segunda-feira, 18 de novembro de 2013

051. VIDA SECRETA DAS ABELHAS, de Gina Prince-Bythewood

Há muito não assistia no cinema uma lição de vida tão verdadeira.
Nota: 9,2


Título Original: The Secret Life of Bees
Direção: Gina Prince-Bythewood
Elenco: Dakota Fanning, Queen Latifah, Jennifer Hudson, Alicia Keys, Sophei Okonedo, Paul Bettany, Hilarie Burton, Tristan Wilds
Produção: James Lassiter, Joe Pichirallo, Lauren Shuler Donner, Will Smith
Roteiro: Gina Prince-Bythewood e Sue Monk Kidd (romance)
Ano: 2008
Duração: 114 min.
Gênero: Comédia / Drama

Lily é uma jovem que se culpa pela morte da mãe e tem um pai violento que lhe conta mentiras sobre a mãe. Aos 14 anos, a menina, motivada por uma dica de que sua mãe viveu na Carolina do Sul, foge com sua amiga e babá, Rosaleen, para o estado. Na cidade em que chegam, hospedam-se na casa das irmãs Boatwright: August, June e May. Elas são três negras que ganham a vida criando abelhas. Uma vez na casa dessas boas senhoritas, Lily descobrirá segredos que jamais desconfiou acerca de sua mãe e viverá verdadeiras aventuras na descoberta da vida.


Gina Prince-Bythewood é uma jovem diretora de televisão e cinema que, sobretudo, prefere abordar os temas relacionados aos negros. Em “A Vida Secreta das Abelhas”, Gina não propõe um filme épico que luta contra o racismo no mundo, e sim, nos apresenta um longa que contextualiza o preconceito da década de 1964 e mostra a vida de três mulheres que ganham a vida sozinhas, enfrentando os problemas e guardando segredos. O longa, vem como um filme quase revolucionário: mostra três mulheres que, unidas, não precisam de homens para levar a vida, mas que admitem se apaixonar perdidamente por um. Não é o tipo de filme feminista que tenta mostrar as mulheres como seres humanos além de suas capacidades. Revela, dessa forma, como mulheres negras podem viver sozinhas, mas como, também, toda mulher está sujeita a se apaixonar. Lily, sendo assim, adentra o mundo dessas três mulheres para levar mais alegria à casa das irmãs Boatwright, ao passo que Rosaleen encontra pessoas que a compreendem, semelhantes a ela em cor e costumes. Tecnicamente, esse filme é belo e nos traz uma tranquilidade ímpar. Além disso, a trilha sonora de Mark Isham é dramática e melancólica ao mesmo tempo em que consegue ser alegre e cheia de esperança. O roteiro do longa é baseado no romance de Sue Monk Kidd, e é necessário apontar que a adaptação para o cinema, consegue a proeza de transmitir a mesma beleza sentimental e espiritual do livro. A relação que August traça entre Lily e sua mãe é algo belo e puro, poucas vezes tão bem explicado e relatado em um filme no cinema.


Dakota Fanning foi uma das maiores promessas de sua época, entretanto ouso dizer que é possível contar nos dedos suas atuações realmente brilhantes. Lily é uma dessas interpretações. Fanning tem aquele elemento dramático – o timing tão falado entre os artistas – do começo ao fim. Em alguns momentos, a atriz nos apresenta uma menina inocente que tem muito a descobrir; em outras cenas, uma jovem destemida que está disposta a qualquer coisa para descobrir algo sobre sua mãe; em outros momentos é a pequena grande mulher pronta para receber os ensinamentos e as verdades sem enrolação. Queen Latifah é uma das atrizes mais simpáticas de Hollywood. Aqui ela vive August, a irmã mais paciente e experiente das três, uma mulher inteligente que já sofreu o suficiente para saber que Lily merece ensinamentos e, mais que qualquer coisa, deseja ajudar a garota a encontrar o rumo de sua vida. Latifah nos traz mais uma representação humana e de grande valor solidário. A cantora Alicia Keys surpreende vivendo a histérica e pessimista June. Keys é o retrato de uma mulher bonita e inteligente que quer um futuro promissor, mas teme por não saber qual caminho está trilhando, sendo insegura e não deixando que ninguém se aproxime muito de seu mundinho. Sophia Okonedo rouba a cena como May, a mais jovem das irmãs, que tem uma doença mental que a torna limitada em tudo. Porém, mesmo com os limites que um deficiente possui, ela nos transmite como essa parcela da população pode ser carinhosa e atenciosa além do imaginável, ou seja, como podem ser mais humanos que qualquer outra pessoa, e é aí que está a perfeição de sua interpretação. Jennifer Hudon completa o elenco como a simpática Rosaleen, uma negra que tem medo e se sente oprimida como a maioria dos americanos negros da década de 60, mas que encontrará a si mesma convivendo com as irmãs Boatwright.



“A Vida Secreta das Abelhas” nos faz refletir desde o título do longa até o desfecho do filme, com as revelações que Lily tanto procurava. Em uma metáfora antológica, August mostra a Lily como os insetos – no caso, as abelhas – possuem seus segredos, que só são compartilhados por aqueles que elas permitam adentrar suas colmeias. Nesse contexto, August também revela a necessidade de se existiram segredos entre as abelhas para que elas sejam tão perfeitas em viver em uma sociedade quase perfeita e produzir sua arte de forma tão deliciosa. Assim, August compara as abelhas aos seres humanos, alertando a Lily de que todos temos nossas segredos. Nem tudo está tão explicito nesse filme, e é isso que torna ele algo tão belo e singular. “A Vida Secreta das Abelhas” pode não ser uma obra prima da Sétima Arte, mas é um filme essencial para todo ser humano que deseja compreender um pouco do significado da humanidade, da solidariedade e da compaixão.


ACESSE NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE:
 http://www.youtube.com/user/projeto399filmes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poderá gostar também de: