sábado, 9 de novembro de 2013

060. A RAINHA TIRANA, de Henry Koster

A beleza visual e caras e bocas de Bette Davis são o ponto alto do longa.
Nota: 8,5


Título Original: The Virgin Queen
Direção: Henry Koster
Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins, Jay Robinson, Herbert Marshall, Dan O’Herlihy, Robert Douglas, Romney Brent, Leslie Parrish
Produção: Charles Brackett
Roteiro: Harry Brown e Mindret Lord
Ano: 1955
Duração: 92 min.
Gênero: Biografia / Drama

Elizabeth I reinou entre 1558 até 1603. Tal período ficou conhecido como a Era do Ouro da Inglaterra. Durante esses 45 anos, a Rainha Virgem promoveu o cercamento de terras, o aumento das áreas urbanas, estimulou as atividades corsárias (pirataria), incentivou a produção de tecido e o êxodo rural, entregou terras à burguesia e à classe média e venceu a Guerra da Invencível Armada contra a Espanha. Sir Walter Raleigh, por sua vez, foi um homem simples que conquistou a monarca a ponto de ser seu protegido e estando ao lado da Rainha durante alguns anos como chefe de sua guarda pessoal. Alguns dizem que Elizabeth era apaixonada por Raileigh, outros que eram apenas amigos.


No filme, Elizabeth I está perto dos 55 anos de idade (quando ocorreu a Guerra da Invencível Armada), a idade ainda lhe trazia pretendentes, que desejavam, acima de tudo, o poder, mas também trouxe o firmamento de toda sua realeza. Aqui, Elizabeth alterna momentos simpáticos e graciosos com momentos de ira – especialmente quando fala sobre assuntos de estado. A relação da Rainha com Raileigh inicia logo no começo do longa, estendendo-se durante a trama, passando pelo romance dele com uma das amas da Rainha e terminando com sua viagem para a Nova Inglaterra com a autorização de Elizabeth.


Henry Koster foi um diretor alemão que se radicou nos EUA e, entre 1936 e 1966, dirigiu 40 filmes para a Universal e para a MGM. Koster dirigiu algumas das maiores estrelas da era de Ouro de Hollywood, como: Marlon Brando, Bette Davis, Ava Gardner, James Stewart, Richard Burton, Celeste Holm e Betty Grable. O diretor foi indicado ao Oscar apenas uma vez, ao Sindicato dos Diretores da América 3 vezes e ganhou uma estrela na calçada da fama em 1960. Dentre os roteiristas, vale destacar Harry Brown, que escreveu, também, os roteiros de “Um Lugar ao Sol” (1951), “Iwo Jima – O Portal da Glória (1949) e “Onze Homens e Um Segredo” (1960). Em “A Rainha Tirana”, o real e o fictício se unem formando um filme interessante que não se perde em nenhuma enrolação, começa, diz o que tem para dizer, mostra a vida de uma das maiores monarcas da história da humanidade – e, provavelmente, a mulher que mais teve sua vida abordada no cinema – e termina, sem perder tempo falando disso ou daquilo. Entretanto, acho que, ao menos lembrar da Guerra da Invencível Armada era necessário para não deixar Elizabeth apenas como uma mulher entrando na velhice, e sim como a grande monarca que foi, comandando seu país sozinha, sem ninguém para controlá-la. Todavia, nem mesmo isso faz o filme perder sua grandiosidade, isso, por que, filmes como esse não eram comuns na década de 50 e, mesmo que a preocupação em realizar grandes produções – com grandes cenários e uma beleza visual perto do impecável – estivesse na moda, esse longa tem efeitos ótimos e uma fotografia excelente. A composição dos cenários internos, na sua maioria dentro do castelo oficial da realeza em Londres, é muito bonita e é mais um trunfo para a produção.


Bette Davis é, simplesmente, uma das maiores atrizes da história do cinema. Como admirador incondicional de Meryl Streep, chego a dizer que estão lado a lado como as melhores atrizes que o cinema possuiu. Fazendo uma pequena referência ao próprio escrito do DVD do filme, temos aqui, sem dúvida alguma, a “rainha das telas interpretando a rainha da Inglaterra”. Davis ficou conhecida por todo seu talento, mas também por sua dureza em levar a vida, principalmente a profissional, não há como não ver semelhanças entre essas duas Elizabeth’s, ambas mulheres além de seus tempos, que nunca deixaram que homem nenhum as fizessem se curvar e tomaram as rédeas de suas vidas desde o começo. Como disse, a personagem alterna momentos descontraídos de bondade com momentos mais carrancudos, e Davis faz isso com perfeição, sem deixar esquecer que a monarca está ficando velha e, por isso, já não pode mais fazer tantas coisas quanto antes. Richard Todd é Sir Walter Raileigh, um homem decidido que acaba, como todos os outros se curvando a Elizabeth (o que me faz lembrar uma das cenas mais sacadas do longa “A Rainha” [2006], onde, distraído com a Rainha Elizabeth II na televisão, o primeiro ministro Tony Blair nem dá atenção a sua esposa quando ela diz que sabia que aconteceria com ele também, assim como aconteceu com todos os outros: ele se apaixonaria pela monarca), respeitando-a e amando-a como sua rainha. Todd está longe de ser apenas um rosto bonito nesse filme, consegue ser, ao mesmo tempo, um homem determinado em conseguir seus navios para ir para a América e um homem submisso que acaba fazendo todas as vontades da Rainha, e é aí que está a beleza da atuação de Todd: ele é um homem comum, um homem como qualquer outro, que quer ser o senhor de seu destino, mas quantos homens resistiriam a uma Rainha de verdade? Para completar o elenco, e o triângulo amoroso formado diante dessa trama, está Joan Collins, uma das mulheres de beleza mais presente do cinema, apesar de aparecer pouco, as cenas de Collins são de uma delicadeza e uma sensualidade ímpar, contrastando com toda a seriedade da corte inglesa.



Em 1997, Cate Blanchett encarou viver a Rainha Elizabeth I em um filme que falava sobre a chegada da monarca ao trono e o problemas que enfrentou em seus primeiros anos de reinado. Dez anos depois, Blanchett voltou ao cinema para viver a mesma rainha no longa “Elizabeth – A Era do Ouro”, filme que narra o mesmo período narrado em “A Rainha Tirana”. As diferenças dos filmes começam pelas atuações: Bette Davis e Blanchett tem intepretações muito diferentes uma da outra, mas ambas levam a carga de viver uma mulher tão poderosa e importante com tranquilidade, mesmo que Davis pareça menos utópica e mais série que Blanchett, os momentos de fúria no filme de 2007 são bem mais construídos. Clive Owen vive Walter Raileigh no filme de 2007, e a atuação de Todd nem se compara a de Owen, Todd é menos glamuroso e interpreta com mais simplicidade, sem ter nenhum momento de grandiosidade extrema e chata, deixando tais momentos apenas para a verdadeira estrela do longa. Para substituir Joan Collins no papel de Beth/Bess Throckmorton, foi escolhida Abbie Cornish, tão bela quanto Collins, mas, da mesma forma como em 1955, a personagem aparece pouco, portanto, tem pouco a fazer e dizer. Vale a pena lembrar que o nome original desse filme, traduzido livremente, seria “A Rinha Virgem”, e não “A Rainha Tirana”, até por que, Elizabeth nunca foi uma mulher tirana, apenas fez o que devia ter feito e por ser uma mulher foi criticada por algumas atitudes. Quanto a castidade da monarca, bem, ninguém provou o contrário até hoje.


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