segunda-feira, 18 de novembro de 2013

048. DE BICO CALADO, de Niall Johnson

Uma boa comédia de humor negro.
Nota: 7,0


Título Original: Keeping Mum
Direção: Niall Johnson
Elenco: Rowan Atkinson, Kristin Scott Thomas, Maggie Smith, Patrick Swayze, Tamsin Egerton, Toby Parkes, Liz Smith, Emilia Foz, James Booth, Patrick Monckton, Rowley Irlan, Vivianne Moore, Murray McArthur, Morgan Gower, Alex Macqueen
Produção: Julia Palau, Matthew Payne, Nigel Wooll
Roteiro: Richard Russo e Niall Johnson
Ano: 2005
Duração: 103 min.
Gênero: Comédia / Crime / Assassinos

Há mais de trinta anos Rosie Jones, uma mulher grávida, assassinou seu marido e a amante do mesmo. Ela foi internada e sua filha entregue à adoção. Hoje, Walter Goodfellow é um admirado pastor de uma pequena cidade. Casado com Gloria, ele é pai de Holly, uma jovem fogosa, e de Petey, um garoto excluído que sofre bulling na escola. Gloria, desolada pela falta de atenção do marido, acaba iniciando um romance com seu professor de golf, o bonitão Lance. Com a chegada da misteriosa governanta, a vida de todos mudará drasticamente.


Não é preciso ser um gênio para saber que a governanta Grace e a mulher grávia no início do longa são a mesma pessoa. Até acho que Emilia Fox, intérprete de Rosie, e Maggie Smith, intérprete de Grace, possuem suas semelhanças físicas. Até mesmo algumas expressões das atrizes são parecidas. Somos mais convencidos de tudo isso quando Gloria revela, durante o longa, que era uma menina órfã. O filme não é algo memorável, mas a ironia e o sarcasmo presentes para contar toda essa história louca são tão deliciosos e o roteiro possui diálogos tão bem escritos que todo o longa acaba nos cativando de alguma forma. “De Bico Calado” é um filme inteligente, não devemos esperar muitas coisas a respeito dele, mas que é divertido e engraçado, isso ele é. O trabalho técnico não merece muito destaque, o que merece ser avaliado é como a criação do ambiente em que essa família vive é explorado. As fofocas de velhos e os desejos dos jovens, o contraponto entre o conservadorismo religioso de pequenas cidades e a inovação trazida pelos adolescentes. Além disso, a cidade é um personagem ímpar, típica do interior inglês.


Rowan Atkinson ficou famoso por viver o Mr. Bean na televisão e no cinema, não gosto do personagem, portanto não acho que a atuação de Atkinson seja grande coisa vivendo Bean. Aqui ele é o confuso Walter, um homem que já deixou de se preocupar com sua esposa e está mais preocupado com o sermão que deve fazer em uma grande reunião de pastores. O ator nos apresenta uma boa atuação sobre um homem como qualquer outro: um homem de meia idade confuso que não sabe como retomar o calor perdido pelos anos de casamento. Kristen Scott Thomas é a também confusa Gloria, aliás, o casal é uma excelente representação ao que alguns homens e mulheres estão expostos quando ficam casados durante muito tempo, ela, ao contrário do marido que encontra consolo no tal sermão, acaba se interessando por outro homem e tudo piora quando descobre que a mãe é uma assassina. Os filhos do casal são representados por Tamsin Egerton e Toby Parkes, respectivamente Holly e Pettey, ela é uma adolescente típica: interessada em sexo e em experimentar todo o tipo de rapaz possível; o garoto é um menino que precisa de mais atenção para aumentar sua auto confiança e deixar de lado as brincadeiras dos colegas. O amante de Gloria, Lance, é vivido por Patrick Swayze, o perfeito bonitão americano odiado pelos ingleses conservadores, Swayze é engraçado e ele mesmo satiriza esse perfil. O melhor do longa é Maggie Smith, o motivo para que eu resolvesse conferir o filme. Como a assassina Grace, Smith está engraçada e parece muito natural, demonstrando que verdadeiros loucos não sabem a hora de parar e não ligam para as vidas alheias, a única coisa que importa é garantir que um grupo seleto, nesse caso sua filha e a família dela, estejam bem, mesmo que isso signifique matar um ou outro indivíduo.



O ditado poucas vezes foi pôde ser tão cruelmente cômico aplicado quando nesse filme: “Tal mãe, tal filha”. Ou ainda, lembro-me de uma frase da insuportável tia Guida no terceiro filme da Saga Harry Potter: “Se tem alguma coisa errada com a cadela, haverá alguma coisa errada com o filhote”. Assim como não é preciso ser um gênio para saber que Grace e Rosie são a mesma pessoa, não precisamos de muito para saber que Gloria e Holly são assassinas em potencial. Isso tudo, por que as atuaões do longa são perfeitas para cada pepel, e são exatamente o que sustentam esse filme, que tinha tudo para ser fraco. Em especial, as mulheres do longa nos trazem personalidades totalmente diferentes, mas que, em algum momento, se mostrarão muito semelhantes.


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