiniões como realista ou exagerado e sem comprometimento com a realidade e na Argentina foi considerado um ultraje, o que não deve ser relevado levando em conta que em algum momento da trama a líder define esse povo como bandidos e criminosos em relação às Ilhas Malvinas (o que na realidade eles foram, e voltam a ser após trinta anos, mas deixando opiniões políticas de lado, voltemos à vida de Lady Thatcher, como se faz no filme). Mostrando as relações dela com seus filhos, marido, povo e colegas políticos, o filme consegue nos arrancar um pouco de risadas, mas, sobretudo, prevalecem as dificuldades pelas quais esta mulher inigualável passou e continua passando.



O filme em si não é nada grandioso, aparentemente tenta fazer o mesmo que foi feito em A Rainha, de 2007, mas fracassa. A direção é pobre e com cortes, closes e tomadas erradas e desnecessárias, erros cometidos por amadores e que não são perdoáveis em um filme que merecia mais atenção de seus realizadores. Em contraponto temos uma boa fotografia, bem como trilha sonora. Além disso temos o prazer de vermos a grandiosidade de um figurino lindo e muito bem “copiado”, e as maquiagens, sobretudo de Streep, são um show na tela de cinema. O roteiro também não perde em nada, é bem construído e acertou quando misturou a vida hoje com o passado.
Jim Broadbent interpreta Dennis Thatcher, o marido, com tanta convicção e coragem em investir em um homem divertido e apaixonado acima de tudo pela esposa, que nos faz pensar em quanto ela perdeu a vida que poderia ter ao lado de homem tão espirituoso, para cuidar de seu povo. Outra coadjuvante que nos cativa é a única companhia da senhora já idosa e muito judiada pelo tempo, interpretada com simplicidade por Susan Brown. Os jovens intérpretes do casal Thatcher não realizam um trabalho tão bem feito, mas seria demais pedir para que se igualassem a Broadbent e Streep.


Aliás, como já foi dito inúmeras vezes, o filme é dela. Sim, Meryl Streep carrega todo ele nas costas (e para quem já viu o filme, isso não é uma ironia), a atriz norte americana, de quem confesso ser um grande admirador, faz muito mais do que podemos imaginar aqui: ela estudou sua personagem durante meses, inclusive frequentando a câmara dos Lordes, colocando elásticos em seus pulsos para as veias incharem, bem como próteses em sua boca, assistiu a vídeos para observar a forma de andar e as gestualidades e se submeteu entre uma a duas horas de maquiagem todos os dias para compor sua personagem. Isso tudo parece corriqueiro para uma atriz, mas não é qualquer atriz de 60 anos que faz tudo isso e ainda continua parecendo ter menos de cinquenta. É difícil dizer quando Meryl Streep esteve tão gloriosa em toda sua carreira, nesta personagem ela reúne a graciosidade, a coragem, a ousadia, a persistência e o drama que lhe rendeu a fama. Consagrasse como uma das atrizes mais importante de Hollywood hoje e sempre e mostra realmente que não importa o sexo ou a idade, é sempre tempo para viver e fazer bem o que gosta. Com essa grandiosa atuação Streep é indicada pela décima sétima vez ao Oscar, quebra seu próprio recorde e nunca foi tão aclamada para vencer. O filme em si pode não ser nem de perto tão grandioso quanto a Dama de Ferro, mas a atuação de Meryl Streep entra para a história, bem como o fez a mulher que reergueu a Inglaterra e conquistou o amor e o temor de todo o mundo.
As indicações ao Oscar são apenas de Melhor Maquiagem: Mark Coulier e J. Roy Helland (responsável pelo cabelo e maquiagem de Streep a mais de 20 anos) e para Melhor Atriz Principal para Meryl Streep. As chances são grandes nas duas categorias, e merecem apostas máximas apenas por serem tão perfeitas.



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