O elenco de peso e a história de Agatha
Christie sustentam uma adaptação clássica.
Nota: 9,0
Título Original: Death on the Nile
Direção: John Guillhermin
Elenco: Peter Ustinov, Jane Birkin, Lois
Chiles, Bette Davis, Mia Farrow, Jon Finch, Olivia Hussey, I. S. Johar, George
Kenndy, Angela Lansbury, Simon MacCorkindale, David Niven, Maggie Smith, Jack
Warden, Harry Andrews, Sam Wanamaker, Froçois Guillaume, Barbara Hicks, Celia
Imrie e Andrew Manson
Produção: John Brabourne, Richard B.
Goodwinm e Norton Knatchbull
Roteiro: Anthony Shaffer e Agatha Christie
(romance)
Ano: 1978
Duração: 140 min.
Gênero: Suspense / Thriller
Em pleno Rio Nilo, a bordo do cruzeiro
S. S. Karnak, a jovem milionária Linnet Ridgeway é assassinada. Todos no barco
possuem algum motivo para querer ver a jovem morte. Porém, o que o assassino
não imaginava era que o astuto Detetive Hercule Poirot, qua também está a
bordo, pode desvendar todo o mistério com a ajuda de seu amigo, o Coronel Race.
Agora, o assassino e o detetive travarão uma batalha épica enquanto o cruzeiro
flutua sobre o rio Nilo, e apenas um deles sairá vencedor.
A escritora Agatha Christie ficou
conhecida no mundo todo como “Duquesa da Morte”, “Rainha do Crime” e outros títulos
referentes a sua maestria como romancista policial. Sendo assim, é impossível
traçar uma sinopse realmente decente de qualquer uma de suas histórias sem
revelar alguma coisa que deve permanecer em segredo àqueles que ainda não
conhecem o começo, o meio e o fim (sempre surpreendente) de determinado
trabalho. Portanto, vou me ater a justificar, de forma rápida e concisa os
motivos que cada personagem teria para matar Linnet. A jóias da protagonista
são cobiçadas pela velha Sra. Van Schuyler, que está acompanhada pela Srta.
Bowers, que teve a família falida por um passado relacionado aos Ridgeway. A
criada de Linnet, Louise, está chateada com sua patroa pois ela se nega a dar o
dote para que Louise se case com um homem que, segundo Linnet, é inadequado. A
escritora Salome Otterburne está sendo processada por Linnet e Rosalie, sua
filha, deseja proteger a mãe. O administrador americano Andrew Pennington tem
fraudado a família Ridgeway há anos. Jacqueline de Bellefort está chateada com
Linnet por sua amiga ter roubado-lhe o noivo. Simon Doyle, marido de Linnet, é
o maior beneficiado no testamento de Linnet.
O diretor inglês, John Guillermin foi o
responsável por filmes bem populares e bem agitados entre o final da década de
50 e o final da década de 80. Dentre eles: “A Maior Aventura de Tarzan” (1959),
“Crepúsculo das Águias” (1966), “Inferno na Torre” (1974), “King Kong” (1976) e
“Sheena – A Rainha das Selvas” (1984). Apesar de nenhum de seus filmes ser
ovacionado pela crítica ou por especialistas, é necessário lembrar que alguns
deles foram grandes precursores nas técnicas de efeitos especiais no cinema, e,
nesse contexto, é impossível deixar de mencionar “King Kong”, que se tornou uma
referência seguida por alguns diretores da era sexo-drogas-rockn’roll do cinema
da década de 80. Em “Morte Sobre o Nilo”, não há efeitos, nem grandes cenas de
ação, e é isso que torna o longa algo tão singular. Cenas como a que o grupo do
cruzeiro visita um monumento onde Linnet sofrera um atentado (alguém jogará uma
pedra gigante em direção à moça) são perfeitas justamente por não possuírem som algum além do som dos sapatos ou do vento. No barco, por outro lado, a beleza
fica por conta de como o diretor consegue usar muito bem os pequenos espaços
que possui.
Nito Rota, sem dúvida é um dos maiores
compositores da historia do cinema, se não for o maior. Era o preferido de
Fedreico Fellini e compôs a trilha sonora inesquecível dos dois primeiros longas
da Trilogia “O Poderoso Chefão” (1972 – 1974) e de outros inúmeros clássicos da
Sétima Arte. Seu trabalho aqui, como citei acima, é mesclar cenas com alto
apelo musical e saber que algumas delas serão melhor recebidas sem música
alguma, apesar de ser uma trilha sem grandes composições, é perfeita para o
filme, trazendo a calma aparente do Rio Nilo quando necessário, e mostrando a
ferocidade dos famosos répteis que habitam o local em outros momentos. Faço uma
ressalva para uma cena realmente bela do longa: Poirot, obviamente, conversa
com todos à bordo para tentar desvendar o caso. No momento em que vai dialogar
com a personagem de Bette Davis, a veterana, na época com 70 anos, mais de 100
títulos, 2 Oscars de melhor atriz, outras 8 indicações na categoria, está
sentada, sozinha no local mais alto e aparentemente mais agradável e tranquilo da
embarcação, ela parece descansar, parece não se importar com tudo o que esta
acontecendo a sua volta e se mostra como uma mulher fria, serena e
inexpugnável. Mais tarde, quando o detetive reúne todos em uma sala para
relevar que descobriu quem é o assassino, Bette é uma verdadeira estrela,
literalmente, ela brilha como se fosse um astro e é impossível não notá-la. Davis
parece uma faraoa, endeusada pela telona do cinema. Pode ser apenas um devaneio
de um grande fã, mas que é algo a se pensar, isso é.
Peter Ustinov, intérprete de Hercule
Poirot, venceu 2 Oscars de melhor ator coadjuvante e eternizou o personagem,
sobretudo, na televisão. No cinema, foram apenas 3 filmes vivendo o detetive,
na televisão foram seis vezes. “Morte Sobre o Nilo” foi seu primeiro trabalho
como o personagem. Não li nenhum livro de Agatha Christie, mas acredito que
Poirot seja quele tipo de personagem 8 ou 80, ou seja, ou ele é muito sério ou
muito irônico, ou ele é muito esperto ou muito idiota, eu outras palavras, ou
ele se parece com Holmes ou com Clouseau. Se minha aposta fosse certa, Ustinov
é perfeito no papel, pois acredito que Poirot sejá ainda mais sério e mais
inteligente que Holmes. Dessa forma, há pouco a falar sobre a interpretação do
ator, além de dizer que ele é perfeito nos momentos sérios do longa e melhor
anda quando o personagem debocha dos suspeitos. Dentre os demais personagens destaco
apenas alguns deles. Lois Chiles é Linnet, apesar de morrer logo no filme, a
atriz mostra um pouco de seu talento, o que é o suficinete para não haver
críticas negativas sobre ela. A Sra. Van Schuyler é vivida por Bette
Davis, o retrato do perfil que ela mesma
montou: séria, carrancuda, antipática, onipotente e uma verdadeira dama. Davis
lida bem com o fato de sua personagem ser cleptomaníaca e, apesar de não ter
grandes cenas, nunca nos esquecemos que ela está ali (e isso não se deve apenas
pelo brilho). Maggie Smith, uma das maiores atrizes vivas, vive a Srta. Bowers
e o primeiro nome que me fez querer assistir a esse filme pela primeira vez
(nem sabia que e Davis estava no elenco), nos faria esquecer de Van Schuyler se
qualquer outra atriz a tivesse interpretado, tamanha a beleza e a inteligência
de sua personagem. Uma mulher tão séria quanto a patroa, Smith nos apresenta
alguém que se mostra caridosa quando necessária, mas que, a cima de tudo, é uma
pessoa sensata e conformada. Angela Lansbury nos presenteia com a interpretação
da alcoólatra Salome, apesar de ter poucas cenas, quando aparece acaba sendo um
arraso. Não foi a toa que deixei a dupla Simon MacCorkindale e Mia Farrow por
último. Não simpatizo com nenhum deles, que interpretam, respectivamente, Simon
Doyle e Jacline De Bellefort, em alguns momentos os dois parecem perfeitos no
papel, em outros estão exagerados demais, em outros estão apagados demais e,
tendo em vista a excelência desse elenco, é quase inadmissível que duas
personagens tão importantes como o marido da morta e a melhor amiga traída da
morta sejam interpretados de forma tão decepcionante.
Alguns críticos consideram “Morte Sobre
o Nilo” uma das melhores adaptações para o cinema das obras de Agatha Christie.
O elenco do longa já fala por si só, aliando isso a um diretor conhecido por
renovar o cinema, mais um roteirista experiente em filmes do gênero suspense,
mais uma trilha sonora perfeita (indispensável para esse tipo de filme), não
duvido que os críticos tenham razão. Se o filme é fidedigno à obra é um detalhe
do qual não posso falar, mas posso afirmar, sem sombra de dúvida, que o longa é
um filme bem feito que cumpre com seu propósito: mostrar, mais uma vez, que
ninguém no mundo superará Agatha Christie tão cedo. O longa é prático, matar é
algo que se torna comum, a história nos faz participar de tudo o que acontece,
os atores e atrizes dão vida a personagens totalmente diferentes, e é essa
diversidade que faz com que, em ao menos algum momento, nos encontremos,
também, à bordo do S. S. Karnak, chegando a nos sentirmos até um pouco
suspeitos.
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