A típica comédia dramática que expõe a
vida e seus problemas sem nenhuma repreensão.
Nota: 9,1
Título Original: Young Adult
Direção: Jason Reitman
Elenco: Charlize Theron, Patton Oswalt,
Padrick Wilson, Elizabeth Reaser, Collette Wolfe, Jill Eikenberry, Richard
Bekins, Mary Beth Hurt, Kate Nowlin, Jenny Dare Paulin
Produção: Diablo Cody, Lianne Halfon,
Mason Novick, Jason Reitman, Russell Smith, Charlize Theron
Roteiro: Diablo Cody
Ano: 2011
Duração: 94 min.
Gênero: Comédia / Drama
Mavis Gary é uma escritora de livros
juvenis que vive uma vida desastrosa: está divorciada, é alcoólatra e percebe
que ainda é apaixonada pelo seu namorado da época do colégio. Sendo assim e
decidida a mudar de vida, Mavis resolve voltar à sua cidade natal e tentar
reconquistar Buddy, o antigo amor. O problema é que o cara está casado, acaba
de ter uma filha e é um homem feliz. Bom, isso seria um problema para pessoas comuns,
mas não parece ser um empecílho para Mavis.
Jason Reitman tem apenas 13 títulos em
seu currículo, dentre eles, 6 são curtas, dois são séries e apenas 5 são
longas. Todavia, é de extrema importância dizer que desses, quatro longas estão
estre as melhores comédias dramáticas dos últimos dez anos. São: “Obrigado por
Fumar” (2005), “Juno” (2007), “Amor Sem Escalas” (2009) e “Jovens Adultos”
(2011). Recentemente, o diretor lança o drama “Refém da Paixão” (2013), com
Josh Brolin e Kate Winslet. Voltando às comédias, vale lembrar que cada uma é
única, e temas como contradição, escolhas, vida profissional e decadência são
abordados. A semelhança entre os longas é simples: todos são comédias que
mostram a vida como ela é, de forma nua e crua, sem rodeios ou tentativas de
enaltecer algo que não pode ser enaltecido. Em “Obrigado por Fumar”, o
protagonista faz propagandas de cigarros ao mesmo tempo em que deve induzir o
jovem filho a não usar drogas, em “Juno”, uma adolescente engravida e resolve
entregar seu filho a pais adotivos, em “Amor sem Escalas”, o protagonista vive
demitindo pessoas pelos EUA e em “Jovens Adultos”, Mavis é uma mulher frustrada
que deseja retomar o passado de onde parou e recuperar o tempo perdido. Há
ainda uma coisa em comum entre todas essas histórias: os personagens são
pessoas reais, com problemas reais, que precisam se conformar com suas vidas, e
que não lutam de forma desesperada e dramática em excesso para mudar alguma
coisa. Não que sejam histórias de pessoas conformadas, mas são pessoas que
sabem que a vida podia ser bem pior. São pessoas como qualquer um de nós, ou
seja, se torna impossível não fazer um paralelo com a vida real e não se
identificar.
Não há como falar sobre esse longa sem
falar um pouco sobre sua roteirista. Diablo Cody é uma ex-stripper que iniciou
sua carreira no cinema com a história perturbadora da menina fria que resolve
ter seu filho e deixá-lo com um casal bem de vida. “Juno” trouxe um Oscar para
Cody e apresentou ao cinema a atriz Ellen Page. Reitman, obteve sua primeira
indicação ao Oscar. Diablo ainda roteirizou a série “United States of Tara”
(2009-2011), uma série incrível que contava a vida de Tara, uma mulher de
várias personalidades, casada com um bom marido, mãe de uma garota à frente de
seu tempo e de um jovem homossexual. A série teve um final prematuro por
motivos que até hoje desconheço, mas foi um dos programas mais interessantes
que já assisti, realmente perturbador e muito inteligente. Por fim, aponto a
trilha sonora de Rolfe Kent como mais um trunfo do longa, pois temos músicas de
todos os tipos que trazem aquela nostalgia perfeita pra esse tipo de filme.
No auge de seus 28 anos, Charlize Theron
interpretou uma assassina lésbica em “Moster – Desejo Assassino” (2003). Com
esse filme, a atriz ganhou o Oscar, o Globo de Ouro e o SAG e consolidou sua
carreira, que já estava sendo construída desde sua excelente interpretação como
a perturbada Mary Ann Lomax em “Advogado do Diabo” (1997). Theron nunca foi de
fazer grandes filmes, mas, quando é de desejo da atriz, ela se entrega e suas
interpretações são um arraso. Foi isso o que aconteceu com “Jovens Adultos”, a
atriz mostra sua capacidade de atuar do começo ao fim, sem precisar de sua
beleza para chamar a atenção em qualquer cena. Os rompantes da personagem, que
finge ter uma vida perfeita, são os trunfos de Theron para dar ao longa uma
cara mais séria e real. Enfim, Charlize Theron está em uma de suas mais
brilhantes interpretações. Patton Oswalt é um ator com centenas de trabalhos
conhecidos por seus títulos na televisão, eu o havia visto apenas em “United
States of Tara”. Aqui ele vive um gordinho que sofreu bulling no colégio a
ponto de ter sequelas para o resto da vida. Matt Freehauf se torna o único amigo
de Mavis nessa sua volta insana e será o responsável por trazer aquele drama
típico de pessoas derrotadas. Patrick Wilson, um dos atores com quem mais
simpatizo de sua geração, é Buddy. Wilson tem a tarefa de desempenhar o papel
do bom samaritano, que superou os problemas do passado e agora vive uma vida
normal e tranquila, um homem que cresceu e aceitou perder a juventude.
O que levou Mavis Gary a decidir voltar
a sua cidade natal e bagunçar a vida de todos? Essa é a inevitável questão que
será feita do início ao fim desse longa. Mas será que tudo o que fazemos na
vida possui algum sentido ou somos vítimas de nossas própria dúvidas? Será que
fazemos tudo de forma racional o tempo todo ou somos condicionados por
impulsos? E esses impulsos? Surgem dessas tais dúvidas ou surgem de nossos
medos e desesperos quando nossas vidas parecem perder todo o sentido? A
protagonista desse longa se agarra ao seu passado, às belezas do que viveu na
época do colégio para tentar disfarçar seus problemas atuais. Não julgo as
loucuras de Mavis por um motivo simples: quem somos nós para julgar os atos
desesperados de uma mulher que tinha tudo para ter uma vida perfeita e, também
por problemas do passado, resolve tentar voltar no tempo? E é bem isso que o
longa nos mostra, de forma debochada e real: é impossível regressar ao passado
e recuperar o tempo perdido. Retomar de onde paramos pode ser algo viável
quando duas ou mais pessoas ainda possuem os mesmos desejos de outrora.
Entretanto, se existe algo que a ciência ainda não inventou é como recuperar o
tempo perdido.
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